1 Largura de decaimento Γ O tempo de vida (τ ) é uma quantidade de enorme interesse entre os fı́sicos, porém é impossı́vel calculá-la a partir de uma única partı́cula, então o que se faz é determinar o tempo de vida médio a partir de uma amostra contendo N0 quantidades de uma mesma partı́cula. A probabilidade de decaimento por unidade de tempo denomina-se largura de decaimento (Γ) e, a partir dela, é possı́vel determinar a quantidade de partı́culas de uma amostra em função do tempo: N (t + dt) − N (t) = dN (t) = −N (t)Γdt o que nos leva a: Z N (t) dN ′ (t) = ′ N (0) N (t) N (t) = ln N (0) N (t) = − Z t Γdt′ 0 −Γt N0 e−Γt (1) A fração de decaimento, em relação à amostra inicial, entre os perı́odos t e t + dt é: N (t) − N (t + dt) = e−Γt Γdt N0 Logo, a probabilidade de uma partı́cula escolhida ao acaso na amostra inicial decair entre os instantes t e t + dt é: p(t) = e−Γt Γ de modo que o tempo de vida médio fica: Z ∞ τ = hti = te−Γt Γdt 0 = = −Γt ∞ Z ∞ −Γt e e + dt Γ t −Γ 0 Γ 0 1 Γ (2) Naturalmente, uma mesma partı́cula pode apresentar múltiplas larguras de decaimento, dado que pode decair de diferentes formas, chamamos estas de larguras parciais. Um exemplo seria o π + , cujos decaimentos conhecidos são: π+ π+ → e + + νe → µ+ + ν µ π+ π+ → µ+ + ν µ + γ → e + + νe + π 0 1 Nesses casos, a largura de decaimento e o tempo de vida ficam: Γtot = n X Γi (3) i=1 τ = 1 Γtot (4) onde n é o número de decaimentos possı́veis. A meia-vida (t1/2 ) é facilmente calculada: N (t1/2 ) = 12 N (0) = N (0)e−Γt1/2 ⇓ 1 −Γt1/2 = ln 2 ⇒ t1/2 = Γ1 ln 2 = τ ln 2 (5) Portanto, a partir da largura de decaimento é possı́vel determinar o tempo de vida e a meia-vida de uma partı́cula, por isso, é essencial que exista um modelo que permita obter uma fórmula para Γ. A partir da QFT, pôde-se determinar que uma partı́cula 1 decaindo em n outras apresenta a seguinte largura de decaimento: ! Z n n Y X d4 pj S 2 4 4 2πδ(p2j − m2j c2 )θ(p0j ) pi × (6) |M | (2π) δ p1 − Γ= 2~m1 (2π)4 j=2 i=2 onde M (p1 , · · · , pn ) é a amplitude do processo, pj é o quadrivetor momentoenergia e S é um fator de correção estatı́stica que evita a contagem repetida de partı́culas idênticas obtidas no decaimento: S= l Y 1 N i! i=1 onde l é o número de partı́culas distintas formadas no decaimento e Ni é a quantidade de cada uma dessas diferentes partı́culas. Então, se não houver partı́culas idênticas S = 1; enquanto que o processo A → B + B + C + C + C + D tem S = (1/2!)(1/3!). A equação (6) revela três restrições cinemáticas: • a função δ(p2j − m2j c2 ) mostra que todas as partı́culas (reais) que saem são on shell, ou seja, obedecem a relação relativı́stica entre momento e energia Ej2 − p~j 2 c2 = m2j c4 . • a função heaviside θ(p0j ) garante que p0j = Ej /c > 0. n P pi garante que o momento e a energia se conservam. • a função δ 4 p1 − i=2 2