INTOLERÂNCIA À LACTOSE Flavia Rocha Scarpetti Branco Residente de 4º Ano Disciplina de Gastroenterologia Departamento de Pediatria UNIFESP/EPM Introdução • O Leite é a principal fonte alimentar da dieta dos mamíferos durante o período de aleitamento, tem grande valor nutricional pois em sua composição estão presentes todos os macronutrientes essenciais (proteínas, gorduras e carboidratos). • O principal carboidrato do Leite é a lactose (Saccharum lactis). • A lactose foi descoberta em 1633 por Bartoletus, em Bolonha, mas sua síntese química somente foi obtida em 1927 por Haworth e cols, nos Estados Unidos. • A lactose é um dissacarídeo constituído pela união de dois monossacarídeos: glicose e galactose. LOMER, M. C. E., PARKES, G. C. and SANDERSON, J. D. (2008), Review article: lactose intolerance in clinical practice – myths and realities. Alimentary Pharmacology & Therapeutics, 27: 93–103. Introdução • A lactose somente é encontrada na natureza como produto específico da secreção da glândula mamária. Para ser sintetizada pela glândula mamária requer a participação de duas proteínas: uma enzima denominada N-galactosil transferase e a a-lactoalbumina. • A concentração de lactose no leite varia entre as espécies de mamíferos, sendo o leite humano o que tem maior concentração (7g%) e é inversamente proporcional à concentração de proteínas e gorduras. O único mamífero que não produz lactose é a foca. LOMER, M. C. E., PARKES, G. C. and SANDERSON, J. D. (2008), Review article: lactose intolerance in clinical practice – myths and realities. Alimentary Pharmacology & Therapeutics, 27: 93–103. Introdução Introdução • Por ser um dissacarídeo, necessita ser quebrado para ser absorvido pelas células do intestino. A enzima responsável é a lactase (ß-galactosidase), que se encontra nas microvilosidades dos enterócitos. • A produção de lactase é determinada por um gene autossômico recessivo LAC*R, localizado no cromossoma 2, o qual acarreta a restrição da produção de lactase a partir do 5º ano de vida, a qual ocorre de forma progressiva e gradual. • O gene LAC*P, dominante, é responsável pela manutenção da produção da lactase. Enattah NS, Sahi T, Savilahti E, Terwilliger JD, Peltonen L, Jarvela I. Identification of a variant associated with adult-type hypolactasia. Nat Genet 2002; 30: 233–7 Introdução • A idade em que começa o declínio e a proporção da população adulta com níveis baixos de lactase suficiente para ser considerada “hipolactasia” são fortemente ligados à etnia, com maiores taxas de má absorção de lactose em populações asiáticas e afro-americanas (60100%) e taxas mais baixas em pessoas de origem do norte da Europa e a população branca dos EUA (2-22%). • Má absorção de lactose é o tipo mais comum de má absorção de carboidratos e é causada pelos baixos níveis de lactase. Srinivasan R, Minocha A. When to suspect lactose intolerance; symptomatic, ethnic, and laboratory clues. Postgrad Med 1998; 104:109–23. Montes RG, Perman JA. Lactose intolerance; pinpointing the source of nonspecific gastrointestinal symptoms. Postgrad. Med 1991; 89:175–84. Introdução • Quando a má absorção de lactose dá origem aos sintomas, isto é chamado de "intolerância à lactose". Porém, nem todo mau absorvedor é intolerante. • Apenas 50% da atividade da lactase é necessária para a utilização eficaz da lactose sem que surjam sintomas de intolerância. Lomer MCE, Parkes GC, Sanderson JD. Review article: lactose intolerance in clinical practice—myths and realities. Aliment Pharmacol Ther. 2008;27:93–103. Algumas definições • Intolerância à lactose: é uma síndrome clínica caracterizada por um ou mais dos seguintes sintomas: dor abdominal, diarreia, náusea, flatulência e/ou distensão abdominal após a ingestão de leite ou de substâncias contendo lactose. A quantidade de lactose que poderá causar sintomatologia varia de indivíduo para indivíduo, dependendo da quantidade ingerida, do grau de deficiência de lactase, e também da forma da substância na qual a lactose está presente. • Má Absorção de lactose: é um problema fisiológico que pode se manifestar ou não como intolerância à lactose e é devida a um desequilíbrio entre a quantidade de lactose ingerida e a capacidade disponível de lactase para hidrolisar o substrato (reação enzima x substrato). Gudmand-Hoyer E, Skovbjerg H. Disaccharide digestion and maldigestion.Scand J Gastroenterol Suppl 1996; 216: 111–21. 18 Semenza G, Auricchio S, Mantei N. Small intestinal disaccharidases. In: Scriver CR, Beaudet AL, Sly WS, Valle D, eds. The Metabolic and Molecular Bases of Inherited Disease, 8th edn. New York: McGraw-Hill, 2001: 1623–50. Algumas definições • Deficiência Primária de lactase: ausência relativa ou absoluta da lactase a qual inicia seu desenvolvimento durante a infância, em idades variáveis, em distintos grupos étnicos, e é a causa mais comum de má absorção e de intolerância a lactose. A deficiência primária de lactase é também denominada Hipolactasia Tipo Adulto ou Deficiência Hereditária de lactase. • Deficiência Secundária de lactase: é a deficiência de lactase que resulta de uma lesão da mucosa do intestino delgado, tal como na diarreia aguda ou persistente, sobrecrescimento bacteriano no ID, ou outras causas de agressões à mucosa do ID, podendo estar presente em qualquer idade, porém sendo mais comumente observada nos lactentes e pré-escolares. Gudmand-Hoyer E, Skovbjerg H. Disaccharide digestion and maldigestion.Scand J Gastroenterol Suppl 1996; 216: 111–21. 18 Semenza G, Auricchio S, Mantei N. Small intestinal disaccharidases. In: Scriver CR, Beaudet AL, Sly WS, Valle D, eds. The Metabolic and Molecular Bases of Inherited Disease, 8th edn. New York: McGraw-Hill, 2001: 1623–50. Algumas definições • Deficiência Congênita de lactase: rara, autossômica recessiva, potencialmente letal em épocas que não existiam substitutos para o leite. • Deficiência de lactase do Desenvolvimento: deficiência relativa de lactase observada entre recém nascidos prematuros menores de 34 semanas de gestação. Gudmand-Hoyer E, Skovbjerg H. Disaccharide digestion and maldigestion.Scand J Gastroenterol Suppl 1996; 216: 111–21. 18 Semenza G, Auricchio S, Mantei N. Small intestinal disaccharidases. In: Scriver CR, Beaudet AL, Sly WS, Valle D, eds. The Metabolic and Molecular Bases of Inherited Disease, 8th edn. New York: McGraw-Hill, 2001: 1623–50. Clinica • A sintomatologia vai depender da quantidade de lactose ingerida e da capacidade funcional da lactase. • • • • • • • • distensão abdominal flatulência cólicas intestinais Diarreia Borborigmos Dor abdominal crônica Náuseas e vômitos Constipação Matthews SB, Waud JP, Roberts AG, Campbell AK. Systemic lactose intolerance: a new perspective on an old problem. Postgrad Med J 2005; 81: 167–73 Clinica • Alguns pacientes tem descrito sintomas sistêmicos extra intestinais, tais como: • • • • • cefaleia fadiga dor muscular e articular perda de concentração reações alérgicas. Matthews SB, Waud JP, Roberts AG, Campbell AK. Systemic lactose intolerance: a new perspective on an old problem. Postgrad Med J 2005; 81: 167–73 • Existem vários mecanismos para explicar os sintomas apresentados pelos pacientes com intolerância à lactose: 1) a lactose não absorvida tem alta carga osmótica levando a aumento de água e eletrólitos no lúmen, acelerando o trânsito intestinal e acarretando fezes amolecidas. 2) a lactose não absorvida é hidrolisada a galactose (Gal) e glicose (Glu) pela b-galactosidade bacteriana em acido lático. Esses monossacarídeos são fermentados pela flora bacteriana ileal e do colón em ácidos graxos de cadeia curta com subproduto de hidrogênio e dióxido de carbono, causando inchaço no ID e flatulência no colón. 3) redução de dióxido de carbono por certas cepas de bactérias em metano, poderia, teoricamente, levar à constipação através de uma redução dos grandes complexos migratórios do ID. Diagnóstico • O diagnóstico não é fácil, pois a sintomatologia é muito inespecífica. • Diagnóstico diferencial: Síndrome do Intestino Irritável, doença inflamatória intestinal, doença celíaca, câncer e dispepsia funcional. • clínico, anamnese • Teste genético • Deposição de ácidos • pesquisa de substâncias redutoras fecais • ph fecal ≤ 5 • tolerância à sobrecarga oral de lactose • teste do hidrogênio expirado • biópsia da mucosa intestinal com análise quantitativa e qualitativa de lactase. Tulla H. Lactose Intolerance. Journal of the American College of Nutrition, Vol. 19, No. 2, 165S–175S (2000) Diagnóstico • Teste genético: exame novo, que promete ser a melhor forma de diagnosticar a intolerância à lactose pois é rápido e não produz sintomas desagradáveis como no caso do exame de ingestão de lactose, não necessita de jejum. Neste exame o paciente retira uma pequena amostra de sangue e seu DNA é estudado para verificar se há mutação em relação à produção da enzima lactase/florizina-hidrolase. • Os resultados são apresentados ao paciente com os seguintes possíveis genótipos: CC – não-persistência da enzima lactase (intolerante à lactose) CT ou TT – persistência da enzima lactase (tolerante à lactose) Bulhões AC, Goldani H, Matte U, Silveira TR. Correlation between lactose absorption and the C/T-13910 and G/A – 22018 mutations of the lactase – phlorizin hydrolase (LCT) gene in adult type hypolactasia. Braz J Med Biol Res 2007; 40:1441-6. Diagnóstico • Deposição de ácidos: • trata-se de um exame indicado tanto para crianças pequenas como para crianças maiores. A lactose não digerida é fermentada pelas bactérias do intestino grosso e produzem ácido láctico e ácidos graxos de cadeia curta e ambos podem ser detectados em uma amostra da deposição. Barbieri D, Koda YKL. Diarreia cronica: procedimentos diagnósticos. In Barbieri D, Koda YKL. Diarreia cronica na infância. Monografias médicas – Série Pediatria. v.XXVIII. São Paulo: Sarvier, 1986.p.41-73. Diagnóstico • pH fecal e pesquisa de substâncias redutoras nas fezes: • considera-se sugestivo de intolerância à lactose o achado de pH≤ 5 nas fezes, por meio de fitas de pH com valores que variam de 1 a 10, e a presença de substâncias redutoras ≥ 0,5g%. (lembrar que RNs em AME podem ter pH fecal ≤ 5 sem ter qualquer doença e nem sempre existe correlação entre os valores de pH e as substâncias redutoras, pois, se os açúcares redutores forem totalmente metabolizados pelas bactérias intestinais, o pH poderá ser baixo e as substâncias redutoras, ausentes). Barbieri D, Koda YKL. Diarreia cronica: procedimentos diagnósticos. In Barbieri D, Koda YKL. Diarreia cronica na infância. Monografias médicas – Série Pediatria. v.XXVIII. São Paulo: Sarvier, 1986.p.41-73. Diagnóstico • Teste de absorção de lactose pela sobrecarga oral: • A lactose é hidrolisada pelas enzimas no ID proximal até a forma de glicose e galactose e, assim, absorvidos. Desse modo, o teste consiste na ingestão de uma determinada quantidade de lactose e o registro posterior do aumento da glicemia. • É realizado com a criança assintomática por ao menos 3 dias após a retirada da lactose da dieta. Após jejum de 6 a 8h, administra-se 2g/kg de lactose, dose máxima de 50g, em solução a 10%. Colhem-se amostras de sangue capilar em jejum e nos tempos 15, 30, 60, 90 e 120 min após o termino da ingestão. • Na avaliação dos resultados, calcula-se o incremento da glicemia de cada período subsequente em relação ao valor de Kerpel – Fronius E, Jáni L, Fekete M. Disaccharide malabsorption in different types of malnutrition. Ann Paediat 1966; 206:245. Diagnóstico • Do ponto de vista clinico, valoriza-se a prova quando se realizam o pH e a pesquisa de substâncias redutoras nas fezes antes e até 48h após a sua realização. Se surgirem sinais e sintomas até 48h após a ingestão da solução de lactose, pode-se falar em intolerância à lactose. • Kerpel-Fronius preconizou os seguintes critérios para 3 tipos de resposta: Não absorvedor, quando o incremento da glicemia não ultrapassar 19mg%; Mau absorvedor, quando o incremento variar entre 20 e 34mg%. Bom absorvedor, quando o incremento se encontrar acima de 35mg%. Kerpel – Fronius E, Jáni L, Fekete M. Disaccharide malabsorption in different types of malnutrition. Ann Paediat 1966; 206:245. Diagnóstico • Este teste tem sido cada vez menos usado, por não reproduzir as condições fisiológicas de digestão e absorção e por sofrer influência de vários fatores, resultando em falsos resultados. • O incremento da glicemia depende, além da absorção da lactose, da velocidade do esvaziamento gástrico e do consumo periférico da glicose. • Ocorrem pelo menos 25 a 30% de falsos resultados, embora esse percentual diminua quando se instila a solução de lactose diretamente no duodeno, através de sonda, e medese o tempo de trânsito intestinal. • Quando a lactose é ingerida na forma de leite, por ter gordura, pode ocorrer retardo no esvaziamento gástrico e melhora da tolerância, diferente do que ocorre no teste. Collares EF, Galvão LC, Fernandes MIM. Má-digestão e má-absorção de carboidratos na infância. Medicina (ribeirão Preto) 1994; 27:186-208. Diagnóstico • Teste do H2 expirado com sobrecarga oral de lactose • Atualmente padrão ouro por ser sensível e especifico, de fácil execução e não invasivo. • Cerca de 20% do H2 formado durante a fermentação bacteriana no nível do cólon é absorvido e eliminado pelos pulmões, podendo, portanto, ser medido por cromatografia gasosa. A elevação dos níveis de H2 no ar expirado indica um defeito na digestão ou absorção de carboidratos. • Podem ocorrer falsos positivos e falsos negativos (até 20%) por hiperventilação, retardo no esvaziamento gástrico, colonização bacteriana do ID, alteração da flora intestinal e alterações da motilidade intestinal. Hercowitz LH. Provas de absorção de hidratos de carbono. In: Barbieri D, Koda YKL. Doenças gastrenterológicas em pediatria. São Paulo: Atheneu, 1996. p.513-8. Diagnóstico • Técnica: administra-se lactose 2g/kg até no máximo 50g em solução a 10% e coleta-se o ar expirado, procurando-se aspirar o ar da metade final da expiração. O valor basal de H2 deve ser menor que 10 ppm em condições adequadas de jejum e consideram-se indicativos de má absorção valores maiores que 20 ppm de H2. São coletadas amostras em jejum, 15, 30, 45, 60, 90, 120, 150, 180, 210 e 240 min após ingestão da solução aquosa. Deve-se usar coletor especifico. Hercowitz LH. Provas de absorção de hidratos de carbono. In: Barbieri D, Koda YKL. Doenças gastrenterológicas em pediatria. São Paulo: Atheneu, 1996. p.513-8. Diagnóstico • Dosagem de lactase em fragmento de mucosa intestinal: baseia-se na determinação de atividade enzimática em fragmentos da mucosa intestinal obtidos por biópsia perioral ou por EDA. Por ser um método invasivo, trabalhoso e que avalia apenas fragmentos da mucosa, sua indicação tem sido reservada somente para fins de pesquisa ou nos raros casos em que se suspeita de deficiência congênita das dissacaridases. Nesses casos, o encontro da deficiência isolada de uma das dissacaridases, na presença de mucosa intestinal integra, confirma o diagnóstico. Naim HY, Zimmer KP. Congenital disease of dysfunction and absorption. 1. Genetically determined disaccharidase deficiency. In: Walker WA, Goulet O, Kleineman RE, Sherman PM, Shneider BJ, Sanderson IR (eds). Pediatric gastrointestinal disease. 4.ed.v.1. Nova York: BC Decker Inc, 2004.p.880-97. Diagnóstico • O teste de lactase rápida é um método para o diagnóstico endoscópico de hipolactasia que consiste na realização de uma reação colorimétrica em biópsias duodenais para fornecer uma avaliação semiquantitativa da atividade da lactase. Ojetti V, LaMura R, ZoccoMA, et al. New test for the diagnosis of duodenal hypolactasia. Dig Dis Sci. 2008;53:1589–1592. Tratamento • • • • • • exclusão da causa modificação da forma enzimas fórmulas isentas de lactose fórmulas de soja hidrolisados • Objetivo: comparar o diagnostico de precisão de intolerância à lactose com o teste da respiração (LBT) e o teste rápido de lactase pela biópsia endoscópica (LQT) em pacientes com sintomas típicos de intolerância à lactose e avaliar a capacidade do LBT e LQT para prever a resposta clínica para uma dieta isenta de lactose em pacientes sintomáticos e que eram positivos para ambos os testes. • Pacientes: 51 (15♂/ 36♀) com idade média de 47±14 anos, das unidades de Gastroenterologia de Genova e Universidade de Parma foram incluídos no estudo prospectivo de dezembro de 2009 a dezembro de 2010. Eles apresentavam sintomas como flatulência, dor abdominal e diarreia após a introdução de leite ou produtos lácteos. • Todos os pacientes foram submetidos ao LBT e EDA com biópsia para LQT e analise histológica com diferença de 1 semana uma da outra. • 2 pesquisadores analisaram os testes e eles foram cegos para os resultados do outro. • Teste respiratório com glicose (GBT) foi realizado em todos os pacientes que estavam com LBT positiva e LQT negativa (FP com LBT) para afastar sobrecrescimento bacteriano do ID como causa do FP LBT. • Todos os pacientes, exceto os com DC confirmados pelo exame histológico ou com sobrecrescimento bacteriano foram tratados com dieta isenta de lactose durante 1 mês, independente do método que avaliou o diagnóstico de má absorção de lactose • Os pacientes receberam apoio de nutricionista e uma folha contendo uma lista de alimentos permitidos e excluídos. • A intolerância à lactose foi diagnosticada, considerando tanto os dados clínicos e instrumental: a presença de sintomas gastrointestinais após a ingestão de leite e um ou ambos testes positivos para má absorção de lactose. • Foi avaliada ainda a melhora clinica após dieta isenta de lactose. • LBT foi considerado positivo para má absorção de lactose quando houve um aumento no valor de H2 >20ppm em relação ao basal. Também foi usada a detecção de CH4 >5ppm como ponto de corte para definir pacientes como “produtores de metano”. • GBT foi realizado pelo menos 1 semana após LBT e foi considerado positivo para sobrecrescimento bacteriano quando houve aumento de H2> 12ppm foi registrado. Qualquer CH4 >5ppm foi utilizado como ponto de corte para definir os pctes como “produtores de metano”. • EDA e teste rápido da lactose: durante a EDA, 2 biópsias duodenais foram colhidas para exame histológico para excluir outras causas de má absorção. O teste rápido baseia-se num ensaio colorimétrico que avalia a atividade da lactase: o desenvolvimento da cor no líquido de teste após 20 min informava a presença ou ausência da enzima lactase na amostra. • O tempo total é de 20 min. Nos primeiros 15 min, a enzima lactase na amostra de biopsia decompõe a lactose em glicose e galactose. No segundo passo, que dura 5 min, a quantidade de glicose é detectada usando solução de cromogênio, resultando na formação de um composto colorido. • Para quantificar a lactase, um gráfico de cor é construído: sem reação de cor corresponde a uma atividade da lactase < 10 U/g de proteína (hipolactasia grave) • Uma reação suave azul corresponde a 10 a 30 U/g proteína (hipolactasia leve) • Uma reação azul escuro corresponde a ≥ 30 U/g de proteína (normolactasia). • Todos os pacientes preencheram um questionário sobre seus sintomas com e após 1 mês de dieta isenta de lactose para avaliar a resposta à terapia. • Uma melhoria de 75% foi considerada significativa como resposta clinica a uma dieta isenta de lactose. • Foi pedido também para os pacientes relatarem aparecimento dos sintomas durante LBT a cada 15min enquanto as amostras eram coletadas e após 1 dia por telefone para avaliar sintomas tardios. • Os pacientes não sabiam os resultados dos seus testes. • Resultados: • má absorção de lactose foi detectada em 31/51 pacientes com LBT e em 37/51 pacientes com LQT, porém, a diferença não foi significante (p=0,29). • A doença celíaca foi encontrada em 2 pacientes • 2 pacientes LBT + apresentaram sobrecrescimento bacteriano no ID. • 8 pacientes apresentaram hipolactasia por LQT e LBT negativo, mas eles tiveram melhora significativa dos sintomas após dieta isenta de lactose. • LQT e LBT foram concordantes em 83% dos casos e previu uma resposta a uma dieta isenta de lactose em 98% e 81% dos casos, respectivamente (p=0,03) • Conclusão: LQT é tão sensível quanto LBT na detecção de deficiência de lactase, no entanto, parece ser mais preciso do que LBT para predizer resposta clinica a uma dieta isenta de lactose.