unesp
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Macroeconomia
Aula 05
Teoria Clássica de Comércio Internacional
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
1
Tópicos de discussão
• O mercantilismo
• Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith
• Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo
• Fronteira de Possibilidades de Produção e Preços Relativos
• Fronteira de Possibilidades de Produção e Ganhos de Comércio
• A Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
2
Mercantilismo
• Doutrina econômica que caracteriza
o período histórico da Revolução
Comercial (séculos XVI-XVIII)
marcado pela desintegração do
feudalismo e formação dos Estados
Nacionais
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
3
Mercantilismo
• Na visão mercantilista uma nação seria
tanto mais rica quanto maior fosse sua
população e seu estoque de metais
preciosos
– Poder militar para o Estado
– Acúmulo de riquezas (ouro e prata) para a
burguesia (em contraposição à posse de
terras pela Igreja e pela nobreza).
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
4
Mercantilismo
• Princípios básicos da política mercantilista
– O Estado deve incrementar o bem-estar nacional, ainda que
em detrimento dos vizinhos e das colônias (o comércio é uma
atividade de “soma zero”).
– A riqueza da economia depende do aumento da população e
do aumento do volume de metais preciosos no país.
– O comércio exterior deve ser estimulado, pois é por meio de
uma balança comercial favorável que se aumenta o estoque
de metais preciosos.
– O comércio e a indústria são mais importantes para a
economia nacional que a agricultura.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
5
Mercantilismo
• O mercantilismo era mais um doutrina política do que uma
teoria econômica stritu senso, com objetivos não só
econômicos como também político-estrategicos.
• Em resumo advogava:
– Intenso protecionismo estatal
– Ampla intervenção do Estado na Economia
• Sua aplicação variava conforme a situação do país, seus
recursos e modelo de governo.
– Na Holanda, o poder do Estado era subordinado às
necessidades do comércio.
– Na Inglaterra e na França a iniciativa econômica estatal
constituía o outro braço das intenções militares do Estado.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
6
Mercantilismo
• Os mercantilistas aprofundaram o conhecimento
de questões com as da balança comercial, das
taxas de câmbio e dos movimentos de dinheiro.
• Principais representantes:
– Os ingleses Thomas Mun e Josiah Child
– Os franceses Barthélemy de Laffemas e Antoine de
Montcrestien (ambos seguidores de Colbert na época de
Henrique IV)
– O italiano Antonio Serra
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
7
Teoria das Vantagens Absolutas
• David Hume, em Political Discurses (1752)
foi dos primeiros a atacar a lógica
mercantilista.
– O acúmulo de ouro, via superávits comerciais,
afetaria a oferta interna de moeda, elevando
os preços e salários internos, comprometendo
a competitividade das exportações.
– Mecanismo preço-fluxo-espécie
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
8
Teoria das Vantagens Absolutas
• Adam Smith (1723-1790) em Riqueza das
Nações (1776) estabeleceu as bases do
moderno pensamento econômico a
respeito das vantagens do comércio.
• Para ele, “a riqueza não consiste em
dinheiro, ou ouro e prata, mas naquilo que
o dinheiro pode comprar” (teoria do
valor-trabalho).
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
9
Teoria das Vantagens Absolutas
• Para Adam Smith , a falha dos mercantilistas foi
não perceber que uma troca deve beneficiar as
duas partes envolvidas no negócio, sem que se
registre necessariamente, um déficit para uma
das nações envolvidas.
• Sua teoria das vantagens absolutas atestava que
o comércio seria vantajoso sempre que houvesse
diferenças de custos de produção de bens entre
países.
• O comércio se justificaria apenas quando fosse
mais barato adquirir itens produzidos em outra
economia.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
10
Teoria das Vantagens Absolutas
• Diz-se que um país tem vantagem absoluta na
produção de um determinado bem ou serviço se
ele for capaz de produzi-lo e oferece-lo a um
preço de custo inferior aos dos concorrentes.
• Na visão de Adam Smith esta vantagem absoluta
decorreria da produtividade do trabalho, que está
relacionada com a especialização.
• No caso de produtos agrícolas, a condição
climática favorável é fundamental.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
11
Teoria das Vantagens Absolutas
• Hipóteses:
– 2 países no mundo
• B – Brasil
• W – Resto do Mundo
– 2 produtos
• M – Produtos industrializados
• X – Produtos agrícolas
– 1 fator de produção
• L – Trabalho
M = f(L) e X = f(L)
– Valor das mercadorias
• Quantidade de trabalho (L)
– Coeficiente técnico de produção
• IM = L/M
• IX = L/X
– Os países B e W têm 1.200 horas de trabalho disponíveis
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
12
Teoria das Vantagens Absolutas
-O país B tem vantagem
absoluta na produção de X
- O país W tem vantagem
absoluta na produção de M
Cada país se especializa na
produção do bem no qual
tem vantagem absoluta
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
13
Teoria das Vantagens Absolutas
• O aumento nas quantidades
consumidas de bens caracteriza o
que se denomina benefícios ou
ganhos de comércio
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
14
Teoria das Vantagens Absolutas
• Problemas não resolvidos por Smith:
– a proporção em que seriam feitas as trocas
entre os dois países, ou seja, quais seriam os
termos de troca ou relações de troca entre as
mercadorias X e M.
– O que aconteceria se um país não produzisse
nenhuma mercadoria a custos menores que
seus possíveis parceiros comerciais? Estaria
essa nação condenada a ficar excluída dos
benefícios da especialização e das trocas?
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
15
Teoria das Vantagens Comparativas
• A partir da crítica à teoria de Smith, David
Ricardo (1772-1823), em Princípios de Economia
Política e Tributação (1817) formulou a teoria das
vantagens comparativas.
– Ricardo notou que a idéia de vantagens absolutas
determina o padrão de trocas internas em um país com
perfeita mobilidade de fatores de produção, levando, no
limite, à uniformização dos preços dos fatores.
– No mercado internacional, contudo, a lógica é distinta,
dada a baixa (ou inexistente) mobilidade de fatores
entre os países. Há a necessidade de considerar a
estrutura produtiva de cada país.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
16
Teoria das Vantagens Comparativas
• A cada nação estão associadas características
particulares que permitem explicar quais são
os bens produzidos e, logo, quais são os bens
exportados (os que são produzidos além da
demanda nacional) e quais são os bens
importados (os que são demandados pelos
consumidores mas cuja produção não existe,
foi abandonada ou é insuficiente).
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
17
Teoria das Vantagens Comparativas
•Nesta condição o país W tem vantagens absolutas na produção
de ambas as mercadorias (X e M).
• Pelo raciocínio de Smith, não teria por que se especializar na
produção de nenhum dos dois bens, nem de comercializar com o
país B
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
18
Teoria das Vantagens Comparativas
• Pelo argumento de Ricardo, o país W tem
vantagem comparativa na produção do bem
M, pois seu custo é equivalente a 40% do
custo em B (2h em W/5h em B) , enquanto o
custo de produção de X é 75% daquele
apresentado em B (3h em W/4h em B).
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
19
Teoria das Vantagens Comparativas
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
20
Teoria das Vantagens Comparativas
Os países B e W têm 1.200 horas de
trabalho disponíveis
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
21
Teoria das Vantagens Comparativas
Preços relativos dos bens X e M no país W e no país B
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
22
Limites da abordagem tradicional
• O princípio das vantagens comparativas
– A contribuição fundamental de Ricardo à teoria do comércio
internacional é o princípio das vantagens comparativas: o
importante, no interior de uma mesma nação, são as
diferenças relativas entre as condições de produção dos bens
que podem ser definidas a partir do custo de oportunidade.
– Sacrificando-se uma unidade de um bem, as duas nações
aumentam em proporções diferentes a produção de outro
bem.
– Existe, então, a vantagem comparativa que leva cada nação a
especializar-se na produção do bem que ela pode produzir
relativamente de maneira mais eficaz que a outra.
– Se a especialização se faz segundo este princípio, e se as
nações entram na troca, elas podem então simultaneamente
ganhar nas trocas em um sentido preciso: obtêm uma maior
quantidade de bens do que a quantidade que seria disponível
em autarquia.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
23
Teoria das Vantagens Comparativas
•
•
Os países B e W têm 1.200 horas de
trabalho disponíveis
O país B troca 200 unidades de X por
230 unidades de M (200 x 1,15)
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
24
Teoria das Vantagens Comparativas
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
25
Fronteiras de possibilidades de produção
• A fronteira de possibilidades de produção nos
indica as quantidades máximas que um país
pode produzir de cada bem.
• Essas quantidades dependerão da
disponibilidade de fatores de produção e dos
coeficientes técnicos de produção
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
26
Fronteiras de possibilidades de produção
Hipótese

0s países B e W têm
1200 horas de trabalho
disponíveis
Hipóteses:
•
Os coeficientes técnicos
de produção são
constantes e, como
temos apenas um fator
de produção, o trabalho
as funções de produção
têm retorno constante de
escala
•
O trabalho é um fator
homogêneo
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
27
Fronteiras de possibilidades de produção
•
Custo social ou custo de oportunidade é quantidade de um bem que precisa ser sacrificada
para se produzir uma unidade adicional de outro bem.
– O custo em termos do bem X de uma unidade de M é
60/75 = 1,25. Cada unidade de M, “custa” 1,25 unidade de X.
– O custo em termos do bem M de uma unidade de X é
75/60 = 0,80. Cada unidade do bem X “custa” 0,80 unidade do bem M, ou seja, o custo
social de uma unidade a mais de X é 0,8 unidade do bem M
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
28
Fronteiras de possibilidades de produção
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
29
Fronteiras de possibilidades de consumo e
ganhos de comércio
Hipótese

0s países B e W têm
1200 horas de trabalho
disponíveis
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
30
Fronteiras de possibilidades de consumo e ganhos de comércio
• O país B, ao deixar de produzir uma unidade do bem X, consegue
produzir 0,8 unidades adicionais do bem M.
• O pais W, para produzir uma unidade do bem X, preciso deixar de
produzir 1,5 unidades do bem M.
• Se os dois países acertarem um termo de troca de 1,15 unidades de M,
por uma unidade de X será vantajosos para os dois paises.
• Para o país B a troca é vantajosa, pois ela obterá uma 1,15 unidade de
M por unidade de X, ao invés de apenas 0,8.
• Para o país W a troca também é vantajosa, pois para obter uma unidade
de X ele precisará de apenas 1,15 unidade de M quando antes precisa de
1,5.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
31
Fronteiras de possibilidades de consumo e
ganhos de comércio
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
32
A Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
• Enquanto David Ricardo preocupou-se em
demonstrar os ganhos de comércio para
os países participantes do comércio
internacional, John Stuart Mill (18061873), em sua obra Princípios de
Economia Política (1873), procurou discutir
a questão da divisão dos ganhos
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
33
A Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
• Enquanto David Ricardo preocupou-se em
demonstrar os ganhos de comércio decorrentes
do comércio internacional, John Stuart Mill
(1806-1873), em sua obra Princípios de
Economia Política (1873), procurou discutir a
questão da divisão dos ganhos entre os países.
• Para J.S.Mill a questão da demanda internacional
do produtos é determinante.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
34
A Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
• Se um país oferece, no mercado
internacional, produtos pouco
demandados no mercado mundial, ele
obterá um preço pouco elevado e o país
se beneficiará pouco do ganho de
comércio mundial ou até mesmo terá um
ganho nulo.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
35
A Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
• Esse país deverá, então, diversificar sua
produção, mesmo que ela não tenha uma
vantagem comparativa máxima ou uma
desvantagem comparativa mínima na sua
produção.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
36
A Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
• No sentido oposto, se a demanda é alta,
os preços serão mais elevados, o que
permitirá ao país ofertante apropriar-se de
uma parte maior do comércio mundial.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
37
A Teoria dos Valores Internacionais de Stuart Mill
• Mill considera, portanto, que a lei da
oferta e da procura é determinante
para a divisão internacional dos
ganhos de comércio.
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
38
Bibliografia
Carvalho, Maria Auxiliadora e Silva, César
Roberto Leite. Economia Internacional.
São Paulo: Editora Saraiva, 2004, capítulo 1
(p. 3-24)
05/11/2015
Professor Luís Antonio Paulino
39
Download

AULA 5 - Unesp