O JORNAL COMO FONTE
E OBJETO DE PESQUISA
Prof Rangel
Como mais uma fonte
O PERIÓDICO
Como o objeto da pesquisa
Nos dois casos deve-se proceder a crítica interna e
externa da fonte, realizando as seguintes indagações:
Crítica externa: na medida do possível responder:
Qual sua tiragem; qual periodicidade; qual o âmbito da
circulação; qual o custo unitário e a relação com o custo
de vida da época; quem eram seus proprietários e seus
editores chefes; qual a filiação ideológica ou política (se
houver) desses responsáveis; quantas folhas; divisão
interna;
Crítica interna: É a avaliação conotativa do periódico e, na
medida do possível deve responder:
Era jornal engajado ou tinha linha editorial relativamente
independente; era sensacionalista; que assuntos mereciam
maior destaque; como imagens e manchetes eram
articuladas;
QUAL O CONTEÚDO DO TEXTO JORNALÍSTICO,
EXPLORADO pela obra historiográfica;
Situações espaço-temporais
Campos de interação
ANÁLISE SÓCIO-HISTÓRICA
Instituições sociais
Meios técnicos de transmissão
Análise semiótica
Análise da conversação
ANÁLISE FORMAL OU
DISCURSIVA
Análise do discurso
Análise narrativa
Análise argumentativa
RETORNANDO À IDEOLOGIA
PRESSÕES DEFORMADORAS ATUANDO SOBRE O
PROCESSO DO CONHECIMENTO
O poeta espanhol Antônio Machado: Em minha solidão – vi coisas
muito claras – que não são verdadeiras...
O poeta espanhol Federico Garcia Lorca disse, quando visitou Nova
Iorque nos anos 1920: Não me perguntes nada – vi que as coisas –
quando seguem seu caminho – encontram seu vazio...
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES...
OS FENÔMENOS CARACTERIZADOS COMO
IDEOLÓGICOS NÃO PRECISAM SER VISTOS COMO
ERRÔNEOS OU ILUSÓRIOS  Não cabe ao analista
classificar como falsas ou verdadeiras as formas
simbólicas.
O FUNDAMENTAL é perceber como essas formas,
dentro de um contexto histórico específico,
estabeleceram ou sustentaram relações de poder.
È necessário expandir o conceito de dominação de
classe de Marx para outros conflitos tão ou mais
importantes: entre os sexos, entre etnias, religiosos,
entre estados-nação, entre indivíduos e Estado, etc.
As formas simbólicas, seja qual for o termo
classificatório que tenham, imaginário, representações,
arquétipos, mitos ou ideologias são partes constituintes
da realidade social, tanto favorecem o surgimentomodificação das relações concretas como são criadas
por essas relações de ordem material.
Para haver relação de poder e, consequentemente, uma
ideologia que a acompanha, terá de existir a
possibilidade REAL de resistência! A pura e simples
dominação completa de um grupo sobre outro equivale
reduzir os seres humanos à condição de objetos
desprovidos de qualquer racionalidade ou capacidade
cognitiva-afetiva. NÃO EXISTE PODER SEM O
PRESSUPOSTO DA RESISTÊNCIA!
As ideologias não servem apenas para gerar
dominação, mas também para despertar críticas e
contestações da ordem vigente;
As relações sociais não são todas pautadas pelo
conflito e pela relação de poder explícita. A apatia,
indiferença, a repetição, o hábito e a rotina merecem
especial atenção do analista tanto quanto o conflito.
Não há uma relação de causa-efeito nas produções
simbólicas. Os deslizamentos de sentido das formas
simbólicas impedem um estudo funcionalista da sua
manifestação social.
O PESQUISADOR PODERÁ INFERIR SOBRE O
SENTIDO QUE SE QUIS DAR AO TEXTO, MAS JAMAIS
SABERÁ O EFEITO QUE ESSE TEXTO CAUSOU EM
CADA LEITOR!
MODOS DE OPERAÇÃO DA IDEOLOGIA
Racionalização
LEGITIMAÇÃO
Universalização
narrativização
Deslocamento
DISSIMULAÇÃO
Eufemização
Tropo (sinédoque, metonímia,
metáfora)
Estandartização
Unificação
Simbolização da
unidade
Diferenciação
Fragmentação
Expurgo do outro
Naturalização
Reificação
Eternalização
Nominalização - passivização
LEGITIMAÇÃO: Para Weber os fundamentos
racionais, tradicionais e carismáticos proporcionam a
legitimação.
Racionalização: Uma cadeia de raciocínio que procura
defender, ou justificar, um conjunto de relações ou
instituições sociais, como dignos de apoio. Ver 1716 o PRR
e o Comunismo
Universalização:Acordos institucionais que servem a
alguns indivíduos, mas são apresentados como
servindo aos interesses de todos e disponíveis a
todos.
Narrativização: As exigências são inseridas em
histórias que contam o passado e tratam o presente
como parte de uma tradição eterna e aceitável. Ver 1719
DISSIMULAÇÃO: As relações de poder normalmente
são sustentadas pelo ocultamento ou dissimulação
fazendo crer tratar-se de opção livre de cada um.
Deslocamento: Um termo normalmente utilizado para
definir uma pessoa ou objeto é usado para nominar
outro transmitindo suas propriedades conotativas.
Eufemização: Ações, instituições ou relações sociais
são definidas “com outras palavras” para despertar
um sentido mais positivo que o anterior.
Sinédoque: A parte refere-se ao todo; o todo é
colocado no lugar das partes. Ver 1724
Metonímia Substituição de uma palavra por outra
em razão de haver entre elas uma relação de
interdependência, de inclusão, de implicação.
Efeito-causa, autor-obra, continente-conteúdo,
marca-produto, concreto-abstrato, matéria-objeto.
Metáfora: Emprego de termo ou frase para designar
um objeto ou ação que, a rigor, não poderia ser
definido por àquela expressão. Ver 1718
UNIFICAÇÃO: Quando as relações de poder são
estabelecidas e sustentadas através do apelo à
unidade independente das diferenças que separam
os indivíduos e grupos sociais.
Padronização: quando termos ou mesmo toda a
língua “oficial” são adotados como forma padrão de
comunicação entre os indivíduos.
Simbolização da unidade: Construção de símbolos
da unidade, de identidade e de identificação
coletivas, para designar grupo ou pluralidade de
grupos. Ver 1716 Liga Eleitoral Católica
FRAGMENTAÇÃO: Quando se procura segmentar
indivíduos ou grupos capazes de oferecer perigo ou
ameaça aos grupos dominantes.
Diferenciação: ênfase dada às diferenças e distinções
entre pessoas ou grupos destacando as
características que os desunem ou os tornam
incapazes de exercer o poder.
Expurgo do outro: Construção de um inimigo, interno
ou externo, que é retratado como mau, perigoso ou
ameaçador e contra o qual o grupo é convocado a
combater. Ver 1697 e 1714 sobre o PCB
REIFICAÇÃO Quando processos, diferenciações, formas
de relacionamento social são esvaziados do seu
sentido histórico-social, para se tornarem algo
“natural” ou resultado inevitável.
Naturalização Parte-se de estados espontâneos do
comportamento humano para designar
comportamentos sociais como naturais e aceitáveis.
Eternalização: Os acontecimentos são apresentados
como permanentes, imutáveis ou recorrentes de tal
maneira que sua origem fica perdida e sua finalidade
deixa de ser questionada. Ver 1714
Recursos gramaticais de nominalização e passivação
São recursos que concentram a atenção do ouvinte ou
leitor em algum aspecto, ocultando outros. Apagam os
atores e a ação, como se os acontecimentos não
tivessem sujeitos e intenções. Ver 1749
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O JORNAL COMO FONTE E OBJETO DE PESQUISA