Educação como um direito.
José Sérgio Carvalho
FE USP
Uma dificuldade inicial:
a unanimidade retórica a encobrir as
profundas divergências conceituais
Educação e ascensão econômica
A Coréia exibe uma economia fervilhante, capaz
de triplicar de tamanho a cada década. Sua
renda per capta cresceu dezenove vezes desde
os anos 60, e a sociedade atingiu um patamar
de bem-estar invejável. Os coreanos
praticamente erradicaram o analfabetismo e
colocaram 82% dos jovens na universidade. Já
o Brasil mantém 13% de sua população na
escuridão do analfabetismo e tem apenas 18%
dos estudantes na faculdade. Sua renda per
capta é hoje menos da metade da coreana. Em
suma, o Brasil ficou para trás e a Coréia largou
em disparada. Por que isso aconteceu? Porque
a Coréia apostou no investimento ininterrupto
e maciço na educação – e nós não. (Veja 2005)
Revista Veja –Agosto de 2000
• “Enquanto o desemprego entre aqueles que têm
menos de 4 anos de escolaridade ultrapassa os
20% da população economicamente ativa, entre os
pós-graduados ele não chega a 2%”.
• “Países como Singapura, Coréia a e Taiwan
conheceram notável desenvolvimento econômico
e tecnológico depois de uma década de pesados
investimentos em educação”.
O Significado Da Ação
Educativa
• Educação concebida
como elemento de
ascensão social e
econômica do
indivíduo que a ela se
submete.
• Educação concebida
como motor do
desenvolvimento
tecnológico e
econômico de uma
sociedade.
Perspectivas de análise
• Veracidade dos dados e validade das
conclusões sugeridas.
• Pertinência da perspectiva adotada para a
compreensão do significado da educação
escolar do ponto de vista dos profissionais
da educação e dos valores públicos.
O duplo aspecto do nascer humano:
Um novo ser na vida (a dimensão bio-física da
perpetuação da vida individual e da espécie)
Um ser novo no mundo (entrada e a participação
num mundo de heranças simbólicas públicas a
que temos direito)
Educação como iniciação nas
realizações culturais
• A herança simbólica como bem comum:
língua como bem cultural de um povo.
• Bens culturais e conteúdos escolares.
• Conteúdos e valores nas heranças culturais.
O conceito de qualidade como
explicitação das divergências
programáticas
• Educação como
investimento: qualidade
concebida como êxito
individual e privado do
aluno.
• Preparação das
competências necessárias
para os desafios do
mercado de trabalho
futuro.
• Valor de troca:
mercadoria.
• Educação como iniciação
na cultura: qualidade
concebida como domínio
das linguagens e valores
do mundo público.
Compromisso com sua
conservação e renovação.
• Criação de laços de
pertencimento e
identidade com um
‘mundo comum’.
• Valor público:
um direito.
A educação é o ponto em que decidimos se
amamos o mundo [de heranças simbólicas] o
bastante para assumirmos responsabilidade por
ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria
inevitável não fosse a renovação e a vinda dos
novos e dos jovens. E educação é também onde
decidimos se amamos nossas crianças o bastante
para não expulsá-las de nosso mundo comum e
abandoná-las a seus próprios recursos (...)
preparando-as com antecedência para a tarefa
de renovar um mundo comum”.
Hannah Arendt.
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