MERENDA ESCOLAR: UMA ANÁLISE SOBRE MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS Adrine Fernanda Pascoal∗ Ayna Carolina Duarte Baia∗∗ Priscila dos Santos Dantas∗∗∗ Laudicéia Soares Urbano∗∗∗∗ INTRODUÇÃO A escola pública no Brasil, além de ser um espaço pedagógico de aprendizagem, se apresenta como um lugar de comer e de promoção à saúde. Isto quer dizer que o ambiente de ensino ao articular de forma dinâmica as relações entre educandos, educadores, familiares proporciona, além do processo de ensinoaprendizagem a constituição de um núcleo para agenciar à saúde (TANAJURA, 2011). A merenda escolar representa um atrativo para a permanência dos alunos nas escolas públicas brasileiras. (BRASIL, 2000). O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um dos mais antigos programas sociais do governo brasileiro, sendo considerado no cenário mundial um dos maiores programas de atendimento universal na área de educação. Na perspectiva do PNAE, a merendeira é um manipulador de alimentos, e, dentre os profissionais da comunidade escolar, faz de sua função uma arte e nela coloca sua dedicação, contribuindo para o bem-estar e o rendimento dos estudantes (COSTA; LIMA; RIBEIRO, 2002; SANTOS; et al, 2012). Uma das grandes responsabilidades da creche é a alimentação, pois o ato de alimentar adequadamente uma criança permite a ela se desenvolver com saúde intelectual e física, diminuindo, ou evitando, também, o aparecimento de distúrbios e deficiências nutricionais. O alimento é essencial, tanto para o crescimento como para a ∗ Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia – Unifil - [email protected] Discente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Filadélfia – Unifil - [email protected] ∗∗∗ Discente do Centro Universitário Filadélfia – UniFil - [email protected] ∗∗∗∗ Docente do Centro Universitário Filadélfia – UniFil – [email protected] ∗∗ manutenção da vida, mas não podemos esquecer que também pode ser responsável por doenças. Por esse motivo, o objetivo principal dos estabelecimentos que fornecem alimentação tem sido fornecer uma dieta equilibrada do ponto de vista nutricional (TADDEI; BRASIL; OLIVEIRA, 2008). Os riscos de contaminação nas creches e escolas são maiores devido ao preparo dos alimentos com muita antecedência, o que pode favorecer a exposição prolongada a eventuais agentes contaminadores. Além disso, as condições de higiene inadequadas no local de preparo e distribuição também podem contribuir para isso (OLIVEIRA; BRASIL; TADDEI, 2008). O planejamento dos cardápios deve ser feito por nutricionistas para garantir a oferta de todos os grupos de alimentos, valor energético, volume adequado da refeição e variedade. O PNAE contribuí não só para a aprendizagem e o rendimento escolar, como também para a formação de hábitos saudáveis (SOUZA; MAMEDE, 2010). O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre manipulação de alimentos e as condições higiênico-sanitárias das cozinhas de creches públicas. METODOLOGIA Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica sobre o tema. Para a identificação dos artigos, realizou-se, em 2012, um rastreamento na base de dados MEDLINE (National Library of Medicine, Estados Unidos), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e SCIELO, de todos os estudos publicados no período de 2007 a 2012. Os critérios de seleção dos artigos foram: conter nos títulos os descritores, completos ou em parte: Segurança dos alimentos; Alimentação escolar; Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); Higiene Alimentar. E estarem escritos no idioma português. Foram selecionados estudos transversais, observacionais, longitudinais. RESULTADO E DISCUSSÃO O PNAE tem como público definido os pré-escolares e escolares do ensino da rede pública, os alunos de creches públicas e filantrópicas, assim como os de escolas indígenas e quilombolas. Considerando que as crianças atendidas por esse programa estão em constante crescimento e fazem parte do grupo de indivíduos mais vulneráveis às Doenças Veiculadas por Alimentos (DVA), é importante avaliar todas as condições em que os alimentos são preparados e distribuídos para que eles cumpram plenamente sua função de nutrir (CARDOSO, et al, 2010). A detecção e a rápida correção das falhas no processamento de alimentos, bem como a adoção de medidas preventivas, são hoje as principais estratégias para o controle de qualidade. Para isso, devem-se manter medidas para a higienização completa e eficaz, capazes de garantir refeições seguras. Essas medidas compreendem três aspectos principais: o ambiente, o alimento e o manipulador de alimento (OLIVEIRA; BRASIL; TADDEI, 2008). Em dois estudos distintos, onde foram observados requisitos para a conformidade na manipulação de alimentos oferecidos para crianças em fase escolar, e matriculadas em creches públicas e filantrópicas, foram constatados diversos itens inadequados. No primeiro estudo de Oliveira, et al. (2008), foram analisados cinco creches públicas e filantrópicas de São Paulo, verificando os principais aspectos relacionados à prevenção da contaminação alimentar. Com relação aos alimentos, as principais inadequações consistiam em alimentos não identificados ou identificados incorretamente, as portas estavam sem protetor de rodapé, para impedir a entrada de insetos e roedores, os alimentos não permaneciam em temperatura adequada durante a distribuição, alimentos que, no pré-preparo, não foram desinfetados em água clorada. No que diz respeito aos manipuladores, evidenciou-se práticas sanitárias inadequadas, o manipulador falava, cantava, tossia, espirrava durante a manipulação do alimento, e principalmente, não realizava corretamente a técnica de lavagem das mãos. Já no item ambiente, foram encontrados itens não conformes como a área física, ambiente de preparo e dispensa. Em outro estudo realizado por Souza e Menezes (2010), o qual foi realizado em escolas públicas de ensino fundamental de Salvador Bahia, com relação aos alimentos foram encontrados itens não conformes como área de preparação que favoreciam a contaminação cruzada, produtos perecíveis mantidos em temperatura ambiente por período superior ao recomendado, alimentos com conservação à frio realizada de maneira inadequada, descongelamento e dessalge de carnes inadequados, higienização dos vegetais em não conformidade. Na questão manipuladores de alimentos foram observados itens fora do padrão de conformidade como higiene pessoal e hábitos que podem comprometer a segurança dos alimentos, como unhas longas e com esmalte, presença de adornos, uniformes inadequados. De acordo com o ambiente, não possuíam teto liso e lavável, ausência de telas nas aberturas. CONCLUSÃO Os principais problemas observados nas creches estudadas, concluindo-se que as escolas assistidas pelo PNAE ainda não atendem aos requisitos estabelecidos. É fundamental que os manipuladores se conscientizem da sua importância na produção de alimentos para resultar em melhores condições de saúde dessas crianças. Desta forma, considera-se que a solução para a melhoria do funcionamento das cozinhas de creches e a garantia de alimentos seguros para as crianças destas instituições depende prioritariamente do treinamento e supervisão do pessoal envolvido. REFERÊNCIAS CARDOSO, Ruzia de Cassia Vieira; et al. Programa Nacional de Alimentação Escolar: Há Segurança na Produção de alimentos em Escolas de Salvador (Bahia)? Revista de Nutrição. Set/Out, 2010. OLIVEIRA, Mariana de Novaes; BRASIL, Anne Lise Dias; TADDEI, José Augusto de Aguiar Carrazedo. Avaliação das condições higiênico-sanitárias das cozinhas de creches públicas e filantrópicas. Revista de Ciências e Saúde Coletiva. v. 13.n. 3, 2008. SANTOS, Lígia Amparo da Silva; et al. O nutricionista no programa de alimentação escolar: avaliação de uma experiência de formação a partir de grupos focais. Rev. Nutr.[online]., v.25, n.1, p. 107-117; 2012. SOUZA, Adriana Lúcia da Costa e MAMEDE, Maria Eugênia Oliveira. Estudo sensorial e nutricional da merenda escolar de uma escola da cidade de Lauro de FreitasBA. Revista Instituto. Adolfo Lutz, 2010. TANAJURA, Indira Menezes Pinto de Castro. Acepções de merendeiras sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar em um bairro de Salvador, Bahia. 91 f. il. 2011. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde, Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.