ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DA CRITICIDADE POR
MEIO DA APLICAÇÃO DE UNIDADES DE APRENDIZAGEM
EM MATEMÁTICA DO ENSINO FUNDAMENTAL
III Mostra de Pesquisa
da Pós-Graduação
PUCRS
Thaís Helena Perty Lipp, Maurivan Güntzel Ramos (Orientador)
Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Faculdade de Física,
PUCRS.
Resumo
O presente trabalho de pesquisa tem por objetivo compreender como o processo de
desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo dos alunos nas aulas de Matemática, em
uma Unidade de Aprendizagem. A investigação está em andamento E os alunos participam de
uma Unidade de Aprendizagem, cujo tema central, definido pelos alunos é Álcool na
adolescência. Ao longo do trabalho estão sendo elaborados e testados indicadores de
criticidade para serem aplicados na própria pesquisa. A partir desses indicadores propõe-se a
analisar qualitativamente o desenvolvimento crítico dos alunos nas aulas de Matemática,
tendo como referenciais o Educar pela Pesquisa e a Educação Matemática Crítica.
Introdução
A escola é um espaço e um tempo de construção da cidadania. Desse modo, as
atividades realizadas nas várias disciplinas, em especial na Matemática, têm a importância de
contribuir para o desenvolvimento da criticidade. Por isso, é necessário buscar práticas que,
além de promover a aprendizagem em matemática, possam contribuir para a formação de um
aluno consciente de seu papel, tanto na sala de aula quanto , mas acima de tudo na sociedade
como cidadão crítico.
Desse modo, a questão que norteia esta investigação é: Como se dá o processo de
desenvolvimento da criticidade dos alunos durante uma Unidade de Aprendizagem em
Matemática?
Conforme afirma Rios (2001), a análise crítica do processo educativo permite que este
seja reconhecido e analisado como um conjunto de atitudes que podem manter ou transformar
a estrutura do social. Os conceitos teóricos para desenvolvimento dessa prática contribuem
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para trazer para sala de aula uma Unidade de Aprendizagem, baseada no Educar pela Pesquisa
(DEMO, 2002; e MORAES, GALIAZZI e RAMOS, 2004), assim como o desenvolvimento
crítico fundamentado pela Educação Matemática Crítica (SKOVSMOSE, 2001).
As Unidades de Aprendizagem, fundamentadas no Educar pela Pesquisa, consistem
em práticas que estimulam o questionamento, o diálogo e a argumentação. O educar pela
pesquisa promove a relação entre os sujeitos, que, conforme Demo (2002), busca como
desafio comum o questionamento reconstrutivo, tornando cada vez mais tênue a relação entre
o conhecer e o intervir. A pesquisa em sala de aula desenvolve práticas com o objetivo de
tornar o aluno sujeito da sua aprendizagem, por meio de relações mais democráticas e
cidadãs. Esse modo de aprender ocorre na sala de aula com base no contexto do aluno e visa a
desenvolver capacidades de pensar, de aprender a aprender e de buscar qualidade formal e
política.
A Educação Matemática Crítica, por sua vez, segundo Skovsmose (2001), propõe a
interação para a aprendizagem nessa área, em que os alunos buscam desenvolver
competências para interpretá-la e reconhecê-la em seu contexto social e político.
Assim, é por meio dessas práticas participativas, colaborativas e argumentativas,
associadas à Matemática, que está sendo estudado o desenvolvimento do pensamento crítico e
reflexivo dos alunos no seu contexto. Indicadores de criticidade estão sendo definidos para
esse estudo. Busca-se com isso compreender a ocorrência da formação de um cidadão, mais
consciente de si mesmo e dos problemas sociais por meio da Matemática.
Metodologia
Esta investigação está em andamento, com alunos da 7ª série do Ensino Fundamental
de uma Escola Estadual no Município de Novo Hamburgo, por meio da aplicação de uma
Unidade de Aprendizagem, na disciplina de Matemática no Ensino Fundamental abordando o
tema “Álcool na adolescência”, de escolha dos alunos. A pesquisa tem abordagem qualitativa,
compreensiva e naturalística (LÜDKE e ANDRÉ, 1986) e as produções dos alunos estão
sendo analisadas por meio da Análise Textual Discursiva (MORAES e GALIAZZI, 2007).
Os instrumentos de pesquisa são: a) a produção textual dos alunos; b) diário de aula
com registro dos acontecimentos para análise posterior c) registro em áudio e vídeo de
algumas aulas d) a entrevista gravada em áudio com seis alunos ao final do processo, e) auto–
avaliações durante o projeto de pesquisa.
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Resultados
Inicialmente, está sendo realizada a Unidade de Aprendizagem sobre “O álcool na
adolescência”. Neste trabalho, já foi possível constatar que quando partimos do próprio
questionamento dos alunos, há motivação participação do grupo. É possível perceber que os
alunos, por meio de uma linguagem própria, apresentam questões que têm implícita uma
preocupação social com o consumo do álcool, abordam desde o apelo da mídia ao consumo
até questões sobre legislação e consumo. É possível também perceber que os alunos não
percebem a relação disso com a Matemática no início desse trabalho. Outras evidências estão
sendo produzidas no estudo.
Conclusão
Como a pesquisa encontra-se em desenvolvimento ainda não é possível obter
conclusões, mas pode-se afirmar que a escolha pelos alunos da temática “O álcool na
adolescência” indica a necessidade de um trabalho efetivo sobre temas dessa natureza. Além
disso, quando se realiza um trabalho partindo do interesse dos alunos, a participação do grupo
é mais intensa e o trabalho é valorizado, elementos essenciais para a aprendizagem. A
mudança da prática pedagógica da aula de Matemática trouxe a participação efetiva do grupo,
além de se observar um maior interesse e dedicação por parte daqueles alunos que apresentam
dificuldades nessa disciplina.
Referências
DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. 5ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2002.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U.,
1986.
MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise textual discursiva. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2007.
MORAES, Roque, GALIAZZI, Maria do Carmo; RAMOS, Maurivan Güntzel. Pesquisa em sala de aula:
fundamentos e pressupostos. In: MORAES, Roque; LIMA, Valderez. Pesquisa em sala de aula: tendências para
a educação em novos tempos. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004
RIOS, Terezinha Azeredo. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. 2.ed. São Paulo:
Cortez, 2001.
SKOVSMOSE, Olé. Educação Matemática Crítica: a questão da democracia. 3.ed. Campinas, SP: Papirus,
2001.
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