III Mostra de Pesquisa da PósGraduação PUCRS O ensino da trigonometria subsidiado pelas teorias dos Campos Conceituais de Gérard Vergnaud e da Aprendizagem Significativa de David Ausubel Marjúnia Edita Zimmer Klein, Drª Sayonara Salvador Cabral da Costa (orientador) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA, Faculdade de Física, PUCRS INTRODUÇÃO A Matemática surge como ciência, ao longo da história da humanidade, com o objetivo de solucionar problemas práticos e teóricos que se apresentam nas variadas sociedades humanas, melhorando a qualidade de vida do cidadão (BOYER, 1974; EVES, 1995). No contexto da educação, infelizmente, a matemática é muito mais vista como uma ciência afastada da realidade, de difícil compreensão e, principalmente, causadora de uma percentagem alta de reprovações (D’AMBROSIO, 1986). A possibilidade de estudar mais a fundo as dificuldades dos alunos, percebidos nos meus 20 anos de experiência docente, foi concretizada com o acesso a fundamentações teóricas que, confrontadas com a realidade vivida em sala de aula, permitiram vislumbrar um caminho para enfrentá-las (MOREIRA, 2006). Para trilhar esse caminho, elegi o tema Trigonometria, assunto tratado nas segundas séries do Ensino Médio na escola onde leciono, principalmente pela importância e relevância do conhecimento que encerra para a vida diária do estudante, mas também pelas dificuldades manifestadas pelos estudantes para compreendê-lo significativamente e, finalmente, pelo desafio de reverter os resultados negativos de aprendizagem nessa área de conhecimento. O estudo da trigonometria é pouco explorado dentro do cotidiano do aluno. Na maioria das vezes, recordam-se fórmulas e exigem-se memorizações de relações sem qualquer sentido ou significado (BRIGUENTI, 2007; CAMARGO, 2004), vindo de encontro às orientações dos III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNEM, 1998): o professor . necessita considerar que os alunos não são tabula rasa e possuem concepções equivocadas sobre determinado assunto e não é num curto espaço de tempo que conseguirá fazer com que alterem essas concepções. Essas constatações exigem uma mudança de postura frente aos processos de ensino e de aprendizagem. É necessário investigar sobre a maneira como o aluno aprende determinado conteúdo, analisar suas dificuldades, consultar quais são as suas necessidades e sintonizar o conteúdo com a prática. Para concretizar essas ações, não basta a experiência docente apenas, mas uma fundamentação adequada para empreendê-las. Leituras de livros, artigos e outras publicações, além de participação em eventos que discutiam a aprendizagem fizeram com que eu conhecesse a teoria dos Campos Conceituais de Gérard Vergnaud (VERGNAUD, 1993; MOREIRA, 2002) e a teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel (AUSUBEL et al., 1980; MOREIRA, 2006). Diante do exposto, meu projeto de pesquisa é o desenvolvimento de uma proposta metodológica para o ensino de trigonometria para alunos da segunda série do Ensino Médio de uma Escola da rede particular de Novo Hamburgo, tendo como fundamentação teórica as teorias de aprendizagem significativa de Ausubel e dos campos conceituais de Vergnaud. Metodologia A implementação da metodologia proposta atenderá aos preceitos das teorias que subsidiam este trabalho. Pretende-se planejar as atividades que serão apresentadas em sala de aula e, ao longo do processo, incrementar tarefas que venham a confrontar as dificuldades que se manifestarem. Como instrumentos de coleta de dados, serão considerados: questionários; atividades variadas em sala de aula, incluindo resolução de problemas e atividades práticas, realizadas individualmente ou em pequenos grupos; avaliações periódicas e entrevistas individuais semiestruturadas e audiogravadas. A análise de dados será fundamentalmente qualitativa (MORAES; GALIAZZI, 2007), guardando coerência com a fundamentação teórica e os objetivos da investigação. Conclusões Até o momento (final de maio de 2008) já foram desenvolvidas quatro atividades em sala de aula promovendo situações de trabalhos em grupos, enfatizando o envolvimento dos estudantes nas III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 tarefas; também foi realizada uma avaliação individual formal,. Durante a execução das atividades, foi possível detectar algumas concepções e dificuldades dos estudantes. Por outro lado, os resultados dessas atividades já estão sendo analisados no sentido de gerarem categorias, cuja evolução será acompanhada ao longo do processo.. Minha experiência em lecionar esse assunto permite dizer que os resultados parciais demonstram diferenças na receptividade dos estudantes ao estudo da trigonometria sob o novo enfoque e, conseqüentemente, na minha avaliação sobre as perspectivas favoráveis de execução e resultado desse trabalho. Os resultados da primeira avaliação já demonstraram isso. Referências AUSUBEL, David; NOVAK, Joseph, D.; HANESIAN, Helen. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Interamericana Ltda. 1980. 625p. BOYER, Carl. História da Matemática. Trad. de Elza Gomide. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1974. BRIGUENTI, Maria José Lorenção. Ensino e aprendizagem da trigonometria: novas perspectivas da educação matemática. Disponível em: http://www.proem.pucsp.br/teses/Briguen.html> Acesso em: 03 dez.2007. CAMARGO, Susan Nectoux. Ensino com enfoque na pesquisa: repercussões na aprendizagem de trigonometria. 2004. 122f. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) – Faculdade de Física, PUCRS, Porto Alegre, 2004. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Da Realidade à ação: reflexões sobre Educação e Matemática. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas,1986. 115p. EVES, Howard. Introdução à História da Matemática. Trad. Hygino H. Domingues, São Paulo: Unicamp, 1995. 843p. MORAES, R.; GALIAZZI, M.C. Análise textual Discursiva. Ijuí: UNIJUí, 2007. MOREIRA, Marco Antônio. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Universidade de Brasília, 2006, 186p. MOREIRA, M.A. A teoria dos campos conceituais de Vergnaud, o ensino de ciências e a pesquisa nesta área. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 7-29, março 2002. Disponível em http://www.if.ufrgs.br/ienci. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO (PCNEM), 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf. Acesso em: 18 dez.2007 VERGNAUD, G. Teoria dos campos conceituais. In Nasser, L. (Ed.) Anais do 1º Seminário Internacional de Educação Matemática do Rio de Janeiro. p. 1-26, 1993. III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008