Bases da Radioterapia nos Tumores cerebrais da infância II Curso de atualização em Oncologia Pediátrica Prof. Dr. Paulo Eduardo R.S. Novaes Mestre e Doutor em Medicina – USP Departamento de Radioterapia do Hospital AC Camargo e Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos Faculdade de Medicina - UNIMES Tumores cerebrais na Infância Considerações Gerais Tumor sólido mais freqüente – 20% de todas as neoplasias da infância Incidência: 2,5 casos/100.000hab < 15 anos Acometem praticamente todas as faixas etárias 15% em menores 2 anos 30% entre 2 e 5 anos 30% entre 5 e 10 anos 25% em adolescentes até 18 anos Histologia: 78% malignos / 22% benignos Tumores cerebrais na Infância Histologia Astrocitoma de Baixo Grau Meduloblastoma Astrocitoma de Alto Grau Glioma do tronco cerebral Ependimoma Craniofaringeoma Tumores da pineal Oligodendroglioma Tumor do plexo coróide 35% 20% 8% 8% 8% 7% 4% 2% 2% Tumores cerebrais na Infância Localização Supratentorial (37%) Astrocitoma de baixo grau Astrocitoma de alto grau Outros 23% 11% 3% Infratentorial (49%) Glioma de tronco Meduloblastoma Astrocitoma cerebelar Ependimoma 15% 15% 15% 4% Linha média (14%) Craniofaringioma Glioma optico Tumores da pineal 8% 4% 2% Tratamento Multidisciplinar Cirurgia (neurocirurgia) Radioterapia Quimioterapia Radioterapia cerebral na infância Radioterapia cerebral na infância Fatores a considerar Localização (Exames de imagem) Tipo histológico Tratamentos associados Idade Intenção Terapêutica (Prognóstico) Radioterapia cerebral na Infância Peculiaridades Campos de irradiação dependem do comportamento biológico de cada tumor Exames de imagem e informação anátomopatológica são indispensáveis para a definição da melhor forma de irradiação Radiossensibilidade Baixa (moderada) Doses: 50-60Gy Radioterapia cerebral na Infância Peculiaridades Relação Direta entre Dose e Volume Tumoral Ressecção neurocirúrgica Quimioterapia associada a Radioterapia aumenta os efeitos terapêuticos, mas também as reações colaterais Radioterapia cerebral na Infância Peculiaridades Tecidos normais em crescimento e desenvolvimento Compreensão e colaboração dependem da idade – Sistemas de imobilização – Anestesia Complicações são diretamente proporcionais à dose e ao volume irradiado, e inversamente proporcionais à idade Radioterapia - Objetivo Liberar dose efetiva ao tumor com proteção adequada dos tecidos normais vizinhos Estratégias na Radioterapia dos Tumores cerebrais na Infância Dose/Volume Proteção tecidos normais QT Estratégias na Radioterapia cerebral da infância Retardo RT crianças < 3a Marcadores Biológicos Imobilização RT - imobilização RT - imobilização Tecidos normais em crescimento e desenvolvimento Radioterapia Cerebral Órgãos de risco Parênquima cerebral Olho e nervos ópticos Mastóide e ouvido interno Hipófise Tronco e medula espinal Couro cabeludo Proteção dos Tecidos Normais Técnicas de Radioterapia Tumores cerebrais na infância Proteção dos Tecidos Normais Planejamento 3D Histogramas dose-volume Radioterapia conformal Radiocirurgia e RT estereotácica Braquiterapia Técnicas de Radioterapia Distribuição da Dose – Proteção de Tecidos Normais Convencional Conformal Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org Radioterapia Convencional x Conformal Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org Radioterapia Dosimetria dos Lobos Temporais Convencional Conformal Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org Radioterapia convencional Reação aguda: Alopécia Pós-RT Radioterapia Conformal – Definição Volume-alvo Radioterapia Conformal – Arranjo de Campos Radioterapia conformal – Planejamento em 3D Radioterapia conformal Reação aguda – Ausência de alopécia Pós-RT Radioterapia Conformal – Definição Volume-alvo Radioterapia Conformal – Arranjo de Campos Radioterapia conformal – Planejamento em 3D Redução da dose e do volume irradiado Meduloblastoma RT crâneo-espinal – 1a Fase Meduloblastoma RT Fossa posterior – 2a Fase RT Fossa posterior x RT conformal volume tumoral Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org RT Fossa posterior x RT conformal volume tumoral Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org Associação com Quimioterapia Meduloblastoma – Risco Básico Estudo SIOP/UKCCS – Group PNET-3 N=179 crianças (Idade 3 –16a: Mediana:7,6a) Randomização: QT + RT (n=90) x RT (n=89) Resultados SG 5a: 70,7% - SLD 5a: 71,6% SLD 5a(RT+QT): 74,2% x (RT): 59,8 (p=0,03) Analise Multivariada: QT (p=0,02) e tempo RT (p=0,01) foram os fatores significativos para a SLD Taylor et al: J Clin Oncol 21:1581-1591, 2003 Retardo da Radioterapia em crianças < três anos Quimioterapia Crescimento Radioterapia Retardo RT crianças < 3 anos Resultados pobres – Várias Instituições Tempo mediano de falha: 6-8 meses Local de falha: local Ressurgimento do uso de RT em crianças < 3a Como ? Estratégias para a redução da dose/volume em crianças < 3a Diminuição da Dose RT crânio-espinal Eliminar RT da Fossa Posterior Modesta redução de dose fronto-parietal Não afeta a dose nos lobos temporais Redução das doses supra-tentoriais Melhor maneira de obter redução de dose Eliminar RT crânio-espinal Diminui muito pouco a dose em grandes volumes Estratégia de alto risco Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org SJMB-96 Resultados Preliminares (out/96 a set/02) N=73 crianças (Idade: 3 a 4 anos) Seguimento Mediano: 32,4m (2,2 a 74,4m) Incidência cumulativa de Falhas: 5,2% +/- 3,1% Padrão: FP (n=2); FP+NE (n=1); NE (n=8) Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org Marcadores Bio-moleculares Sobrevida em função da expressão de TRKC Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org Sobrevida em função da expressão de cMYC e TRKC RNA Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org Incorporação de Marcadores Biomoleculares ao Prognóstico Adaptado: ASCO Educational Book 2003 – www.asco.org Radioterapia cerebral em crianças Conclusões (I) A incorporação de novas tecnologias permite maior proteção dos tecidos normais e liberação da dose com segurança, em volumes limitados Redução da dose e do volume de irradiação é tendência em algumas localizações Quimioterapia mostrou-se efetiva para alguns tipos histológicos e já está incorporada à abordagem terapêutica, mesmo em pacientes de prognóstico favorável Radioterapia cerebral em crianças Conclusões (II) Está ressurgindo o interesse pelo emprego de RT em crianças < três anos, fruto da utilização das novas tecnologias e dos resultados pobres obtidos com o retardo no seu início - estudos colaborativos Marcadores biológicos são cada vez mais incorporados à prática clínica, possibilitando definir melhor o prognóstico e a abordagem terapêutica