R. Prioli – Depto. Física 2008 O MUNDO NANO ATRAVÉS DA MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA E TUNELAMENTO Prof. Rodrigo Prioli [email protected] 1 R. Prioli – Depto. Física 2008 Nesta palestra apresentaremos os fundamentos e aplicações das técnicas de microscopia de força atômica (AFM) e tunelamento (STM). Estas técnicas de microscopia desenvolvidas nos últimos 20 anos permitem a visualização e manipulação de estruturas em escala nanométrica ou atômica. Interações como tunelamento, forças intermoleculares, forças magnéticas, forças eletrostáticas, e propriedades mecânicas de materiais podem ser medidas em diversos ambientes indo desde o ultra alto vácuo até líquidos. Exemplos de aplicações na área de ciência de materiais serão apresentados e discutidos. 2 R. Prioli – Depto. Física Bibliografia 2008 J.Chen, “Introduction to scanning tunneling microscopy (Oxford Series in Optical and Image Sciences 4), Oxford University Press (1993). R.Wiesendanger, “Scanning Probe Microscopy and Spectroscopy: Methods and Applications”, Cambridge University Press (1994). E.Meyer, H-J, Hug, R. Bennewitz, “Scanning Probe Microscopy: The lab on a tip”, Springer-Verlag (2003). E.Meyer, R.M.Overney, K.Dransfeld, T. Galoy, “Nanoscience: Friction and Rheology on the Nanometer Scale”, World Scientific Publishing Company (1996). 3 R. Prioli – Depto. Física Histórico 2008 • 1981 – Invenção do STM na IBM-Zurique por G. Binnig e H.Rohrer. • 1982 – Demonstração de resolução atômica por G.Binnig no Si(7x7) • 1984 – Invenção do SNOM por D.Pohl. • 1985 – Desenvolvimento do AFM por G.Binnig, C.Gerber, e C.F.Quate. • 1986 – Binnig e Rohrer ganham o prêmio Nobel em Física pela invenção do STM • 1987 – Resolução atômica com o AFM por T. Albrecht – Desenvolvimento do modo de Não-contato – Invenção do MFM • 1991 – Microfabricação de pontas de AFM • 1993 – Desenvolvimento do modo de contato intermitente “TappingMode®” 4 R. Prioli – Depto. Física Princípio 2008 Amostra é movimentada em relação ao sensor (ou o sensor é movimentado em relação a amostra) Sensor mede alguma propriedade da superfície Sistema de controle é utilizado para manter a altura entre o sensor e a superfície constante • Sistemas onde o sensor é movimentado não limita o tamanho da amostra mas apresenta baixa resolução espacial. • Sistemas onde a amostra é movimentada limita o tamanho da amostra mas apresenta alta resolução espacial. 5 R. Prioli – Depto. Física Campo Próximo 2008 • Distância ( d ) entre o sensor e a superfície é menor do que o comprimento de onda ( l ) da interação utilizada ( d ≤ l) ! • Resolução espacial é definida pelo “tamanho” do sensor (abertura, área de contato) e não pela difração! •Exemplos: l (nm) d (nm) STM (Ef ≈ 4eV) 0,5 0,5 SNOM 500 0,1 – 30 SPM 6 R. Prioli – Depto. Física O que podemos medir ? MICROSCÓPIO INTERAÇÃO INFORMAÇÃO Corrente de tunelamento Topografia 3-D; tamanho e forma de objetos; rugosidade; estrutura eletrônica. AFM Força intermolecular Topografia 3-D; tamanho e forma de objetos; rugosidade; propriedades mecânicas. LFM Força de fricção STM MFM Forças magnéticas SThM Transferência de calor EFM Forças eletrostáticas SNOM Interação de ondas evanescentes 2008 Dissipação de energia, área de contato, adesão Tamanho e forma de estruturas magnéticas; força e polarização de domínios magnéticos Condutividade térmica Gradientes de campo elétricos e domínios ferro elétricos Propriedades óticas de superfícies 7 R. Prioli – Depto. Física 2008 Design do SPM Analógico AFM STM Nanoscope IIIa Tip Digital X-Y-Z Piezo Sistema Anti-vibratório Computador + Placa DSP 8 R. Prioli – Depto. Física Formação da Imagem 2008 varredura da amostra (sensor) é realizada passo à passo por uma cerâmica piezelétrica através da aplicação de uma diferença de potencial nos quadrantes da cerâmica. •A velocidade de varredura é limitada pela Lento •A freqüência de ressonância da cerâmica. Força, corrente, condutividade. Rápido Pixel (0,0, força) 9 R. Prioli – Depto. Física 2008 A imagem 741.41 nm 65536 10µm 3.9µm 0.00 Å Qualidade da imagem (resolução lateral) depende da quantidade de pontos . • A imagem do AFM (MultiMode, Veeco) pode ter até 512 x 512 pontos. • É uma imagem de 16 bits - pode armazenar 2 ( 65536 ) valores diferentes. 16 10 R. Prioli – Depto. Física 2008 AFM em UHV 11 R. Prioli – Depto. Física 2008 Microscopia de força atômica 12 R. Prioli – Depto. Física AFM & Raman Lab 2008 13 R. Prioli – Depto. Física 2008 Forças Intermoleculares •Simulação da força de interação entre um átomo da ponta e um átomo da superfície em função de sua distância obtida através do uso do potencial de Lennard-Jones 14 R. Prioli – Depto. Física 2008 AFM 15 R. Prioli – Depto. Física 2008 Sistemas de medida • Sistemas de medida da deflexão de cantilevers de AFM 16 R. Prioli – Depto. Física 2008 Deflexão do feixe de laser •Sistema de detecção por deflexão de feixe de laser mais utilizado em AFMs. Ele permite alta resolução, e em geral é utilizado em sistemas onde a amostra é varrida. A distância entre o cantilever e o detector, i.e., o caminho ótico é importante para a sensibilidade do sistema. • O microscópio Multimode do INPE utiliza este sistema. 17 R. Prioli – Depto. Física 2008 Deflexão do feixe de laser 18 R. Prioli – Depto. Física 2008 Calibração dos cantilevers • Cantilevers retangulares podem ser facilmente calibrados. Suas dimensões (largura e comprimento) podem ser medidas em um microscópio ótico enquanto que sua espessura pode ser medida em um microscópio eletrônico. Utilizando a teoria da elasticidade temos que a constante elástica de deflexão do cantilever retangular é : E wt kN 4l3 3 19 R. Prioli – Depto. Física 2008 Cantilevers •Embora mais trabalhosa a calibração dos cantilevers triangulares também pode ser realizada através da medida de sua geometria. Deve-se notar aqui que não importando a geometria da ponta é importante que a calibração seja rápida e de todas as informações necessárias para a experiência a ser realizada. È também comum a utilização de mais de um método (teórico ou experimental ) para o controle das constantes. 20 R. Prioli – Depto. Física 2008 Calibração dos cantilevers • Adaptação do método para as necessidades de aplicação do laboratório. Na PUC-Rio por exemplo dois métodos de calibração são utilizados para a determinação das constantes de mola. O primeiro método é geométrico (a) e o segundo é dinâmico onde a constante é determinada através da freqüência de ressonância do cantilever. 21 R. Prioli – Depto. Física 2008 Calibração • J. E. Sader and E. White, “Theoretical analysis of the static deflection of plates for atomic force microscope applications,” Journal of Applied Physics 74 (1), 1-9 (1994). •J. E. Sader, “Parallel Beam Approximation For V-Shaped Atomic Force Microscope Cantilevers,” Review of Scientific Instruments 66 (9), 4583-4587 (1995). •G Chen, R Warmack, T Thundat et al., “Resonance Response of Scanning Force Microscopy Cantilevers,” Rev. Sci. Instrum. 65 (8), 2532-2537 (1994). •G. Y. Chen, R. J. Warmack, A. Huang et al., "Harmonic Response Of Near-Contact Scanning Force Microscopy", Journal of Applied Physics 78 (3), 1465-1469 (1995). •A. Tori, S. Minoru, K. Hane et al., “A method for determining the spring constant of cantilevers for atomic force microscopy,” Meas. Sci. Technol. 7, 179-184 (1996). •T. J. Senden and W. A. Ducker, “Experimental Determination Of Spring Constants In Atomic Force Microscopy,” Langmuir 10 (4), 1003-1004 (1994). •C. T. Gibson, G. S. Watson, and S. Myhra, “Determination Of The Spring Constants Of Probes For Force Microscopy/Spectroscopy,” Nanotechnology 7 (3), 259-262 (1996). •J. E. Sader, I. Larson, P. Mulvaney et al., “Method For The Calibration Of Atomic Force Microscope Cantilevers,” Review of Scientific Instruments 66 (7), 3789-3798 (1995). •J. L. Hutter and J. Bechhoefer, “Calibration Of Atomic-Force Microscope Tips,” Review of Scientific Instruments 64 (7), 1868-1873 (1993). •J Cleveland and S Manne, “A nondestructive method for determining the spring constant of cantilevers for scanning force microscopy,” Rev. Sci. Instrum. 64 (2), 403-405 (1993). 22 R. Prioli – Depto. Física 2008 Raio da ponteira do AFM • Na figura acima apresentamos duas pontas de AFM especialmente preparadas para alta resolução. (a) ponta de Si atacada quimicamente e (b) ponta feita com nanotubo de carbono. Devido a convolução entre ponta e superfície é importante que o raio efetivo da ponta do AFM seja menor do que a estrutura observada. 23 R. Prioli – Depto. Física 2008 Convolução • Modelo de uma superfície contendo asperezas de raio Rs sendo “visualizada” com uma ponta de raio R. Como R > Rs, a imagem apresenta a geometria da ponteira e não da superfície da amostra. Para visualizar a superfície é necessário que R < Rs! 24 R. Prioli – Depto. Física 2008 Raio da ponteira do AFM 2μmX2μm -8 x 10 90 0 -0.5 -1 -1.5 -2 -2.5 -3 -3.5 0 -7 x 10 1 2 3 04 1 2 4 3 -7 x 10 25 R. Prioli – Depto. Física 2008 Convolução 26 R. Prioli – Depto. Física 2008 Modos de operação •Os modos de operação do microscópio podem ser definidos em função do tipo de interação resultante da interação entre os átomos da ponta do microscópio e átomos da superfície. Se predominantemente repulsiva o modo de operação é chamado de contato, se atrativa o modo é chamado de não contato, e se a interação oscilar entre repulsiva e atrativa o modo é chamado de contato intermitente ou “tapping mode”. 27 R. Prioli – Depto. Física 2008 Operação em contato •A operação no modo de contato pode ser realizada com o auxílio do sistema de controle, mantendo então a força constante entre a ponta e a superfície durante a varredura ou sem o sistema de controle mantendo então a altura constante. No primeiro modo obtemos a topografia real da superfície, enquanto no segundo modo medimos a deflexão do cantilever, variação da força normal sobre a superfície. 28 R. Prioli – Depto. Física 2008 Operação em contato 29 R. Prioli – Depto. Física 2008 Operação em contato 30 R. Prioli – Depto. Física 2008 Força normal • É importante observar que durante a operação em contato, apenas alguns átomos da ponta e da superfície estão sentindo esta interação repulsiva, existem como mostrado na figura (b) átomos sentindo uma interação atrativa. Esta interação irá contribuir para a força normal aplicada entre a ponta e a superfície. 31 R. Prioli – Depto. Física 2008 Operação em não-contato •A operação no modo de não contato pode ser realizada com o auxílio do sistema de controle, mantendo então a amplitude de vibração da ponta constante durante a varredura. Este modo opera basicamente através da medida de forças de interação de longo alcance como Van der Waals, forças magnéticas (MFM) ou eletrostáticas (EFM). 32 R. Prioli – Depto. Física 2008 Operação em não-contato 33 R. Prioli – Depto. Física 2008 Amplitude, fase, ou freqüência •Ao aproximarmos a ponta do AFM sobre a superfície, a força de interação provoca a variação na freqüência de vibração do sistema (a). Esta variação juntamente com a variação de amplitude (b) ou fase do sinal podem ser usados pelo controle para a observação da superfície. 34 R. Prioli – Depto. Física 2008 Variação da freqüência •A freqüência de oscilação da ponta varia com a distancia como apresentado acima, esta variação pode ser entendida através da analise da constante de mola efetiva do sistema ponta-superfície. A inflexão ocorre devido ao início da contribuição das forças repulsivas entre ponta e superfície. 35 R. Prioli – Depto. Física 2008 Operação do AFM em tapping 10-100 nm "Free" Amplitude Fluid layer "Tapping" Amplitude reduced • A operação no modo de tapping pode ser realizada com o auxílio do sistema de controle, mantendo então a amplitude, ou fase constantes durante a varredura. A ponta do AFM é vibrada com grande amplitude e o sinal é predominantemente influenciado por interações repulsivas de curto alcance. 36 R. Prioli – Depto. Física 2008 Medida de amplitude em tapping (a) A variação na interação de puramente atrativa (L) para atrativa e repulsiva (H) provoca uma instabilidade no sistema de controle devido a descontinuidade na variação da amplitude com a distancia. (b) Esta instabilidade aparece nas imagens como círculos ou riscos em torno dos objetos observados. 37 R. Prioli – Depto. Física 2008 Aplicações do AFM (contato) friction at nano-escale Nanotribology Correlation between friction and wear Correlation between mechanical and tribological properties Nanolithography Nano-fabrication 38 R. Prioli – Depto. Física 2008 Aplicações do AFM (Não-contato) Resolução atômica Não -Contato Força magnética Force elétrica Tapping mode Propriedades mecânicas 4.0µm 39 R. Prioli – Depto. Física 2008 Aplicações do STM Resolução atômica Tunneling Microscopy Semicondutores Carbono 100 nm Tunneling spectroscopy Densidade de estados 40