A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Autora: Maria José Calado. Orientador: Professor Dr.Washington Luiz Martins (UFPE).
Instituição Superior de Línguas e Administração – UNISLA / PORTIGAL.
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Introdução
Considerando a importância da inclusão das pessoas com necessidades
educacionais especiais (NEE) na escola, a educação inclusiva é hoje, um conceito que
engloba diversas propostas educativas, entre as quais, a educação especial para alunos
jovens e adultos.
Levando em conta o papel desempenhado pela Educação de Jovens e Adultos
(EJA) e pela Educação Inclusiva, consideramos que essa pesquisa pode contribuir
positivamente ao processo de formação dos alunos com necessidades especiais no que
se refere ao amadurecimento das habilidades, competências e atitudes comunicativas,
como para que possamos fazer uma relação com as duas temáticas, visto que em meio à
vasta literatura acerca dos temas, podemos perceber que em sua maioria são discutidas
separadamente.
Assim dirigimos o foco de observação para a inclusão dos jovens e adultos com
necessidades educacionais especiais, visto que aos jovens e adultos “ditos normais”, já
lhes são negados os direitos à educação de qualidade, imaginemos aos jovens e adultos
com necessidades educacionais especiais, que longa distância a percorrer para encontrar
soluções e garantir esse direito. Assim percebemos como problema para a pesquisa, que
o ensino da EJA ao aluno com necessidades especiais aparentemente não se insere no
modelo de educação inclusiva.
O trabalho se apropria, à medida que consideramos importante uma observação
profunda acerca do problema que percebemos, visto que identificamos a prática
pedagógica dos professores da Educação de Jovens e Adultos que atendem alunos com
NEE, semelhante à prática de professores que trabalham com alunos sem necessidades
educacionais especiais, deixando esses alunos à margem do processo, negando a
aprendizagem a qual têm direito, sendo pertinente promover uma análise críticoreflexivo dos conteúdos, procedimentos e avaliação da prática pedagógica na EJA.
Neste sentido, a pesquisa tem como objetivo investigar em que medida
professores da Educação de Jovens e Adultos desenvolvem práticas pedagógicas
voltadas para a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais. Assim
teceremos breves considerações atinentes à inclusão dos alunos com NEE na educação
de jovens e adultos, de forma a justificar o trabalho, a metodologia e os resultados que
possam advir na sua realização.
Referencial Teórico
Consideramos a importância de um olhar mais profundo, acerca de como se dá a
inclusão das pessoas com NEE na EJA pois “o que o sujeito é tem a ver com o lugar
onde se insere” (NALLIN,1994, p.16 ) . Assim observamos que em sua maioria, as
escolas que oferecem esta modalidade de ensino pouco apresentam alternativas
pedagógicas
para atender aos jovens e adultos com necessidades educacionais
especiais, de forma que a idéia de se tornar uma escola inclusiva está muito distante.
Sabemos das dificuldades na inclusão escolar das pessoas com necessidades
especiais na EJA, pois “[...] a perspectiva da inclusão exige o repensar das condições da
prática docente e de suas dimensões” (RIBEIRO, 2003, p.41), também sabemos como o
trabalho é feito de forma precária, por falta de estrutura, por ter um número reduzido de
professores especializados, capacitados ou mesmo sensibilizados para o trabalho em
uma educação de jovens e adultos inclusiva.
Temos ciência que por princípio, a EJA já é diferenciada, devido à diversidade de
seu alunado e da amplitude de conhecimento que o mesmo possui ao ingressar na
escola, assim compreendemos ser “[...] uma humilhação para um adulto ter de estudar
como se fosse uma criança, renunciando a tudo o que a vida ensinou-lhe. É preciso
respeitar o aluno, utilizando-se uma metodologia apropriada” (GADOTTI, 2005, p. 41).
Diante desse fato, imaginemos o aluno com necessidades educacionais especiais, a
educação deverá ser duplamente diferenciada, fazendo-se necessário que encontremos
dispositivos que supere as dificuldades, desenvolvendo as potencialidades de cada
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indivíduo, seja ele jovem ou adulto, com necessidades especiais ou não, permitindo-lhe
o total exercício da cidadania.
Nessa perspectiva, entendemos que “[...] o ensino é muito mais que um revelador
das disposições individuais. É um sistema de ação, uma organização que transforma as
pessoas, suas competências, assim como suas atitudes, suas representações seu gostos”
(PERRENOUD, 2001, p.19). Faz-se necessário que percebamos a educação como algo
singular, individual, pois cada aluno se apropria do conhecimento de forma diferente, de
acordo com suas aptidões e experiências, da maneira de perceber o mundo, das
condições sociais, do amadurecimento cronológico e psicológico, ou mesmo de acordo
com suas limitações físicas ou mentais.
É inconcludente pensar numa escola onde não haja preocupação em diferenciar o
sujeito, na sua singularidade, onde o processo de inclusão não seja percebido de forma
consciente e extensivo a todo segmento da escola, principalmente no processo ensino
aprendizagem de todas as modalidades e em particular, na educação de jovens e adultos,
devido à relevância dessa modalidade de ensino na construção do conhecimento de
pessoas que tardiamente ingressaram na escola, de forma que venha viabilizar e
promover condições de desenvolvimento, considerando, as implicações de natureza
social e cognitiva, favorecendo “[...] uma educação para o desenvolvimento e para a
democracia” (DAMKE, 1995, p. 29).
Metodologia
Este trabalho que é fruto de uma Dissertação de Mestrado em Educação na área
de Formação de Educador, que está em andamento, se justifica, à medida que exige um
olhar mais acurado, quando analisamos as dificuldades enfrentadas pelo corpo docente e
discente na prática cotidiana do ensino / aprendizagem
escolar e em especial na
educação dos jovens e adultos com necessidades educacionais especiais.
Compreendemos que se faz necessário, entre outras questões, uma reflexão acerca
da temática proposta, para professores da EJA e em particular para os professores dessa
modalidade de ensino que atende alunos com necessidades educacionais especiais, a fim
de despertar, sensibilizar e dar suporte aos mesmos, para que possam superar algumas
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dificuldades, encontrando estratégias de ensino aprendizagem, na perspectiva de
contribuir para o desenvolvimento das potencialidades dos sujeitos envolvidos no
processo.
A pesquisa tem como propósito apreender e analisar a prática pedagógica do
docente da Educação de Jovens e Adultos na Educação Especial. Para tanto, assumindo
princípios metodológicos que envolvem um balanço bibliográfico dos métodos, técnicas
e estratégias do processo ensino aprendizagem e uma pesquisa de campo voltada para a
apreensão da organização curricular, estrutura física e prática pedagógica. Esta será
realizada nas escolas do município de Igarassu / PE, que atendem alunos com NEE na
Educação de Jovens e Adultos. Para coleta de dados far-se-á uso de observações,
questionários e entrevistas. A abordagem metodológica é de cunho qualitativo, uma vez
que a ênfase será dada ao processo de investigação, o que não significa negar a
importância dos aspectos quantitativos na análise dos dados.
Resultados
Tendo em vista a pesquisa encontrar-se em andamento, os dados coletados até o
momento, não são suficientes para uma tomada de posição em relação aos mesmos.
Contudo frente à experiência cotidiana com o objeto de estudo da pesquisa e tomando
por base os dados iniciais, inferimos que os professores da EJA do referido município,
na sua maioria, não desenvolvem práticas pedagógicas inclusivas, melhor dizendo, as
práticas não focam as necessidades e singularidades dos alunos, partindo da premissa da
homogeneidade cognitiva do grupo classe. Essa suposição poderá ou não ser
referendada com o fechamento da pesquisa.
A relevância da pesquisa, parte da premissa que o cotidiano da sala de aula é um
espaço de formação continuada para o professor, desencadeando momentos de reflexões
sobre a prática, levando em consideração a importância do papel do professor no
desenvolvimento do aluno com necessidades educacionais especiais na Educação de
Jovens e Adultos.
Considerações Finais
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Como a pesquisa não foi concluída não é possível responder ao problema,
atendendo assim ao objetivo proposto, tendo em vista que os resultados, até o momento,
são insuficientes para tecemos maiores considerações acerca dos mesmos.
Contudo acreditamos que essa pesquisa possa contribuir para o processo de
formação do educador da EJA, levando-o a refletir sobre a importância do
amadurecimento das habilidades, competências e atitudes de forma que possa
proporcionar aos alunos com necessidades educacionais especiais, a minimização ou
superação das dificuldades de aprendizagem, bem como, o desenvolvimento de suas
potencialidades, permitindo-lhes o total exercício da cidadania, principio básico da
educação inclusiva.
A inclusão escolar implica na reestruturação de diversos fatores pertencentes à
educação como um todo, de forma que possa atender a todos os educandos e em
particular aos educandos da EJA. É papel da Escola, dar condições igualitárias a todos,
todavia o ideal de escola inclusiva pressupõe que todos são iguais no respeito às
diferenças para se construir uma sociedade justa, onde todos possam viver e conviver
com os direitos garantidos.
Apesar do trabalho não está concluído, já se vislumbra a necessidade de outras
pesquisas para complementar lacuna que com certeza serão evidenciadas no processo de
investigação e análise.
Referências
DAMKE, Ilda Righi: O processo de conhecimento na pedagogia da libertação. Rio
de Janeiro: Petrópolis, 1995.
GADOTTI, Moacir. A educação de jovens e adultos não é questão de solidariedade:
é uma questão de direito. Revista Pátio. Ano VIII. N º 32. nov / 2004, Jan /2005.
NALLIN, Araci. Reabilitação em instituição: suas razões e procedimentos.
analise e representação do discurso. Brasília: Corde, 1994.
PERRENOUD, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma
sociologia do fracasso. Porto Alegre: Artmed , 2001.
RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri .Perspectivas da escola inclusiva: algumas reflexões.
In : RIBEIRO, Maria Luisa Sprovieri e BAUMEL, Roseli Cecília Rocha de Carvalho.
Educação especial: do querer ao fazer. São Paulo: Avercamp,2003.
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