RELATO DE EXPERIÊNCIA: AS CONTRIBUIÇÕES DA DISCIPLINA EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA A TURMA 2011.2 DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UESB – CAMPUS DE JEQUIÉ Cristiane Santos¹ Verônica Silva Santos² Eixo 2: Formação e desenvolvimento dos profissionais de educação; RESUMO: O presente trabalho buscou apresentar a importância e a contribuição da disciplina Educação Especial para os graduandos do Curso de Licenciatura em Pedagogia turma 2011.2, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, durante o oitavo semestre, disciplina esta fundamental para execução do estagio supervisionado na educação infantil e nas series iniciais e de suma importância para os profissionais da educação. Tem como objetivo, contribuir com os cursos de licenciaturas, refletir os conceitos de normalidade e diferente, repensar a inclusão nas escolas e a importância da disciplina antes do inicio do estagio supervisionado já que a disciplina proporciona contribuições, desafios, discussões e possibilidades de vivências pelos licenciados. Conclui-se neste estudo que a disciplina nos leva a uma zona de conflitos que precisa existir para irmos aprendendo com eles, o que possibilita uma compreensão e preocupação em não manter um olhar viciado sobre o outro, já que este também é um sujeito de direitos, prestar mais atenção no diferente, perceber a necessidade de maior informação aos familiares dos portadores de necessidades especiais para novas posturas educacionais, formação continuada aos profissionais da educação e formação docente na perspectiva da inclusão escolar. PALAVRAS CHAVES: Educação especial. Formação de professores. Sujeito de direitos. INTRODUÇÃO O presente relato de experiência tem como objetivo relatar as contribuições e as experiências adquiridas na graduação, do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB, durante a disciplina Educação Especial ministrada pela docente Jorsinai de Argolo Souza, no 8º Semestre. A disciplina Educação Especial faz parte da grade curricular obrigatória do curso de pedagogia tem como o objetivo subsidiar os futuros educadores acerca da inclusão na escola. No Brasil, a última LDB 9.394/96 em seu Capítulo V, assinala que a educação dos portadores de necessidades especiais deve ser preferencialmente na rede regular de ensino, _______________________________________ 1 Cristiane Santos graduada em Pedagogia pela UESB, email: [email protected] ² Verônica Silva Santos graduada em Pedagogia pela UESB, discente no curso de Gestão da Pós-Graduação da UESB – Campus de Jequié, email: [email protected]. que significa à inserção escolar dos alunos com deficiência na escola comum. Nesse sentido, surge à necessidade de ações que apontem para a inclusão das pessoas com necessidades especiais, sejam bem delineadas e estruturadas, para que seus direitos sejam respeitados, para isso, os educadores são peças fundamentais nesse processo. Dentro dessa perspectiva, Mantoan (2006) faz as seguintes colocações: Vivemos um tempo de crise global, em que velhos paradigmas da modernidade estão sendo contestados e em que o conhecimento, matéria prima da educação escolar, passa por uma reinterpretação. A inclusão é parte dessa contestação e implica a mudança do paradigma educacional atual, para que se encaixe no mapa da educação escolar que precisa retratar. (MANTOAN, 2006, p.188) Neste sentido, fica claro a urgência da resignificação e mudança da perspectiva e das práticas escolares, dos educadores, de pesquisadores ligados especialmente à educação e os cursos de licenciatura juntar valores para pesquisar e discutir os novos paradigmas e conhecimentos escolares, em todos os níveis e modalidades de ensino, para que de fato a escola se torne um lugar plural e inclusivo, sendo esse direito de todas (os). Durante a disciplina, Educação Especial, podemos perceber a polêmica, desinformação e a resistência por parte de alguns colegas sobre a inclusão de alunos especiais na escola regular. Essa constatação nos chamou a atenção, pois, no último semestre do curso de graduação, os quase licenciados e os que já exercem a profissão se posicionaram contra a inclusão dos alunos com necessidades especiais na escola regular, dizendo que as escolas e os professores não estão preparados. Uma formação orientada a fazer que os professores possam conversar [-...-] com a alteridade e, também, possibilitar a conversação dos outros entre si. È por isso que entendo que haveria algumas dimensões inéditas no processo de formação, para além de conhecer “textualmente” o outro, independentemente do saber “científico” acerca do outro[...] Se continuarmos a formar professores que possuam somente um discurso racional a cerca do outro, mas sem a experiência que é do/s outro/s, o panorama continuará obscuro e esses outros seguirão sendo pensados como “anormais”, [...] (SKLIAR, 2006, p. 32). Nessa perspectiva, o curso de formação de professores deve possibilitar aos graduando a concepção de Educação na contemporaneidade enfrenta inúmeros desafios, assim como as demais esferas da sociedade o que exige um processo permanente de revisão das práticas econômicas, políticas, culturais, predominantes na contemporaneidade. È nessa perspectiva, que iremos relatar as experiências adquiridas e as contribuições da Disciplina Educação Especial na formação dos graduandos de licenciatura em pedagogia, na construção e reformulação de conhecimentos para superarmos os desafios para novas práticas e perspectivas educacional. 2. A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA. A partir da Constituição de 1988 a Educação, passou a ser direito de todos, no Artigo 205 garante “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Nesse sentido, se a educação é direito de todos(as) a inclusão de pessoas com necessidades especiais em classes comuns é apontada pela Constituição como uma tendência dos sistemas de ensino. Para promover essa normatização, o Sistema Educacional deve subsidiar as instituições de ensino, tanto em caráter estrutural e organizacional, como pedagógico e social, para que se efetive essa ação de que todas as crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais sejam matriculadas em escolas regulares, de acordo com as especificidades. Em relação à formação de professores a, Portaria Ministerial nº 1793, de dezembro de 1994, "recomenda" a inclusão de disciplinas de educação especial nos cursos das licenciaturas e nos demais cursos de graduação, com ênfase maior aos cursos de pedagogia e de psicologia, para preparar os profissionais da educação, para interagir com alunos de necessidades especiais na rede regular de ensino. Outro documento que indica as diretrizes a serem seguidas nas universidades, na formação de profissionais capacitados para trabalhar com alunos de necessidades especiais é o parecer nº 9/2001 CNE/CP, como o principal referencial sobre as “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena”. Nessa perspectiva, o curso de Licenciatura em Pedagogia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, tem em seu currículo a disciplina obrigatória de Educação Especial, oferecida no 8ª semestre com carga horária de sessenta horas, com o objetivo de subsidiar os discentes e futuros profissionais, reflexões e discussões sobre a inclusão na escola regular, além disso, possibilitar a compreensão da inclusão escolar como um direito a diferença e a diversidade na escola. Montoan (2006), afirma que, a inclusão escolar implica uma mudança de perspectiva educacional, e para isso e retomada de conceitos é essencial, nesse sentido, é necessário uma formação contínua do profissional da educação para essa retomada de conceitos internalizados por uma sociedade que insiste em ser excludente. Os cursos de formação de professores terão esse papel, provocar uma retomada de conceitos internalizados, possibilitando a formação docente na perspectiva da inclusão. 3. AS CONTRIBUIÇÕES E OS DILEMAS DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, VIVIDOS PELA TURMA 2011.2 DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA- CAMPUS JEQUIÉ Com muita expectativa iniciamos a Disciplina Educação Especial, no dia 25 de novembro de 2011, com a docente Jorsinai de Argolo Souza, com atraso, pois o semestre havia começado no dia 17 de outubro de 2011, por falta de professor para ministrar a disciplina, tivemos que esperar um pouco mais de um mês para contratação de professor substituto para ministrar a disciplina. Podemos dizer que o atraso, gerou ansiedade e a incertezas se teríamos a disciplina, deixando toda a turma construir opiniões próprias sobre a inclusão na escola, pois, já estávamos terminando o estágio supervisionado, exercitando a profissão e nesse encontro com a escola, encontramos alunos com necessidades especiais, ocasionado uma diversidade de questionamentos e opiniões imaturas sobre a inclusão na escola. A docente, Jorsinai de Argolo Souza, nas primeiras aulas fez uma introdução sobre a educação inclusiva, apresentando alguns conceitos que iriam subsidiar a disciplina como: sociedade complexa, sujeito de direito, a educação e o direito á diferença no espaço escolar e qual o olhar dos profissionais para essa perspectiva. Nesse primeiro momento, foi de polêmicas e indagações, pois vários discentes se posicionaram contrario a inclusão na escola, principalmente em turmas com alunos “normais”, esse posicionamento veio no sentido de experiências vividas e vivencias no estágio supervisionado. Essas indagações e polemicas foram tomamos como surpresa e decepção, ver colegas no final do curso de licenciatura, que durante o curso provocou e problematizou construção de conhecimentos na perspectiva de termos uma prática pedagógica que assegurasse o direito a educação, à diversidade e o acesso ao conhecimento para todos (as), ainda se posicionarem numa visão conservadora, preconceituosa e desinformada em relação à inclusão na escola. Nesse sentido, a docente Jorsinai, percebendo a polêmica, a desinformação sobre a Inclusão na Escola provocou debate sobre a temática, fazendo inferências sobre as nossas falas e os posicionamentos dos discentes que foram contra a inclusão, provocando reflexões sobre quais eram as nossas perspectiva de inclusão na escola. Podemos dizer que, após esses primeiros encontros, a turma em sua maioria saiu da sala de aula comentando como a disciplina de educação especial era essencial na nossa formação para nos aprofundarmos melhor de forma reflexiva a inclusão escolar. Outro ponto comentado foi a infelicidade da disciplina acontecer somente no oitavo semestre, após e durante o estágio supervisionado. Percebemos durante o estagio supervisionado as dificuldades da escola, dos profissionais de educação para lidar com a inclusão na escola, e a negação dessa realidade, justificado pela escola e profissionais devido o despreparo e falta de estrutura física. Mantoan (2006) diz que uma mudança centrada na inclusão implica, no marco de que a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor. Não pode continuar anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais forma e instrui os alunos. A docente utilizou de vários recursos pedagógicos para fundamentar as discussões e provocar uma retomada e construção de conceitos sobre a inclusão vista como um direito das pessoas com necessidades especiais, garantida constitucionalmente, e não como uma opção de aceitar ou não aceitar. A inclusão é um direito do outro que dever ser garantido (SKLIAR, 2004). Os estudos foram fundamentados através de leituras de textos, de autores que discutem e defendem a inclusão na escola como, MANTOAN (2006, 2004) SKLIAR (2004, 2005), cartilhas e matérias do MEC, tomamos conhecimento sobre as Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e suas inovações para a normatização da inclusão dos portadores de necessidade especiais, primeira atividade foi a exibição do filme “Como Estrelas da Terra”, a docente informou que o filme traria elementos para aprofundarmos sobre a inclusão na escola e como os alunos que apresentavam diversas deficiências, são precipitadamente excluídos da e na escola, alem disso, pré julgados pelos professores. Após as leituras, discussões e realizações das atividades relacionando e apropriação dos conceitos que norteiam a inclusão na escola, na perspectiva de compreender o outro como um ser com suas particularidades, de direitos, possibilitando resignificar o nosso olhar sobre o outro, tivemos a oportunidade de refletir sobre o assunto de forma mais madura e dialética, revendo as nossa ações para uma mudanças de pensamento na perspectiva de contribuir na nossa prática pedagógica, nesse sentido, a turma que em sua maioria, tinha se posicionado contra a inclusão na escola demonstrara mais maturidade sobre a inclusão na escola. Outras atividades importantes foram realizadas como: a oficina sobre deficiências visuais realizada pelo Núcleo de Ações Inclusivas para Pessoas com Deficiência (Naipd); e a oficina sobre deficiência auditiva realizada pela docente do DCHL, Lucília Lopes, ministrante da disciplina de LIBRAS do curso de Pedagogia. Nessas oficinas pudemos conhecer melhor sobre essas deficiências na perspectiva de olhar as deficiências com suas particularidades, evitando nos prender aos conceitos e nomenclaturas que entendem as deficiências como fixadas no individuo, que as pessoas “normais” devem tolerar como um sentimento generoso, essas concepções estão internalizadas na sociedade e no ambiente escolar, além disso, elas distorcem o real sentido da inclusão escolar (SKLIAR, 2006. p. 25). Nessa perspectiva, Santos (1995) discursa sobre a necessidade de refletirmos que, nem toda diferença torna os indivíduos inferiores uns dos outros. “As pessoas têm o direito de ser diferentes, quando a igualdade as descaracteriza, e o direito de ser iguais, quando a diferença as inferioriza”(SANTOS, 1995. p.44). Nesse sentido, essas oficinas representaram momentos significativos para a nossa aprendizagem no que se refere ao olhar sobre as pessoas com necessidade especiais, na direção de uma educação livre de preconceitos que valorize e respeite as diferenças. As atividades e leituras possibilitaram-nos perceber que nos últimos anos a Inclusão de crianças com deficiência nas Escolas da Rede Regular vem dividindo opiniões são os pais de alunos comuns que não aceitam, as escolas que não se acham preparadas, os professores que são resistentes a novidades e desafios, o convívio com as diferenças? Por isso, todos as atividades realizadas na disciplina de educação especial, contribuíram para uma reflexão conjunta de toda a turma, sobre a inclusão escolar como legitíma, direito do outro, porque a escola para muitos é o único espaço na construção de conhecimentos, a inclusão na escola tem uma dimensão ética, crítica e transformadora (MANTOAN,2006). Nesse sentido, no final da disciplina, pudemos perceber mudanças nas falas e no olhar da turma sobre a inclusão na escola, podemos dizer que isso só foi possível devido a todas as atividades de leituras, discussões, promovidas pela disciplina de educação especial, pois sem elas acreditamos que não seriam possíveis. Por fim, a disciplina de Educação Especial representou de grande importância e essencial para a nossa formação acadêmica, profissional e pessoal, pois trouxe reflexões e um debate que muitos de nós preferíamos não discutir ou encarar de forma séria, compreendendo que as pessoas tem os mesmos direitos, independente de sua condição física, não podendo mais, serem segregadas como foi feito no passado. A inclusão escolar é uma realidade necessária na contemporaneidade, e os profissionais da educação devem estar preparados para assumir esse desafio. Nesse sentido, Mantoan (2006) diz que a inclusão escolar implica uma mudança de perspectiva educacional, por isso, a disciplina de Educação Especial deve ser vista como essencial para a formação de profissionais da educação em todos os curso de licenciatura possibilitando a formação docente na perspectiva da inclusão. 4. ATIVIDADE DE CONCLUSÃO DA DISCIPLINA: PESQUISA DE CAMPO, SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL EM JEQUIÉ No final do semestre, como atividade de conclusão da disciplina a docente, Jorcinai lançou a proposta de uma atividade de campo, onde deveríamos pesquisar sobre as ações que o município de Jequié vem desenvolvendo para a inclusão das pessoas com necessidades especiais nas escolas regular do município e do estado para podermos, observar a realidade da educação inclusiva na cidade de Jequié, após a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008. Nesse sentido, a turma foi dividida em grupos para pesquisar, nas escolas, na secretaria de educação do Município e do Estado, sobre as ações dessas, no que se refere ás práticas pedagógicas, formação de professores e organização de recursos pedagógicos para o atendimento de educação inclusiva. Nesse sentido, foram obtidos as seguintes informações: Em Jequié possui uma Lei municipal nº 1797 de 23 de Dezembro de 2008, com o objetivo de instituir todas as diretrizes para implementação da Política de Educação Especial no município, nesse sentido, dentro da Lei ela criou-se a Coordenação de Educação Especial para coordenar toda ação, equipe de profissionais, projetos que envolvesse a educação especial no município de Jequié. Segundo a Coordenadora de Educação Especial da Secretaria de Educação de Jequié Vânia Duarte, salienta do compromisso que o município de Jequié vem tendo com inclusão social das pessoas com deficiências físicas no município, a mesma ressalta que em 1990 Jequié só tinha entidades não governamentais, sendo a CEMAR- Clinica e Escola Maria Rosa a pioneira, atendia todas os tipos de deficiências, sendo a primeira entidade a dar apoio aos deficientes, além disso a CEMAR, deu inicio ao projeto da fundação da AJECE em 1994 , entidade essa que esse ano fez 18 anos, também ajudou a resgatar a APAI que vem desenvolvendo trabalhos importantes para a comunidade jequieense. Nesse sentido a prefeitura vendo que essas entidades desenvolviam trabalhos sérios firmou parcerias e convênios com essas entidades que vem desenvolvendo trabalhos importantes com o objetivo da inclusão social dos portadores de deficiências na sociedade jequieense, já que o município sozinho não tem condições de abarcar todas as deficiências. Em relação à inclusão nas escolas municipais a cidade de Jequié, desde 1990 vem matriculando alunos com deficiências na rede regular, em 2004 foi implantado as salas de recurso multifuncionais nas escolas, hoje o município disponibiliza de oito salas multifuncionais sendo a primeira no Centro de Atendimento Integral à Criança- CAIC, segundo a coordenadora a sala tem um papel importante no apoio aos profissionais que estão em sala de aula com crianças com deficiência e aos alunos, ressaltou ainda que as salas é uma política muito boa do governo federal e que o município de Jequié desde 2004 através do apoio do Governo Federais vem colocando em evidencia as salas no município e também nos distritos. Outro projeto que desde 2010 vem sendo realizado é a implantação do CAMPECentro Municipal de Apoio Multiprofissional às Pessoas com Necessidades Especiais, equipamento que atende programa do governo federal, envolvendo ações das secretarias municipais de Educação, Desenvolvimento Social e Saúde. O centro se destina ao acompanhamento de crianças matriculadas na rede de ensino municipal regular e que apresentem dificuldades de aprendizagem. De acordo o estabelecido no programa, à unidade disponibilizará a atuação de equipe multiprofissional para atendimentos nas áreas de neurologia, psiquiatria, psicologia, fonoaudióloga, fisioterapia, assistência social, nutrição, psicopedagoga, terapia ocupacional e odontologia. Essa conquista é resultado da parceria com o Ministério da Educação- MEC desde 2005, sendo hoje o município de Jequié Cidade Pólo da Educação Inclusiva, agregando 61 municípios, realizando todos os anos o Seminários de educação inclusiva Direito a Diversidade, Jequié passa para esse município as ações e experiência positivas em relação a educação Inclusiva e a inclusão social . Em 2005 começaram a contratar interpretes para os deficientes auditivos, instrutores para ensinar libras para os alunos e professores, curso de braile que é oferecido em parceria com a AJECE, ainda segundo a coordenadora Vânia Duarte a cidade de Jequié vem desenvolvendo várias ações com o objetivo de tornar a cidade mais inclusiva. Nesse sentido a secretaria de Educação estará desenvolvendo com as secretarias municipais um projeto onde será ministrado curso de braile e libras para os comerciante, bancários, funcionário públicos, recepcionistas de hotéis, para que Jequié possa realmente se tornar uma cidade inclusiva. Em relação aos profissionais da educação sobre a aceitação da inclusão nas escolas regular a Coordenadora de Educação Especial fala que os profissionais da educação ainda encara com dificuldades a inclusão no ensino regular, pois aceitar as diferenças é difícil, incomoda porque é um desafio, não que eles discriminem, mas é novo, e nem todo mundo estar preparado para isso. A inclusão é um desafio, que ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, provoca a melhoria da qualidade da Educação Básica e Superior, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que essa escola aprimore suas práticas, a fim de atender às diferenças. Esse aprimoramento é necessário, sob pena de os alunos passarem pela experiência educacional sem tirar dela o proveito desejável, tendo comprometido um tempo que é valioso e irreversível em suas vidas: o momento do desenvolvimento. (BRASIL, 2004, p. 30). No entanto a mesma afirma que secretaria dar todo o suporte necessário a esses profissionais através de: curso de formação continuada, além disso, em parcerias com o MEC vem oferecendo especialização na áreas. A mesma ver a aceitação em Jequié de maneira geral muito positiva, no entanto ressalta que, para melhorar é necessário conscientizar, ter formação, através de capacitação onde esse ano 2012 será trabalhado oito módulos, que trata de deficiências específicas com profissionais capacitados, para superar essas dificuldades nas salas de aulas. Outro dado importante obtido é que a maior deficiência encontrada nas escolas hoje é a intelectual , o senso de dados de matrículas revelam esse dado. Outro fato é que geralmente as famílias dessas crianças segregam eles em casa, adiando por muito tempo o acesso a escola, com isso o grande desafio é inserir essas pessoas em sala de aula regular devido a diferença de idade. A Srª Vânia Duarte também ressalta a questão da avaliação das escolas que ainda é muito complexa para os deficientes, os profissionais sentem muitas dificuldades para avaliar os alunos, pois, o sistema educacional tem a avaliação de forma quantitativa e não qualitativa. Por fim a mesma pontua que apesar de não ter um número definido dos diferentes tipos de deficiência em Jequié, o número é muito alto . No último levantamento através do passe livre de transporte o número chegava há cinco mil deficientes. Ressalta também que a universidade deveria realizar parcerias para obter esses dados, pois as únicas informações são através da matrícula das escolas e as entidades sociais. Nesse contexto, podemos reconhecer a complexidade das relações sociais, e importância da atividade de pesquisa que possibilitou-nos vivências importantes para podermos perceber que várias ações e iniciativas estão sendo tomadas e encaminhadas, algumas delas com dificuldades, resistências e lentas, mas, que algumas escolas já atendem a um número significante de alunos com necessidades especiais com sucesso, devido o empenho em garantir um dos princípios da constituição de 1988 o ensino escolar como igualdade de condições de acesso e permanência para todos (as) na escola. A docente Jorsinai de Argolo Souza, ministrante da disciplina Educação Especial , estar de parabéns, por ter possibilitado em tão curto tempo, discussões e provocações intensas sobre a inclusão escolar, possibilitando a toda a turma perceber que estávamos desinformados e cheios de conceitos conservadores que já não convém com a realidade escolar. Algo que nos marcou muito, foram as suas afirmações, que não podemos esperar o momento certo, condições adequadas para promover a educação inclusiva na escola, pois a inclusão é um direito do outro. Santos (1995) diz que para uma reformulação de pensamento e mentes é necessário uma reforma previa nas escolas, tornando assim possível uma educação inclusiva, pois incluir é necessários pra garantir o direito de ser diferente na escola. CONCLUSÃO Compreendemos a importância da disciplina para nós, educadores, que nos leva a rever conceitos antes internalizando, o qual nos remete a novas reflexões sobre o que é ser especial e sobre o que é ser normal, gera uma mudança de postura e atitudes em relação as pessoas com necessidades especiais. A disciplina nos possibilitou uma compreensão e preocupação em não manter um olhar viciado sobre o outro, prestar mais atenção no diferente, perceber a necessidade de maior informação aos familiares dos portadores de necessidades especiais e formação continuada aos profissionais da educação. O fato é que o aluno especial é um sujeito de direitos e para gozar desses direitos deve estar assistido pela escola regular como todos, e esta devem garantir sua permanência na instituição com respeito e dignidade, já que todo aluno tem direito a educação independente de cor, de raça, de sexo, de deficiência e isso deve ser levado em consideração quando olhamos para o outro. Reconhecemos que para incluir de fato um aluno com necessidades especiais requer colaboração e coletividade no processo de inclusão sem esforço e determinação todo trabalho será em vão. Ser ou não anormal não deveria ser um problema para a educação, a forma como essa diferença é vista acaba por prejudicar o olhar do outro, trazendo então uma separação entre a educação regular e a especial. Uma formação humanizada poderá fazer com que o educador perceba que o outro não é diferente, ele apenas precisa ser estimulado pedagogicamente a avançar nos estudos e crescer como uma pessoa confiante sem se preocupar com a opinião alheia quanto a sua diferença. Também, percebemos que Jequié vem desenvolvendo há décadas várias ações importantes com o objetivo de incluir e garantir o direito dos deficientes no município, e todas as iniciativas são relevantes para mudar a nossa realidade de exclusão e preconceito. REFERÊNCIAS: Entrevista com Educador Vitor Henrique Paro : Falando sobre a Educação. Disponível em http://julcirocha.wordpress.com/2009/05/30/vitor-paro-falando-sobre-a-educacao221208/. Acesso dia 28 de Março de 2012 ás 15:45 . MANTOAN, Maria Teresa Eglér. O direito de ser, sendo diferente, na escola. In RODRIGUES, Davia (org). Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. p.183-209. MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2006. BRASIL, O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular / Ministério Público Federal: Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva (organizadores) / 2a ed. rev. e atualiz. Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, 2004. PORTARIA N.º 1793, DE DEZEMBRO DE 1994. O Ministro de Estado da Educação e do Desporto.Disponível em: portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/portaria1793.pdf , acesso dia 12 de Outubro de 2012 ás 22:30. SKLIAR, Carlos. Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. RODRIGUES, David (org) São Paulo: Summus, 2006. SANTOS, Baoventura de Souza. Entrevista (online) com o professor Boaventura de Souza Santos. 1995. Disponível em: http://www.dhi.uem.br./jurandir/Jurandir-boaven.htm acesso dia 25 de maior de 2012 ás 22:35.