A AUTORIA DE SITUAÇÕES PROBLEMAS EM UM CENTRO DE SOCIOEDUCAÇÃO, UM DESLIZAMENTO DE SENTIDOS ENTRE AS MATEMÁTICAS E A MATEMÁTICA CURRICULAR Lucilene Lusia Adorno de Oliveira UEM/SEED [email protected] Clélia Maria Ignatius Nogueira UEM [email protected] Resumo: O presente trabalho retrata parte de uma pesquisa de doutorado desenvolvida em um Centro de Socioeducação, no qual uma das pesquisadoras trabalha como professora de matemática. Elegemos por objetivo, deste artigo, buscar compreender entre as palavras do adolescente sobre seu entendimento das Matemáticas e a matemática curricular, ensinada nas escolas como disciplina essencial, aquilo que produz sentido, que baliza a produção de conhecimento. Para isso, utilizamos a Análise de Discurso Materialista, lançando um olhar sobre a produção de suas “histórias de vida”, as quais são marcadas por contradições que são do dizer, que são da ideologia. Trazemos também Chevallard a fim de pensar essa relação institucional, que o autor chama de transposição didática entre o conhecimento produzido cientificamente e o conhecimento escolar. Palavras-chave: Educação Matemática. Análise de Discurso. Socioeducação. Autoria de Situações Problemas. Introdução Percorrer os caminhos da educação por mais de trinta anos, como professora de matemática, nos fez conhecer muitas coisas novas e também seguir por uma busca que, às vezes, pareceu-nos um tanto insípida, não porque deixássemos de encontrar grandes motivos para continuar, mas porque aqueles que detêm o poder dos temperos, muitas vezes os sonegam e fazem com que caminhemos, tentando encontrar novamente um XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 bom aroma e, consequentemente, sentirmos o gosto daquilo que nos move: ensinar e aprender. Ao iniciarmos uma vida no magistério, dando aulas de matemática, dificilmente suporíamos todas as dificuldades encontradas pelo caminho. Quando se é mais novo e se têm muitos sonhos, vontade de mudar o rumo da história e, principalmente, provar a todos que é possível aprender essa disciplina sem grandes sustos ou mistérios se quer, quem sabe, provar sua própria capacidade e fazer com que os outros vejam o mundo pelas lentes que você próprio usa. Passadas três décadas, os sonhos continuam, a vontade de mostrar que a matemática pode ser encarada como algo que pode simplesmente ser aprendido, independente da pessoa ter nascido gênio, também. Contudo, tivemos uma grande mudança. Se até a pouco mais de três anos, o trabalho era dedicado a crianças, adolescentes e jovens de escolas de periferia, expostos a riscos sim, mas que podíamos lidar com esses riscos e atuar juntamente com as famílias, comunidade, etc. agora, ficamos com aqueles que passaram por toda sorte de exclusão e chegaram à internação, na Socioeducação. Não é fácil chegar para dar aulas a um adolescente que não tem sonhos, muito pelo contrário, tem desespero, vontade de sair do lugar no qual se encontra; está passando por muitas situações vexatórias, encaradas, pelos que trabalham na Socioeducação, como pequenos corretivos para que esse menino se endireite na vida e tenha alguma chance lá fora. Entrar em uma sala de aula e perceber que, nos olhos daqueles que estão ali, em sua frente, de certa forma, há o momento da mentira (para si mesmo), muitas vezes, querendo se impor perante o restante do grupo, pagar de bandido, como eles mesmos dizem e, outras vezes, presenciar o choro, a revolta, a indignação, um quase querer abandonar a própria vida. Encontramos nos depoimentos dos adolescentes histórias repletas de sentimentos, muitas vezes demonstradas com palavras um tanto amargas, outras de esperança, algumas de descrença, mas todas, sem exceção, marcadas por alguma(s) perda(s), pela força e visivelmente pela marginalidade. Não que essa marginalidade venha alcançar-nos como nas histórias de cinema, nas quais figuram o “polícia-ladrão”, mas nessa realidade exposta, daqueles que estão à margem e a vida grita, pede socorro. Não há como deixar de nos envolver com as histórias desses adolescentes, os quais poderiam ser qualquer adolescente que conhecemos, com suas angústias, seus medos, seus fantasmas, seus sonhos. Uma diferença é fundamental, o adolescente que cumpre 2 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 medida socioeducativa de internação passou por várias situações de não pertencimento, em diversas instituições como a família, a escola, a igreja e encontrou o seu pertencimento em outros grupos, como por exemplo, com os traficantes e, com eles, a “facilidade” de ganhar dinheiro e ter aquilo que eles mesmos chamam de “poder” e, desta forma, chegarem à delinquência. Orlandi (2010a) utiliza o termo delinquência, associando-o a “laço desfeito” (de-linquo), fazendo referência aos laços sociais, ao modo como os sujeitos se subjetivam, individualizam-se. Os laços desfeitos do adolescente em questão podem ser entendidos como um sujeito afetado pelo Estado, o qual não consegue se identificar mesmo que esse sujeito apresente um sentido já significado de algum lugar. O presente trabalho retrata parte de uma pesquisa de doutorado desenvolvida em um Centro de Socioeducação, no qual uma das pesquisadoras trabalha como professora de matemática. Elegemos por objetivo, deste artigo, buscar compreender entre as palavras do adolescente sobre seu entendimento das Matemáticas1 e a matemática2 curricular, ensinada nas escolas como disciplina essencial, aquilo que produz sentido, que baliza a produção de conhecimento. Para isso, utilizamos a Análise de Discurso Materialista, lançando um olhar sobre a produção de suas “histórias de vida”, as quais são marcadas por contradições que são do dizer, que são da ideologia. Trazemos também Chevallard a fim de pensar essa relação institucional, que o autor chama de transposição didática entre o conhecimento produzido cientificamente e o conhecimento escolar. Os adolescentes em conflito com a lei, segundo os adolescentes em conflito com a lei: um entrecruzamento de sentidos Ao tomarmos os termos: “adolescente em conflito com a lei”; “menor infrator”; “educação”, funcionando em textos – Leis, as quais vigoram no Brasil, desde o início do século XX até os tempos atuais, que trazem uma formalização jurídica, podemos fazer 1 Assumimos o termo Matemáticas em nosso trabalho por entendermos que esta denominação traduz melhor o entorno do qual estamos falando. Segundo Chevallard (2001), D'Ambrósio (2003), D'Ambrósio (2001), o termo Matemáticas é assumido por aqueles que voltam suas pesquisas para compreensão das diferentes maneiras nas quais os grupos humanos a utilizam. Na Educação Matemática, o termo é habitualmente utilizado, especialmente na Didática Francesa. 2 Matemática como conteúdo curricular. 3 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 um trajeto pela discursividade e pensar sobre o que essas leis significam no mundo daqueles que delas dependem: os adolescentes em conflito com a lei. Como afirma Suzy Lagazzi (2010, p.75) [...] “a instância jurídica, uma das ordens de sentidos que constituem a memória do dizer de nossa sociedade é configurada pela relação entre direitos e deveres logicamente estabilizados”. Essa estabilização se dá na forma de leis que são estudadas e aplicadas de acordo com a necessidade do Estado, entretanto, se a necessidade é a do Estado, nem sempre é a do sujeito. Para iniciar a conversa com nosso sujeito de pesquisa e dar significado a sua versão sobre o que é a Socioeducação, a sua própria vida e as Matemáticas, iniciamos nossa investigação com a aplicação de um questionário. Nele, além de alguns dados pessoais, série e ano em que o adolescente parou de estudar, perguntamos sobre o que se pensa da disciplina de matemática; sobre a sua participação nas aulas, na (s) escola(s) que estudaram; no que ele utiliza a matemática; sobre o que ele gostaria de fazer quando saísse do CENSE; e, sobre o que ele percebeu (aprendeu) depois que chegou na Unidade. Pedimos também, ao adolescente, que escrevesse um pouco da sua história de vida, a fim de que pudéssemos confrontar seus dizeres com alguns enunciados da lei. A socioeducação faz parte de uma realidade na qual vivemos: o capitalismo. Kashiura Junior (2009, p.29) mostra uma “outra” realidade, para além da aparência, mas que é necessário que a compreendamos “[...] a igualdade jurídica não é simples ilusão que encobre a desigualdade real dos homens – há, na própria “ilusão” da igualdade, algo de essencial à “realidade” da desigualdade”. A fim de instalar uma igualdade jurídica para as crianças e adolescentes foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990. O ECA não chegou de repente e tão pouco foi escrito em uma única mão. A história mostra que no período compreendido entre o final do século XVI e início do século XVIII havia uma total ausência do poder governamental, no atendimento à infância, no qual se apontava o tratamento ao adolescente, similar ao do ser adulto (MOCELIN, 2007). Segundo a autora, baseada em Trindade (1999), durante o período colonial, o abandono foi estimulado pela “Roda dos expostos3”. As crianças 3 O nome roda se refere a um artefato de madeira fixado ao muro ou janela do hospital, no qual era depositada a criança, sendo que ao girar o artefato a criança era conduzida para dentro das dependências do mesmo, sem que a identidade de quem ali colocasse o bebê fosse revelada. A roda dos expostos, que teve origem na Itália durante a Idade Média, aparece a partir do trabalho de uma Irmandade de Caridade e da preocupação com o grande número de bebês encontrados mortos. Tal Irmandade organizou em um 4 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 abandonadas eram denominadas “expostas” e “enjeitadas”, sendo que mais tarde passam a ser chamadas por abandonadas, rejeitadas e recolhidas, confundindo-as com órfãos. Num excerto da história de vida de S-14, adolescente de 14 anos, não aparece a roda dos expostos, mas um outro tipo de abandono que nos leva a pensar sobre o meio no qual essas crianças estão crescendo. E ainda, se há coerência entre o que está garantido na lei e como os fatos se dão nas ruas das cidades, entre o real da lei e o real da história. “Quando eu tia 4 ano eu fu mora quão meu pai e ele não tia condisão de cuda de min e me batia um e eu fugi para casa da minha mãe que vora em arapongas e o conselho tutela me pego em mariava5 e levou e em arapongas porque fale que morava la e mia mãe não quis e mando leva eu devota pá meu pai ai meu pai mado eu i pa casa da minha vó”. O ECA foi elaborado, baseado no artigo 2276 da Constituição Federal e, aprovado por unanimidade, em 1990. Nele se encontra a regulamentação para os adolescentes que infringiram a lei e são chamados legalmente de Adolescentes Infratores e, nesta categoria, aqueles que cumprem medida socioeducativa, em última instância, a internação em estabelecimento socioeducativo. Um adolescente é caracterizado, pelo ECA, como pessoa entre 12 e 18 anos de idade. Este é passível de cometer o ato infracional, entendido como a transgressão das normas estabelecidas, do dever jurídico, que em face das peculiaridades que o cerca, não pode ser caracterizado como crime. No caso dos adolescentes em conflito com a lei, dependendo do ato hospital em Roma um sistema de proteção à criança exposta ou abandonada. As primeiras iniciativas de atendimento à criança abandonada no Brasil se deram, seguindo a tradição portuguesa, instalando-se a roda dos expostos nas Santas Casas de Misericórdia. Em princípio três: Salvador (1726), Rio de Janeiro (1738), Recife (1789) e ainda em São Paulo (1825), já no início do império. Outras rodas menores foram surgindo em outras cidades após este período. (Verbete elaborado por Jussara Galindo) http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_roda_dos_expostos.htm (Acesso em 20/03/2014) 4 Denominamos nossos sujeitos de pesquisa por S-1; S-2;etc. Optamos por escrever as suas falas tal qual eles escreveram, sem nenhum tipo de correção ou interferência. 5 Esse adolescente morava com o pai, na época, em Sarandi. O conselho tutelar o pegou próximo a Marialva. A distância entre os dois locais é de aproximadamente 10 km. 6 Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 5 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 infracional cometido e do número de reincidências, eles podem ser julgados e, se condenados, cumprir pena em regime de internação, por até três anos, mesmo que completem a idade de 18 anos, durante o período de cumprimento dessa pena. Conforme verificamos no art. 121 do ECA (1990) [...] “a internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita a princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar da pessoa em desenvolvimento”. E ainda, segundo o art. 123, parágrafo único, [...] “durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas”. Desde o início de 2012 foi instituída uma nova lei que regulamenta, parte do ECA, tratando dos adolescentes infratores: o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE (lei 12594/12). Essa lei prevê a “padronização” do atendimento do adolescente em conflito com a lei, por meio de um conjunto de princípios, regras e ações judiciais, políticas, pedagógicas, financeiras e administrativas, que envolvem desde a investigação do ato infracional até a execução da medida socioeducativa. O SINASE altera a Lei 8.089, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e algumas outras anteriores que propunham mudanças para o trabalho com a Socioeducação. O SINASE preconiza o desenvolvimento de uma ação socioeducativa sustentada nos princípios dos direitos humanos. Os planos e atendimento socioeducativo deverão, obrigatoriamente, prever ações articuladas nas áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o trabalho e esporte, para os adolescentes atendidos, em conformidade com os princípios elencados na Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 (ECA). Os adolescentes têm o direito de serem atendidos por profissionais com condições de articular essas ações. No estado do Paraná, esses adolescentes são internados nas Unidades CENSE e matriculados no Sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com atendimento em turmas de cinco alunos em média, de acordo com a Casa7 em que vivem dentro da Unidade. Esses adolescentes fazem parte de um universo maior de adolescentes 7 No CENSE-Maringá há 8 casas. Cada uma, com dez alojamentos individuais e uma "sala" comum. Nesta sala há duas mesas e bancos de concreto, cinza, sem cor. Existe ainda uma pia (de cozinha), um tanque, uma estante de concreto, um aparelho de TV. Os alojamentos individuais possuem um biombo de concreto em forma de semi círculo com um vaso sanitário (de inox) um lavatório e uma ducha. O acesso à água é feito por botões de pressão. No alojamento ainda há uma cama e uma escrivaninha (de concreto), a cama é servida por um colchão. Os alojamentos são fechados com portas de aço e cadeados. Quando os adolescentes não estão em atividades no prédio escola, eles ficam fechados em seus alojamentos. 6 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 brasileiros, mas que por não encontrarem-se de acordo com as regras impostas pelo meio social são chamados de delinquentes. Orlandi (2009), ao realizar um estudo sobre a delinquência, incluindo os meninos do tráfico, diz: “este sujeito se debate em uma falta de sentidos que vêm do fato de que o Estado falha como lugar de articulação simbólica” (ORLANDI, 2009, p.23). As Matemáticas estão presentes na matemática curricular A fim de entendermos um pouco mais sobre o início da educação formal como conhecemos hoje, e dentro dela, sabermos a apresentação da matemática escolar, buscamos um aporte teórico, o qual nos fizesse encontrar um fio condutor para discutirmos sua importância. Encontramos no estudo de Gomes (2008), que até o final do século XVIII, a instrução primária estava sob a responsabilidade da Igreja Católica que ensinava leitura, escrita e aritmética. Esta última só era introduzida às pessoas que já sabiam ler, ensinando-se operações elementares. Segundo a autora, no Século das Luzes, Voltaire e La Chalotais citavam exemplos, em seus estudos, sobre a oposição de alguns obscurantistas, à expansão da educação nas camadas populares. A Companhia de Jesus tinha um interesse maior no ensino secundário, não se importando com o ensino primário, porque, segundo Compayre (1911, p.903 apud GOMES, 2008, p.36), para eles, “[...] tudo se subordina à fé, e a fé do povo não tem melhor salvaguarda do que sua ignorância”. Após o ensino da Companhia de Jesus ser proibido, em 1762, foram criadas administrações para gerir os colégios, mas alguns foram fechados. Tendo como pano de fundo este cenário, Gomes (2008) apresenta quatro pensadores iluministas: Diderot, D‟Alembert, Condillac e Condorcet, os quais expressavam reivindicações de reformas de uma sociedade, na França do século XVIII, defendendo a escola gerida pelo Estado e fundamentada no predomínio do conhecimento científico. Naquele século, a imperatriz, Catarina II, encomendou à Diderot, em 1775, um plano de instrução pública para a Rússia. Ao apresentar sua proposta, Diderot o fez colocando inicialmente, para o que ele denominava “primeira classe” (ensino oferecido após o primário), a aritmética, a álgebra, o cálculo de probabilidades e a geometria, antes mesmo das línguas, da literatura, da física, da religião e da história. E justifica: 7 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Eu começo o ensino pela aritmética, pela álgebra e pela geometria, porque em todas as condições de vida, desde a mais elevada até a última das artes mecânicas, se tem necessidade desses conhecimentos. Tudo se conta, tudo se mede. O exercício de nossa razão se reduz frequentemente a uma regra de três. Não há objetos mais gerais do que o número e o espaço (DIDEROT, 1875, t III, p.452 apud GOMES, 2008, pp 45-46). O Século das Luzes foi um marco para os currículos das escolas públicas, que desde então foi difundido para o restante do mundo letrado. Para Condorcet, o século XVIII foi a época na qual as luzes se propagaram,“[...] se o que caracteriza as luzes são as ideias claras, o modelo das ideias claras e precisas encontra-se nas matemáticas e nas ciências que delas se aproximam” (GOMES, 2008, p.233). Desde então, vemos a matemática ocupando um lugar de destaque nos currículos. Atualmente, na elaboração dos currículos, para que um determinado saber científico possa ser considerado como saber a ensinar ou saber escolar, ele passa por um controle social de aprendizagens nas instituições intermediárias (parâmetros curriculares, diretrizes curriculares, programas de currículos, livros, etc.). Esses controles são elaborados por especialistas em políticas públicas e educacionais, os quais fazem parte da noosfera8. Esse termo é utilizado por Chevallard, pesquisador da Educação Matemática contemporâneo, da Didática Francesa. O autor discute como um indivíduo é sujeitado a determinadas instituições e, segundo ele, na noosfera estão localizadas as diversas instâncias nas quais são determinados, por exemplo, o currículo escolar. Essa discussão Chevallard faz baseando sua pesquisa na antropologia. Por outro lado, temos Althusser (1980) que teoriza sobre as condições de produção associadas à formação social, pelo viés do materialismo histórico. Segundo o autor, para manter uma sociedade em funcionamento é necessário reproduzir e os aparelhos de Estado servem para isso: o Aparelho Repressivo de Estado (ARE) e o Aparelho Ideológico de Estado (AIE). Antes da Revolução Francesa, o AIE nº 1 era a Igreja e foi justamente para atacar esse AIE que a burguesia capitalista assumiu a Escola, a qual, por sua vez, assumiu a posição dominante nas formações capitalistas na luta contra o antigo AIE (igreja). Althusser (1980) afirma que os sujeitos se constituem 8 Esfera daqueles que pensam os conteúdos de ensino, agrupando tanto os universitários que se interessam pelos programas de ensino, como os autores de manuais, os inspectores, as associações de especialistas, os grupos de inovadores e, hoje... dos didácticos! (ASTOLFI,2002) 8 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 por suas sujeições e enuncia sua Tese Central: a ideologia interpela os indivíduos enquanto sujeitos. Assumimos em nosso trabalho a ideologia como enunciada por Althusser (1980): o indivíduo é interpelado por ela e transforma-se em sujeito. Na escola, que é um AIE com peso para difundir as ideias do Estado sobre o capitalismo, o saber escolar chega em forma de programa curricular e é resultado da transformação do saber científico. Para Chevallard (1996), a transposição didática, teoria difundida pelo autor, serve a essa transformação. A transposição didática foi desenvolvida para unificar um grande número de fenômenos didáticos, assenta-se em três temas primitivos: os objetos, as pessoas, as instituições. No início de sua teorização, o autor limitava-se a distinguir objetos “matemáticos”. Mais tarde, ele propôs uma teorização em qualquer objeto o que ele chama de “alargamento do quadro”: o objeto “escola”; o objeto “professor”; o objeto “aprender”, o objeto “saber”, e outros. O autor afirma que “[...] um objeto existe se for conhecido por pelo menos uma pessoa ou uma instituição (poderá mesmo existir apenas – o que constitui um caso limite – para essa pessoa ou essa instituição). Um objeto só existe porque é objeto do conhecimento” (CHEVALLARD, 1996, p.128). Como instituição, o autor nomeia uma escola; uma sala de aula; um curso; a família, até mesmo a vida cotidiana (num dado meio social), e os objetos articulam-se nas instituições. Para que um objeto se torne institucional, é necessário que a instituição defina sua relação (institucional) com o objeto. Nesse momento, ele introduz a noção primitiva de sujeito. Para que uma pessoa torne-se sujeito de uma instituição, é preciso que ela se sujeite a essa instituição. Uma pessoa X está sujeita a uma série de instituições. Introduzo aqui o axioma segundo o qual uma pessoa não é, na realidade, mais do que a emergência de um complexo de sujeições institucionais. Aquilo a que se chama “liberdade” da pessoa surge então como o efeito obtido em consequência de uma ou de várias sujeições institucionais contra outras (CHEVALLARD, 1996, p. 132). O autor nos apresenta então, a noção de instituição didática, a qual ele diz conduzir-nos para uma diferenciação “[...] no sentido da antropologia cognitiva, de uma antropologia didática do conhecimento, a que chamarei igualmente didática do conhecimento, ou ainda didática cognitiva” (CHEVALLARD, 1996, p.133). Para modelizar a realização da intenção didática, manifestada na instituição, o pesquisador introduz o termo “sistemas didáticos”, os quais podem acontecer, por 9 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 exemplo, na instituição família. A condição de um sistema didático ser constituído é que ele tenha pelo menos três termos: professor, aluno e um ou vários investimentos didáticos e, ainda, para que um sistema didático funcione é necessário que se estabeleça um contrato didático, além do meio do sujeito e por trás dele, aparece outro sistema, que o autor denomina: sistema de ensino, que por sua vez faz parte da noosfera. Essas intenções didáticas, quando inseridas nos currículos, produzem diferentes práticas que vão, por sua vez, produzindo diferentes relações com o conhecimento matemático. Pela visão do autor, “a instrução „formal‟, a da Escola, proporciona a nós um mínimo, ou melhor, uma base, um fundamento. Muitas vezes, as outras competências que adquirimos são fruto de uma instrução „informal‟, dada por diferentes circunstâncias da vida” (CHEVALLARD et all, 2001, p.35). Pensando nas possíveis ligações entre a matemática curricular (instrução formal) e as Matemáticas (instrução informal), buscamos saber dos adolescentes, por meio de um questionário aplicado no primeiro dia de aula, primeiramente sobre o que ele pensa sobre a disciplina de matemática. O adolescente S-2, que tem 17 anos e parou de estudar no 9º ano, em 2010, respondeu: “Uma disciplina boa mais muito difícil”. Esses dizeres incluem os nãoditos, durante uma vida escolar repleta de manifestações, tratando a matemática como algo quase inacessível a pessoas que a dominam, como gênios. Essa busca da explicação, sobre a dificuldade na aprendizagem da matemática escolar, ocupa muitos estudiosos, como no estudo de Dienes (1964) sobre „o poder do simbolismo matemático‟ no qual trata sobre a familiarização das crianças com a linguagem matemática. O autor fala sobre a inacessibilidade da matemática: “ [...] desenvolveu-se uma perigosa brecha entre aqueles „que conhecem‟ e os próprios homens para cujos eventuais benefícios o desenvolvimento matemático está sendo descoberto” (DIENES, 1964, p.131). Segundo Chevallard et all (2001, p.136) para fazer com que se reflita mais significativamente “[...] sobre as dificuldades matemáticas dos alunos, é necessário (embora, com certeza, não suficiente) modificar aqueles aspectos da matemática escolar que “escondem” dos alunos a verdadeira disciplina matemática”. E D‟Ambrósio (1996, p.31) complementa “[...] do ponto de vista de motivação contextualizada, a matemática que se ensina nas escolas é morta. Poderia ser tratada como um fato histórico”. 10 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Consideramos as Matemáticas como a instrução informal, conforme pensado por Chevallard et all (2001), e partimos dela para trabalhar com situações problemas elaboradas pelos adolescentes que cumprem medida de internação no CENSE-Maringá. O deslizamento de sentidos na produção de situações problemas Pensar nos sentidos que constituem o sujeito da socioeducação e, imbricados neles, os sentidos produzidos pelos conceitos matemáticos, em seu ensino, nos fez buscar, nessa compreensão, a ligação às condições de produção a qual se inscreve o sujeito da socioeducação. O sujeito não é unilateral, os sentidos que produz em aulas de matemática são interfaces de sua constituição. Entender como esse processo de aprendizagem ocorre é considerar os sentidos que ele produz sobre si, sobre os outros, sobre o ensino como um todo e sobre a matemática. Num ambiente escolar, temos a matemática sujeita a possibilidades de diálogo entre professor e aluno. Este diálogo, dado em um Centro de Socioeducação, produz novos sentidos que podem ajudar os alunos a entender seus estranhamentos em relação à disciplina e reconstruir conceitos matemáticos. As conjecturas podem ser levantadas de suas próprias histórias de vida, propiciando a desconstrução do dizer: a matemática é difícil. Segundo Charnay (1996, p.38) “[...] o aluno deve ser capaz não só de repetir ou refazer, mas também de ressignificar em situações novas, de adaptar, de transferir seus conhecimentos para resolver novos problemas”. Trabalhando com a elaboração de situações problemas, S-2 enunciou o seguinte: “Fui numa loja de roupa comprei 5 shorts: cada shorts tinha o preço de 154,90 cada, com um desconto de 10% aproveitei o desconto comprei também 3 camiseta com o valor de 125,90 e 3 pares de tênis com o preço de 547,50 cada quantos paguei em tudo?” O aluno conseguiu fazer todos os cálculos relativos à compra, contudo, ao chegar nos cálculos referentes à porcentagem pediu ajuda. Depois de uma rápida explicação, ele concluiu os cálculos assertivamente. Questionado pela professora sobre os preços das roupas e dos tênis que havia comprado, o aluno respondeu que não se preocupa com o custo de cada peça, o importante é gostar das roupas e calçados e verificar se pertencem a uma marca famosa. 11 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Sobre isso, Baronas (2003, p.89) diz: “o que a mídia vende nos seus mais diversos suportes não é um produto, mas a possibilidade de um acesso na forma de fantasia”. Essas fantasias, para os adolescentes em conflito com a lei, têm um funcionamento entre aquilo que pode ser comprado e o como conseguir comprar. Se o acesso, considerado normal, para se comprar um determinado produto, é a troca por dinheiro e esse dinheiro é conseguido pelo trabalho, isso dá a ilusão, ao sujeito, de igualdade. No caso de S-2, comprar aquilo que ele quer significa ter o “poder” de decisão. Para trabalhar com a autoria de situações problemas, pensamos na possibilidade da abstração de relações matemáticas, não como conhecimento em uma sequência curricular, mas como produção do sujeito, como aquilo que faz sentido a ele. Os cálculos necessários para a resolução de uma situação problema, em um ambiente em que temos alunos que estão em séries diferentes (sala multiseriada), são realizados mais facilmente. Esta “mistura” favorece a aprendizagem, pois, alunos que estavam no 6º ano podem estar juntos com adolescentes que cursavam 7º, 8º, 9º ano ou Ensino Médio. Eles se interessam em aprender conteúdos que estariam mais à frente de uma lista de conteúdos curriculares, dispostos nas atuais diretrizes. Por sua vez, S-3, adolescente de 17 anos, aluno do 6º ano, enunciou: “Uma vez fui fazer um assalto em um correio, entrou eu e meu parcero para dentro pegar um malote nós estávamos em uma moto alienada, tinha mais dois parcero pro lado de fora do correio eles estavam num uno preto, pegamos o malote e na fuga caímos da moto a moto era uma 125 no valor de 1500,00 ela foi abandonada saímos correndo e entremos no uno e fomo embora, dentro do malote tinha 31100,00 nós tínhamos que tirar 1500 para pagar a moto e o resto tínhamos que dividir em 4 pessoas. Quantos reais deu para cada?” Os cálculos foram realizados assertivamente. Essa situação, se lida por uma pessoa fora do contexto da socioeducação, pode parecer inusitada, mas para S-3 quando a descreve, procurando nela as relações matemáticas, fica demonstrado o domínio com as operações básicas. Podemos também visualizar, na situação, uma lei em funcionamento, não como as leis jurídicas conhecidas por nós, mas uma lei própria: [...] nós tínhamos que tirar 1500 para pagar a moto. Este mesmo adolescente na época em que escreveu a sua história de vida contou que entre os dez e onze anos de idade era vendedor de picolé, em Santa Terezinha de Itaipu, trabalhava após o almoço e conseguia ganhar mais do que seu padrasto, que na época era pedreiro. Em uma das perguntas, do questionário aplicado na primeira aula, sobre sua participação nas aulas de 12 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 matemática ele respondeu que não gostava de estudar. Para S-3 os sentidos produzidos pela matemática curricular não produzem os mesmos efeitos que os sentidos produzidos pelas Matemáticas na vida, como se fossem completamente distintos. Como afirma Lagazzi (1988, p.25), “[...] o sujeito se constitui no interior de uma formação discursiva, mas ao mesmo tempo constitui uma relação própria com essa formação discursiva, relação essa permeada pela história desse sujeito”. Segundo a autora, a história de cada sujeito não preexiste a cada um. importante para o nosso trabalho. Vemos aí um ponto Analisar parte da trajetória do nosso sujeito adolescente, nas suas histórias de vida e, nas produções de situações problemas, poderá nos levar a compreender o funcionamento dos conceitos matemáticos que esse sujeito tem elaborado, por meio da matemática escolar, ao longo de sua trajetória pela escola e ainda as associações que esse adolescente faz desses conceitos com as Matemáticas presentes em sua vida. Segundo Brousseau (1996), vários trabalhos mostram que o ensino tem se reduzido “à organização da aprendizagem e das aquisições do aluno-indivíduo [...] as realizações didáticas de diferentes tipos de memória provam que a memória do aluno é um tema didático muito diferente da memória didática do sujeito cognitivo” (BROUSSEAU, 1996, pp. 67-68). No caso dos adolescentes da socioeducação, suas memórias estão repletas de vivências que podem ser transformadas em saberes e esses podem não estar em uma sequência de memória com a qual espera o professor. Ou seja, a sequência curricular proposta pela escola faz com que a aprendizagem seja condicionada em um único “pacote”, como se todas as cabeças de uma sala de aula, naquele determinado momento, ligassem um “botão” e programassem o chip “hora de aprender”, fazendo ou não sentido ao aluno, o conteúdo apresentado. Considerações Finais A escola como instituição traz consigo uma historicidade. Dentro dela estão os alunos para os quais são (re)passados os conhecimentos escolares. Esses conhecimentos originam-se nos conhecimentos científicos e são transformados por meio do que Chevallard chama de transposição didática. Nossa pesquisa, desenvolvida dentro de um centro de internação de socioeducação, busca relacionar os conhecimentos 13 XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 da matemática curricular com as Matemáticas que os adolescentes internados na Unidade trazem de suas vidas. Para isso, utilizamos suas histórias de vida e a autoria de situações problemas. Em nossas primeiras análises pudemos verificar que esses adolescentes têm a noção de conceitos matemáticos ligados aos currículos, contudo não entendem suas Matemáticas como fazendo parte de um conhecimento científico. Para podermos responder algumas inquietações sobre o sujeito de pesquisa: adolescente em conflito com a lei foi necessário recorrermos à análise de discurso na perspectiva do materialismo histórico. Encontramos nessa teoria um aporte para discutirmos o sujeito nas instituições e estas como aparelhos ideológicos de Estado. Enfim, o sujeito adolescente em conflito com a lei está na escola, estuda matemática e traz suas Matemáticas para o contexto escolar. Nos seus discursos de história de vida e mesmo na elaboração de situações problemas, seus dizeres estão em um funcionamento que remete às diversas situações de delinquência (de-linquo) – laços desfeitos. Referências ALTHUSSER, Louis. Posições II. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1980. ASTOLFI, J.P. et all. As palavras-chave da didáctica das ciências. Tradução: Maria Ludovina Figueiredo. Lisboa: Neograf – Artes Gráficas, Lda. 2002. BARONAS, Roberto. A língua nas malhas do poder. In: GREGOLIN, Maria do Rosário (org.). 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