A Educação no Regime militar: a opção por grandes reformas Profa. Dra. Denise Silva Araújo Período democrático 1945-1964 Alguma coisa acontecia na educação brasileira. Pensava-se em erradicar definitivamente o analfabetismo através de um programa nacional, levando-se em conta as diferenças sociais, econômicas e culturais de cada região. A criação da Universidade de Brasília, em 1961, permitiu vislumbrar uma nova proposta universitária, com o planejamento, inclusive, do fim do exame vestibular, valendo, para o ingresso na Universidade, o rendimento do aluno durante o curso de 2o grau.(ex-Colegial e atual Ensino Médio) O mais fértil período da história da educação brasileira. Neste período atuaram educadores que deixaram seus nomes na história da educação por suas realizações: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros. Depois do golpe militar de 1964 muito educadores passaram a ser perseguidos em função de posicionamentos ideológicos. Muito foram calados para sempre, alguns outros se exilaram, outros se recolheram a vida privada e outros, demitidos, trocaram de função. Modelo econômico X ideologia política: instabilidade e crise Modelo econômico nacional desenvolvimentista de industrialização Crescimento econômico baseado no capital externo Ideologia política: Nacionalismo desenvolvimentista populista Defesa das reformas de base (agrária, tributária, trabalhista, habitacional) O presidente João Goulart assina o decreto de nacionalização de todas as refinarias de petróleo particulares. Criação da Superintendência Nacional da reforma agrária _ SUPRA Criação do Plano Nacional de Alfabetização - PNA Isolamento do governo com relação às elites capitalistas Marcha da família com Deus pela liberdade Golpe militar Marinheiros liderados pelo Cabo Anselmo (agente infiltrado da CIA) revoltam-se pedindo exoneração do Ministro da Marinha A postura do Presidente da República frente o "Levante dos Marinheiros" do dia 25 pode ser considerada como a gota d´agua para a organização concreta da conspiração golpista, tendo como articuladores o Marechal Castelo Branco, o General Mourão Filho e o General Kruel, além dos governadores de Minas Gerais, Magalhães Pinto e do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda. Também os governadores de São Paulo e Rio Grande do Sul apoiaram o golpe. Golpe militar No dia 30 de março as tropas do General Mourão Filho começam a se deslocar para o Rio de janeiro. É o início do movimento militar, já previsto pelos mais variados setores da sociedade. Jango enviou tropas do Rio de Janeiro para conter os militares mineiros, porém, tanto o 1° como o 2° exército aderiram ao movimento. Em 1° de abril Jango deslocou-se para o Rio Grande do Sul e desistiu de organizar um movimento de resistência, apesar das pressões de Brizola. Em Brasília Auro de Moura Andrade declarou vago o cargo de presidente e seguiu a prática Constitucional, empossando Ranieri Mazzili, que era o presidente da Câmara do Deputados. O governo norte americano foi o primeiro a reconhecer a nova situação. Consolidava-se a reação conservadora, comandada pelos militares, que eliminavam definitivamente o populismo, abalado há muito tempo por suas próprias contradições internas Continuidade do modelo econômico Desenvolvimento econômico sob o capitalismo monopolista dependente Associação do capital nacional ao Capital Estrangeiro Produção de bens de consumo duráveis Necessidade de crescimento da classe média Processo de Concentração de Capital Implantação da “paz social” por meio do aniquilamento dos canais de participação popular Aparato repressivo Ideologia da Segurança Nacional Presidentes militares Alencar Castello Branco (04/1964 – 03/1967) Arthur Costa e Silva (03/1967 – 08/1969) Junta militar (08 a 10/1969) Emílio Garrastazu Médici (10/1969 – 03/1974) Ernesto Geisel (03/1974 – 03/1976) João Baptista Figueiredo (03/1979 – 03/1985) Militares no poder: mudar para não mudar Grupos políticos dão legitimidade ao regime instalado Governo decreta por meio de AIs Bipartidarismo: ARENA e MDB Eleições indiretas para presidente Criação do SNI Nova Constituição de 1967: ditadura institucionalizada Manutenção de algumas liberdades individuais como o direito ao habeas corpus no governo de Castello Branco Endurecimento do regime com Costa e Silva e Médici Estudantes: vanguarda da oposição Greves operárias Assaltos a bancos, seqüestros, guerrilha Em 1968 – Fechamento do Congresso Nacional (AI-5) Censura à imprensa Militares no poder: mudar para não mudar Governo Médici - Fase do Milagre Econômico Grandes obras de infra-estrutura Slogans ufanistas Copa do Mundo Geisel- abertura lenta, gradual e restrita Desaquecimento da economia e fim do milagre econômico Crise do petróleo Aumento das taxas de juros, da inflação e da dívida externa 1974- eleições para o Congresso – crescimento da oposição 1975 – suspensa a censura à imprensa Mandato presidencial – seis anos Senador biônico Intensificam-se os Movimentos sociais pela volta da democracia Militares no poder: mudar para não mudar Figueiredo – retorno gradual ao Estado democrático Centenas de exilados voltam ao país Restabelecido o pluripartidarismo Lei que estabelece eleições diretas para governadores Aprofundamento da crise econômica Movimento Diretas-Já Derrotado no Congresso por pequena margem de votos Primeiro presidente civil – voto indireto: Tancredo Neves Vice: José Sarney – o presidente da transição Golpe militar na Educação 1964 – Invasão da UNB por tropas militares Ilegalidade da UNE Repressão aos MEB, CPPs e MCP Cria os DCEs e CAs Extinto o SAM e criada a FUNABEM ligada diretamente à presidência da República Assinatura do acordo MEC/ASAID para aperfeiçoamento do ensino primário Reforma Universitária – Lei 5.540/1968 Perseguida desde a década de 1940 Resposta à pressão por acesso ao ensino superior Exigência de racionalização: conter a expansão desordenada do ensino superior Como oferecer mais ensino com mais qualidade Participação estudantil sob controle GT – 60 dias Lei 5540/1968 – aprovada em regime de urgência no Congresso Novidades: estrutura departamental, sistema de créditos, matrículas por disciplinas, ciclo básico, vestibular classificatório, indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão Princípios: racionalidade, expansão, flexibilidade, integração e autonomia Soluções técnicas para problemas políticos Reforma do Ensino de 1o e 2o graus – Lei 5.692/1971 Procurou conter a demanda para o ensino superior por meio da formação de quadros técnicos de nível médio Inovação: antigos cursos primário e ginasial são substituídos pelo ensino de 1o grau, com 8 anos de duração e obrigatório dos 7 aos 14 anos O ensino médio passa a se chamar 2o grau, com duração de 3 ou 4 anos A legislação introduz no currículo um núcleo comum e uma parte diversificada Principal inovação: profissionalização compulsória Ideologia do Capital Humano Reforma do Ensino de 1o e 2o graus – Lei 5.692/1971 Imprimia ao 2o grau o caráter de terminalidade e de continuidade Mínimos de cada habilitação profissional fixados pelo Parecer 45/1972 do Conselho Federal de Educação e modificados pelo Parecer 76/1975 Habilitações de faz-de-conta Dez anos depois a reforma é alterada pela Lei 7.044/1980, que elimina a obrigatoriedade da oferta de habilitação profissional A Lei 5.692/1971 refletiu os princípios da ditadura, incorporando o sentido de racionalização do trabalho escolar e a adoção do ensino profissionalizante no 2o grau Razões do fracasso da reforma do Ensino de 1o e 2o graus Despreparo físico, humano e ideológico para assumir uma tarefa imposta autoritariamente Faltavam oficinas, laboratórios, professores preparados para atuarem no ensino profissionalizante Falta de recursos financeiros Rejeição do trabalho manual por parte das camadas médias e altas da população, como também por parte dos trabalhadores Planejamento – privilegiando a dimensão técnica do ensino Busca de imprimir um cunho científico e técnico à tarefa de prever as demandas do país Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) - Governo Dutra (1945-1950) Planejamento como instrumento de governo Planejamento global –Planejamentos setoriais Pano Setorial de Educação, Cultura e Desporto (PSECD) Concepção tecnicista voltado para o desenvolvimento econômico Centralização na Gestão Educacional Outras reformas e medidas educacionais Decreto-Lei 5.370 de 1967 cria o Mobral (Método Paulo Freire desideologizado), que começou a funcionar de fato em 1970 – ênfase no ensino supletivo 1983 - Criação da FAE – Fundação de Assistência ao Estudante: programas de merenda escolar, livro didático Projeto Rondon 1974 - Criado o Projeto Casulo da LBA 1975 - Criada a COPRED (Coordenação de Educação pré-escolar) 1978 Portaria 505 do MEC – Diretrizes Básicas para o ensino de Moral e Cívica e EPB 1979 –Movimento de luta por Creches Ideologia da carência cultural e lingüística – Políticas de Educação compensatória Demanda social e crescimento das matrículas LDB de 1961 – subvenções estatais ao ensino privado Expansão das matrículas no ensino fundamental e médio de 1962 a 1973, tanto no ensino público quanto no privado Qualidade precária Ensino superior expansão maior do ensino particular, em estabelecimentos isolados Pressão das camadas médias Bibliografia VIEIRA, S. L. e FREITAS, I. M. S. de. Política Educacional no Brasil. Brasília: Plano Editora, 2003. p.121-142 SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia M. de & EVANGELISTA, Olinda. Política educacional. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002.