GETH
Newsletter
Volume 06 Número 09 13 de abril de 2008
Variação internacional nas opções
GETH Newsletter é uma
publicação semanal
distribuída aos sócios do
preventivas em mulheres portadoras de
mutação nos genes brca1 e brca2
Grupo de
Estudos de
Tumores Hereditários
Sede
Metcalfe KA, Birenbaum-Carmeli D, Lubinski J, Gronwald J, Lynch H, Moller
P et AL. International variation in rates of optake of preventive options in
BRCA1 and BRCA2 mutation carriers. Int J Cancer 2008;122:2017-2022.
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Editores
Mulheres portadoras de mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2 tem um risco de
desenvolver câncer de mama entre 45% e 87%. Através da identificação de mulheres de
alto risco, é possível o estabelecimento de medidas para redução no risco. Entretanto, a
efetividade das medidas, depende, além das características do método adotado também
da aceitação das intervenções.
Há diversas opções disponíveis, com variações na efetividade. A mastectomia
Erika Maria Monteiro Santos
profilática oferece a maior redução no risco de câncer de mama (aproximadamente
Ligia Petrolini de Oliveira
95%). A ooforectomia profilática antes dos 40 anos é associada com redução de 50%
no risco de câncer de mama e 80% no risco de câncer de ovário. O uso do tamoxifeno
Diretoria
pode reduzir o risco de câncer de mama em 50% em mulheres de alto risco, e também
Presidente
reduz o risco de câncer de mama contralateral em portadoras de mutação.A ressonância
Benedito Mauro Rossi
Vice-Presidente
Erika Maria Monteiro Santos
Diretor Científico
nuclear magnética também é uma opção para a detecção precoce das lesões, além do
uso da mamografia.
Poucos estudos avaliam a opções em portadoras de mutação. Nestes estudos se
Gilles Landman
observa variações nestas taxas entre os países, estas diferenças são atribuídas à diversos
Secretário Geral
fatores, tais como, preferências dos pacientes e profissionais, e acesso ao sistema de
Fábio de Oliveira Ferreira
Primeira Secretária
Ligia Petrolini de Oliveira
Tesoureiro
Wilson Toshihiko Nakagawa
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saúde.
Este estudo, publicado, no International Jornal of Cancer tem como objetivo
verificar as opções preventivas em portadoras de mutação nos genes BRCA1 ou
BRCA2 e verificar variações nestas opções de acordo com os países.
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Variação internacional nas opções preventivas em mulheres portadoras de mutação nos genes brca1 e brca2
Métodos
idade média ao procedimento de 40,7 anos. As mulheres
nos Estados Unidos submeteram-se ao procedimento com
É um estudo de um a coorte internacional, cujos
sujeitos foram selecionados a partir de um banco de dados
maior freqüência (36,3%), enquanto que a menor taxa de
mastectomia foi observada na Polônia (2,7%).
de portadoras de mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2.
Das 2.677 mulheres, 1.531 realizaram ooforectomia
Estas mulheres foram avaliadas e testadas em 41 centros de
bilateral, cerca de metade submeteu-se antes do resultado
nove países (Áustria, Canadá, Estados Unidos, França, Israel,
do teste; no entanto, não foi possível confirmar a indicação
Itália, Noruega, Holanda, e Polônia).
do procedimento. Ao verificar a realização do procedimento
Os métodos para detecção da mutação foram distintos,
quanto à ocorrência de câncer de mama, se observa que
mas todas as mutações foram confirmadas através do
uma freqüência maior de mulheres com câncer de mama
seqüenciamento do DNA genômico.
(65,7% versus 42,9%) submeteu-se ao procedimento.
Foram elegíveis mulheres com mutação nos genes
A freqüência de ooforectomia superior os 50% em
BRCA1 ou BRCA2, entre 25 e 80 anos, sem história de
todos os países, exceto na Polônia onde a freqüência foi de
câncer ou com câncer de mama, com seguimento superior
34,9%. A maior taxa foi identificada na Noruega (73,5%).
a 18 meses. Foram excluídas mulheres com diagnóstico de
câncer durante o seguimento.
Ao verificar as mulheres sem câncer de mama e sem
mastectomia profilática (1.134) foi observado que 76
Todos os participantes responderam um questionário
(5,5%) utilizaram tamoxifeno, e 40 (2,9%) utilizaram
na ocasião do teste genético; e questionários de seguimento
raloxifeno. A maior freqüência de quimioprevenção foi
foram administrados por telefone ou correio. Os centros
observada nos Estados Unidos (12,4%). Nenhuma mulher
também responderam a um questionário sobre as opções
da França, Holanda, Itália e Noruega relatou uso de
oferecidas.
quimiopreventivos.
Do total de 1.134 mulheres, 300 (30,6%) realizaram
pelo menos uma ressonância nuclear magnética, a maioria
Resultados
Das 4.404 mulheres com mutação, 2.677 foram elegíveis.
O questionário de seguimento foi respondido, em média,
(91,9%) antes dos 60 anos. Foram observadas diferenças nas
taxas de realização de RNM de acordo com o pais: 2,2%
em Israel, 6,7% na Polônia, 14,1% na Noruega, 24,4% nos
Estados Unidos, 47,8% no Canadá, até 94,6% na Holanda.
3,9 anos após o resultado do teste. Do total, 44 eram da
A taxa de realização da mamografia foi superior a 93%
Áustria (1 centro), 766 do Canadá (14 centros), 703 dos
em todos os países, exceto na Polônia, onde a taxa foi de
Estados Unidos, 31 da França (1 centro), 165 de Israel (3
65,5%. A maioria (83,7%) submeteram-se ao exame antes
centros), 46 da Itália (1 centro), 177 da Noruega (1 centro)
do teste, e 16,4% realizaram o primeiro exame após o
e 660 da Polônia. Dentre as participantes, 1.294 mulheres
resultado do teste genético.
tinham antecedente de câncer de mama unilateral. A idade
média de realização do teste genético foi 45,6 anos.
Das 1.383 mulheres sem história de câncer de mama,
Ao considerar as opções mastectomia, ooforectomia ou
quimioprevenção, se verifica que 45,8% escolheram uma
destas opções.
248 (18%) foram submetidas à mastectomia profilática, com
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Variação internacional nas opções preventivas em mulheres portadoras de mutação nos genes brca1 e brca2
Discussão
colaterais dos medicamentos pode impedir a adoção da
quimioprevenção.
Estudos com estes são importantes para verificar
Um ponto que não pode deixar de ser considerado é o
a utilização das opções, e também devem investigar as
acesso ao sistema de saúde. Foram observadas variações na
preferências dos pacientes e profissionais pelos métodos.
realização da RNM. Os autores atribuem a taxa de RNM
Além da freqüência das opções e das preferências
dos Estados Unidos à necessidade de pagamento por parte
de pacientes e profissionais, é necessário investigar os
das pacientes, uma vez que na Europa, com sistema de saúde
motivos que levam as mulheres a não optar pela adoção
socializado, o exame é disponível sem custo.
de comportamentos preventivos. A falta de informação
É importante considerar as limitações deste estudo: as
adequada é um dos motivos pelos quais as mulheres podem
amostras de alguns países são pequenas, e podem ser pouco
adotar este comportamento. Aspectos psicossociais também
representativas; além disso, as pacientes foram testadas, em
devem ser considerados, pois o medo, alteração na auto-
média, há sete anos, e as opções e preferências mudaram
imagem e auto-estima e preocupações com a função
deste então, especialmente no que se refere à integração
sexual, dentre outros fatores podem levar a não adoção dos
entre as diferentes disciplinas envolvidas no cuidado às
comportamentos preventivos. Preocupações sobre os efeitos
pacientes.
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