GETH
Newsletter
Volume 08 Número 03
19 de abril 2010
Comentário do Artigo: Avaliação de fatores de risco
como modificadores em portadoras de mutação nos
genes BRCA1 e BRCA2
Fabiana Baroni Alves Makdissi
Departamento de Mastologia, Hospital A.C.Camargo
Moorman PG, Iversen ES, Marcon PK, Marks JR,
Wang F, Cuningham K et al. Evaluation of established
breast cancer risk factors as modifiers of BRCA1 or
BRCA2: a multi-center case-only analysis. Breast Cancer
Res Treat 2010; Published Online 23 March 2010.
de mutação em BRCA1, portadoras de mutação em
BRCA2 e não portadoras.
É um estudo multicêntrico coordenado pela Duke
University Medical Center que incluiu 11 centros nos
Estados Unidos e Austrália. Os casos incluídos foram
mulheres com 20 anos ou mais diagnosticadas com câncer
Portadores de mutação nos genes BRCA1 e
BRCA2 apresentam risco elevado para desenvolver câncer
de mama e que foram testadas para mutação em BRCA1
e BRCA2.
de mama e ovário. Apesar do alto risco, a penetrância
As mulheres com mutação deletérias foram
incompleta sugere que outros fatores, tais como uma
consideradas como casos positivos. Mulheres com variantes
combinação de variantes genéticas e exposição ambiental
de significância incerta foram excluídas da análise.
pode influenciar o risco de um portador de mutação
desenvolver câncer.
Neste estudo cada caso com mutação identificada
foi pareada por idade e centro de recrutamento com duas
Neste artigo os autores apresentam resultados de um
mulheres com câncer de mama sem mutação identificada
desenho de estudo de casos, no qual os autores avaliam as
nos genes BRCA1 e BRCA2 ( no entanto, em alguns
características clínicas e fatores de risco entre mulheres
casos foi identificado apenas um caso sem mutação
com câncer de mama divididas em três grupos: portadoras
identificada). Esta análise incluiu 1381 casos, destes 283
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nos genes BRCA1 e BRCA2
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apresentavam mutação no BRCA1, 204 apresentavam significativa entre as pacientes BRCA2+ comparadas
mutação no gene BRCA2 e 894 não apresentavam
com a BRCA-. Uma maior proporção das mulheres
mutação nos genes BRCA1 e BRCA2.
BRCA2+ apresentaram idade da menarca ≥14
Do total de mulheres investigadas, 75% tiveram
anos. O IRR de 1,65 indica que a idade tardia da
todo o gene sequenciado, 19% tiveram sequenciamento menarca, fator protetor observado em casos de câncer
parcial (mutações fundadoras para Judeus Ashkenazi), esporádico, apresenta redução no fator protetor nos
e 6% foram submetidas a outros testes como teste de casos BRCA2+. Este IRR sugere que a idade tardia
da menarca não é um fator protetor para as pacientes
proteína truncada, SSCP ou DHPLC.
Foram calculados os IRR (interaction risk
ratios) que são uma taxa dos riscos e pode ser expresso
como o risco relativo da doença em portadores e não
com BRCA2+ quando comparadas com as pacientes
BRCA-.
O IRR relacionado a gestações à termo foi
portadores da mutação. Uma vez que esta análise é case- maior que 1 para portadoras de mutação nos genes
only, os IRR são estimativas da interação entre o fator BRCA1+ e BRCA2+. Os dados sugerem que a um
genético e o fator ambiental. Um IRR de 2 indica que
fator protetor mais fraco da gestação entre portadoras
o risco relativo da doença é duas vezes mais elevado
do que entre as não portadoras. Não foi observada
enre BRCA+ do que entre BRCA-; já um IRR de 1,0 modificação significativa no risco de acordo com a
indica ausência de interação entre o status da mutação idade da primeira gestação.
e o fator ambiental. Isto pode indicar que o fator não é
O IRR foi estatisticamente significativo para
associado com doença nos dois genótipos or tem uma
o uso álcool nos casos BRCA1+ (IRR 0,65 IC
associação semelhante nos grupos. Um fator que é um 95% 0,48-0,90) sugerindo efeito do álcool nos casos
modificador de penetrância pode resultar em risco de BRCA1+ quando comparado aos casos BRCA- é
uma doença para um genótipo ou modificar a idade de
diagnóstico em razão do genótipo.
fraco ou ausente.
Entre os casos BRCA1+ e BRCA2+, a idade
de diagnóstico foi mais precoce em mulheres que
consumiram álcool, quanto que a idade de diagnóstico
Resultados
Os casos BRCA+ apresentaram diagnóstico
em idade inferior do que os casos BRCA- (média de
idade de 41,2 anos nos casos BRCA1+; 44 nos caso
BRCA2+; e 44 anos nos casos BRCA-).
A idade da menarcar demonstrou uma associação
foi mais tardia entre as mulheres BRCA- que
consumiram álcool.
Os dados apresentados sugerem evidência que a
idade da menarca, número de gestações, e consumo de
álcool variam entre mulheres com câncer de mama e
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Comentário do Artigo: Avaliação de fatores de risco como modificadores em portadoras de mutação
nos genes BRCA1 e BRCA2
mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2, sugerindo que as limitações deste estudo devem ser consideradas ao
estes fatores são potenciais fatores modificadores das interpretar o resultado destas análises. Especialmente
mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2. Entretanto, no que se refere a ausência de consistência na literatura
sobre os modificadores dos genes BRCA1 e BRCA2.
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