Título: A MULHER E O CÂNCER DE MAMA – REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PACIENTES MASTECTOMIZADAS Tema: 2 – Saúde Autor responsável por apresentar o Trabalho: SANDRA RODRIGUES DE OLIVEIRA Financiador: Resumo: O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer em mulheres. No Brasil, o diagnóstico é feito, muitas vezes, em estágios avançados e a mastectomia torna-se inevitável. Porém, o câncer de mama é temido pelas mulheres não só por sua alta incidência, mas também pelos efeitos decorrentes do processo de adoecimento. O diagnóstico pode ser vivenciado com tamanha intensidade que se assemelha à dor da perda de um ente querido. A ameaça de mutilação pode ser devastadora, principalmente porque a mama é considerada um símbolo da vida, do erotismo e da beleza. Objetivos: Investigar as representações sobre câncer de mama, seio e internação junto a pacientes submetidas à mastectomia radical; investigar os níveis de ansiedade e depressão no contexto hospitalar. Método/Participantes: Grupo A: 15 pacientes em enfermaria; Grupo B:15 pacientes em ambulatório. Procedimento: entrevista semidirigida / Escala de Ansiedade e Depressão no Contexto Hospitalar (HAD). Resultados: Constatamos que 22 participantes consideravam o câncer de mama uma doença grave e quatro participantes consideravam a doença muito grave. A gravidade estava relacionada à possibilidade de morte e à sintomatologia e tratamentos. Dentre estas, 40% associavam o surgimento do câncer de mama a eventos traumáticos e a fatores emocionais, e 26,7% relacionavam o adoecimento a destino ou punição divina. As representações acerca do câncer podem influenciar de forma significativa a maneira como estas mulheres percebem a doença e como a justificam. Já em relação à representação da mama, pudemos constatar que 43,3% das entrevistadas relacionaram o seio à beleza e vaidade próprias da mulher; 36,7% definiram o seio como parte exclusiva do corpo da mulher; e 23,3% o relacionaram à maternidade. Outro dado importante é que 11 entrevistadas puderam realizar a reconstituição mamária imediata, enquanto as 19 restantes não foram submetidas a este procedimento. As pacientes que realizaram a reconstituição imediata estavam na faixa dos 40 aos 50 anos. Constatamos que as mulheres que não fizeram a reconstituição apresentaram uma maior dificuldade de elaborar este luto, demonstrando que a perda não é vivida de acordo com a idade, e sim com os recursos de enfrentamento de cada mulher. Sobre o significado da internação, pudemos constatar que para todas as entrevistadas a hospitalização é vista como uma etapa fundamental para a cura. Segundo 53,3% das pacientes em enfermaria a internação e a cirurgia eram o que possibilitaria a cura. Semelhantemente, as pacientes ambulatoriais consideraram a internação positiva — destaca-se o fato de 61,5% referirem-se à equipe médica como facilitadora deste processo. Ansiedade e depressão no hospital: Pudemos notar que entre as pacientes internadas em enfermaria os índices de ansiedade foram mais baixos, concentrando-se principalmente em “sem sintomas” e em “estado subclínico” de ansiedade. Já entre as pacientes de ambulatório, havia um maior número de sintomas leves e moderados. Os valores correspondentes à depressão também eram mais elevados entre as pacientes ambulatoriais. Portanto, havia um nível maior de ansiedade e depressão entre as pacientes de ambulatório quando comparadas às pacientes de enfermaria. Considerações finais: O câncer de mama é considerado uma doença grave, suscitando sentimentos de medo da morte, da mutilação, do sofrimento e da dor. A mastectomia representou para todas um momento traumático, que marcou para sempre no corpo destas mulheres não só a perda do seio, mas também todas as perdas vivenciadas durante o processo de adoecimento.