RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS
CANDOMBLÉ
OS DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS
A presença das religiões de origem africana no
Brasil se deve a entrada de muitas pessoas,
trazidas da África e submetidas à escravidão
desde o século XVI até o século XIX. Estima-se
que cerca de 4 a 5 milhões de africanos foram
forçadas a migrar durante esse período,
provenientes de diferentes regiões da África e
pertencentes a diferentes grupos étnicos.
Os africanos trazidos para o Brasil são
originários de diversas regiões da África:
África Ocidental - Yorubás (Nagô, Ketu,
Egbá), Jejes (Ewê, Fon), Fanti-Ashanti
(conhecidos como Mina), povos islamizados
(Peuhls, Mandingas e Hauçás);
África Central - Bantos: Bakongo, Mbundo,
Ovimbundo, Bawoyo, Wili (conhecidos como
Angolas, Congos, Benguelas, Cabindas e
Loangos);
Sudeste da África Oriental - Tongas e
Changanas entre outros (conhecidos como
Moçambiques).
Cada grupo que aqui chegou tinha suas
respectivas crenças e costumes religiosos.
Algumas pessoas eram muito mais cultas
do que os colonizadores que se tornavam
seus proprietários.
Para o Brasil foram trazidos muitos homens
e mulheres do Senegal, Gâmbia, Angola,
Zaire, Moçambique e da Ilha de
Madagascar.
Os sudaneses
que
desembarcaram
e permaneceram
em Salvador
(BA), provinham
de tribos
que na África,
haviam sido convertidas ao Islamismo.
Alguns
deles
eram
profundos
conhecedores do Alcorão, além de lê-lo
corretamente, conheciam-no de memória.
O Brasil possui um vasto patrimônio
cultural
herdado das várias etnias
africanas que para cá foram trazidas. Tal
patrimônio inclui as técnicas de agricultura,
mineração, arquitetura, a língua, a religião,
a música, a dança, o artesanato, a
culinária, as festas populares, a linguagem
corporal e a maneira de viver.
É
essa
herança
chamada
de
"africanidade", que deu ao Brasil um
colorido todo especial.
São aspectos de uma história cultural a
ser preservada, valorizada e conhecida
pelos cidadãos e cidadãs brasileiros.
OS GRUPOS RELIGIOSOS AFROBRASILEIROS
As tradições religiosas afro-brasileiras
abrangem os vários grupos religiosos
nascidos das tradições culturais e
religiosas trazidas da África, e que aqui se
mesclaram entre si, dando origem a
diversos grupos ou denominações:
Candomblé: presente na Bahia e em
outros Estados;
Umbanda: presente praticamente em
todos os Estados brasileiros;
Xangô: no Recife;
Xambá e Catimbó: nos Estados do
Nordeste;
Tambor de Mina: no Amazonas e
Maranhão;
Omolocô: no Rio de Janeiro.
Batuque: no Rio Grande do Sul.
CANDOMBLÉ
Candomblé é o culto aos Orixás e significa
cantar e dançar em louvor, na língua
yorubá.
O Candomblé surge durante a escravidão,
a partir de uma mescla de diferentes cultos
africanos.
O Candomblé foi a primeira possível
cerimônia religiosa organizada durante o
cativeiro, vindo a ser um dos símbolos de
resistência à escravidão.
TEXTO SAGRADO
O texto sagrado é transmitido na forma oral.
Mitos, lendas, canções, contos, danças,
provérbios, adivinhações, perpetuam as
crenças e tradições.
EXEMPLO DE UM MITO DA CRIAÇÃO
Olorum era uma massa infinita de ar. Um
dia, como por encanto, lentamente,
começou a respirar, e uma parte dessa
massa de ar transformou-se em água,
dando origem a Orixalá. O ar e a água
continuavam a se mover, como uma
dança; e eles mesmos foram se
misturando, se misturando e uma parte
deles, juntos e misturados, deu origem à
lama.
Dessa
lama
surgiu
uma
bolha
avermelhada. Olorum maravilhou-se com
essa bolha e soprou sobre ela o seu hálito
Emi e deu-lhe vida. Essa forma, em
permanente expansão e movimento, foi a
primeira dotada de existência individual.
Era um rochedo avermelhado de laterita:
Exú. Assim a existência de todas as coisas
é inaugurada pelo sopro do hálito Emi ou
ar divino Ofurufú, produzindo a vida nos
planos visíveis e invisíveis.
RITUAIS E CRENÇAS
Nas cerimônias religiosas ou rituais há
música e dança ao ritmo de instrumentos de
percussão. Os principais são os três
atabaques que são chamados de "rum",
"rumpi" e “lé".
O rum, o maior de todos, possui o som
grave; o do meio, rumpi, som médio; o
lé, o menor, possui o som agudo.
O trio de atabaques executa, ao longo
do xirê, uma série de toques de acordo
com os orixás que vão sendo evocados.
Suas crenças e práticas se fundamentam em
mitos e ritos nos quais ocorrem as
manifestações dos Orixás, intermediários de
Olorum ou Olodumare. Os Orixás se
manifestam para doar o Axé (força vital) aos
participantes do culto.
LIDERANÇA RELIGIOSA
Babalorixá e Ialorixá são os sacerdotes e
sacerdotisas que presidem o culto. Também
chamados pai ou mãe de santo.
O culto aos Orixás é uma forma de
monoteísmo, uma vez que a religião Nagô
admite a existência de um Deus supremo,
Olorum (olo = sagrado e orum = céu). O
contato com a divindade suprema se faz
através dos Orixás. Existe a crença num
Ser Superior, que criou o mundo e a vida,
chamado Olorum ou Olodumare na língua
yoruba.
A crença só pode ser entendida por meio
da experiência participatória.
O culto é constituído de ritos, sacrifícios de
animais e oferendas em homenagem aos
Orixás. O canto, a música e a dança são a
base do processo ritualístico.
Há momentos de orientação por parte do
pai ou mãe de santo aos que os
consultam.
EBO – Rito de oferendas
O termo ebó tem dois significados
práticos: processo de limpeza e o ato de
fazer uma oferenda.
O ebó é uma oferenda para homenagear
um Orixá, agradecer por um benefício
recebido ou na intenção de resolver
problemas, vencer obstáculos, abrir
portas e oportunidades.
Os itens de um ebó se compõem de frutas,
água, bebidas, mel, azeite, entre outros.
Alguns tipos de ebó são colocados dentro de
casa e outros são colocados ao ar livre em
contato direto com a natureza.
LÍNGUAS USADAS NOS RITUAIS
As línguas africanas, usadas nos rituais
religiosos mantêm-se como veículo de
expressão dos cânticos, saudações e nomes
dos iniciados.
A língua mais falada no Candomblé é o
Yorubá, principalmente na nação Nagô-ketu,
Ewe-fon e nos cultos Jeje, Kimbundu e
Kicongo.
SIGNIFICADOS DA PALAVRA
MACUMBA
-Termo antigo com o qual se denominavam
os cultos dos escravos nas senzalas. No
decorrer do tempo, esse termo passou a
nomear práticas ligadas à feitiçaria.
-Nome (pejorativo) com que os leigos
denominam “despacho” de rua e os rituais de
Umbanda, Quimbanda e demais cultos afrobrasileiros.
-Nome de um instrumento musical de
percussão de origem africana.
VIDA E COMPORTAMENTO ÉTICO
A maneira de encarar a vida se funde na
convicção prática de que a pessoa humana é
“centro de relações”, ponto de passagem do
invisível para o visível, em direção aos demais
seres, humanos ou não. Não fica sem retorno
uma ofensa feita a divindade, ao próximo ou à
natureza. ”Tudo está em tudo”, a religiosidade
se funde com a cultura e política. Vida,
trabalho, religião, amor ou afeto são formas de
prestar culto a Deus. Daí a obrigação da
comunhão para que o grupo sobreviva.
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