1. TEMA O Candomblé: Uma religião que os negros ensinaram aos brasileiros. 2. TURMA A QUE SE DESTINA Etapa I do ciclo II, referente a 3° série do Ensino Fundamental. 3. BLOCOS TEMÁTICOS PROPOSTOS Ensino Religioso * A influência do Candomblé na cultura brasileira; * Riqueza e diversidade das tradições da cultura religiosa do candomblé. 4. AUTORA DA PROPOSTA DE TRABALHO Fabiana do Nascimento. E-mail: [email protected] 5. OBJETIVO /s • Perceber e respeitar a contribuição da cultura religiosa do Candomblé na sociedade brasileira; • Compreender que as cerimônias religiosas servem como subsídio na religiosidade humana; • Comparar os fatos históricos com as crenças religiosas; • Conhecer e compreender suas manifestações nas diferentes regiões brasileiras; • Refletir sobre valores que a sociedade estabelece hoje, relacionando com os fatos históricos do nosso país. 6. FUNDAMENTAÇÃO PEDAGÓGICA As crianças nesta etapa são companheiras e constróem a todo momento amores idealizados nessa fase, fortalecendo os grupos de amizade. É o momento da construção da autonomia em relação aos pais, estreitando os laços de amizade, como raízes fora da família, defendendo sua privacidade. A fase da latência é o período em que a criança está mais calma, por isso tende a ser mais disposta e atenciosa. Uma das grandes conquistas é a capacidade de perceber o que está além das aparências, procurando entender sua identidade, auto-conceito, autoestima e normas de conduta em busca de raízes. A Psicologia do Desenvolvimento nos traz a compreensão do processo evolutivo do se humano. Ela potencializa o desenvolvimento pedagógico, assim como o desenvolvimento e eficiência no processo educativo. Dentro das fases do desenvolvimento humano enfoca-se o período da “Meninice” que se inicia geralmente com a entrada da criança no ensino básico e vai até a puberdade. Nesta fase a criança já se expressa socialmente com mais facilidade. Quanto ao desenvolvimento da sua personalidade, a fase da latência onde a interação com as outras crianças é quase exclusivamente com membros do mesmo sexo, segundo Piaget, a criança desta faixa etária está inserida no terceiro estágio, Operatório Concreto aonde a criança já pensa no que faz, ou seja, pensa fazendo e faz pensando. Ela começa a entender as noções de direita e esquerda, maior e menor porque seu pensar está mais lógico e estável, ela domina as representações mentais, seu egocentrismo diminui e ela começa a perceber que é um ser distinto e separado do resto do universo; ela se coloca do lugar do outro e já faz julgamentos morais. De acordo com o artigo 32 da LDB, tem como objetivo a formação básica do cidadão, mediante a o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo, a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade e a formação de atitudes, valores e a tolerância recíproca em que se assenta a vida social. Nesse processo, a elaboração de uma linguagem simbólica favorece a descoberta e experiência dessa realidade, portanto, podemos considerar quanto aos aspectos essenciais que orientam a ação pedagógica do Ensino Religioso a pedagogia do limite, a linguagem simbólica e a dimensão dos valores. Partindo dessas características, apresenta-se o tema enfocando nas tradições religiosas de matriz africana a ancestralidade e seus rituais, ciente de que seus fiéis mantém viva sua memória através de orações, refeições e oferendas especiais, a fim receber o cuidado como descendente, entendendo e respeitando sua crença e influência na História do nosso país. O tema “Candomblé: Uma religião que os negros ensinaram aos brasileiros” se relaciona com a proposta do Ensino Religioso no conhecimento das várias cerimônias religiosas servindo de subsídio para o entendimento da dimensão da religiosidade humana e sua relação com o transcendente. Cada tradição religiosa elabora práticas significantes que celebram os grandes acontecimentos da vida de seu povo. Assim, as tradições de matrizes orientais, ocidentais, africanas ou indígenas organizam e apresentam formas diferenciadas de ritualizar esses acontecimentos. As tradições religiosas de matriz africana se mostram no Brasil através do vodu, do candomblé, da umbanda, dentre outros ritos. Sobre essa relação, Michel Meslin afirma: “É por uma religião que o ser humano se define no mundo e para com seus semelhantes. É a religião que empresta um sentido e constitui para seus fiéis uma fonte real de informações. Ela funciona como um modelo para o mundo e, ao mesmo tempo, como modelo do mundo. Ela é, pois, para seus crentes, modelo de ações e de explicação, porque fornece uma resposta as três ameaças que pesam sobre toda a vida humana: o sofrimento, a ignorância e a injustiça.”(MESLIN, 1992 P. 21) A vida humana se distingue dos demais, pelos níveis espirituais que atinge e pelas dimensões sociais que alcança, destacando a importância do Ensino Religioso como parte integrante da formação básica do cidadão, ampliando sua visão de mundo, como uma forma de entendermos a sociedade em que vivemos, nas crenças que orientam a nossa ação. O Ensino religioso como disciplina tem a oportunidade de entrar na escola pela porta principal, através do conhecimento, apresentando a dimensão religiosa do ser humano e da realidade nas relações simbólicas que desafiam o ser humano a aprofundar e desenvolver sua humanidade nas demais disciplinas; inscreve-se no interstício de diversos conhecimentos, de forma crítica e democrática. Para Helena lubienska de Lenval (1963), “o ensino religioso deve ir além do intelecto. Deve despertar o inconsciente a despertar a consciência”. (p.27). esse senso corresponde ao desenvolvimento das capacidades apontadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, constituindo um norteamento educacional para as escolas brasileiras, assim como se segue nos PCN`s: “(...)a fim de garantir que, respeitadas as diversidades culturais regionais, étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e complexa, a educação passe a atuar, decisivamente no processo construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de direitos entre os cidadãos, baseados nos princípios democráticos. Essa igualdade implica, necessariamente, o acesso a totalidade dos bens públicos, entre os quais os conjuntos dos conhecimentos socialmente relevantes.” (Parâmetros Curriculares Nacionais, v.10, p.13). Essa relação entre as dimensões culturais traz um instrumento que permite o homem influenciar nas influências da sociedade, a partir da linguagem, através das interações para o seu desenvolvimento e aprendizagem. 7. DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES O projeto será aplicado no período que compõe uma semana ou quatro aulas de realização do projeto, sendo que a turma da primeira etapa do segundo ciclo irá trabalhar sobre o Candomblé: uma religião que os negros ensinaram aos brasileiros. 01. 1º Momento - Contextualizar que a história do candomblé começa com a chegada dos escravos no Brasil, pois na África não existe o que chamamos de candomblé, cada aldeia tinha o seu culto particular aos ancestrais. Explicar de onde provém à palavra candomblé (é de origem bantu, uma etnia da África), mostrando a partir de figuras que ilustram sua crença a seus modos de vida, sua religião, cozinha, música e outras manifestações sociais, o preconceito da sociedade portuguesa e as estratégias de associação dos Santos da Igreja predominante daquela época com seus orixás; 2º Momento - Realizar uma roda de conversa sobre a música característica, onde provém o batuque e instrumentos de percussão que deram origem ao nosso samba. Confeccionar com os alunos um batuque com sucata e tinta; 3º Momento - Relacionar através de um mapa como os negros povoaram Brasil e contribuíram para a economia através do seu trabalho e a partir de dobraduras em dedoches, confeccionar com os alunos as características culturas que são fundamentais para nossa cultura brasileira, montando uma maquete demostrando que o negro foi o grande povoador do nosso território, (empregando o seu trabalho desde as charqueadas do Rio Grande do Sul aos ervais do Paraná, engenhos e plantações do Nordeste, pecuária na Paraíba, atividades extrativas na Região Amazônica e na mineração de Goiás e Minas Gerais. E não apenas povoou, mas criou pequenas comunidades rurais em todo o território nacional através de quilombos, fundando núcleos populacionais, muitos dos quais existem até hoje). 02. 1º Momento - Solicitar que os alunos tragam de casa caixas e fotografias que julgam importantes e a partir dessas fotos solicitar que escrevam um texto sobre a história da família ou um acontecimento especial que tenha relação com os materiais trazidos; 2º Momento - Descrever os acontecimentos mais importantes representados nas fotos ao grupo, organizando a seqüência por valor e significado das fotos; 3° momento - Refletir com os alunos como as fotos ajudam a fazer a memória e sustentar a caminhada, as informações fazem a história. 4° Momento - Pesquisar os modos de celebrar e solenizar os grandes acontecimentos que são chamados de rituais pelas tradições religiosas relacionando com a influência do candomblé, com a festa de Iemanjá. 5º Momento - Elaborar um calendário em grupo, com as tradições religiosas de cada região do país, dialogando sobre as mais famosas. 03. 1º Momento - Contextualizar aos alunos como o negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baía, o azeite de dendê, confirmou a excelência da pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha. A cozinha negra, pequena mais forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau. Questionar com os alunos se conhecem algum prato que tenha esses condimentos e se já saborearam algum prato típico. 2° Momento - Convidá-los então a fazerem um doce típico afro-brasileiro chamado “Ado” feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de-dendê e mel. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Oxum). Conversar sobre os pratos e seus rituais e saborear o doce tão especial. Solicitar que registrem a receita no caderno e depois visitar outras salas oferecendo e comentando sobre a importância da receita. 04. 1º Momento - Conceituar que o candomblé das diversas "nações" africanas é a religião afro-brasileira que mais fielmente preserva as tradições dos antepassados e a menos permeável às transformações sincréticas, embora cultue secundariamente entidades assimiladas. Predomina na Bahia e tem muitos seguidores no Rio de Janeiro. O culto afro-brasileiro toma o nome de pajelança na Amazônia, babacuê no Pará, tambor-de-mina no Maranhão, xangô em Alagoas, Pernambuco e Paraíba e batuque no Rio Grande do Sul. Paradigma dos cultos de origem africana em todo o país, o ritual do candomblé pode ser considerado, do ponto de vista musical, um oratório dançado. Cada entidade -- orixá, exu ou erê -- tem suas cantigas e suas danças específicas. Tal como se encontra na Bahia, esse candomblé, que pode ser considerado mais ou menos ortodoxo, na realidade já se apresenta como um resumo de várias religiões trazidas pelos negros da África e incorpora ainda elementos ameríndios, do catolicismo popular e do espiritismo. 2º Momento - Convidá-los a construírem a partir dos conceitos elaborados sobre a religião, um porta-retrato aonde eles colocarão em desenho uma imagem que mostre a importância e o respeito a essa crença tão mágica, que norteia o dia-a-dia dos brasileiros. 8. RECURSOS DIDÁTICOS *Folhas sulfite *Lápis diversos *Tintas guaches *Pincéis *Sucatas (latas de achocolatado em pó) *Barbantes *Cola *Tesoura *Régua *Tigelas de barro *Colher *Ingredientes 9. AVALIAÇÃO • Compreensão da contribuição da cultura religiosa do Candomblé para a nossa sociedade; • Domínio da leitura, interpretação e relação da religião com os fatos históricos da nossa sociedade; • Respeito e valorização da tradição religiosa; relação com outras denominações; • Compreensão dos valores como influência da cultura e crença como convicções sobre esses valores; • Compreensão da importância do transcendente. 10. APROFUNDAMENTO DO CONTEÚDO O Candomblé, uma religião que tem por base a "anima" (alma) da Natureza, sendo, portanto chamada de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus Orixás/Inquices/ Voduns, sua cultura, e seus dialetos, entre 1549 e 1888. Embora confinado originalmente à população de escravos, proibido pela igreja Católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. É agora uma das religiões principais estabelecidas, com seguidores de todas as classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião. Na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros. Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas mutuamente como exclusivas, e muitos povos de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente. Orixás do Candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro. O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões Afro-Brasileiras com similar origem; e com religiões Afroderivadas similares em outros países do Novo Mundo, Santeria Cubana, e o Obeah, os quais foram desenvolvidos independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil. 11.REFERÊNCIAIS *Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Religioso. Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. 1996. *LEI DE DIRETRIZES E BASES, 1997. *MESLIN, M. A experiência humana do divino, fundamentos de uma antropologia religiosa. Petrópolis, Vozes, 1992. *PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Secretaria de Educação Fundamental. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. *LUBIENSKA, Helena de Lenval. A Educação Religiosa das crianças. São Paulo: Flamboyant, 1963. *História do candomblé disponível em: www.terrabrasileira.net.com.br is TEMAS