10789 Sickle Cell cover PortugueseV8:Layout 1 22/04/2009 11:58 Page 1 Edição original de 1997, financiada pelo: Ministério da Saúde, Reino Unido © The NHS Sickle Cell & Thalassaemia Screening Programme ISBN 0-9554319-4-8 Design e produção de: Straightedge Design www.straightedge.co.uk Publicação para revisão em 2011 Doença das Células Falciformes Um guia para os pais Um guia para os pais Segunda edição de 2006, financiada pelo: Programa de Investigação da Doença das Células Falciformes e Talassemia do NHS (Serviço Nacional de Saúde) Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes O seu centro / serviço / contacto da doença das células falciformes e da talassemia está localizado em: Cuidados e tratamento do seu filho com Oni L, Dick M, Smalling B, Walters J 2ª Edição 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 1 Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes Um guia para os pais Oni L, Dick M, Smalling B, Walters J 2nd Edition Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 2 Índice • Evitar o que possa desencadear uma crise das células falciformes AUTORES AGRADECIMENTOS PREFÁCIO OS PAIS COMPARTILHAM AS SUAS EXPERIÊNCIAS 1 2 O QUE É A DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES E UMA CRISE DAS CÉLULAS FALCIFORMES? • O que faz com que as células fiquem falciformes? 4 • Como é que o seu filho apanhou a doença das células falciformes? 5 TIPOS DE DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES 6 14 - Infecções 14 - Líquidos insuficientes 15 - Temperaturas extremas (frio ou calor) 15 - Stress e ansiedade 16 • Medicação de rotina 16 - Penicilina 16 - Ácido fólico 17 - Vacinação infantil 17 - Outras vacinações 18 IDAS À CLINICA DE DOENTES EXTERNOS DO HOSPITAL 19 • Por que tem o meu filho de ir à clínica? 19 - Obter informação e ajuda 20 - Anemia de Células Falciformes 6 - Análises ao sangue e outras pesquisas 20 - Doença de Hemoglobina Falciforme C 6 20 - Talassemia Falciforme Beta 6 • Contacto entre a clínica hospitalar e o seu médico de família - Anomalia Falciforme com Persistência Hereditária de Hemoglobina Fetal 6 TRATAR DA DOENÇA EM CASA 21 - Doença de Hemoglobina Falciforme D 7 • Febre 21 TRAÇOS DAS CÉLULAS FALCIFORMES (PORTADORAS) E OUTROS TRAÇOS 8 • Porque apareceu a anomalia das células falciformes e quem é que afecta? 9 - Como usar um termómetro 21 - Que fazer se o seu filho tiver uma temperatura alta 22 • Tratar a dor das células falciformes em casa 22 - Administração de analgésicos 23 - Líquidos suplementares 23 COMO VAI A DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES AFECTAR O MEU FILHO? 10 - Banhos quentes 24 Os efeitos da Doença das Células Falciformes - Anemia 10 10 - Uso de toalhas húmidas quentes ou de almofadas térmicas 24 - Iterícia* 10 - Massagens 24 - Aumento de volume do baço 11 - Brincadeiras calmas e distracção 24 - Dor 11 • Quando procurar assistência médica e de enfermagem 24 ALGUNS PROBLEMAS MÉDICOS 25 • Episódio de dor (crise das células falciformes) 25 • Aumento de volume do baço repentino 25 • Crise aplástica 26 - Crescimento e desenvolvimento físico 11 - Urinar na cama (durante o sono) 12 O meu filho vai apresentar todos estes sintomas? 12 QUE POSSO FAZER PARA TER O MEU FILHO BEM? 13 • Dieta e nutrição 13 • Meningite 26 • E a administração de suplementos de vitaminas ou ferro? 14 • Infecção pulmonar / síndrome torácico agudo 26 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 3 - Prevenção de doenças no estrangeiro 41 - Faça uma lista de verificação antes de viajar 42 27 SENTIMENTOS E RELAÇÕES FAMILIARES 43 27 • Como poderá sentir-se quando informado que o seu filho tem a doença das células falciformes? 43 • Reacção pública relativamente à doença das células falciformes 43 28 28 • Quem pode ajudar? 44 EMERGÊNCIAS MÉDICAS 29 • O seu pequeno filho com doença das células falciformes 45 • Situações em que o seu filho precisa ser visto por um médico imediatamente 29 • O seu filho adolescente com doença das células falciformes 46 QUE ESPERAR SE O SEU FILHO FOR HOSPITALIZADO 30 • Lidar com a doença das células falciformes 47 • Irmãos 47 • Familiarizar-se com a enfermaria 30 • Razões habituais para a hospitalização 31 • Necrose avascular da cabeça do fémur (dores na anca) 26 • Osteomielite (infecção óssea) 27 • Hematúria (sangue na urina) • Pedras na vesícula • Priapismo (erecção dolorosa do pénis) 27 • Acidente Cardiovascular 28 • Problemas de visão • Dores de cabeça - Investigações médicas 31 - Medicação para alívio da dor 31 - Necessidade de outra medicação 32 - Administração de líquidos por via intravenosa 32 • Voltar a casa após a hospitalização 33 TRANSFUSÕES SANGUÍNEAS 34 • Tipos de transfusões sanguíneas 34 - Como lidar com os sentimentos dos irmãos? 47 • Lidar com os avós e outros familiares 47 QUESTÕES PRÁTICAS COM AS QUAIS LIDAR 48 • Planeamento antecipado 48 • Pais trabalhadores 48 - Questões frequentes que os pais colocam sobre problemas no emprego 49 ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS SOCIAIS 51 35 GRAVIDEZ E NASCIMENTOS FUTUROS 52 • Religião e Transfusões Sanguíneas 35 52 • Tratar a sobrecarga de ferro 36 • Quais as probabilidades de ter outro filho com doença das células falciformes? 52 O SEU FILHO FORA DE CASA 37 • Como descobrir que tipo de hemoglobina eu e o meu parceiro temos? • Cuidadores, Amas e infantários 37 • O que é que o nosso filho pode herdar? 52 • Um bebé por nascer pode ser testado ainda no útero? 59 - Transfusão pré-operatória • Segurança do sangue 34 • O seu Filho na Escola 37 - Progresso educativo 38 • Viagens e ir para o estrangeiro 39 - Prevenção e Medicação contra a Malária 39 - Vacinação 40 - Outra medicação no estrangeiro 40 - Seguro de viagem 40 - Relatórios médicos 41 - Cuidados em viagem 41 • Diagnóstico Pré-natal (PND) 59 a) Biopsia das vilosidades coriónicas 59 b) Amniocentese 59 c) Amostra de sangue fetal 59 - E se o resultado mostrar que o bebé por 60 nascer tem a doença das células falciformes? • Diagnóstico genético de pré-implantação 60 Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 4 Índice DESENVOLVIMENTOS NO TRATAMENTO 62 DA DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES • Hidroxiureia 62 • Transplante de medula óssea 63 • Terapia génica 63 EXAMES MÉDICOS E SEU SIGNIFICADO 64 • Análises ao sangue 64 - Electroforese da Hemoglobina 64 - Teste de hemoglobina fetal 64 - Contagem Sanguínea Completa (CBC) 64 - Teste de traço talassémico alfa 65 - Contagem de reticulócitos 65 - Química do sangue 65 - Teste de Deficiência de Glucose 6-Fosfato-Desidrogenase (G6PD) 65 • Testes à urina 65 • Radiografias e tomografias 66 PRESTADORES DE CUIDADOS DE SAÚDE E SERVIÇOS SOCIAIS 67 FUNÇÃO DOS CENTROS DE 72 TRATAMENTO DA DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES E DA TALASSEMIA • Organismos públicos 94 • Outros contactos úteis 94 LEITURA ACONSELHADA 95 SECÇÕES DA INTERNET ACONSELHADAS 95 ÍNDICE REMISSIVO 96 Todos os direitos reservados. Não é permitida a reprodução ou transmissão desta publicação sem permissão prévia dos autores de acordo com a disposição das leis de direitos de autor, designs e patentes de 1988. Deverá ser obtida permissão para o uso do conteúdo e design junto do Centro da Doença das Células Falciformes e da Talassemia de Brent. ORGANIZAÇÕES VOLUNTÁRIAS 74 • Organização para a Pesquisa da Anemia das Células Falciformes (OSCAR) 75 • Sociedade da Doença das Células Falciformes (SCS) 75 • Sociedade da Talassemia do Reino Unido (UK THAL) 75 Primeira publicação em 1997, 2ª Edição em 2006, Brent Sickle Cell & Thalassaemia Centre, Londres, INGLATERRA. • Adesão a organizações voluntárias 76 ISBN 0-9554319-4-8 QUESTÕES FREQUENTES DOS PAIS 77 Podem ser obtidas cópias deste manual junto do: Centro da Doença das Células Falciformes e da Talassemia de Brent Tel: 020 8961 9005 GLOSSÁRIO DE TERMOS E ABREVIATURAS 84 © Programa de Investigação da Doença das Células Falciformes e da Talassemia, do NHS (Serviço Nacional e Saúde) 2006 ENDEREÇOS ÚTEIS 87 Programas de Investigação da Doença das Células Falciformes e da Talassemia do NHS (Serviço Nacional e Saúde) • Centros e Serviços Especializados na Doença das Células Falciformes e Talassemia 87 Tel: 020 7848 6634 • Organizações voluntárias 91 • Centros Regionais de genética no Reino Unido 93 www.screening.nhs.uk/sickleandthal É provável que este manual seja revisto em 2011. 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 5 AUTORES AGRADECIMENTOS Lola Oni, OBE, Enfermeira Especialista, Directora de Serviços Profissionais / Conferencista na Doença das Células Falciformes, Talassemia e Promoção da Saúde, Centro da Doença das Células Falciformes e da Talassemia de Brent NW London Hospitals NHS Trust, Londres Agradecemos ao Programa de Investigação da Doença das Células Falciformes e da Talassemia do NHS (Serviço Nacional de Saúde) pelo financiamento desta segunda edição do manual para pais. Dra. Moira Dick, Pediatra Consultora Comunitária, Lambeth Primary Care Trust King’s College Hospital, Londres Joan Walters, Médica Sénior Conferencista em Saúde Infantil / Hematologia Pediátrica, Florence Nightingale School of Nursing & Midwifery, King’s College, Londres Beverley Smalling, Directora do Serviço, Centro da Doença das Células Falciformes e da Talassemia de Hackney, Hackney Primary Care Trust, Londres Agradecimentos especiais às crianças com a doença das células falciformes, aos seus pais e familiares por terem inspirado a equipa a redigir o livro original, que se transformou num recurso crucial para os pais de crianças com a doença das células falciformes, esperamos que as informações e conselhos nele incluídos vos continuem a encorajar e a dar forças. Membros da Equipa do Projecto Carol Nwosu, mãe Elaine Beresford, Técnica Profissional de Segurança Social Especialista, Distrito de Hammersmith e Fulham, Iyamide Thomas, Conselheira Regional, Sociedade da Doença das Células Falciformes, Reino Unido Também agradecemos ao Dr. Kofi Anie, Psicólogo Clínico Sénior, Centro da Doença das Células Falciformes e da Talassemia de Brent, NW London Hospitals NHS Trust, Londres Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 6 Índice Em memória do Sr. Wale Akeredolu pela sua contribuição para as ilustrações originais e actuais 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 1 PREFÁCIO Talvez tenham acabado de saber que o seu bebé recém-nascido ou um dos seus filhos mais velhos sofre da doença das células falciformes e descoberto que esta doença se deve a uma anomalia sanguínea hereditária. É frequente pais como vocês sentirem-se chocados, confusos, zangados e com medo; não conseguem acreditar, podem sentir-se responsáveis ou culparem-se um ao outro por terem ‘dado’ uma doença ao vosso filho. É frequentes os pais não saberem o que dizer aos familiares e amigos. Estão confusos sobre como tratar o seu filho e sobre o que esperar. Estes sentimentos são naturais em todos os pais quando é descoberto que o seu filho tem uma anomalia hereditária, quer seja a doença das células falciformes ou qualquer outra doença hereditária. Esperamos que este manual o ajude a compreender alguns destes sentimentos e ajude a saber mais sobre a doença das células falciformes de modo a que se sinta mais confiante no que respeita aos cuidados com o seu filho e em como e o que dizer aos seus familiares e amigos. Poderá viver numa área onde existam poucas pessoas que sofram da doença das células falciformes e os profissionais de saúde da sua área poderão não ter muita experiência no tratamento de pessoas que sofram da doença das células falciformes. Se for este o caso, vale a pena mencionar este livro ou levá-lo consigo quando consultar os profissionais de saúde, especialmente na sua primeira visita. Já lhe podem ter contado coisas assustadoras sobre a doença das células falciformes ou pode conhecer um amigo ou familiar que sofra da doença. A doença das células falciformes é muito variável e afecta as pessoas de forma diferente, mesmo elementos da mesma família. Existem muitos mitos e ideias erradas sobre a doença das células falciformes. Esperamos que este manual desfaça alguns destes mitos e lhe forneça informações claras. Esperamos que o manual seja fácil de utilizar e compreender. Alguns dos termos científicos podem ser uma novidade para si. Estes termos são explicados de forma sucinta no glossário (página 84). Pretendemos que o livro seja uma introdução e o ponto de partida para obter mais informação junto do seu médico, enfermeiro/conselheiro especialista, técnica profissional de segurança social especialista, pediatra ou hematologista. Poderá querer lê-lo até ao fim. Pode igualmente limitar-se a saltar para determinado capítulo, quando quiser saber mais sobre um determinado aspecto da doença das células falciformes. A doença das células falciformes atinge tanto homens como mulheres. Com a excepção de um estado clínico chamada priapismo, que afecta apenas os homens, todos os assuntos discutidos neste livro afectam ambos os sexos. Mas, por motivos de facilidade de expressão, é utilizada a forma masculina em todo o livro, à excepção das condições que afectam apenas as mulheres. Lembre-se que nem todas as coisas mencionadas neste livro irão afectar o seu filho. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 1 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 2 Que posso fazer para ter o meu filho bem? OS PAIS COMPARTILHAM AS SUAS EXPERIÊNCIAS “Lembro-me quando me disseram pela primeira vez que o meu filho sofria da doença das células falciformes. Ele tinha oito meses e eu tinha-o levado ao hospital porque tinha um pouco de febre... Fizeram um monte de análises e o médico disse-me, bem eu chorei, chorei muito. Penso que chorei durante uma eternidade. De cada vez que olho para ele, fico preocupada: e se não perceber quando está com dores ou a sentir-se mal? Costumava vigiálo constantemente; costumava ir vê-lo enquanto estava a dormir. De início, não queria que mais ninguém tomasse conta dele, nem mesmo o meu marido... Com o tempo, descobri que só estava à espera da crise... vocês sabem o que é a crise?... A crise das células falciformes? Todos os dias espero pela crise. Depois de cerca de um ano de espera e de ele não ter tido nenhuma, fiquei ainda mais preocupada… talvez esteja tudo a acontecer secretamente no seu pequenino corpo... por isso costumava levá-lo ao médico (médico de família) só para ter a certeza... Ele só teve a sua primeira crise aos três anos de idade. No fim, aprendemos a viver um dia de cada vez e a lidar com as situações à medida que elas surgem...” Mãe de uma criança de doze anos com a doença de hemoglobina falciforme C “Quando a minha bebé nasceu, era linda e eu estava muito orgulhosa, mas quando me disseram que sofria de anemia de células falciformes, fiquei muito perturbada. Pensei que ela fosse morrer como o meu irmão no Gana e não me queria afeiçoar a ela. Mas, com o tempo e com o apoio dos profissionais, aprendemos a viver com a sua doença e amamo-la muito. Ela não tem muitas crises e esperamos que um dia será encontrada uma cura.” Mãe de uma criança de dez anos com anemia de células falciformes “O meu bebé tinha três meses quando o especialista de hematologia me informou da situação do meu bebé. Chorei sem parar durante cinco minutos e a primeira pergunta que me veio à mente foi “O que vou fazer?”... O meu companheiro não acreditou. Ele disse, “Os médicos estão a mentir.” Contei à minha melhor amiga. Ela disse “Este miúdo parece estar muito bem e saudável. Deve haver algum engano.” Depois abraçou-me e chorámos juntas... A clínica de tratamento para a doença das células falciformes é uma grande ajuda. Agora, o meu bebé tem dois anos de idade e estou a lidar muito bem com a situação porque ele pode dizer-me onde lhe dói e se está cansado...” Mãe de uma criança de dois anos com anemia de células falciformes “Lembro-me do dia em que me disseram que ele sofria da doença das células falciformes como se fosse ontem. Fiquei totalmente arrasada e, de início, não aceitava o que me tinham dito. Ao longo dos anos, com ajuda da equipa de apoio à doença das células falciformes e por ser cristã, acabei por aceitar a doença do meu filho e dar-lhe todo o meu apoio.” Mãe de uma criança de nove anos com anemia de células falciformes 2 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 3 “Aprendemos a não deixar que controle a tua vida… sim, por vezes pode ser difícil, mas aprende-se a lidar com a situação. Temos de o fazer porque, de outro modo, se não conseguirmos fazê-lo como é que ela vai aprender a lidar com a doença quando crescer? Para mim, o mais importante é que a nossa filha tenha uma infância normal; sim, há coisas que ela não pode fazer, mas há muitas outras coisas que ela faz melhor que os seus colegas. Na escola, dizem que é muito esperta para a idade; o seu nível de leitura está dois anos à frente da restante turma e isso deve-se ao facto de eu passar tempo a trabalhar com ela. A nossa filha tem cerca de três crises por ano e depois tem de faltar às aulas, mas a escola é muito boa: a professora dela vai-me informando dos progressos que fazem nas aulas.” Pai de uma criança de nove anos com anemia de células falciformes “Levei muito tempo até aceitar esta situação, na verdade, o meu marido aceitou mais depressa que eu. Quando descobrimos, a nossa filha tinha apenas dois meses de idade. O meu marido disse simplesmente, “Bem... aconteceu, aconteceu.” Isso enfureceu-me... tivemos uma discussão enorme depois da enfermeira ter saído. Achei que ele não tinha compreendido a gravidade da situação... ou que não se importava, mas agora quando penso nisso, vejo que foi a maneira dele lidar com a notícia. Ele queria apenas saber tudo sobre aquilo para poder cuidar da nossa filha. Fiquei furiosa durante várias semanas, e conseguia reparar que o meu marido também estava preocupado, mas ele tentava não o mostrar. Ela teve duas crises: uma quando tinha cerca de um ano e outra quando foi para o infantário (com quatro anos e meio). Vou lidando com a situação... toda a família está envolvida. Garantimos de que a minha mãe e o meu sogro sabem tudo sobre a doença, bem como os restantes membros da família porque eles ficam a tomar conta dela... A minha mãe é estupenda: ela acalma-me quando fico preocupada e começo a entrar em pânico. Temos tido sorte, a nossa filha não tem tido muitos problemas. Tentamos fazer todas as coisas que possam ajudá-la a sentir-se bem. A nossa enfermeira assistente é mesmo boa. Se estou preocupada, basta telefonar-lhe.” Mãe de uma criança de sete anos com doença de hemoglobina falciforme C “Quando o meu menino nasceu e nos disseram que sofria de anemia de células falciformes ficámos arrasados. Eu e o meu marido culpávamo-nos um ao outro. Sentíamo-nos tão envergonhados que não queríamos contar aos nossos familiares. Ao longo dos anos, temos tido muito apoio dos especialistas nas doenças das células falciformes e dos médicos do hospital. Agora, sabemos muito mais sobre a doença e, embora nos preocupemos com o nosso filho, temos a confiança necessária para cuidar dele. Rezamos a Deus que seja descoberta uma cura.” Mãe de uma criança de oito anos com anemia de células falciformes Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 3 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 4 Que posso fazer para ter o meu filho bem? O QUE É A DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES E UMA CRISE DAS CÉLULAS FALCIFORMES? A doença das células falciformes é um termo que abrange várias doenças diferentes, mas semelhantes, que afectam a hemoglobina. A hemoglobina dá ao sangue a sua cor vermelha e é responsável por transportar o oxigénio dos pulmões para todas as partes do corpo. Os tipos de doenças das células falciformes mais comuns no Reino Unido são a anemia de células falciformes, a doença de hemoglobina falciforme C e a talassemia falciforme beta. Estas estão descritas pormenorizadamente na página 6. Estas doenças são designadas "células falciformes" porque os glóbulos vermelhos, que normalmente são redondos e muito flexíveis, ganham a forma de uma lua em quarto crescente ou de uma foice. Na doença das células falciformes, os glóbulos vermelhos não duram tanto tempo no corpo quanto os glóbulos vermelhos normais, e isto conduz à anemia. Os glóbulos vermelhos falciformes também não são tão flexíveis quanto os glóbulos vermelhos normais e nem sempre conseguem passar pelos vasos sanguíneos muito pequenos. Se as células falciformes ficarem presas nos vasos sanguíneos, o sangue não pode circular facilmente, e isto causa um bloqueio e provoca dor na zona afectada. Esta situação é conhecida como uma crise das células falciformes ou crise de dor: é frequente a dor aparecer subitamente e pode durar várias horas ou dias. Glóbulo vermelho normal Fluxo sanguíneo normal Fluxo sanguíneo falciforme (bloqueio) Glóbulo vermelho falciforme O que faz com que as células fiquem falciformes? Os glóbulos vermelhos alteram-se para uma forma falciforme quando se encontram nas veias, porque lhes falta oxigénio. Voltam à sua forma redonda original quando se encontram nas artérias, onde há mais oxigénio. Certas situações podem contribuir para aumentar a formação de células falciformes, por exemplo: • Quantidade de oxigénio reduzida (ar) 4 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 5 • Desidratação (falta de água no organismo) • Infecção • Mudanças repentinas da temperatura do corpo • Esforço físico • Stress Consultar a página 14 para obter mais informação sobre como evitar algumas destas situações. Como é que o seu filho apanhou a doença das células falciformes? A doença das células falciformes é uma doença hereditária. Isto significa que o seu filho herdou um gene da hemoglobina pouco comum, de si ou do seu companheiro. (Ver a ilustração da hereditariedade nas páginas 52-58). A doença das células falciformes • NÃO é leucemia, cancro ou HIV • NÃO é uma deficiência de ferro • NÃO é infecciosa nem contagiosa • NÃO são os glóbulos brancos a comer os glóbulos vermelhos O tipo de hemoglobina normal e mais comum é a hemoglobina de tipo A, que se designa por hemoglobina adulta. Existem mais de 1000 genes da hemoglobina pouco comuns, mas aqueles que são mais observados habitualmente no Reino Unido, e que afectam o gene da hemoglobina adulta são a hemoglobina S (que é a hemoglobina falciforme), a hemoglobina C, a hemoglobina D, a beta-talassemia e a alfa-talassemia. Todos os bebés nascem também com a hemoglobina de bebé ou fetal, designada hemoglobina F, independentemente do gene de hemoglobina adulta que tenham herdado dos seus pais. A hemoglobina F representa 90% da hemoglobina dos recém-nascidos no momento do nascimento. Por volta dos doze meses de idade, este nível cai para 1% e permanece neste nível até à idade adulta. Uma doença hereditária, como a doença das células falciformes, mantém-se com a pessoa durante toda a vida, embora exista investigação sobre novas formas de tratamento que poderão alterar o gene. A doença das células falciformes varia em termos de gravidade de pessoa para pessoa devido a razões que não são claras, nem mesmo para os cientistas que investigam esta matéria. Sabe-se que herdar o traço de alfa-talassemia (também conhecido normalmente por portador de alfa-talassemia) ou a capacidade de ser portador da hemoglobina F (hemoglobina fetal) tende a tornar a doença menos grave. Existem muitas coisas que pode fazer para ajudar a manter o seu filho saudável e é importante reconhecer os primeiros indícios da doença, que pode então ser tratada de imediato. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 5 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 6 Que posso fazer para ter o meu filho bem? TIPOS DE DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES Normalmente, é evidente a partir da primeira análise ao sangue que tipo de doença das células falciformes o seu filho herdou. Por vezes não é este o caso, em particular se o tipo de hemoglobina de ambos os pais for desconhecido. Nesses casos, pode ser necessário aguardar até que o seu filho tenha de seis meses a um ano de idade antes de ter a certeza do tipo de doença das células falciformes que o seu filho herdou, embora também possa ser pedida uma análise genética especial para obter uma resposta mais cedo. Após a confirmação do resultado, certifique-se de que o seu enfermeiro especialista e médico o informam do tipo que o seu filho herdou. Anemia de células falciformes: é a forma mais vulgar da doença das células falciformes e ocorre se o seu filho tiver herdado o gene da hemoglobina S de ambos os pais para a produção da hemoglobina SS, por vezes designada HbSS. O modo como a anemia de células falciformes irá afectar o seu filho é muito variável e não é possível prever quando o seu filho é muito jovem. A anemia de células falciformes tende a ser a mais grave das doenças das células falciformes, mas nem sempre é esse o caso. Doença de hemoglobina falciforme C: ocorre se o seu filho tiver herdado o gene da hemoglobina S de um dos pais e o gene da hemoglobina C do outro para produzir a doença de hemoglobina SC, por vezes designada HbSC. Geralmente, a doença de hemoglobina SC é menos grave que a anemia de células falciformes, mas poderão ocorrer muitos dos mesmos problemas de saúde. Doença de beta-talassemia falciforme: ocorre se o seu filho tiver herdado o gene da hemoglobina S de um dos pais e o gene da beta-talassemia do outro, por vezes designada HbSßThal. O gene da beta-talassemia é diferente do gene da doença das células falciformes, mas pode ser herdado com um gene falciforme para provocar a beta-talassemia falciforme. Em alguns casos, é produzida uma pequena quantidade da comum hemoglobina A; neste caso, a criança sofre de beta-talassemia falciforme major, por vezes designada HbSß+Thal, que tende a ser uma forma menos grave da doença das células falciformes. Quando não é produzida hemoglobina A, a doença é conhecida como beta-talassemia falciforme zero, por vezes designada HbSß°Thal. Esta comporta-se mais como a anemia de células falciformes. Para mais informação sobre a betatalassemia contacte a UK Thalassaemia Society (Sociedade de Talassemia do Reino Unido) ou um dos centros especializados (os endereços encontram-se na página 87-90). 6 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 7 Anomalia falciforme com persistência hereditária da hemoglobina fetal: ocorre se o seu filho herdou o gene da hemoglobina S de um dos pais e um gene persistente de hemoglobina F do outro. Por vezes é designada HbS/HPFH e é muito raro provocar qualquer problema de saúde. Doença da hemoglobina falciforme D: é uma forma menos comum da doença das células falciformes e ocorre se o seu filho tiver herdado o gene da hemoglobina S de um dos pais e o gene da hemoglobina D do outro, por vezes designada HbSD. Esta forma pode ser tão grave quanto a anemia de células falciformes, mas também pode ser mais suave. Neste livro, iremos escrever principalmente sobre a doença das células falciformes como se fosse uma única doença, embora reconheçamos que os diferentes tipos não são todos iguais no modo como afectam a saúde de um indivíduo. Alguns são menos graves que outros e as crianças com o mesmo tipo de doença das células falciformes podem ter diferentes experiências da doença e de problemas médicos. Sempre que existam diferenças óbvias ou quando existirem determinados problemas de saúde, tal será especificado. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 7 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 8 Que posso fazer para ter o meu filho bem? TRAÇOS DAS CÉLULAS FALCIFORMES (PORTADORAS) E OUTROS TRAÇOS Ter um traço é normalmente designado como ser portador e não afecta a pessoa em qualquer aspecto. Não é uma forma da doença das células falciformes e nunca se transformará na doença das células falciformes. Se uma pessoa nascer com um traço, ela é saudável e irá sempre ter um traço. O traço das células falciformes significa que uma pessoa herdou um gene da hemoglobina normal A e um gene de hemoglobina falciforme S dos seus pais, por vezes designado HbAS. Outros traços de hemoglobina comuns observados no Reino Unido incluem o traço de hemoglobina C, em que uma pessoa herdou o gene da hemoglobina normal A e um gene de hemoglobina C pouco comum dos seus pais (HbAC). O traço da beta-talassemia ocorre Distribuição mundial do Gene das Células Falciformes quando uma pessoa herdou um gene da hemoglobina normal A e um gene beta dos seus pais - HbAßThal. A importância de saber se um indivíduo tem um traço de células falciformes ou qualquer outro traço de hemoglobina pouco comum deve-se ao facto do gene da hemoglobina pouco comum poder ser transmitido aos filhos através da herança genética. O modo como esta herança funciona é explicado pormenorizadamente na página 52. 8 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 9 Porque apareceu a anomalia das células falciformes e quem é que afecta? Pensa-se que o gene da hemoglobina das células falciformes é uma pequena alteração (mutação) no gene da hemoglobina A que ocorreu há muitos milhares de anos atrás nos países em que a malária era comum. Isto deve-se ao facto de ter sido encontrada hemoglobina S em pessoas cujos antepassados eram originários da África, Ásia, Médio e Extremo Oriente e Mediterrâneo. O traço de células falciformes é encontrado, aproximadamente, em: • 1 em cada 4 Africanos Ocidentais • 1 em cada 10 Africanos-Caribenhos • 1 em cada 20 Portugueses • 1 em cada 20-50 Asiáticos • 1 em cada 100 Gregos do Norte Também é observado, muito raramente, em Caucasianos Ingleses e em outros Europeus do Norte, devido ao casamento consanguíneo e à subsequente mistura de genes entre diferentes grupos étnicos. É importante perceber que a herança das células falciformes ou de qualquer outro tipo de hemoglobina pouco comum não está relacionada com a cor da pele de uma pessoa; está relacionada com os genes que são herdados dos seus pais. Nas regiões do mundo em que a malária é um perigo, os portadores do traço das células falciformes (HbAS) tinham mais probabilidades de sobreviver à malária do que os portadores do gene da hemoglobina normal (HbAA). Esta vantagem significava que a hemoglobina S tinha mais probabilidades de ser transmitida às gerações seguintes através dos portadores do traço das células falciformes. Infelizmente, quem herdou dois dos genes falciformes e sofria de anemia de células falciformes (HbSS) não estava protegido contra a malária, e tinha também mais probabilidades de ter os problemas médicos que são descritos a seguir neste manual. Para informação sobre a malária e a necessidade de protecção, consultar a página 39. Todos os outros genes de hemoglobina pouco comuns que foram descritos aqui, provavelmente oferecem também algum tipo de protecção contra a malária. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 9 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 10 Que posso fazer para ter o meu filho bem? COMO VAI A DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES AFECTAR O MEU FILHO? Durante os primeiros três a seis meses de vida, o seu filho poderá não mostrar sinais da presença da doença das células falciformes, uma vez que no nascimento existe um elevado nível (cerca de 90%) de hemoglobina fetal F, por vezes designada HbF, e um nível muito baixo de hemoglobina falciforme S (HbS) (cerca de 5-10%). Ao longo do primeiro ano de vida, o nível de hemoglobina F começa a diminuir, à medida que a criança começa a produzir mais hemoglobina S. Algumas crianças continuam a produzir níveis de hemoglobina F superiores, mesmo na idade adulta. Isto pode ser verificado através de uma análise especial ao sangue. Quanto mais tempo o seu filho continuar a produzir hemoglobina F melhor, dado que significa que estará a produzir menos hemoglobina S, e é menos provável que tenha muitas crises das células falciformes. (Consultar também a página 25 para uma explicação sobre as crises de células falciformes.) Os efeitos da Doença das Células Falciformes Anemia: Quando uma criança produz bastante mais hemoglobina S, os seus glóbulos vermelhos não irão viver tanto tempo na circulação sanguínea quanto as células que contêm a normal hemoglobina A. O organismo tenta compensar através da produção de mais glóbulos vermelhos mas, normalmente, não consegue compensar o suficiente e o seu filho fica anémico. O seu filho poderá parecer pálido e as palmas das mãos e os lábios poderão parecer mais pálidos que os seus. Este tipo de anemia é conhecido como anemia hemolítica e não é igual ao tipo de anemia provocado pela falta de ferro. Por este motivo, não deverão ser administrados suplementos ou medicamentos de ferro, a menos que sejam receitados pelo médico da criança. (Consultar também a página 14.) Os seus médicos poderão receitar comprimidos ou outra medicação de ácido fólico, uma vez que o organismo usa o ácido fólico no fabrico de novos glóbulos vermelhos. No Reino Unido, a maioria das crianças obtém ácido fólico suficiente a partir das suas dietas normais e, normalmente, não são necessários comprimidos suplementares de ácido fólico. Iterícia*: Quando os glóbulos vermelhos chegam ao fim da sua vida útil, são dissolvidos pelo organismo. Uma das substâncias produzidas é um pigmento amarelo chamado bilirrubina. O fígado elimina a bilirrubina do corpo, mas se existir uma grande quantidade de bilirrubina, o fígado pode não ser capaz de a eliminar completamente e o pigmento amarelo poderá ser observado nos olhos, uma doença conhecida como Iterícia*. Algumas crianças poderão ter sempre os olhos ligeiramente amarelados, mesmo quando estão bem de saúde. Outras poderão ficar itéricas* apenas quando não estão bem, por exemplo, com tosses e constipações ou se tiverem uma crise de dor. 10 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 11 Aumento de volume do baço: O baço é um órgão que se encontra no lado esquerdo da barriga, por baixo da caixa torácica. Um dos primeiros aspectos que o seu médico pode notar é que o baço do seu filho é grande e palpável imediatamente abaixo das costelas. O baço ajuda a eliminar infecções do organismo e também elimina as células sanguíneas velhas ou danificadas. O baço poderá continuar a aumentar durante algum tempo mas depois as suas dimensões reduzem-se e pode até deixar de funcionar por completo. Esta situação deve-se ao facto de ficar obstruído com os glóbulos vermelhos falciformes que está a tentar limpar do organismo. Se o baço ficar obstruído por células falciformes, não poderá limpar o organismo de infecções. É por isso que recomendamos que o seu filho tome penicilina duas vezes por dia. (Consultar a página 16 para mais informação sobre a penicilina.) Por vezes, o baço acumula mais sangue do que apenas os glóbulos vermelhos falciformes. Quando isto acontece, repentinamente o baço fica muito grande e sensível à dor e a criança fica muito pálida. Esta doença é conhecida como sequestro esplénico agudo. A criança precisa de hospitalização urgente e provavelmente precisará de uma transfusão sanguínea. (Consultar a página 25 para informação sobre problemas no baço e a página 34 para informação sobre transfusões sanguíneas.) É importante aprender a apalpar a barriga do seu filho para poder determinar se o baço está a ficar maior que o normal. Em condições ideais, isto deveria ser feito todos os dias, talvez durante o banho, mas especialmente se ele não parecer estar bem. O médico ou o seu enfermeiro especialista poderá indicar-lhe como apalpar o baço para ver se este está a aumentar de tamanho. Dor: Um dos primeiros sinais da doença das células falciformes poderá ser a ocorrência de inchaços dolorosos nos dedos das mãos, mãos, nos dedos dos pés e pés. Esta doença é conhecida como dactilite (síndrome de mão-pé) e poderá ocorrer a partir dos seis meses de idade. Se o seu filho tem gatinhado ou andado e, de repente, parecer relutante em fazê-lo, isso poderá dever-se à dactilite. Será necessária a administração regular de analgésicos e muitos líquidos à criança e, ocasionalmente, poderá ser necessária a hospitalização, (consultar a página 22) para aprender a tratar de uma crise de células falciformes em casa). O inchaço desaparece, normalmente, ao fim de alguns dias. É invulgar as crianças sofrerem de dactilite depois dos 18 meses de idade. Após esta idade, um episódio de dor ou crise típico afecta os braços ou as pernas, mas pode afectar as costas e, por vezes, o abdómen (barriga). Quando o seu filho é jovem, pode ser difícil saber se está a sentir dores e, por vezes, é melhor dar-lhe um analgésico mesmo quando não tem a certeza. Obviamente, tal como qualquer outra pessoa, o seu filho poderá sentir dores sem se tratar de uma crise de células falciformes. Isto pode ser confuso, mas à medida que eles crescem, irá aprender a reconhecer as diferenças. Crescimento e desenvolvimento físico: É normal que as crianças com a doença das células falciformes sejam mais magras e ligeiramente mais baixas que as crianças que não sofrem da mesma doença; no entanto, habitualmente crescem a um ritmo constante. Tendem a passar pela puberdade numa idade mais avançada que o normal, e isto significa que também continuam a crescer durante mais algum tempo, mas com o tempo atingem a sua altura normal de adulto. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 11 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 12 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Urinar na cama (durante o sono) (também conhecida como enurese nocturna): É normal que as crianças façam chichi na cama até à idade de cinco ou seis anos. Poderá demorar um pouco mais de tempo para que uma criança com a doença das células falciformes passe a noite sem fazer chichi. Isto pode dever-se, em parte, ao facto da criança ter uma urina muito diluída e porque também bebe mais líquidos de modo a evitar a desidratação. A maioria das crianças acabam por deixar de fazer chichi na cama sozinhas, com o devido apoio e encorajamento, mas algumas precisam ser encaminhadas para uma clínica especializada onde possam receber tratamento. As crianças que fazem chichi na cama nunca devem ser castigadas, dado que é algo sobre o qual não têm um controlo consciente. Se o seu filho tem mais de seis anos e ainda faz chichi na cama, peça ao seu médico que o encaminhe para uma clínica especializada neste assunto. O meu filho vai apresentar todos estes sintomas? Não necessariamente. As crianças, especialmente aquelas que sofrem de anemia falciforme, HbSS ou beta-talassemia falciforme zero (HbSß°Thal) são habitualmente anémicas e podem ficar itéricas* quando não estão bem de saúde. Algumas crianças poderão sofrer permanentemente de Iterícia* suave. Nem todas as crianças com a doença das células falciformes têm um baço grande e nem todas sofrem de dactilite (síndrome mão-pé). Algumas crianças raramente sofrem dores, embora este seja o sintoma mais comum da doença das células falciformes. As crianças que têm hemoglobina SC ou Sß+Thal tendem a ser muito ligeiramente anémicas e, normalmente, não ficam itéricas* a menos que tenham uma crise. Neste tipo de doenças das células falciformes, um aumento de volume do baço é bastante comum mas, normalmente, não provoca quaisquer problemas graves. Para informação sobre algumas outras complicações relacionadas com as células falciformes que podem afectar uma criança com a doença das células falciformes, consultar a página 25. 12 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 13 QUE POSSO FAZER PARA TER O MEU FILHO BEM? Nos primeiros meses de vida, o seu filho irá crescer e desenvolver-se tal como qualquer outra criança e não será minimamente afectado pela doença das células falciformes. Isto deve-se ao facto de ainda estar a produzir muita hemoglobina fetal F e não tanta hemoglobina S. Após cerca de seis meses, é possível que possam acontecer problemas com as células falciformes. Existem precauções básicas que pode ter para ajudar a ter o seu filho bem e estas precauções são sublinhadas a seguir. Por favor lembre-se de que nem sempre é possível evitar uma crise das células falciformes; consultar a página 22 para saber como tratar uma crise de dores das células falciformes. Dieta e nutrição Todas as crianças em crescimento precisam de proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas e sais minerais. Estes serão obtidos a partir de uma dieta contendo peixe, carne, fruta e vegetais frescos. É recomendado que todos devamos consumir cinco porções diárias de fruta e vegetais. As crianças com a doença das células falciformes não necessitam de uma alimentação especial. Devem comer o mesmo que o resto da família. Se a sua família for vegetariana, será melhor conversar com a sua enfermeira de infância para verificar se o seu filho está a receber as quantidades de proteínas e gorduras necessárias à sua dieta. Por vezes as crianças com a doença das células falciformes ingerem coisas que não são nutritivas como giz, papel ou espuma. Isto é conhecido como picacismo e a causa é desconhecida. Normalmente não é nocivo, mas vale a pena mencionar o facto ao médico do se filho. As crianças com a doença das células falciformes correm um risco maior de contrair determinadas infecções, que incluem a intoxicação alimentar provocada por salmonelas. O frango e os ovos podem estar infectados com salmonelas. É importante cozinhar estes e outros alimentos muito bem. As salmonelas podem provocar uma infecção óssea designada por osteomielite. (Consultar a página 27.) É importante descongelar totalmente os alimentos congelados antes de cozinhá-los e certificar-se de que os alimentos congelados do supermercado são cozinhados de acordo com as instruções do fabricante. Devem ter-se cuidados adicionais ao reaquecer alimentos previamente cozinhados. Certifique-se de que os alimentos são aquecidos uniformemente, especialmente se estiver a utilizar um forno microondas. Os pais preocupam-se frequentemente que o seu filho com a doença das células falciformes não esteja a comer o suficiente e não esteja a ganhar peso. É muito raro ser essa a situação. As crianças com a doença das células falciformes tendem a ser magras, Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 13 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 14 Que posso fazer para ter o meu filho bem? mas normalmente crescem a um ritmo constante. O seu filho será pesado e medido regularmente na clínica de doentes externos. Caso exista um problema com o crescimento, será identificado precocemente. O seu filho precisa ser encorajado a desenvolver capacidades de alimentação na idade adequada e a alimentar-se às horas certas das refeições, com a restante família. Não é uma boa ideia tentar forçar uma criança a comer, pois pode torná-la mais relutante a comer normalmente. Se o jejum fizer parte das práticas religiosas da sua família, tem de ter em consideração as necessidades especiais do seu filho com a doença das células falciformes. Embora não deva ser educado de forma diferente dos seus irmãos e irmãs, o jejum durante longos períodos de tempo pode causar problemas de saúde. Manter as suas práticas religiosas e culturais contribui para se manter saudável. Antes do seu filho chegar à idade em que é suposto começar a jejuar, poderá ser útil organizar uma reunião com o seu líder religioso, enfermeiro especialista ou médico de modo a que possam discutir juntos as necessidades religiosas e de saúde específicas do seu filho. E a administração de suplementos de vitaminas ou ferro? O seu filho não necessita de vitaminas suplementares, a menos que a sua família utilize uma dieta especial, tal como vegetariana ou vegan, caso em que poderá ser necessário obter aconselhamento do seu enfermeiro de infância ou de um dietista. Se o seu filho ficar mais anémico que o normal, poderão ser receitados suplementos de ácido fólico pelo seu médico. Isto ajuda o organismo a produzir mais glóbulos vermelhos. Algumas clínicas receitam ácido fólico, 5mg uma vez ao dia, rotineiramente, mas uma dieta normal e equilibrada contem ácido fólico suficiente e os suplementos diários não são, normalmente, necessários no Reino Unido. Não devem ser administrados suplementos ou comprimidos de ferro. O seu filho está anémico porque os glóbulos vermelhos são mais frágeis e não vivem tanto quanto os glóbulos vermelhos normais. Ele não sofre do tipo de anemia provocada por uma deficiência de ferro na dieta. Se precisar de mais ferro, o médico irá informá-lo e receitará a quantidade certa para as necessidades específicas do seu filho. Se estiver a administrar ao seu filho qualquer medicação com ervas (por exemplo, agbo) ou suplementar lembre-se de informar o médico do seu filho na clínica de doentes externos, dado que pode ser importante para eles terem isso em consideração ao receitar outros tratamentos ao seu filho. Evitar o que possa desencadear uma crise das células falciformes Por vezes, o seu filho poderá ter uma crise de células falciformes sem qualquer razão aparente. Existem algumas situações que podem desencadear ou piorar uma crise e estas situações são descritas em seguida. Pode ser difícil identificar o que desencadeia uma crise quando o seu filho é muito jovem, mas é uma coisa que se aprende com a experiência. À medida que o seu filho cresce, é importante que ele comece a aprender que tipo de coisas ou situações desencadeiam as suas crises de células falciformes, para que mesmo quando você não esteja presente, ele saiba evitar estas coisas. 14 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 15 Infecções: é um contribuinte importante, mas poderá ser difícil evitar algumas das infecções virais mais comuns, como as tosses e as constipações. As crianças que sofrem da doença das células falciformes são mais propensas a determinadas infecções bacteriais, uma vez que o seu baço não funciona devidamente. A infecção pneumocócica pode ser evitada através da administração de penicilina duas vezes ao dia e de vacinações pneumocócicas regulares (consultar a página 18). A infecção por salmonelas pode ser evitada ao reaquecer bem os alimentos e garantindo que os ovos e o frango são bem cozinhados. Todas as crianças devem beneficiar dos programas de vacinação periódica, que as protegerão da tosse convulsa, gripe hemofílica, papeira, sarampo, rubéola, bem como das infecções menos comuns: poliomielite, difteria e tétano. Também é aconselhável a vacinação anual contra a gripe. Se o seu filho for viajar, é importante ter em consideração se precisa de alguns medicamentos especiais, por exemplo, medicação de prevenção contra a malária (consultar a página 39). Líquidos insuficientes: A desidratação (quando o organismo não tem líquidos suficientes) pode ocorrer se o seu filho tiver febre, se sentir mal, ou tiver diarreia ou vómitos. Também pode ocorrer durante o tempo quente ou após intenso exercício físico se o seu filho não ingerir líquidos suficientes. A insuficiência de líquidos faz com que o sangue circule mais lentamente e os glóbulos vermelhos fiquem mais espessos, pelo que é mais provável a ocorrência de células falciformes. Uma vez que os seus rins não possuem a capacidade para concentrar a urina, ele irá urinar com maior frequência e a urina será diluída, o que pode conduzir a uma maior perda de líquidos causando desidratação. Água insuficiente no organismo (desidratação) pode desencadear uma crise das células falciformes, pelo que a ingestão de líquidos suplementares é muito importante em todas as ocasiões, em especial com tempo quente ou se o seu filho se sentir mal e tiver febre (consultar a página 21 para saber como tratar a febre). Deve ser encorajada a ingestão de água simples ou de sumo diluído e as bebidas com gás devem ser evitadas uma vez que estas podem provocar dores de barriga em algumas crianças. Quando o seu filho se sentir bem, deve ser encorajado a beber tanto quanto quiser. Os alimentos também contêm água, pelo que se o seu filho comer e beber normalmente, não há necessidade de se preocupar. Se ele se sentir mal, irá precisar de líquidos suplementares. As quantidades mínimas necessárias são descritas em baixo: Peso da criança Quantidade recomendada Menos de 10 quilogramas (kg) 150 mls por cada quilo de peso durante 24 horas 10-20 kg 80 mls por cada quilo durante 24 horas 20 kg ou mais 40 mls por cada quilo durante 24 horas Exemplo: se o seu filho pesar 25 kg: 25 kg x 40 mls = 1.000 mls A quantidade mínima de líquidos de que necessita em 24 horas é, por isso, de 1.000ml (1 litro). Se o seu filho não conseguir beber a quantidade mínima recomendada e se sente mal, especialmente se tiver febre, vómitos ou diarreia, precisará de ser visto por um médico. Isto no caso de precisar de hospitalização para receber tratamento para evitar a desidratação. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 15 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 16 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Temperaturas extremas (frio ou calor): mudar de um ambiente frio para um ambiente quente ou vice-versa pode provocar a ocorrência de células falciformes. Assim, é importante não vestir demasiada roupa ao seu filho quando estiver em casa, mas certificarse de que tem camadas de roupa suficientes quando sai de casa. O arrefecimento ocorre frequentemente após nadar, pelo que o seu filho deve secar-se e vestir-se o mais rapidamente possível. Se a água da piscina estiver demasiado fria, o seu filho deverá ser aconselhado a não nadar. É importante discutir isto com os professores do seu filho para que tenham consciência dos motivos e importância deste conselho. Stress e ansiedade: podem afectar o organismo. Uma determinada quantidade de ansiedade pode ser útil porque motiva-nos a agir, mas demasiada pode desencadear uma crise das células falciformes e isto deve ser evitado. Se o seu filho se estiver a sentir sob stress por causa da escola, ou se a sua doença ou outra coisa o estiver a preocupar, poderá valer a pena discutir este assunto com o seu enfermeiro especialista, médico, assistente social ou psicólogo. Medicação de rotina Penicilina: Certificar-se de que administra penicilina ao seu filho duas vezes ao dia é uma das coisas mais importantes que pode fazer pelo seu filho. As crianças com a doença das células falciformes têm 600 vezes mais probabilidade de contraírem uma infecção pneumocócica do que as outras crianças. Isto é porque do baço não funciona correctamente e, numa jovem criança, o baço é uma parte importante das defesas do organismo contra as infecções. As infecções pneumocócicas podem provocar pneumonia ou meningite. Os sintomas podem desenvolver-se rapidamente, tornando o seu filho muito doente muito rapidamente, mesmo antes de ter tempo para procurar ajuda médica e podem ser fatais. O vírus pneumocócico pode ser travado se administrar ao seu filho comprimidos ou xarope de penicilina duas vezes ao dia. Se o seu filho for alérgico à penicilina, o seu médico poderá receitar eritromicina ou qualquer outro antibiótico. Para que a penicilina seja eficaz, deve ser tomada duas vezes ao dia, mais ou menos à mesma hora. Certifique-se que não tem falta do medicamento. Se o seu filho não se sentir bem e se o seu médico de família tiver receitado outro antibiótico, verifique se pode parar a administração da penicilina e lembre-se de recomeçar logo que o outro antibiótico acabe. A administração de penicilina deve ser continuada se o seu filho for hospitalizado, a menos que tenham sido receitados outros antibióticos, como se descreve acima. A ingestão regular de penicilina não tem qualquer efeito de enfraquecimento do organismo. A resistência do vírus pneumocócico à penicilina não é um problema no Reino Unido, embora 16 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 17 tenha sido assinalada noutros países. Está comprovado que a administração regular de penicilina protege contra as infecções pneumocócicas. A dose de penicilina é a seguinte: 62,5 mg duas vezes ao dia até um ano de idade; 125 mg duas vezes ao dia de um aos cinco anos de idade; 250 mg duas vezes ao dia a partir dos cinco anos. É fortemente recomendado que a penicilina seja administrada ao longo da infância e até à idade adulta. Provavelmente, é melhor administrar penicilina em comprimidos do que em xarope. Isto porque os comprimidos podem ser mantidos em casa durante mais tempo e porque a maioria da medicação em xarope contém açúcar, que é nocivo para os dentes. Se optar pelo xarope, é aconselhável dar um copo de água ao seu filho após a medição, de modo a lavar a boca. Enquanto o seu filho é ainda muito jovem, pode dar-lhe os comprimidos esmagando-os com uma colher e misturando o pó com um pouco de sumo de fruta sem adição de açúcar para tornar a ingestão mais agradável. Ácido fólico: O organismo necessita de ácido fólico para produzir novos glóbulos vermelhos. Em geral, no Reino Unido a dietas das pessoas é rica em ácido fólico e as crianças com a doença das células falciformes não precisam de tomar suplementos periodicamente. Os alimentos que contêm ácido fólico são os legumes verdes folhosos. Muitos hospitais administram ácido fólico às crianças que sofrem de doença das células falciformes, 5mg uma vez ao dia. Se isto for recomendado pelo seu médico, não há qualquer problema. Vacinação infantil O seu filho deve ter as mesmas vacinas que as outras crianças. Esta vacinação inclui difteria, tosse convulsa, tétano (DPT), poliomielite, gripe hemofílica (Hib), meningite C, sarampo, papeira e rubéola (MMR). Uma explicação completa é incluída no registo dos pais (ou na caderneta do bebé) e, em caso de dúvida em relação às idades, verifique a caderneta e pergunte ao seu enfermeiro de infância. Não existe qualquer razão para que as crianças com a doença das células falciformes não tenham as mesmas vacinas periódicas que as outras crianças. Na verdade, talvez seja ainda mais importante que o seu filho esteja totalmente protegido porque as crianças que sofrem da doença das Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 17 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 18 Que posso fazer para ter o meu filho bem? células falciformes são mais susceptíveis a ter infecções, que podem desencadear uma crise de células falciformes. Outras vacinações Prevenar (vacina antipneumocócica) Esta vacina dá protecção contra a infecção pneumocócica e, por isso, é muito importante. A partir de 2007, esta vacina será incluída no lote principal de vacinações recomendadas para todas as crianças no Reino Unido, independentemente do facto de sofrerem de células falciformes ou não e é administrada aos 2, 4 e 13 meses. Pneumovax Protege contra um número de tipos de bactérias que provocam de infecções pneumocócicas maior que o Prevenar. A vacina é administrada por volta dos dois anos de idade e, posteriormente, de cinco em cinco anos. É dada periodicamente a todas as crianças com SCD (Doença das Célula Falciformes) e irá ser receitada pelo seu médico de família ou médico da clínica. O Prevenar e o Pneumovax protegem contra a infecção pneumocócica, mas é importante que o seu filho também continue a tomar penicilina. Meningivac Protege contra os vírus meningocócicos dos tipos A e C, que provocam a meningite. Mesmo que o seu filho tenha tido a Men C, que protege do vírus meningocócico de tipo C, também deverá ser vacinado com esta antes de viajar para determinadas partes do mundo, como por exemplo, África, uma vez que protege contra a meningite A. Hepatite B Provavelmente, o seu filho fará uma análise ao sangue no departamento de doentes externos, para determinar se esteve em contacto com a hepatite. A Hepatite B é, ocasionalmente, transmitida da mãe para o bebé ainda no útero. Se for este o caso, o bebé será tratado com uma série de três vacinações para eliminar a infecção. Muitos hospitais recomendam que o seu bebé faça uma série de vacinações para o protegerem da hepatite B a partir do ano de idade, no caso dele vir a precisar de uma transfusão sanguínea no futuro. Muito ocasionalmente, a hepatite B pode ser transmitida através de uma transfusão sanguínea, mas os serviços de transfusões no Reino Unido são extremamente cuidadosos no que respeita à investigação de todos os dadores de sangue para a identificação de sinais de hepatite B (consultar a página 35). Se o seu filho, por qualquer motivo, precisar de transfusões sanguíneas periódicas, e não tiver recebido uma vacinação prévia, então o seu médico poderá aconselhada que lhe seja administrada a vacinação. Influenza (Gripe) É recomendável pedir ao seu médico de família a vacinação anual do seu filho contra a gripe. 18 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 19 IDAS À CLINICA DE DOENTES EXTERNOS DO HOSPITAL Depois de ter sido efectuado o diagnóstico da doença das células falciformes, o seu filho será encaminhado para uma clínica pediátrica geral ou para uma clínica especializada em doenças das células falciformes. Esta clínica pode ser denominada por Hematologia Pediátrica ou Clínica das Células Falciformes e o seu pessoal inclui algumas ou todas as seguintes pessoas: • Pediatra (médico especializado em saúde infantil) • Hematologista (médico especializado em anomalias sanguíneas) • Hematologista pediátrico (médico especializado em saúde infantil e anomalias sanguíneas) • Enfermeiro/Assistente especialista em células falciformes • Psicólogo especializado • Assistente social/representante de apoio social especializado • Enfermeiro especialista em saúde infantil • Recepcionista/pessoal administrativo da clínica • Flebotomista (a pessoa que tira sangue) • Outros médicos especialistas, por exemplo, cardiologistas, oftalmologistas, imagiologista Muitas famílias consideram as visitas à clínica de doentes externos bastantes úteis, especialmente nos primeiros anos, quando ainda há muito a aprender sobre a doença. À medida que o seu filho cresce, poderão não ser necessárias visitas frequentes à clínica. Fale com o seu médico sobre a frequência com que o seu filho precisa ser visto. Para as crianças em idade escolar, as consultas pode ser feitas durante as férias escolares, para que o seu filho não tenha de faltar muito às aulas. É boa ideia manter o contacto com a clínica mesmo que o seu filho esteja bem e informá-los se tiver de faltar a uma consulta ou caso tenha mudado de residência. Não se esqueça de marcar outra consulta se cancelar ou faltar qualquer consulta. Por que tem o meu filho de ir à clínica? O objectivo da clínica consiste no exame da saúde e desenvolvimento do seu filho por médicos e enfermeiros, para você obter informação sobre as células falciformes, aprender como pode afectar o seu filho e para conhecer outros pais e famílias de crianças que sofrem da mesma doença. Normalmente, o seu filho será pesado e medido e irá ser-lhe feito um exame físico. Enquanto o seu filho é jovem, é boa ideia levar a sua caderneta do bebé à clínica de tratamento das doenças falciformes. O médico e o enfermeiro especialista irão preenche-la, de modo a que tenha um registo de todos os contactos e tratamentos no hospital. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 19 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 20 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Obter informação e ajuda A clínica também oferece uma oportunidade de discutir problemas, como a forma de explicar o problema de saúde aos professores da escola e o que fazer quando viajar para outro país. À medida que o seu filho cresce, pode considerar útil conversar com os médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais sobre a doença e como ele está a lidar com a situação. Análises ao sangue e outras pesquisas Para além dos exames médicos, existe uma série de testes que serão realizados, mas estes poderão não ser feitos em todas as visitas à clínica. Enquanto se sentir bem, uma análise anual ao sangue e à urina deverão ser suficientes. (Consultar a página 64 para obter uma explicação sobre as análises ao sangue.) Para além disso, deverá ser realizada uma análise especial à corrente sanguínea no cérebro. Esta é designada de ecografia Doppler transcraniana (TCD) e é importante para verificar se o seu filho pode estar em risco de sofrer um enfarte (consultar a página 28). Contacto entre a clínica hospitalar e o seu médico de família O médico da clínica deverá manter o seu médico de família totalmente informado sobre a situação do seu filho e a quantidade de penicilina que ele precisa tomar. Deverá visitar o seu médico de família se precisar de renovar a receita do seu filho. Se ele não se sentir bem é sempre aconselhável visitar primeiro o médico de família. Se existirem preocupações específicas que pretenda discutir com a equipa hospitalar, então normalmente é possível pedir a antecipação da consulta de rotina. Se o seu filho não se sentir bem e você não conseguir tratar da doença em casa (consultar a página 29 para obter informação sobre as emergências médicas), deverá chamar urgentemente o seu médico de família ou levar o seu filho directamente ao serviço de Urgências do hospital. 20 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 21 TRATAR DA DOENÇA EM CASA Febre Uma febre ou uma temperatura alta poderá ser um dos primeiros sinais de que o seu filho não está bem. É boa ideia ter um termómetro em casa para que possa medir a temperatura. Provavelmente, o seu filho estará suado e quente ao toque se tiver a temperatura alta. O seu filho tem febre se a temperatura estiver acima de: 100°F ou 38°C - Tirada na boca (se o se filho tiver mais de 8 anos) 99°F ou 37,5°C - Tirada na axila (se o seu filho for mais jovem) Não é boa ideia medir a temperatura no recto (rabo) porque esta prática pode danificar os músculos rectais. Como usar um termómetro Existem dois tipos principais de termómetros disponíveis: em vidro e digitais. Termómetros em vidro - possuem uma bola de mercúrio protegido numa das pontas. Têm uma seta a apontar para os 98,6°F (Fahrenheit) / 37°C (Centígrados), que mostra a temperatura oral normal. Estes termómetros podem ser utilizados na boca ou na axila. Se a temperatura for medida na boca, o termómetro deve ser mantido na boca, por debaixo da língua, durante pelo menos 3 minutos. Este método pode ser utilizado se o seu filho tiver mais de 8 anos de idade; certifique-se de que a boca está bem fechada quando o termómetro estiver colocado. Se medir a temperatura debaixo do braço (axila), mantenha o braço firmemente contra o corpo durante pelo menos 4 a 5 minutos. Antes de medir a temperatura com um termómetro de vidro, agite o termómetro, na direcção da extremidade prateada, para que a barra prateada ou colorida fique abaixo dos 95°F / 35,1°C. Para ler o termómetro: • Rode o termómetro até conseguir ver a barra prateada ou colorida. • Alinhe a extremidade da barra colorida com a barra dos graus. • Leia a marcação. Cada marca no termómetro representa normalmente dois décimos (2/10) de um grau. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 21 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 22 Que posso fazer para ter o meu filho bem? • Depois de medir a temperatura, lave o termómetro com sabão e água fria e coloque-o de volta no seu estojo para evitar que se parta. Se não tiver a certeza sobre como utilizar um termómetro de vidro correctamente, peça ao seu farmacêutico, enfermeiro ou médico que lhe mostrem como se faz. Termómetros digitais - podem ser utilizados na boca ou na axila. Muitos pais gostam de utilizá-los porque são rápidos e fáceis de ler. O termómetro digital mostra a temperatura exacta em números. Depois de lavar a ponta com água quente e sabão, coloque-o de volta no seu estojo. Não dê de comer ao seu filho nada quente ou frio na meia hora antes de medir a temperatura oral. Os alimentos e bebidas podem alterar a leitura através do arrefecimento ou aquecimento da boca da criança. Termómetro para a testa - é muitas vezes o preferido dos pais para utilizar em bebés e crianças jovens (pode ser utilizado dos 3 meses aos 12 anos). Este tipo de termómetro é uma fita, que você segura em ambas as extremidades e pressiona contra a testa seca do seu filho durante pelo menos 15 segundos. Mostra a temperatura do seu filho em poucos segundos. A cor verde indica uma temperatura normal e o vermelho indica que a criança tem uma temperatura alta. Normalmente, esta fita é reutilizável. Que fazer se o seu filho tiver uma temperatura alta • Dê-lhe Paracetamol ou outra medicação receitada para as dores (consultar a página 23 para obter as dosagens) • Dê-lhe a beber muitos líquidos • Dispa a maioria das suas roupas • Limpe-o com uma esponja com água morna (tépida) Não arrefeça o seu filho muito rapidamente. O quarto deverá estar à temperatura ambiente, cerca de 21°C. Se o limpar com uma esponja, a água deverá estar morna, não fria. Medir a temperatura a cada meia hora para verificar se está a diminuir. Se a temperatura não diminuir e se se mantiver acima dos 38,5°C, deve pedir a visita do seu médico de família ou levar o seu filho ao consultório ou ao hospital. Tratar a dor das células falciformes em casa A dor das células falciformes moderada pode ser tratada em casa. Nos bebés e crianças jovens, pode ser difícil determinar se sentem ou não dores. É provável que repare que o seu filho não está a comportar-se como normalmente. Poderá estar impaciente e infeliz, a chorar de forma persistente ou a chorar apenas quando se mexe. À medida que o seu filho cresce, irá descobrir que ele melhora a explicar-lhe onde lhe dói. Por vezes, tal como na dactilite (síndrome mão-pé), poderá notar um inchaço no local onde lhe dói ou poderá senti-lo quente ao seu toque. 22 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 23 Administração de analgésicos É boa ideia manter um bom fornecimento de medicação à base de paracetamol (Calpol, Disprol) em casa. Se o seu filho estiver com dores, dê-lhe paracetamol regularmente de 4 em 4 horas, mas não exceda a dosagem indicada na embalagem. A dose normal de Paracetamol / Calpol / Disprol é: 3 meses a 1 ano de idade 60mg a 120mg de 6 em 6 horas 1 ano a 5 anos de idade 120mg a 250mg de 6 em 6 horas 6 anos a 12 anos de idade 250mg a 500mg de 6 em 6 horas Mais de 12 anos de idade 500mg a 1gm de 6 em 6 horas Os analgésicos podem ser administrados a cada quatro horas, mas NÃO administre mais de quatro doses num período de 24 horas. O seu médico também pode receitar Ibuprofeno (Junifen), que ajuda a aliviar a inflamação. Este medicamento pode ser tomado com o paracetamol. A dosagem normal do Ibuprofeno é: 1 a 2 anos de idade 50mg a cada 6 a 8 horas 3 a 7 anos de idade 100mg a cada 6 a 8 horas 8 a 12 anos 200mg a cada 6 a 8 horas Mais de 12 anos de idade 400mg a cada 6 a 8 horas Administre todos os medicamentos de acordo com as instruções do médico e siga cuidadosamente as instruções indicadas na embalagem. O médico poderá receitar outros analgésicos para o seu filho usar em casa e, à medida que este vai crescendo, saberá qual o medicamento que melhor serve as suas necessidades. Não deverá ser administrada aspirina a crianças com menos de 16 anos de idade. Se o seu filho não se sentir melhor com os analgésicos, deverá contactar o seu médico de família ou levá-lo ao serviço de Urgências do hospital. Para além da administração de analgésicos, é boa ideia experimentar também alguns dos tratamentos descritos em seguida. Líquidos suplementares As crianças que sofrem da doença das células falciformes devem ser sempre encorajadas a beber muitos líquidos mesmo quando se sentem bem. Quando não se sentem bem, os líquidos suplementares podem ajudar a diluir o sangue e a desbloquear as células falciformes obstruídas nos vasos sanguíneos mais pequenos. A desidratação (falta de água no organismo) é conhecida como sendo uma das causas de crises e dores da doença das células falciformes. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 23 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 24 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Banhos quentes Deixe o seu filho repousar num banho morno durante algum tempo. Verifique se a água não está demasiado quente e não deixe a água arrefecer, pois pode desencadear outra crise. Quando uma pessoa sente dores, por vezes suaves exercícios dentro da água morna sabem bem e aliviam a ansiedade. Uso de toalhas húmidas quentes ou de almofadas térmicas Encharque uma toalha de rosto em água morna e torça; de seguida use-a para massajar suavemente a área com dores. Isto pode ser muito reconfortante e, frequentemente, irá aliviar a dor. Não deixe que a toalha arrefeça, porque isso irá piorar a dor. Pode aplicar almofadas térmicas (à venda nas farmácias) na área com dores. Existem almofadas eléctricas e não eléctricas. Almofadas eléctricas - têm um marcador de temperatura, que precisa ser definido para a temperatura necessária, mas verifique sempre as instruções do fabricante. Almofadas não eléctricas - podem ter de ser aquecidas numa taça com água quente, mais uma vez, consulte as instruções do fabricante. Pode aplicar as toalhas quentes ou as almofadas térmicas com a frequência que desejar, se isso ajudar. Massagens O toque pode ser bastante reconfortante. Use óleo de bebé ou um leite hidratante aquecido e massaje suavemente as áreas com dores para relaxar os músculos mais tensos e aumentar o fluxo sanguíneo. Brincadeiras calmas e distracção Pode não ser necessário o repouso total, na cama. Por vezes, reduzir a actividade física pode ser útil. Descubra actividades calmas que o seu filho possa fazer em casa, como por exemplo, ler um livro, ver um filme, montar um puzzle, pintar. Qualquer coisa que possa ajudar a distrair a atenção do seu filho relativamente à dor pode ser útil (consulte a informação sobre a Auto-Ajuda, na página 95). Quando procurar assistência médica e de enfermagem Se tentou todas as medidas descritas acima e se o seu filho ainda tiver a temperatura alta ou as suas dores não tiverem sido aliviadas pela medicação que lhe deu, o melhor é procurar assistência médica. Telefone ao seu médico de família, que poderá aconselhá-lo sobre o que fazer a seguir e poderá consultar o seu filho em casa. Durante o horário de expediente, poderá contactar o seu enfermeiro/assistente especialista para obter conselhos. Existem algumas emergências médicas em que o seu filho precisa de atenção médica imediata. Estas situações são explicadas no capítulo das emergências médicas, na página 29. Nestas situações, precisará de levar o seu filho ao hospital imediatamente. Alguns hospitais têm um acordo em que você pode levar o seu filho directamente para a enfermaria infantil. Se o seu hospital não tiver este tipo de acordo, leve o seu filho para o serviço de Urgências. 24 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 25 ALGUNS PROBLEMAS MÉDICOS Lembre-se de que a doença das células falciformes é muito variável e que o seu filho poderá nunca ter qualquer um dos seguintes problemas ou poderá ter alguns em fases diferentes da sua vida. Por vezes, é possível tratar de um problema médico em casa com a ajuda do seu médico de família. Outras vezes, será necessário levar o seu filho para o hospital. O seu filho poderá precisar de atenção médica se ocorrer qualquer uma das seguintes situações. Episódio de dor (crise das células falciformes) Este é o problema mais comum e é provocado pelo aprisionamento dos glóbulos vermelhos falciformes e obstrução dos mesmos. Pode ocorrer em qualquer parte do corpo - nos músculos ou nos ossos, no abdómen ou no peito - e provocará dores nessa zona. A dor pode ser moderada, mas por vezes, pode ser muito grave e será muito assustadora para a criança; consultar a página 22 para obter informação sobre como tratar das dores em casa. Por vezes, as crises de dor podem ser desencadeadas pelo facto do seu filho ter frio ou magoar-se ou ainda através de uma infecção viral, por exemplo, uma gripe, mas muitas vezes não existe uma causa óbvia. Se as dores forem graves e os analgésicos que tem em casa não funcionarem, talvez seja melhor levar o seu filho para o hospital onde lhe podem ser administradas medicações mais fortes. Aumento de volume do baço repentino (sequestro esplénico agudo) Nesta situação, o baço aumenta repentinamente de tamanho, e começa a acumular imenso sangue. Isto reduz a quantidade de sangue que circula no corpo. A contagem sanguínea diminui rapidamente e pode provocar uma falha cardíaca se não se proceder a uma transfusão sanguínea imediatamente. Esta complicação é mais comum em crianças com menos de cinco anos de idade. Depois do baço se ter comportado desta forma, é possível que esta situação se repita e o seu médico poderá aconselhar a extracção do baço. Esta operação chama-se esplenectomia. É importante que saiba como apalpar o baço para detectar qualquer sinal de aumento de volume. Se o seu filho lhe parecer pálido, mostrar sinais de não se sentir bem e o seu baço tiver aumentado muito de volume, ele precisa ver um médico imediatamente. Pergunte ao seu médico ou enfermeiro especialista que lhe exemplifique como se apalpa o baço. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 25 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 26 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Crise aplástica Esta situação deve-se a uma infecção viral (parvovírus), que impede o organismo de produzir glóbulos vermelhos durante um breve período de tempo. Faz com que o número de glóbulos vermelhos diminua, mas não tão rapidamente como no sequestro esplénico agudo, discutido anteriormente. Normalmente, é necessária uma transfusão sanguínea. O organismo produz anticorpos contra o parvovírus, pelo que após a recuperação do seu filho, não será infectado com o parvovírus novamente. Meningite Esta é uma infecção da superfície do cérebro. A meningite pode ser provocada por diferentes infecções. Na doença das células falciformes, o vírus pneumocócico é uma das causas mais comuns da meningite. É por isso que é importante que o seu filho tome penicilina diariamente (consultar a página 16.) Para confirmar o diagnóstico, são feitas análises ao sangue e uma punção lombar (é retirada uma pequena quantidade de líquido do espaço que envolve a espinha). Se se detectar a presença de uma infecção, normalmente, são administrados antibióticos por via intravenosa (por infusão) para eliminá-la. Infecção pulmonar/síndrome torácico agudo As crianças que sofrem da doença das células falciformes são mais susceptíveis a infecções e podem contrair pneumonia, uma infecção nos pulmões. Por vezes, pode ocorrer a mutação falciforme dos glóbulos vermelhos nos pulmões sem existir uma infecção, mas os sinais clínicos são os mesmos. Por esta razão, o termo " síndrome torácico agudo" é utilizado para ambas as situações. Pode ocorrer tosse, febre, dores no peito e a velocidade respiratória pode ser mais rápida que o normal. A dor também poderá afectar as costas e o abdómen. Se o seu filho precisar de hospitalização por causa de uma sindroma torácico agudo, é feita uma radiografia e, provavelmente, será iniciada uma medicação com antibióticos ao seu filho. É medido o nível de oxigénio no sangue do seu filho, com uma máquina chamada monitor de saturação do oxigénio. Nalguns casos, também pode ser necessária a administração de oxigénio através de uma máscara, bem como uma transfusão sanguínea. (Consultar a página 34 para obter mais informação sobre transfusões sanguíneas.) Necrose avascular da cabeça do fémur (dores na anca) Isto deve-se à mutação falciforme da parte superior do fémur. Por vezes, é identificada numa radiografia, mas outras vezes pode provocar dores na anca e um coxear. Este tipo de crise pode ser, normalmente, tratado em casa, mas deverá ser falar ao seu médico da sua existência. A dor na anca pode persistir durante vários meses e pode ser necessário evitar suportar peso na perna afectada. A necrose avascular também pode ocorrer noutras partes do corpo, por exemplo, nas articulações dos ombros ou dos cotovelos. 26 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 27 Osteomielite (infecção óssea) A osteomielite pode ser difícil de distinguir de uma crise de dor, mas não ocorre com muita frequência. Em ambas as situações, pode existir um inchaço e a sensibilidade de um braço ou de uma perna e a pele pode parecer estar quente. Nas primeiras fases, as radiografias são habitualmente normais e o seu médico poderá solicitar a um ortopedista (especialista em ossos) que explore o inchaço para procurar infecções. Se for confirmada a osteomielite, serão administrados antibióticos por via intravenosa pelo menos durante 6 semanas. Hematúria (sangue na urina) Pode ser identificado sangue na urina devido à mutação falciforme dos glóbulos vermelhos no interior dos rins. Normalmente, é indolor e pode durar algumas semanas. Não existem tratamentos específicos e a hemorragia irá parar sozinha. Existem outras causas para a presença de sangue na urina, que não estão relacionadas com a doença das células falciformes, pelo que deve informar o seu médico se detectar sangue na urina do seu filho. Provavelmente, o médico irá pedir ecografias aos rins e análises à urina. Pedras na vesícula Quando os glóbulos vermelhos são desfeitos, alguns deles entram na produção da bilirrubina, um pigmento amarelo que é responsável pela coloração amarela dos olhos de muitas crianças que sofrem de anemia de células falciformes. O excesso de bilirrubina pode também provocar a formação de cálculos na vesícula biliar, um órgão que produz a bílis e que situa-se por trás do fígado. A maioria das crianças com mais de dez anos de idade, que sofrem da doença das células falciformes tem pedras na vesícula e estes podem ser identificados através da realização de uma ecografia ao abdómen (barriga). Por vezes, os cálculos ficam presos no canal da vesícula biliar, provocando dores na barriga, especialmente no lado direito. Se os pedras na vesícula começarem a provocar problemas, é recomendada a extracção da vesícula biliar, uma vez que os cálculos podem provocar uma infecção grave, denominada por colecistite. Não ter vesícula não provoca quaisquer problemas de saúde e o seu filho ainda será capaz de produzir bílis suficiente. Priapismo (erecção dolorosa do pénis) O priapismo é provocado pelo bloqueio de glóbulos vermelhos falciformes nos vasos sanguíneos do pénis, provocando uma erecção dolorosa. Isto pode acontecer em qualquer idade e é mais comum à noite ou ao início da manhã, após um longo período de repouso debaixo das roupas quentes da cama. Normalmente, ir à casa de banho para urinar e esvaziar a bexiga, ajuda a aliviar o priapismo. O seu filho poderá necessitar de analgésicos. Um banho ou duche morno e uma caminhada suave para aumentar a circulação do sangue poderão ajudar. Por vezes, o pénis perde a erecção sozinho, sem a necessidade de qualquer tratamento. Se isto acontecer algumas vezes, deverá informar o seu médico. Se a erecção dolorosa persistir durante mais de duas horas, o seu filho deverá ser observado no Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 27 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 28 Que posso fazer para ter o meu filho bem? hospital, uma vez que pode ser necessária uma operação para limpar os glóbulos vermelhos que estão a causar a obstrução. Não aplique gelo, pois pode piorar a situação. Acidente Cardiovascular Uma pequena percentagem das crianças tem um acidente cardiovascular (danos numa parte do cérebro), o que resulta no enfraquecimento de um lado do corpo. Se o enfraquecimento ocorrer, em particular se não existir uma dor associada, o seu filho deve ser observado imediatamente. Poderá necessitar de testes de imagiologia especiais feitos ao seu cérebro, bem como uma transfusão sanguínea (consultar a página 29 para obter mais informação sobre emergências médicas). Por vezes, o enfraquecimento não dura muito tempo e desaparece sozinho num espaço de poucas horas ou dias, mas, mesmo assim, é muito importante que o seu filho seja observado no hospital, pois existe a possibilidade de ocorrer um acidente cardiovascular mais devastador. Sem uma transfusão sanguínea, é possível que o acidente cardiovascular seja mais forte e provoque danos mais permanentes. É habitual que os sinais iniciais de enfraquecimento melhorem pouco depois do seu filho receber a transfusão. Infelizmente, existe um risco bastante elevado do seu filho sofrer outro acidente e, para evitar que isto aconteça, são recomendadas transfusões sanguíneas mensais. É agora possível fazer uma teste com ultra-sons (Ecografia Doppler Transcraniana) para ver se o seu filho corre o risco de sofrer um acidente cardiovascular (consultar a página 66). É recomendável que isto seja feito anualmente a partir dos 2 anos de idade. Problemas de visão Problemas diferentes podem afectar todas as partes dos olhos e, por vezes, podem afectar a visão. Alguns hospitais realizam investigações oftalmológicas periódicas a crianças com a doença das células falciformes. Se o seu filho se queixar de visão desfocada ou dores nos olhos, deverá consultar o seu médico imediatamente. Dores de cabeça As dores de cabeça são bastante comuns na doença das células falciformes, provavelmente, devido a um aumento de fluxo sanguíneo no cérebro. As dores de cabeça não costumam durar muito tempo e podem ser tratadas normalmente com analgésicos, por exemplo, paracetamol. Deverá procurar aconselhamento médico se as dores de cabeça forem muito frequentes ou se persistirem por mais de duas horas de cada vez. O seu filho deve ser observado imediatamente se, para além da dor de cabeça, tiver uma temperatura superior a 38,5°C, uma erupção cutânea, vómitos ou se sentir o pescoço rígido. (Consultar a página 29 para obter informação sobre emergências médicas.) 28 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 29 EMERGÊNCIAS MÉDICAS Situações em que o seu filho precisa ser visto por um médico imediatamente: Febre Temperatura de 101°F ou 39°C ou superior Dor de cabeça Dor de cabeça grave, tonturas ou pescoço rígido Dificuldades respiratórias Dor ou dificuldade em respirar Dor abdominal Dor intensa ou inchaço abdominal Cor Palmas das mãos ou lábios muito pálidos Baço Aumento repentino de volume Pénis Erecção dolorosa do pénis que dure mais de duas horas Mudança de comportamento Parecer confuso ou tonto ou não conseguir falar Ataques, convulsões Espasmos corporais e perda de consciência Fraqueza Pode afectar apenas um ou ambos os lados do corpo e pode incluir a incapacidade de andar Se tiver dificuldades em contactar o seu médico de família, leve o seu filho ao serviço de Urgências do hospital. Em caso de emergência, chame uma ambulância. Informe o médico e o pessoal de enfermagem que o seu filho sofre da doença das células falciformes assim que chegar ao hospital. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 29 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 30 Que posso fazer para ter o meu filho bem? QUE ESPERAR SE O SEU FILHO FOR HOSPITALIZADO O seu filho pode precisar de ser trazido ao hospital por não se encontrar bem ou se for fazer uma operação ou determinada investigação ou tratamento que não possam ser feitos na qualidade de doente externo. A hospitalização pode ser bastante traumatizante para uma criança e uma experiência preocupante e assustadora para os pais e familiares. Se possível, tente certificar-se de que alguém que o seu filho conhece e em que confia fica com ele enquanto ele está internado. Isto é particularmente importante quando o seu filho é jovem. Familiarizar-se com a enfermaria infantil Pode ser útil familiarizar-se com a enfermaria infantil, antes do seu filho precisar de ser hospitalizado. • Ao ir à clínica, o pessoal poderá organizar uma visita que você e o seu filho possam ir à enfermaria infantil. Esta é também uma boa ideia para os irmãos, irmãs, avós e outros responsáveis pelos cuidados da criança. • A maioria das unidades infantis possui manuais ou folhetos que o informam sobre os diferentes membros do pessoal e instalações disponíveis. • Poderá ser apresentado a um especialista ou enfermeiro pediátrico, que lhe poderá dar ideias sobre como preparar o seu filho para uma estadia no hospital. Tente planear antecipadamente o que fazer se o seu filho tiver de ser hospitalizado, especialmente na eventualidade de uma emergência: a) Quem levará a criança ao hospital? b) Quem ficará com a criança no hospital? Normalmente, existem instalações na maioria das unidades infantis para que os pais possam ficar com os seus filhos. Para uma criança jovem, a sua voz e toque familiares podem ser muito reconfortantes. c) Quem visitará a criança e com que frequência? d) Quem tomará conta dos outros filhos enquanto estiver no hospital? e) Que acordos estabeleceu com o seu patrão se o seu filho ficar doente? f) Como irá lidar com os custos das visitas ao hospital ou com a perda de rendimentos se não tem a possibilidade de ir trabalhar? 30 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 31 O seu enfermeiro especialista, pessoal da enfermaria infantil ou assistente social estarão disponíveis se precisar de ajuda na organização de qualquer um desses planos. Razões habituais para a hospitalização O seu filho pode ser hospitalizado para: • Investigações médicas • Alívio da dor • Outras medicações • Administração de líquidos por via intravenosa • Transfusões sanguíneas • Uma operação Investigações médicas A maioria das investigações, por exemplo, radiografias ou ecografias, podem ser realizadas numa consulta de doente externo. Algumas investigações, como por exemplo, uma ressonância magnética, poderão necessitar de anestesia e o seu filho terá de ficar hospitalizado durante um dia. (Consultar a página 66.) Medicação para alívio da dor Provavelmente, conseguirá tratar das crises de dores em casa, utilizando paracetamol e ibuprofeno ou qualquer outro analgésico receitado pelo seu médico. Se estes medicamentos não controlarem a dor, o seu filho irá precisar de medicação mais forte e é provável que tenha de ser hospitalizado. Um analgésico mais forte, como a morfina, pode ser administrado oralmente, mas se o seu filho não estiver bem e não conseguir beber, pode também ser administrado através de infusão numa veia (intravenosa) ou sob a pele (subcutânea). Deverá informar os médicos e os enfermeiros sobre os medicamentos que o seu filho já tomou e a que horas. O seu filho poderá saber quais os melhores analgésicos para ele e quais os que o ajudaram em anteriores crises de dor. Alguns pais preocupam-se com a utilização de analgésicos muito fortes, em particular medicamentos como a Morfina e a Petidina por estarem associados a dependência de drogas (isto é quando o corpo cria demasiada habituação a uma medicação e não consegue sobreviver sem ela). Os especialistas em dor sugerem que a dependência é extremamente improvável de ocorrer se o medicamento for utilizado correctamente nas primeiras fases da crise e o efeito for controlado cuidadosamente. O que é importante é que seja administrada a medicação suficiente para as dores nas primeiras fases para ajudar a criança a lidar com a dor. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 31 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 32 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Muitos hospitais utilizam uma série de desenhos, como rostos ou corpos, para ajudar as crianças a indicarem onde lhes dói e se a dor é ligeira ou intensa. Quando as crianças são muito jovens, podem não conseguir explicar qual a intensidade da sua dor e os pais têm de ajudar os médicos e os enfermeiros informando-os da gravidade que pensam ter a dor do seu filho. As crianças mais velhas poderão preferir usar escalas numéricas para classificar a gravidade da sua dor de 1 a 5 ou de 1 a 10, com 1 a indicar a "o mínimo de dor" e 5 ou 10 a indicar a "dor mais intensa de sempre", dependendo do tipo de escala utilizada. Quando uma criança tem idade suficiente, pode controlar (dentro de limites seguros) a quantidade de analgésicos que obtém através de uma bomba especial. Este método é conhecido como analgesia controlada do paciente (PCA), em que a droga é fornecida através de infusão intravenosa. Em geral, a partir dos 6 aos 8 anos de idade, a maioria das crianças pode começar a participar no tratamento do alívio da sua própria dor. Muitas vezes, as crianças transformam a bomba num jogo, utilizando o botão da máquina PCA para ‘mandar’ a dor embora. Isto irá ajudar o seu filho a sentir que tem algum controlo sobre a dor e isso fará com que se sinta menos assustado e impotente. Muitos hospitais têm uma equipa de controlo da dor para ajudar as pessoas a lidar com todos os tipos de dor. A equipa é, normalmente, composta por especialistas, tais como anestesistas, psicólogos e enfermeiros especialistas, que poderão aconselhar sobre a melhor forma de tratar a crise de dor do seu filho. A equipa poderá aconselhar outras formas de ajudar o seu filho a lidar com a dor, tais como o relaxamento (consultar a página 95 para obter pormenores sobre o Manual de Auto-Ajuda), que poderá ser utilizado com as medicações. O especialista de actividades recreativas pode ajudá-lo a praticar alguns dos métodos de relaxamento com o seu filho. Necessidade de outra medicação Os antibióticos são uma medicação comum, em particular, se o seu filho tiver temperaturas altas. A temperatura pode ser provocada pela crise de dor e não por qualquer infecção e, se for este o caso, os antibióticos podem ser interrompidos poucos dias depois dos resultados dos exames não mostrarem sinais de infecção. Se o seu filho estiver a sentir-se muito mal e, especialmente, se estiver a vomitar ou não conseguir ingerir líquidos oralmente, os antibióticos podem ser administrados directamente nas veias e não através da via oral. Administração de líquidos por via intravenosa As crianças que sofrem da doença das células falciformes precisam de ingerir mais líquidos que as outras crianças. Se o seu filho não conseguir beber a quantidade mínima recomendada (consultar a página 15), poderá ser necessária a administração de líquidos através de uma veia (via intravenosa, normalmente designada por infusão), de modo a garantir que recebe líquidos suficientes para evitar ou corrigir a desidratação. 32 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 33 Voltar a casa após a hospitalização Quando o seu filho estiver pronto para voltar a casa, é uma boa altura para fazer quaisquer perguntas ou falar sobre preocupações que possa ter em relação aos cuidados necessários a ter com o seu filho. Poderão ser-lhe dados medicamentos para lhe administrar em casa. Lembre-se que irá precisar de continuar com as medicações de penicilina. Se o seu filho voltar à escola antes de terminar o ciclo de antibióticos, poderá ser necessária a administração dos medicamentos na escola e terá de informar o enfermeiro da escola e o professor da turma do seu filho. Se a administração da medicação na escola representar um problema, discuta com o seu enfermeiro especialista, médico da clínica ou médico de família ou contacte um dos centros de doenças das células falciformes ou organizações voluntárias listados nas páginas 87-94. Por vezes, após a hospitalização, uma criança pode não voltar ao seu padrão de comportamento normal ao regressar a casa e poderá mostrar alguns dos seguintes comportamentos: • Dificuldade em dormir à noite • Voltar a fazer chichi na cama depois de já não o fazer à noite • Procurar mais atenção que antes • Ser mais desobediente que antes • Pedir um biberão ou um boneco embora já não os utilize • Não querer separar-se de si • Não querer ir para a escola/infantário Estas situações ocorrem porque o seu filho está a reagir ao facto de ter passado algum tempo no hospital, longe de si e do resto da família. Normalmente, estes problemas não são graves e não se prolongam por muito tempo. Se se prolongarem ou se se tornarem difíceis de resolver, converse com o seu enfermeiro especialista, médico, especialista em actividades recreativas ou com o psicólogo da clínica da doença das células falciformes. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 33 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 34 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Transfusões sanguíneas Pode ser necessária uma transfusão sanguínea por uma série de diferentes razões, que incluem: • Agravamento da anemia: por exemplo, no sequestro esplénico agudo (consultar a página 25) • Para aumentar o teor de oxigénio no sangue: por exemplo, se o seu filho desenvolver a mutação falciforme nos pulmões (conhecido como síndrome torácico agudo) • Para reduzir a hemoglobina falciforme: por exemplo, após um acidente cardiovascular ou antes de uma operação. Tipos de transfusões sanguíneas 1. Transfusão simples. Uma pequena quantidade de sangue doado é adicionada ao sangue da própria criança. 2. Transfusão de troca ou de troca parcial. Uma pequena quantidade do sangue da criança é retirada e substituída pelo sangue doado. Este método pode ser usado, por exemplo, para tratar uma criança após um acidente cardiovascular, de modo a reduzir rapidamente o nível de hemoglobina falciforme e evitar mais mutações falciformes. 3. Transfusão sanguínea a longo prazo. Isto envolve a realização de uma transfusão periódica para manter o nível de hemoglobina falciforme suficientemente baixo para que a ocorrência de complicações das células falciformes possa ser reduzida. Com o tempo, as transfusões regulares levam a uma sobrecarga de ferro. Transfusão pré-operatória As crianças que sofrem da doença das células falciformes podem necessitar de operações cirúrgicas devido a problemas não relacionados com a doença: por exemplo, para remover o apêndice. Existem problemas relacionados com as células falciformes que, por vezes, levam a operações. Uma vez que são mais susceptíveis a infecções, as crianças portadoras da doença das células falciformes podem ter as amígdalas e os adenóides aumentados, o que pode provocar problemas de respiração e ressonar barulhentos, pelo que as amígdalas e os adenóides poderão precisar de ser removidos cirurgicamente. A esplenectomia (extracção do baço) é, normalmente, recomendada após um ou dois episódios de sequestro esplénico agudo (consultar a página 25) ou poderá ser necessária uma colecistectomia (remoção da 34 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 35 vesícula biliar) se se desenvolverem pedras na vesícula (consultar a página 27) que provoquem problemas. Antes de uma operação, o anestesista e o cirurgião devem ser informados de que o seu filho sofre da doença das células falciformes. Algumas operações ou investigações, por exemplo, a circuncisão ou extracção dentária ou ainda uma ressonância magnética, podem ser realizadas em segurança sem uma transfusão sanguínea. Poderá ser necessário apenas oxigénio suplementar. Noutros casos, poderá ser aconselhável uma transfusão sanguínea, em particular, se o seu filho já tiver sofrido algumas das complicações da doença, como síndrome torácico agudo. A transfusão sanguínea será realizada alguns dias antes da operação, normalmente numa visita diária, de modo a aumentar a hemoglobina no sangue. Segurança do sangue São tomadas todas as precauções para garantir que o sangue recebido pelo seu filho é totalmente compatível e de que não existe risco de infecção. Isto é feita através de: • Agrupamento e prova cruzada - Uma pequena amostra de sangue é colhida para descobrir o grupo sanguíneo do seu filho. Esta amostra é então comparada com o sangue que será dado ao seu filho. Esta prova cruzada reduz a possibilidade de produção de anticorpos (consultar a página 84), que rejeitariam o sangue da transfusão. • Redução do risco de infecção - Todo o sangue doado no Reino Unido é analisado quanto à presença de HIV, hepatite e outras infecções. O sangue que não mostrar sinais de infecções é usado para as transfusões. • Redução do risco de reacção alérgica - as transfusões sanguíneas podem, por vezes, provocar um irritação na pele, comichão e temperatura alta, devido a uma reacção alérgica. Estes efeitos secundários são reduzidos ao dar sangue sem os glóbulos brancos e esta deverá ser uma prática normal para crianças com a doença das células falciformes. Religião e Transfusões Sanguíneas Por vezes, pode ser utilizado sangue em situações de emergência e pode ser a única forma de salvar a vida de uma pessoa, por exemplo, após um sequestro esplénico agudo ou crise aplástica (consulte as páginas 25-26). As crenças religiosas de algumas pessoas opõem-se às transfusões sanguíneas. Se a transfusão sanguínea for contra as suas crenças religiosas ou sociais, é conveniente discutir esta questão com o seu médico, enfermeiro especialista ou líder religioso, de preferência durante uma das suas idas periódicas à clínica, em vez de esperar até que aconteça uma emergência e o médico sugerir que seja dado sangue ao seu filho. Tal como com todos os outros tratamentos, o pessoal do hospital irá conversar consigo sobre qualquer tratamento proposto e procurará o seu consentimento verbal ou escrito antes de avançar com o tratamento, excepto em casos de emergência em que poderá ser necessário o tratamento sem consentimento de modo a salvar a vida de uma pessoa. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 35 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 36 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Tratar a sobrecarga de ferro Quando as transfusões sanguíneas são feitas periodicamente, durante um longo período de tempo, dá-se uma acumulação desnecessária de ferro no organismo. O excesso de ferro pode danificar vários órgãos, tais como o fígado ou o coração e, por isso, é importante que não se permita que o ferro se acumule acima de um nível elevado. - Desferrioxamina Actualmente, a melhor forma de eliminar o excesso de ferro é através da injecção de um medicamento (quelante de ferro) chamado desferrioxamina (abreviado desferal) sob a pele ou numa veia. Se o seu filho precisar de desferrioxamina, ser-lhe-á indicado como deve administrá-lo em casa. É inserida uma pequena agulha sob a pele e a medicação é doseada lentamente ao longo de oito horas durante a noite utilizando uma pequena bomba. O ideal seria administrá-lo pelo menos cinco noites por semana. Alguns hospitais administram desferrioxamina enquanto a criança está no hospital e recebe a sua transfusão sanguínea periódica. Isto ajuda a reduzir ainda mais os níveis de ferro. - Deferiprona A deferiprona, ao contrário da desferrioxamina, pode ser tomada oralmente. Não é tão eficaz quanto a desferrioxamina, mas pode ser utilizada em crianças que, por qualquer razão, tenham grandes dificuldades em suportar as injecções de desferrioxamina. Para as crianças que não utilizem a desferrioxamina de modo correcto ou regularmente, tal como receitada pelo seu médico, são feitos todos os esforços para os ajudar a melhorar a utilização do tratamento, através da promoção de um aconselhamento frequente e conversando com elas sobre formas alternativas de utilizarem a desferrioxamina para que se sintam mais empenhadas em utilizá-la regularmente. Se estes esforços falharem, ou se a criança não for capaz de tomar a desferrioxamina por outras razões médicas, a deferiprona poderá ser considerada como tratamento alternativo. - Exjade Tal como a deferiprona, este medicamento também pode ser tomado oralmente e foi indicado em ensaios de pesquisa ser seguro e eficaz. A sua utilização está agora licenciada no Reino Unido. 36 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 37 O SEU FILHO FORA DE CASA Cuidadores, Amas e infantários Se o seu filho estiver ao cuidado de terceiros, por exemplo, familiares, amas, babás, infantário/escola, é importante informar que o seu filho sofre da doença das células falciformes, caso fique doente enquanto está ao seu cuidado. Poderá ser útil dar instruções por escrito sobre como tratar do seu filho durante uma crise de células falciformes e lembrar-se de os informar onde pode ser contactado numa situação de emergência. Pode obter folhetos, manuais e cópias adicionais deste livro num dos centros especializados ou organizações voluntárias listados nas páginas 87-92 desta publicação ou junto do Programa de Investigação da Doença de Células Falciformes e Talassemia do NHS (Serviço Nacional de Saúde). Estes podem ajudar quem cuida do seu filho a compreender a doença das células falciformes e as necessidades específicas do seu filho quando você não estiver presente. Poderá ser útil pedir ajuda ao seu enfermeiro especialista ou enfermeiro de infância para explicar e aconselhar quem cuida do seu filho sobre como evitar a doença e que medidas tomar numa situação de emergência. O seu Filho na Escola Enquanto estiver na escola e, desde que se sinta bem, não devem ser impostas quaisquer restrições relativamente a qualquer actividade escolar. Desde que a escola esteja informada que o seu filho tem a doença das células falciformes, os professores serão capazes de tomar precauções razoáveis para que o seu filho não fique exposto a coisas que possam desencadear uma crise de células falciformes; por exemplo, eles podem: a) Certificar-se de que o seu filho é mantido quente e afastado de correntes de ar. b) Permitir que participe em actividades físicas, mas reconhecer que se cansa mais rapidamente que as outras crianças. Todas as crianças são diferentes e a quantidade de exercício que o seu filho pode fazer terá de ser avaliada na escola. c) Evitar o arrefecimento após o exercício físico e não permitir que nade na piscina se a água ou o ambiente estiver frio. Assim que acabe de nadar, é importante que o seu filho tome um duche morno, seque-se e vista-se imediatamente, de modo a evitar o arrefecimento do corpo. Precisa prestar uma particular atenção ao cabelo molhado, uma vez que muito do calor perde-se através do couro cabeludo. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 37 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 38 Que posso fazer para ter o meu filho bem? d) Certifique-se de que o seu filho bebe líquidos suficientes enquanto está na escola, especialmente, durante os meses de Verão. e) Seja compreensível quando lhe pedir para ir à casa de banho. Devido à doença, os rins não retêm muito bem a urina, o que significa que o seu filho poderá precisar de ir à casa de banho com maior frequência que a maioria das crianças. Quando começarem as aulas, vale a pena marcar uma reunião específica com o enfermeiro da escola. Discuta a doença do seu filho, a forma como o afecta, as precauções a tomar no ambiente escolar para manter o seu bem-estar, como se comporta se estiver com dores e o que os professores precisam de observar e as acções a tomar se não se estiver a sentir bem. Algumas crianças tentam lidar com a dor ou esconder o facto de que não se estão a sentir bem, especialmente quando estão com os seus colegas de escola. O enfermeiro da escola, em cooperação com o seu enfermeiro ou enfermeiro de infância especialista, poderão ajudar a informar e aconselhar os professores e outros membros da escola, ao mesmo tempo que assegura que o seu filho não é estigmatizado ou excluído pelos seus colegas de escola. Se o seu filho tiver problemas com brutamontes ou for gozado por causa da sua doença, isto deve ser discutido com a escola e poderá ser útil procurar aconselhamento junto do seu enfermeiro da escola, enfermeiro de infância ou enfermeiro especialista. Progresso educativo A doença das células falciformes poderá afectar o progressos educativo do seu filho. Isto porque poderá sentir-se doente frequentemente e ter de faltar às aulas. As crianças poderão sofrer acidentes cardiovasculares e isto poderá afectar a sua capacidade de aprendizagem e comportamento. Os exames TCD de rotina (consultar a página 66) poderão mostrar se o seu filho está em risco de acidente cardiovascular, mas também é importante alertar os médicos se o seu filho, após progressos normais, começar a considerar a escola muito difícil. Isto poderá dever-se o facto de ter sofrido um acidente cardiovascular "silencioso", que poderá ser diagnosticado através de uma ressonância magnética (consultar a página 66). Um psicólogo clínico será capaz de avaliar o seu filho e identificar quais as áreas em que precisa de mais ajuda no que respeita aos seus trabalhos de casa. 38 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 39 Alguns hospitais fornecem aulas a crianças em idade escolar enquanto estão no hospital; se estas aulas não estiverem disponíveis no seu hospital, o professor do seu filho poderá fornecer alguns trabalhos de casa para fazer, desde que o seu filho se sinta bem. Todas as escolas têm a capacidade de fornecer aulas de aprendizagem suplementares, mas se o seu filho tiver dificuldades em acompanhar as outras crianças da turma, poderá ser necessário obter o acordo da delegação de educação local para a obtenção de apoio à educação. Para consegui-lo, é realizada uma avaliação formal e é redigida uma "declaração de necessidade educacional". Este é um contrato legal entre os pais e a autoridade de educação. Define o tipo de apoio educacional suplementar será fornecido pela escola. Se tem preocupações sobre o progresso escolar do seu filho, o melhor é conversar com o professor. Todas as escolas têm um coordenador de necessidades educacionais especiais (SENCo), que poderá aconselhá-lo e informá-lo sobre o modo como a escola pode ajudar o seu filho. Viagens e ir para o estrangeiro Fazer férias ou viajar não constitui normalmente um problema para as crianças com a doença das células falciformes. Precisam ser consideradas certas precauções, dependendo do facto da viagem ser feita no interior país ou para o estrangeiro. As viagens aéreas não deverão provocar qualquer complicação e não deverá ser necessário oxigénio suplementar, uma vez que todas os aviões modernos são pressurizados para a manutenção estável dos níveis de oxigénio. Logo que tenha conhecimento das datas da viagem, converse com o seu farmacêutico, médico de família ou médico da clínica e informe para que país vai viajar e aceite os seus conselhos. Poderão informar de quais as vacinas, imunizações ou medicamentos especiais de que o seu filho irá necessitar antes da viagem, quando deverá ser iniciada a medicação, a quantidade a tomar e durante quanto tempo. Prevenção e Medicação contra a Malária Quando viajar para zonas em que exista malária, as crianças que sofram da doença das células falciformes devem ser protegidas contra a possibilidade de contrair malária. A malária pode ser grave em todas as crianças, mas pode ser fatal em crianças com a doença das células falciformes, uma vez que o baço não funciona correctamente. Usar meias e roupas com mangas compridas à noite, quando os mosquitos estão mais activos, pode ajudar a evitar as picadas e utilizar repelente de insectos em spray ou creme nas áreas expostas quando sair à noite também pode ser útil. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 39 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 40 Que posso fazer para ter o meu filho bem? É recomendada medicação anti-malária. Normalmente, é iniciada duas a três semanas antes da viagem, para que o seu filho esteja protegido contra a malária à chegada ao destino. A dosagem varia dependendo do tipo de medicação e idade do seu filho, e a data de início de tomada da medicação depende da data da viagem. Siga cuidadosamente as instruções da medicação. Recomenda-se que a medicação anti-malária seja continuada, no mínimo, durante duas a quatro semanas após o regresso da sua viagem. Alguns tipos de malária são resistentes à medicação habitual para a malária, por exemplo, a cloroquina. Assim, é importante informar o farmacêutico com exactidão de qual é o país para onde vai viajar para que possa ser recomendada a medicação correcta. Antes de administrar a medicação anti-malária, é importante saber se o seu filho sofre de uma deficiência da enzima chamada G6PD (consultar a página 65). Normalmente, esta situação já foi verificada na clínica de doenças falciformes. Pergunte ao seu médico ou enfermeiro especialista sobre os resultados deste exame e obtenha mais informação sobre o G6PD. As pessoas com o traço das células falciformes que crescem e vivem numa região com malária, desenvolvem uma resistência natural à doença, mas se viverem afastadas da região de origem durante um longo período de tempo, a resistência natural perde-se rapidamente. Todos os membros da família, incluindo os portadores de traços das células falciformes, têm de tomar medicação anti-malária ao visitarem uma zona assolada pela doença. Vacinações Quando viajar para o estrangeiro, pode ser necessário medicar o seu filho com uma vacinação anti-meningite (consultar a página 18). Para alguns países, também é recomendada a vacinação contra a hepatite e a febre-amarela. Converse com o seu médico de família ou com o médico do hospital com bastante antecedência para que o seu filho tenha tempo suficiente de ser imunizado/vacinado adequadamente antes de viajar. Outra medicação no estrangeiro O seu filho terá de continuar a tomar a medicação de penicilina e, se habitualmente toma ácido fólico, também deverá continuar a fazê-lo. Dependendo do nível dos cuidados de saúde do país para onde vai viajar; tenha em consideração se precisa levar uma quantidade da medicação de analgésicos que o seu filho toma normalmente, por exemplo, Paracetamol e Ibuprofeno. Vale a pena discutir este assunto com o seu médico de família ou com o médico do hospital. Seguro de viagem Lembre-se que nem todos os países dispõem de serviços de saúde gratuitos. Para maior tranquilidade, quando levar o seu filho em viagem, vale a pena adquirir um seguro de viagem, mesmo que esteja de "regresso a casa". Se viveu no Reino Unido durante muito tempo, é provável que muita coisa tenha mudado desde a última vez que esteve no país. Certifique-se de que reserva a sua viagem e seguro numa empresa de boa reputação. Ao fazer a reserva, informe a companhia aérea de que o seu filho sofre da doença das células falciformes. 40 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 41 Relatórios médicos e outros documentos para levar consigo Obtenha uma carta do médico do hospital e leve-a consigo no caso do seu filho adoecer enquanto está no estrangeiro. A carta deverá indicar: • O tipo de doença das células falciformes que o seu filho tem • Informações actualizadas sobre os seus níveis normais de sangue • Quaisquer operações ou complicações que tenha tido • Medicação que toma habitualmente • Qualquer tratamento especial necessário, por exemplo, transfusões sanguíneas periódicas • O tipo de analgésico que melhor funciona com o seu filho Se viajar com analgésicos forte (especialmente opiáceos como a morfina), seringas e agulhas, lembre-se de pedir ao seu médico que o mencione na carta. Não quererá ser acusado de transportar drogas ilegalmente. Cuidados em viagem Será necessário dar líquidos suplementares, de modo a evitar que o seu filho fique desidratado. Caso se queixe de dores, especialmente no peito, informe a hospedeira/comissário de bordo da companhia aérea que talvez seja necessário dar oxigénio à sua criança. Os aviões podem ser bastante frios, mesmo em viagens para países quentes. Leve roupas quentes para o caso do seu filho sentir frio. Dependendo do país e da altura do ano em que pretende viajar, em alguns países quentes as noites podem ser frias. E, lembre-se que alguns países tropicais têm períodos de tempo frio chamados "hammatan". As roupas mais quentes podem ser úteis ao chegar ao destino. Se a viagem for longa, deve encorajar o seu filho a caminhar um pouco. Não é recomendável permanecer sentado durante longos períodos de tempo, uma vez que abranda a circulação do sangue, especialmente, na parte inferior do corpo e pode desencadear uma crise de células falciformes. Prevenção de doenças no estrangeiro Durante as férias, o seu filho tem de continuar a tomar a sua medicação diária de rotina. Dependendo do país para onde está a viajar, vale a pena pedir ao seu hematologista para encontrar o contacto de um médico especialista ou centro de células falciformes na zona para onde pretende viajar. Se não estiver seguro sobre a qualidade do abastecimento de água no país para onde vai, poderá ser útil levar comprimidos de esterilização da água consigo. Estão disponíveis na maioria das farmácias; caso contrário, utilize água engarrafada, desde que saiba que é seguro beber a água engarrafada local. Lembre-se de que o facto de a água ser engarrafada não significa que seja segura, especialmente em países com um controlo limitado dos padrões de segurança. Ferver a água é uma solução possível, mesmo a água engarrafada, Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 41 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 42 Que posso fazer para ter o meu filho bem? se não tiver a certeza quanto ao seu nível de pureza. Se precisar de comprimidos de esterilização, certifique-se de que segue cuidadosamente as instruções de utilização. Se o seu filho se sentir mal, com diarreia ou vómitos, há uma receita simples recomendada pela Organização Mundial de Saúde para evitar a desidratação. Misture os seguintes ingredientes para o seu filho beber: • Quatro colheres de açúcar (cerca de 30 gramas) • uma pitada de sal (cerca de 1/2 colher de chá) • um copo cheio de água (cerca de 150 – 250 mls) Como alternativa, pode comprar umas saquetas de pó de re-hidratação oral, chamado Dioralyte, para levar consigo. Estão disponíveis na sua farmácia local. Faça uma lista de verificação antes de viajar 1. Carta do médico (hematologista ou pediatra) 2. Imunização/vacinação especial necessária 3. Consultar o médico de família (GP) para obter medicação anti-malária e outra medicação de rotina, (por exemplo, penicilina V, ácido fólico, analgésicos, etc.) 4. O nome e o endereço de um centro de doenças falciformes ou um médico de confiança na área que vai visitar 5. Líquidos suplementares para a viagem 6. Seguro de viagem para viagens para o estrangeiro. Para obter aconselhamento sobre os seus planos de viagem, é altamente recomendado que converse com o seu enfermeiro de infância, enfermeiro da escola, enfermeiro / assistente especialista, ou contacte uma das organizações de voluntários listadas nas páginas 91-92 7. Termómetro (pode ter de ver se o seu filho tem febre) 8. Comprimidos de esterilização da água 9. Saquetas de re-hidratação oral Estas precauções simples vão ajudar a manter o seu filho bem enquanto estiver no estrangeiro. 42 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 43 SENTIMENTOS E RELAÇÕES FAMILIARES Como poderá sentir-se quando informado que o seu filho tem a doença das células falciformes Os pais passam por diferentes fases emocionais quando são informados de que o seu filho recém-nascido sofre da doença das células falciformes. Se não tinha conhecimento de que você e o seu parceiro tinham o gene das células falciformes ou qualquer outro gene da hemoglobina pouco comum antes da gravidez, há boas hipóteses do diagnóstico da doença das células falciformes representar um choque para si e para a sua família. Também pode considerar difícil aceitar a situação, especialmente, se for inesperada. Pode sentir-se perturbado, zangado ou culpado pelo facto de pensar que, inadvertidamente, passou esta doença ao seu filho. Poderá não acreditar no diagnóstico; sentir-se confuso, ansioso, deprimido ou até assustado por não saber como esta situação poderá afectar o seu filho e a restante família. Poderá sentir-se impotente porque não é capaz de acabar com a doença do seu filho. Se for uma pessoa religiosa, poderá sentir-se tentado a culpar Deus por tê-lo desamparado; poderá perguntar “Como é que Deus pode permitir que esta doença afecte o meu filho?” Alguns pais passam por uma mudança de comportamento, revoltam-se contra tudo e contra todos à sua volta e odeiam esta "doença", que entrou nas suas vidas sem ter sido convidada. Quase todos, senão todos, estes sentimentos são comuns e naturais quando os pais são informados de que os seus filhos sofrem de uma doença prolongada, tal como a doença das células falciformes. Por vezes, estes sentimentos desaparecem rapidamente e os pais acabam por aceitar a doença, voltando a senti-los mais tarde. Por exemplo, o regresso destes sentimentos pode acontecer quando o seu filho tiver a primeira crise de células falciformes. Não fique alarmado se isto acontecer. Muitas vezes, os seus sentimentos e emoções estão para além do seu controlo: simplesmente acontecem e você terá de aceitá-los. As pessoas têm diferentes formas de lidar com os seus sentimentos, mas o primeiro passo e o mais importante é reconhecer como se sente e passar pela experiência sem se sentir culpado por se sentir da forma que se sente. Reacção pública relativamente à doença das células falciformes O impacto da doença das células falciformes no seu filho e na sua família também pode ser determinado por aquilo que as pessoas sentem sobre a doença. Muitas pessoas têm pouco ou nenhum conhecimento sobre a doença das células falciformes e existem muitos mitos, tabus e ideias erradas. Algumas pessoas pensam que se trata de uma doença que afecta apenas as pessoas negras. Algumas pessoas nutrem fortes crenças culturais ou religiosas: por exemplo, algumas acreditam que uma criança nasce com a doença das células falciformes porque Deus está a castigar os pais. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 43 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 44 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Infelizmente, estes mitos e crenças culturais da população, amigos ou mesmo familiares podem conduzir a uma reacção negativa perante as crianças com a doença das células falciformes ou à estigmatização das crianças e das suas famílias. Como pai, esta situação pode fazer com que se sinta triste, rejeitado e envergonhado por ter transmitido esta doença ao seu filho e que constitui o motivo da estigmatização. Estas reacções e experiências no seio da sua família mais alargada, comunidade ou sociedade criam a oportunidade para ensinar a estas pessoas o que é a doença das células falciformes e como afecta o seu filho e a família. Quem pode ajudar? Pode ser útil falar sobre estes sentimentos, inicialmente com um amigo, um familiar, com o seu líder religioso, enfermeiro / assistente especialista, enfermeiro de infância, médico, outro profissional de cuidados de saúde, assistente social ou alguém em quem confie e que compreenda como se está a sentir. Estas pessoas poderão apoiálo à medida que surgem estes sentimentos e experiências. Por vezes, conversar com outros pais que passaram por uma experiência semelhante ou conversar com adultos portadores da doença das células falciformes ajudará a reduzir os seus medos, ansiedades e preocupações relativamente à doença. No entanto, se continuar a considerar difícil lidar com a situação, poderá ser útil consultar um psicólogo. Um psicólogo é um profissional de cuidados de saúde especializado, que ajuda as pessoas a lidar com questões pessoais e/ou problemas emocionais que afectam as suas vidas. Um psicólogo não é um psiquiatra; não trata de doenças mentais e não receitará quaisquer medicamentos, mas irá falar consigo aprofundadamente sobre os seus sentimentos e ajudar a determinar o que pode fazer em relação a um determinado problema. Consultar um psicólogo não significa que o seu filho esteja "louco" ou que há qualquer coisa de errado consigo ou com a sua família. Significa que está a tomar medidas activas para evitar algumas das consequências do stress, que advém de ter um membro da família com uma doença crónica. Converse com o seu médico ou enfermeiro especialista se pretender consultar um psicólogo. Ao aprender mais sobre a doença do seu filho isso ajuda-o a sentir-se menos assustado ou preocupado. Passará a saber o que pode afectar o seu filho como indivíduo. Saberá como tratar e como planear os cuidados a ter com o seu filho e como obter o melhor tipo de ajuda possível. Acima de tudo, o seu filho estará a desenvolver a sua própria personalidade para se transformar naquela pequena pessoa que você conhece e adora. 44 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 45 À medida que aprende o que pode fazer para ajudar o seu filho e a sua família a viver uma vida o mais normal possível, apercebe-se de que a doença das células falciforme não é tão aterradora como julgou de início. O desconhecido é, frequentemente, mais assustador ou perturbador que a realidade. Existem muitos mitos sobre a doença das células falciformes. Se ouvir algo que o preocupe, converse com o seu enfermeiro especialista ou médico da clínica. Poderá descobrir que estas histórias são apenas lendas ou meias verdades. Estudos sociais mostraram que muitas famílias com um filho com a doença das células falciformes tendem a ter muito mais apoio no seio familiar, desenvolvem laços fortes, lidam muito bem com as emoções e constroem mecanismos eficazes para lidar com a doença. Este é um dos aspectos positivos de ter um filho com uma doença crónica como a doença das células falciformes. O seu pequeno filho com doença das células falciformes As crianças que sofrem desta doença são, frequentemente, crianças muito fortes em termos psicológicos e emocionais e conseguem lidar com a sua doença. A capacidade do seu filho em lidar com a doença depende de um grande número de factores: a gravidade da doença, a personalidade individual, a sua atitude para com a doença e a capacidade de lidar com os sentimentos. O seu filho pode sentir-se culpado devido à sua doença e a preocupação que está a provocar na família, a nível emocional e, possivelmente, a nível financeiro. Dar espaço para que o seu filho cresça e torne-se independente é uma parte importante de como ajudá-lo a lidar com a doença das células falciformes. Muitas crianças passam a compreender a doença por volta dos seis, sete anos de idade, quando se apercebem de que a sua doença é permanente. Isto pode criar medo e ansiedade no seu filho e precisará de todo o apoio para lidar com este conhecimento em relação à sua própria pessoa. O seu filho poderá começar a culpá-lo ou a mostrar sinais de ressentimento por ter herdado esta doença ou poderá ainda sentir ciúmes dos irmãos por não terem a doença. Poderá ter dificuldades em relacionar-se com as outras crianças na escola, especialmente se os professores e colegas de turma tiverem nenhum ou pouco conhecimento sobre a doença ou poderá tentar ser muito corajoso em relação a toda a situação. O modo como você lida pessoalmente com a dor e os sintomas pode entrar em conflito com as imagens que o seu filho vê na televisão e fora de casa. As crianças precisam que as pessoas acreditem nelas quando dizem que sentem dores ou que não se sentem bem, precisam que os adultos as ajudem a aprender a lidar com a dor ou a obter ajuda e melhorar. Desenvolver uma relação em que o seu filho se sinta seguro em dizer a si e aos outros quando sente dores ou quando não se sente bem é um começo importante para desenvolver uma atitude positiva perante a doença. Aprenderá a confiar nas mensagens do seu corpo e em si próprio de modo a interpretar essas mensagens correctamente e, acima de tudo, aprenderá a confiar em si e naqueles que cuidam dele. Transmitir ao seu filho imagens positivas de si próprio, mostrando-lhe que o ama mesmo que não ame a sua doença é muito importante para que o seu filho possa desenvolver uma Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 45 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 46 Que posso fazer para ter o meu filho bem? atitude positiva, que o preparará para viver a sua vida com a doença mesmo quando você não está presente. É bastante tentador proteger em demasiado um filho que sofra de uma doença crónica, mas isto pode fazer mais mal que bem, pois, eventualmente, o seu filho terá de enfrentar a sociedade fora de casa. É importante educar o seu filho com a doença falciforme da mesma forma que o faria se não tivesse a doença. Todas as crianças necessitam de cuidados, amor, apoio, encorajamento e, sempre que necessário, disciplina. Continuam a ter de aprender a diferença entre o mal e o bem, o que é um comportamento socialmente aceitável e o que não é, mesmo que estejam doentes. O seu filho adolescente com doença das células falciformes A maioria das crianças e dos pais consideram os anos da adolescência muito difíceis. A doença das células falciformes pode tornar este período ainda mais difícil. O seu filho pode estar só agora a começar a compreender a doença e o que significa para o seu futuro; pode considerar a ideia assustadora quando começar a pensar na escolha de uma carreira, na construção de relações íntimas e em ter filhos. Por outro lado, poderá ser emocionalmente mais maduro que os seus amigos. Por vezes, a frequência das crises de dor aumenta neste período devido às alterações hormonais no organismo e às alterações no estilo de vida e os adolescentes poderão ter de passar mais tempo no hospital, o que - obviamente - perturba as suas vidas. Poderão considerar difícil acompanhar os trabalhos da escola, colégio ou universidade ou a participação em desportos e actividades sociais. Caso o seu filho tenha episódios frequentes de crises de dor e hospitalizações, poderá vislumbrar uma vida constantemente associada à dor e aos hospitais. Estes pensamentos poderão desencadear sentimentos depressivos e poderá necessitar de algum apoio emocional e encorajamento durante esta fase. O seu filho poderá querer acompanhar modas de adolescentes, que em alguns casos poderão não ser boas para a sua saúde como, por exemplo, pouca roupa quando está frio, fumar, consumir álcool, ficar na rua até tarde e ficar muito cansado fisicamente. A adolescência pode ser uma altura perturbante para o seu filho, que necessitará de muito mais encorajamento e apoio. Por vezes, é útil conversar com alguém que conheça a doença das células falciformes e como esta afecta a sua vida, talvez uma pessoa mais velha com a doença das células falciformes. 46 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 47 Lidar com a doença das células falciformes À medida que o seu filho amadurece, precisa de aprender a lidar com a doença de forma eficaz e a reconhecer que pode ter uma função activa na manutenção do seu bem-estar, reduzindo as hipóteses de adoecer e a lidar com as crises quando ocorrerem. Foi desenvolvido um manual de auto-ajuda destinado às crianças com SCD (doença das células falciformes) por um psicólogo especializado. Poderá ajudar o seu filho a aprender mais sobre a sua doença e as várias técnicas que poderá usar para lidar com episódios de dor, bem como outras formas para gerir os vários aspectos da vida com a doença das células falciformes (consultar a página 95 para obter mais pormenores). Irmãos Os irmãos poderão sentir-se ignorados, rejeitados, com ciúmes e até zangados devido à atenção que dá ao seu filho com a doença das células falciformes. Por vezes, os irmãos poderão sentir-se culpados por não terem a doença e o seu irmão ter e sofrer devido à dor. É também importante que os irmãos compreendam que o seu filho nasceu com a doença, pelo que não têm de ter medo em apanhá-la. Outros membros da família menos próxima, em especial os avós, poderão sentir-se ansiosos ao começarem a compreender como funciona a ligação familiar e a genética e poderão sentir-se culpados por terem transmitido esta doença genética à família. Como lidar com os sentimentos dos irmãos? Tem de ajudar os irmãos a compreenderem que os seus sentimentos são naturais e que poderá apoiá-los tanto quanto ao irmão que sofre da doença das células falciformes. Mostre que os ama e que quer continuar a dedicar-lhes o máximo de tempo possível. Dê-lhes tempo para falarem sobre os seus sentimentos e encoraje-os a participar nos cuidados ao irmão sempre que adequado. Tente partilhar o seu tempo de forma igual com todos os seus filhos, reconhecendo que cada criança tem necessidades diferentes em momentos diferentes. Partilhe os seus sentimentos e deixe que a família se aperceba que você também tem necessidades, incluindo a vida do casal. Desta forma poderá construir a confiança, encorajar o apoio mútuo e a união familiar, em especial, quando o seu filho com a doença das células falciformes não se sentir bem. Lidar com os avós e outros familiares Encoraje os avós e outros membros da família a dar-lhe apoio a si e ao seu filho doente. Ensine-lhes sobre o que é a doença das células falciformes, para que saibam o que é necessário para cuidar de uma criança doente sem terem de se preocupar (ou você) durante uma crise de dor ou numa situação de emergência. Se tiver dificuldades em responder às suas perguntas, converse com o enfermeiro / assistente especialista, enfermeiro de infância ou médico. Peça-lhes ajuda para explicar a doença aos seus filhos e a outros membros da família, se necessário. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 47 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 48 Que posso fazer para ter o meu filho bem? QUESTÕES PRÁTICAS COM AS QUAIS LIDAR Muitas vezes, ter um filho com uma doença crónica cria exigências adicionais e desafios à capacidade da família lidar com a situação. Isto aplica-se especialmente se a criança tiver uma doença imprevisível, como a doença das células falciformes. As exigências ao nível do tempo, energia e recursos financeiros dos pais poderão tornar a situação ainda mais complicada. Planeamento antecipado Quando o seu filho é diagnosticado pela primeira vez, o dinheiro e a carreira são, provavelmente, as últimas coisas em que irá pensar como partes importantes da sua vida. Mas são e vale a penas falar sobre elas logo que se sinta com capacidade para o fazer. Muitos pais consideram o planeamento antecipado um factor-chave para que a situação seja menos complicada. Poderão ajustar melhor as mudanças a nível económico e obter maior segurança. Cada situação familiar é única. Terá de considerar as circunstâncias específicas da sua família, por exemplo: • O número de crianças no agregado familiar e suas idades • É um pai solteiro ou vive com um parceiro/cônjuge? • Tem o apoio de familiares mais distantes e amigos? • Qual é o rendimento, despesas e necessidades financeiras básicas da família? • Tem segurança nas suas circunstâncias de vida, por exemplo, tem casa própria, tem uma hipoteca ou a sua casa é alugada? • Durante quanto tempo ainda tem de pagar a sua hipoteca? • Tem uma apólice de seguro que ajude a proteger a família se algo acontecer ao membro da família que mais a suporta financeiramente? Só você pode responder a estas perguntas de forma realista. Dedique algum tempo a planear e a considerar as opções disponíveis. O planeamento antecipado irá permitir que se sinta melhor e mais confiante para enfrentar as suas circunstâncias. Mas lembre-se: não entre em pânico, nem tome decisões precipitadas; espere até sentir que pode tomá-las. A vida não é uma corrida. Deve ser vivida um dia de cada vez. Pais trabalhadores Ter um filho com a doença das células falciformes poderá ser ainda mais difícil se um ou ambos os pais trabalharem e tiverem de manter uma carreira, em especial, se existir pouco ou nenhum apoio de outros familiares. Isto terá impacto no rendimento familiar. 48 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 49 Questões frequentes que os pais colocam sobre problemas no emprego: Posso ir trabalhar? Quantas horas posso trabalhar? Consigo chegar a casa rapidamente se o meu filho ficar doente repentinamente? Tudo isto depende das suas circunstâncias pessoais, por exemplo, se o seu agregado familiar é composto por um ou ambos os pais, o número e a idade dos seus filhos, se tem familiares e amigos que possam efectivamente dar algum apoio. Em segundo lugar, as capacidades que tem para oferecer aos patrões e a distância entre o local de trabalho e a sua casa são factores que têm de ser considerados. Poderá ser possível negociar com o seu patrão um horário de trabalho flexível, trabalhar em tempo parcial ou partilhar o emprego. O que tenho de dizer ao meu patrão, em especial, se tiver de utilizar mais folgas do que o habitual e como é que a minha ausência irá afectar os meus direitos como trabalhador? Isto depende do seu tipo de trabalho e o nível de flexibilidade da sua vida profissional. Contar ao seu patrão as suas circunstâncias pessoais é uma opção sua e terá de pesar as vantagens e as desvantagens. Se achar que o seu patrão vai ser compreensivo se e quando precisar do seu apoio e cooperação quando o seu filho precisar da sua ajuda, então é definitivamente uma vantagem falar sobre a situação. Alguns patrões dão importância à família e permitem a ausência no local de trabalho para a assistência à família. Ser verdadeiro e honesto com o seu patrão desde o início é, normalmente, benéfico; existem boas possibilidades do seu patrão ser mais receptivo e voluntarioso se precisar de faltar ao trabalho. Converse com a sua assistente social e com o gabinete local de apoio ao cidadão (CAB) para obter mais informação sobre os seus direitos à "Assistência à Família" e outros direitos laborais. Também pode confirmar esta informação junto do seu sindicato ou associação profissional. Que tipo de trabalho posso ter que seja suficientemente flexível para lidar com a imprevisibilidade da doença do meu filho, e irá o meu patrão compreender quando tiver de faltar ao trabalho ou sair durante o expediente quando o meu filho estiver doente? Isto depende do seu tipo de emprego e se é suficientemente flexível para poder negociar o horário de trabalho. Por exemplo, poderia trabalhar a partir de casa? Poderia trabalhar aos fins-de-semana ou à noite quando o seu companheiro e outros familiares pudessem cuidar do seu filho? Terá de ser realista em relação ao nível de flexibilidade que o seu patrão poderá permitir. Um centro de emprego ou um conselheiro profissional poderão ajudá-lo a considerar as capacidades e qualificações que já tem e ajudar a considerar se deve manter o mesmo tipo de emprego e carreira. Poderá ser possível manter o mesmo emprego trabalhando em casa ou em tempo parcial. O Training and Enterprise Council (Comissão de Formação e Empresas, TEC) oferece esquemas e bolsas para qualificações e formação profissional. O seu centro de emprego poderá fornecer informação sobre esta comissão, especialmente se estiver a considerar mudar de emprego ou carreira. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 49 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 50 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Quem será suficientemente competente e estará disposto a cuidar do meu filho doente enquanto vou trabalhar? Terá de explorar as suas circunstâncias familiares pessoais e considerar se tem apoio suficiente por parte da família para poder trabalhar a tempo inteiro ou parcial. Os profissionais de cuidados de saúde/sociais poderão ajudar a estudar as opções de cuidados de dia adequados caso pretenda voltar a trabalhar. Verifique se o seu patrão tem um esquema de creche que cuide de crianças com necessidades especiais. O enfermeiro de infância/enfermeiro especialista ou assistente social poderá aconselhar sobre como pode obter cuidados especiais para o seu filho se e quando for necessário. Se precisar de ajuda externa, como amas, infantários e creches, é necessário educar as pessoas que irão cuidar do seu filho. Procure o apoio do enfermeiro de infância e do enfermeiro especialista. Preciso fazer um seguro de saúde ou de vida? Quais são as vantagens ou limitações? Quanto custam, conseguirei pagá-los e vale a pena tê-los? Tudo isto depende das suas circunstâncias financeiras pessoais e dos seus valores e aspirações pessoais. Fale com um consultor financeiro independente, que poderá ajudá-lo a explorar a sua situação pessoal e a chegar a uma decisão que melhor se adapte às suas necessidades e às necessidades da sua família. Certifique-se de que fala com um corretor de confiança. Poderá precisar de informações práticas e conselhos para poder planear com antecedência. Converse com a sua assistente social, visite o gabinete de aconselhamento aos cidadãos (CAB) ou procure em bibliotecas, ou pesquise informações na Internet; para obter uma lista das páginas da Internet mais úteis, consultar a página 95. Estas irão ajudá-lo a encontrar onde deve aceder e a obter a extensa variedade de informação de que necessita para poder planear com antecedência: Os consultores financeiros encontram-se disponíveis nos bancos, sociedades financeiras e centros de aconselhamento de crédito. Estes poderão ajudá-lo a planear a longo prazo. Por exemplo, irão verificar se existem quaisquer benefícios fiscais a que tenha direito e que não esteja a usufruir; se possui bens que lhe possam proporcionar rendimentos adicionais; se deverá considerar uma apólice de seguro para proteger o rendimento da sua família. Se tiver uma assistente social ligada ao seu centro de especialidade ou hospital local, aproveite para discutir o seu emprego e necessidades financeiras ou visite o CAB local. E existem vários manuais práticos úteis nas melhores livrarias que o poderão ajudar a tentar planear e organizar a sua vida familiar, de modo a que o facto de ter um filho com a doença das células falciformes não signifique complicações desnecessárias para si e para o resto da família. 50 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 51 ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS SOCIAIS Embora seja do conhecimento geral que muitas pessoas portadoras de deficiências e os responsáveis pelos seus cuidados não possam trabalhar, poucas pessoas têm conhecimento dos direitos que as assistem e como reclamá-los e podem viver na pobreza. Pode obter informações e folhetos grátis relativamente ao direito a subsídios e respectivas taxas junto do seu centro de emprego ou no gabinete de segurança social local. Alguns folhetos também são disponibilizados nos postos de Correios. Existem também folhetos relativos a subsídios de habitação e benefícios nos impostos municipais na sua câmara municipal. Pode obter mais informação nas páginas da Internet do Departamento do Emprego e Pensões, dos centros de emprego e serviços de pensões. Os endereços são: www.dwp.gov.uk, www.jobcentreplus.gov.uk, www.thepensionservice.gov.uk A linha Benefit Enquiry (Consulta de Vantagens) é um serviço telefónico gratuito preparado para pessoas portadoras de deficiências, responsáveis pelos seus cuidados e representantes. Telefone: 0800 88 22 00 Telefone de texto: 0800 24 33 55 A linha de ajuda Disability Living Allowance (Subsídio de Deficiência, DLA) dá aconselhamento relativamente a pedidos ao DLA e envia pacotes de candidatura aos novos candidatos. Telefone: 0845 712 3456 Telefone de texto: 0845 722 4433 O CAB poderá aconselhá-lo sobre uma variedade de benefícios de rendimentos e outros benefícios a que poderá ter direito, quer esteja a trabalhar ou não. Poderá incluir subsídios para habitação, da segurança social e do estado. Irão aconselhá-lo sobre se tem direito a um apoio ao rendimento familiar, subsídio por cuidados a familiares dependentes, subsídios de deficiência, fundos de família e uma vasta gama de outros benefícios. Muitos centros de doenças falciformes e talassemia locais também oferecem aconselhamento relativamente a benefícios sociais e/ou poderão dirigi-lo para as áreas de apoio locais. Pode candidatar-se a receber ajuda para a aquisição de bens essenciais como uma máquina de lavar roupa, frigorífico ou vestuário através do seu grupo de apoio comunitário, da sua assistente social ou do seu enfermeiro / assistente especialista. A qualificação para cumprir os critérios ao candidatar-se a subsídios sociais baseia-se normalmente no rendimento da família e na gravidade da deficiência. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 51 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 52 Que posso fazer para ter o meu filho bem? GRAVIDEZ E NASCIMENTOS FUTUROS Uma vez que já teve um filho com a doença das células falciformes, existe a possibilidade de ter outro filho com a mesma doença se permanecer com o mesmo parceiro ou se tiver um filho com outro parceiro, que também seja portador do gene das células falciformes ou outro gene da hemoglobina pouco comum. O conhecimento desta situação implica que o planeamento de outro filho possa ser um momento emocional e preocupante para si. Pode ser útil conversar como o seu enfermeiro / assistente especialista, enfermeiro de infância ou médico quando planear ter outro filho; estes especialistas poderão informar sobre os serviços e opções disponíveis. Quais as probabilidades de ter outro filho com doença das células falciformes? Se tiver um novo parceiro, é importante que faça as devidas análises. Para determinar o tipo de hemoglobina que o seu filho poderá herdar, precisa de conhecer o seu tipo de hemoglobina e o tipo de hemoglobina do seu parceiro. Como descobrir que tipo de hemoglobina eu e o meu parceiro temos? Se nenhum dos dois tiver sido testado quanto à existência de células falciformes, terá de fazer uma análise ao sangue especial designada de electroforese da hemoglobina e um hemograma completo. Esta análise pode ser feita pelo seu médico de família ou pode visitar um dos centros de células falciformes/talassemia listados nas páginas 87-91. O que é que o nosso filho pode herdar? Lembre-se de que as hipóteses são as mesmas para toda e qualquer gravidez. Eis alguns exemplos: 52 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 53 Exemplo 1 Se ambos os pais tiverem a combinação de hemoglobina mais comum AA (HbAA) DE CADA VEZ e SEMPRE que estiverem à espera de um filho: Existe uma probabilidade de 4 em 4 (100%) de que o seu filho herde a combinação de hemoglobina mais comum (HbAA). Não existe a possibilidade dos seus filhos herdarem qualquer hemoglobina pouco comum. Normal (HbAA) Normal (HbAA) Normal (HbAA) Normal (HbAA) Normal (HbAA) Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 53 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 54 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Exemplo 2 Se ambos os pais tiverem traços de células falciformes, hemoglobina AS (HbAS), DE CADA VEZ e SEMPRE que estiverem à espera de um filho: Existe uma probabilidade de 1 em 4 (25%) dos seus filhos poderem herdar a hemoglobina comum (HbAA), 2 em 4 (50%) de poderem herdar o traço de células falciformes (HbAS) e 1 em 4 (25%) de poderem herdar a anemia de células falciformes (HbSS.) Traço de células falciformes (HbAS) Normal (HbAA) 54 Traço de células falciformes (HbAS) Traço de células falciformes (HbAS) Traço de células Anemia de células falciformes falciformes (HbAS) (HbSS) 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 55 Exemplo 3 Se um dos pais for portador do traço das células falciformes (HbAS) e o outro pai tiver o traço da hemoglobina C (HbAC), DE CADA VEZ e SEMPRE que estiverem à espera de um filho: Existe uma probabilidade de 1 em 4 (25%) dos filhos poderem herdar a hemoglobina comum (HbAA), 1 em 4 (25%) de herdarem o traço da hemoglobina C (HbAC), 1 em 4 (25%) de herdarem o traço das células falciformes (HbAS) e 1 em 4 (25%) dos seus filhos herdarem a doença de hemoglobina falciforme C (HbSC.) Traço de células falciformes (HbAS) Normal (HbAA) Traço de hemoglobina C (HbAC) Traço de hemoglobina C (HbAC) Traço de células Doença da falciformes Hemoglobina (HbAS) falciforme C (HbSC) Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 55 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 56 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Exemplo 4 Se um dos pais tiver a hemoglobina comum (HbAA) e o outro pai tiver a anemia de células falciformes (HbSS), DE CADA VEZ e SEMPRE que estiverem à espera de um filho: Existe uma probabilidade de 4 em 4 (100%) dos seus filhos herdarem o traço das células falciformes (HbAS.) Normal (HbAA) Traço das células falciformes (HbAS) 56 Traço das células falciformes (HbAS) Anemia de células falciformes (HbSS) Traço das células falciformes (HbAS) Traço das células falciformes (HbAS) 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 57 Exemplo 5 Se um dos pais tiver o traço das células falciformes (HbAS) e o outro pai tiver o traço da beta-talassemia (HbAßThal), DE CADA VEZ e SEMPRE que estiverem à espera de um filho: Existe uma possibilidade de 1 em 4 (25%) do seu filho poder herdar a hemoglobina comum (HbAA), 1 em 4 (25%) do seu filho herdar o traços das células falciformes (HbAS), 1 em 4 (25%) de herdarem o traço da beta-talassemia (HbAßThal) e 1 em 4 (25%) de poderem herdar a doença de beta-talassemia falciforme (HbSßThal.) Traço das células falciformes (HbAS) Normal (HbAA) Traço de Beta-talassemia (HbAßThal) Traço das células Traço de falciformes (HbAS) Beta-talassemia (HbAßThal) Beta-talassemia falciforme (HbSßThal) Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 57 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 58 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Exemplo 6 Se um dos pais for portador do traço das células falciformes (HbAS) e o outro pai tiver anemia de células falciformes (HbSS), DE CADA VEZ e SEMPRE que estiverem à espera de um filho: Existe uma possibilidade de 2 em 4 (50%) do seu filho herdar o traço das células falciformes (HbAS) e 2 em 4 (50%) de herdarem a anemia de células falciformes (HbSS.) Traço de células falciformes (HbAS) Traço de células falciformes (HbAS) Traço de células falciformes (HbAS) Anemia das células falciformes (HbSS) Anemia das Anemia das células células falciformes falciformes (HbSS) (HbSS) LEMBRE-SE DE QUE EM TODOS ESTES EXEMPLOS, AS QUATRO HIPÓTESES POSSÍVEIS SÃO IGUAIS PARA TODAS AS GRAVIDEZES 58 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:05 Page 59 Um bebé por nascer pode ser testado ainda no útero? Existem várias formas de teste para descobrir se o bebé por nascer é portador de uma doença genética. Estes exames são chamados diagnósticos pré-natais (PND). Poderão indicar o tipo de hemoglobina que o seu bebé herdou de si e do seu parceiro. É aconselhável considerar estas opções antes de engravidar, para que tenha a oportunidade de descobrir toda a informação possível sobre os testes antecipadamente. O tipo de exame proposto irá depender do tempo de gravidez. Existem três tipos: Amostra das vilosidades coriónicas (CVS), Amniocentese e Amostra do sangue fetal (FBS). A maioria das mulheres é seguida num centro de medicina fetal regional ou num hospital como doente externa e poderá ou não ser utilizada a anestesia local. Diagnóstico Pré-natal a) Biopsia das vilosidades coriónicas (CVS) Este exame pode ser feito após as 10 semanas de gravidez. É retirado um pequeno pedaço de placenta e enviado para análise. Normalmente, o resultado está disponível no espaço de uma semana. ecógrafo transdutor placenta (vilosidades coriónicas) agulha e seringa (amostra recolhida aqui) feto b) Amniocentese Este exame pode ser feito por volta das 14 semanas de gravidez. Uma pequena quantidade do líquido que envolve o bebé, o chamado líquido amniótico, é retirado e enviado para análise. Normalmente, o resultado é obtido no espaço de uma semana. A amostra para a análise das vilosidades coriónicas e para a amniocentese não é retirada de qualquer parte do corpo do bebé, mas existe um risco aumentado de aborto espontâneo de cerca de 1% resultante da realização destes exames. O cálculo do risco não considera a incidência de abortos espontâneos que podem ocorrer em algumas gravidezes, mesmo sem a realização do exame. parede uterina ecógrafo transdutor placenta (vilosidades coriónicas) agulha e seringa (amostra recolhida aqui) líquido amniótico feto parede uterina Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 59 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 60 Que posso fazer para ter o meu filho bem? c) Amostra de sangue fetal (FBS) Este exame pode ser feito por volta das 16 semanas de gravidez, mas também pode ser feito até ao nascimento do bebé. É retirada uma pequena quantidade de sangue do cordão umbilical e enviada para análise. É raro ser proposto este exame dado que tem um maior risco de aborto espontâneo que os dois exames de diagnósticos descritos anteriormente. Normalmente, o resultado está disponível num período de dois a quatro dias. ecógrafo transdutor placenta (vilosidades coriónicas) agulha e seringa (amostra recolhida aqui) líquido amniótico feto parede uterina Se pretender considerar a realização destes exames ou se simplesmente quiser saber mais sobre eles, converse com o seu médico de família, enfermeiro especialista ou com alguém em qualquer dos centros especializados e listados nas páginas 87 - 94 quando planear ter outro bebé. A decisão de realizar os exames pré-natais cabe-lhe a si e ao seu parceiro. Os profissionais de cuidados de saúde poderão fornecer-lhe informações que poderão ajudar no processo de tomada de decisão. Não o forçarão a tomar qualquer tipo de decisão. E se o resultado mostrar que o bebé por nascer tem a doença das células falciformes? Poderá já ter pensado no que fazer se os resultados mostrarem que o bebé sofre da doença das células falciformes. Poderá ter decidido fazer o teste para poder decidir quanto à preparação para a chegada do bebé. É possível que tenha tentado evitar ter uma criança ou outra criança com a doença das células falciformes e esteja a planear interromper a gravidez afectada. Seja qual for o caso, poderá ser útil discutir os seus sentimentos com o seu médico ou enfermeiro especialista. Estes profissionais existem para apoiar os pais, independentemente da decisão que tomem sobre a gravidez. Se decidir interromper a gravidez, o procedimento poderá ser organizado por si e terá todo o apoio necessário para lidar com o que pode ser um momento difícil para si, para o seu parceiro e restantes membros da família. Existe uma organização chamada Antenatal Results and Choices (Resultados e Escolhas PréNatais, ARC) que oferece apoio suplementar aos pais que pretendam fazer escolhas quanto a gravidezes de risco (consultar a página 94 para obter mais pormenores). 60 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 61 Diagnóstico genético de pré-implantação O diagnóstico de implantação pré-natal (PIGD) é outra opção possível para os casais que não queiram ter um filho com uma doença genética como a anemia de células falciformes (HbSS), mas - por qualquer razão - não consigam considerar a interrupção de uma gravidez afectada. O processo envolve a remoção dos óvulos maduros dos ovários de uma mulher. Os óvulos são então fertilizados em laboratório com os espermatozóides do seu parceiro ou de um dador, caso pretenda utilizar esta alternativa. O desenvolvimento do embrião é então analisado especificamente quanto à anemia de células falciformes, mas não quanto a outros tipos de doenças das células falciformes ou outras condições genéticas. Se o embrião não tiver anemia das células falciformes, o óvulo fertilizado é colocado no útero da mulher para que se estabeleça e continue a gravidez. Este processo é frequentemente referido como ‘fertilização in vitro’ (FIV) ou ‘bebé proveta'. A taxa de sucesso é de 20% ou, por outras palavras, 1 em cada 5 tentativas resulta no nascimento de um bebé. Embora as FIVs sejam feitas há mais de trinta anos, a PIGD é um desenvolvimento relativamente recente para os casais em risco de terem filhos com a doença das células falciformes e poucos hospitais oferecem esta possibilidade. Embora o serviço seja facultado nos hospitais do NHS (Serviço Nacional de Saúde), apenas 50% dos casais consegue obter o financiamento do NHS. Os restantes casais têm de pagar os custos dos serviços, que rondam as £5,000 (preços de 2006) por ciclo, incluindo todos os medicamentos necessários para o tratamento. Se estiver interessada na PIGD, discuta a hipótese com o seu médico, enfermeiro especialista ou contacte um dos centros especializados ou organizações de voluntários, listados nas páginas 87- 94 quando planear ter outro filho. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 61 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 62 Que posso fazer para ter o meu filho bem? DESENVOLVIMENTOS NO TRATAMENTO DA DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES A doença das células falciformes afecta as pessoas de formas diferentes. Algumas pessoas podem ser afectadas ligeiramente, enquanto que noutras a gravidade é mais notória, mesmo na mesma família. Os motivos para esta situação nem sempre são claros, mas existem vários factores que podem estar ligados à gravidade da doença das células falciformes. Por exemplo, o nível de hemoglobina fetal F (HbF), que algumas pessoas continuam a produzir na idade adulta é bastante importante. Normalmente, o nível da hemoglobina F cai para cerca de 1% no fim do primeiro ano de vida e permanece neste nível até à idade adulta. As crianças com a doença das células falciformes poderão continuar a produzir níveis de hemoglobina F mais elevados que o habitual e durante mais tempo; os níveis superiores a 7% parecem estar relacionados com menos crises falciformes e menos complicações da doença das células falciformes. Hidroxiureia Actualmente, o método mais promissor para a redução da mutação falciforme dos glóbulos vermelhos é encorajar o organismo a continuar a produzir a hemoglobina fetal (HbF) até à idade adulta. A vantagem da hemoglobina fetal é que não sofre a mutação e a sua presença evita a mutação falciforme dos glóbulos vermelhos. Existem vários fármacos que demonstraram aumentar a produção da hemoglobina fetal; de entre eles a Hidroxiureia é o mais promissor e o que é actualmente prescrito. Trata-se de um medicamento que é utilizado há muitos anos para o tratamento de doenças em que a medula óssea é hiperactiva e produz demasiados glóbulos vermelhos. Existem boas provas de que a Hidroxiureia reduz as crises falciformes na maioria dos doentes. Foram medicados com este fármaco trezentos doentes com a doença das células falciformes nos Estados Unidos, durante um período de três anos. O número de crises falciformes e hospitalizações foi reduzido para metade. Menos doentes sofreram de complicações graves, por exemplo, pulmão falciforme, uma complicação observada nos adultos. Menos doentes medicados com este fármaco precisaram de receber transfusões sanguíneas. 62 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 63 No entanto, a Hidroxiureia poderá não ser indicada para todos os doentes com SCD. O medicamento tem o potencial de reduzir a actividade da medula óssea, o que aumenta o risco de infecções. Não deverá ser utilizado por doentes com probabilidades de engravidar ou por aqueles que tenham dificuldades em seguir as instruções dadas para o tratamento. É necessário um acompanhamento cuidadoso, com visitas regulares à clínica para a verificação dos níveis sanguíneos. É importante compreender que a Hidroxiureia não é uma cura para a doença das células falciformes. É um tratamento eficaz para evitar ou reduzir as crises falciformes e o seu efeito só dura enquanto o doente tomar o medicamento. Transplante de medula óssea (BMT) De momento, é a única cura para a doença das células falciformes. O BMT envolve a extracção da medula óssea de um familiar ou dador "compatível" e a implantação na pessoa com a doença das células falciformes. Isto após um tratamento com medicamentos fortes para limpar a sua própria medula óssea que produz os glóbulos vermelhos falciformes. Embora este tratamento tenha sido realizado com êxito em muitos doentes com a doença das células falciformes, existem vários problemas. Produz melhores resultados quando a criança é muito jovem, utilizando um irmão ou irmã compatível como dador, possivelmente, antes de terem surgido quaisquer complicações e o nível de gravidade da doença não ser conhecido. Uma vez que a gravidade da doença das células falciformes pode ser muito variável, é difícil justificar um tratamento de alto risco, como a BMT, para a maioria das pessoas com a doença das células falciformes. 9 em cada 10 pessoas sobrevivem ao transplante, mas 1 em cada 10 não. Podem existir vários efeitos secundários desagradáveis a longo prazo. Muitas vezes, é difícil encontrar um familiar que tenha uma medula óssea compatível e o tratamento nem sempre funciona, mesmo nos doentes que sobrevivem ao transplante. Terapia génica No futuro, é provável que se possa oferecer uma terapia génica, através da substituição do gene defeituoso por um gene normal, mas a investigação nesta área está ainda na sua infância. Para saber mais sobre estes desenvolvimentos, converse com o seu enfermeiro especialista, com um assistente ou com o médico ou contacte um dos centros especializados em doenças das células falciformes listados nas páginas 87-92. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 63 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 64 Que posso fazer para ter o meu filho bem? EXAMES MÉDICOS E SEU SIGNIFICADO Análises ao sangue Nas crianças, normalmente, o sangue é colhido nas costas da mão ou na parte interior do cotovelo. O médico e enfermeiros poderão explicar os testes e a razão pela qual são necessários. Para tornar os testes ou análises menos dolorosos, o enfermeiro poderá colocar um penso anestésico local (emla) na pele do seu filho para adormecer a zona. O efeito passa ao fim de algumas horas. Electroforese da Hemoglobina Este exame é realizado para descobrir o tipo de hemoglobina que uma pessoa herdou dos seus pais: por exemplo, traço de células falciformes (HbAS), traço de hemoglobina C (HbAC), anemia de células falciformes (HbSS), doença de hemoglobina falciforme C (HbSC) e beta-talassemia das células falciformes (HbSßThal). Este exame mostra também se existe hemoglobina fetal F (Hb F). Por vezes, este exame é realizado para descobrir quantos glóbulos vermelhos falciformes existem no sangue. Chama-se a este procedimento electroforese quantitativa da hemoglobina. Se o seu filho receber transfusões e sangue periódicas, ajuda o médico a perceber a quantidade de transfusões necessárias. Teste de hemoglobina fetal Algumas crianças com anemia de células falciformes mantêm um bom estado de saúde e têm muito poucos problemas. Isto deve-se ao facto de terem herdado a vantagem de continuarem a produzir uma quantidade de hemoglobina F (hemoglobina fetal) superior ao normal. Algumas crianças têm níveis de hemoglobina F no sangue em níveis tão elevados como 25-30% (a quantidade normal é de 1% em pessoas com mais de um ano de idade), porque herdaram um gene que faz com que o seu organismo continue a produzir altos níveis de hemoglobina F na idade adulta. Outras crianças não têm este gene, mas continuam a produzir muita hemoglobina F, mesmo após o primeiro ano de vida. Contagem Sanguínea Completa (CBC) Este exame testa o tamanho, o número e a forma das células sanguíneas, se são saudáveis e se estão a desempenhar a sua função correctamente. As crianças não portadoras da doença das células falciformes, normalmente, têm um nível de hemoglobina entre 10 e 14. As crianças com a doença das células falciformes, geralmente, têm níveis mais reduzidos e isto depende do tipo de doença falciforme. Por exemplo, as crianças com anemia de células falciformes e beta-talassemia zero (HbSß°Thal) apresentam níveis entre 6 e 8, enquanto que as crianças com a doença de hemoglobina falciforme C (HbSC) e betatalassemia falciforme major (HbSß+Thal) têm níveis entre 9 e 11. É útil manter um registo do nível habitual de hemoglobina do seu filho. Se o nível de hemoglobina do seu filho cair, normalmente, é um sinal de que está a ficar doente e poderá ser necessário um tratamento para evitar complicações. 64 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 65 Este exame também mede outras partes do sangue: por exemplo, o número de glóbulos brancos que ajudam a combater as infecções e o número de plaquetas, que ajudam o sangue a coagular. O número de plaquetas pode cair se o baço aumentar muito de volume. Teste de traço talassémico alfa A hemoglobina A (HbA) normal nos adultos contém duas cadeias beta e duas cadeias alfa. Por vezes, um ou mais genes que controlam a produção da cadeia alfa estão ausentes, o que resulta no traço talassémico alfa. Se o seu filho tiver herdado o traço talassémico alfa, bem como a anemia de células falciformes, pode de facto significar que a anemia de células falciformes é menos grave. Isto porque a concentração de hemoglobina em cada glóbulo vermelho é inferior e, por conseguinte, o glóbulo vermelho é menos susceptível a sofrer uma mutação falciforme. Contagem de reticulócitos Este teste verifica o número de glóbulos vermelhos jovens presentes no sangue. Mostra se a medula óssea está a funcionar correctamente. A medula óssea é a "fábrica" onde são fabricados os novos glóbulos vermelhos antes de serem libertados na corrente sanguínea. Por vezes, como resultado da infecção, a medula óssea pode deixar de fabricar estas células. Isto faz com que o nível de hemoglobina desça (consulte a crise aplástica, na página 26). Química do sangue São realizados vários testes para verificar o nível de várias substâncias no sangue, substâncias que são vitais para a manutenção da saúde, do crescimento e do desenvolvimento. Por exemplo, este teste é feito para verificar se os rins e o fígado estão a funcionar correctamente. Teste de Deficiência de Glucose 6-Fosfato-Desidrogenase (G6PD) A G6PD é uma enzima que protege os glóbulos vermelhos contra os químicos. A ausência do gene G6PD é encontrada mais frequentemente em pessoas originárias de zonas do mundo em que se encontra o gene falciforme. Se a enzima não estiver presente e forem ingeridos determinados ingredientes alimentares ou medicamentos, os glóbulos vermelhos podem ser destruídos, o que conduz ao agravamento da anemia. Algumas medicações, incluindo as utilizadas no tratamento da malária, podem provocar este problema, pelo que é importante que o teste seja realizado antes da administração de medicamentos para a malária. É possível herdar o gene das células falciformes e o gene da deficiência de G6PD. Testes à urina É possível ter de analisar a urina se forem observados sangue ou proteínas na urina, se existir a possibilidade de infecção ou para verificar o funcionamento dos rins. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 65 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 66 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Radiografias e tomografias O seu filho poderá ter de fazer radiografias e tomografias por diferentes motivos. Radiografia torácica: normalmente, para procurar infecções. Radiografia aos ossos: por vezes, para procurar os resultados da mutação falciforme (necrose avascular da cabeça do fémur, consultar a página 26) ou para controlar o crescimento. Ecografia abdominal: para determinar o tamanho do baço e dos rins e para procurar pedras na vesícula. Ecocardiograma: tal como uma ecografia, é utilizado para observar o tamanho e o funcionamento do coração. TAC e Ressonância magnética: é uma imagem obtida para observar danos nos tecidos, por exemplo, podem ser utilizados para ajudar a distinguir uma crise de dor da osteomielite (infecção nos ossos), para observar o cérebro e verificar se ocorreu um acidente cardiovascular silencioso ou se os vasos sanguíneos estão mais estreitos que o normal. Estudos de circulação sanguínea através de Doppler: exames para observar o fluxo sanguíneo em qualquer parte do corpo. A Ecografia Doppler Transcraniana (TCD), em particular, observa a velocidade da circulação sanguínea através dos vasos sanguíneos no cérebro. Se a circulação do sangue aparentar estar muito rápida, poderá dever-se ao estreitamento desses vasos sanguíneos e poderá indicar que existe um risco acrescido de acidente cardiovascular (consultar a página 28). Outras ecografias ou exames especiais poderão ser pedidos e serão explicados pelo seu médico. 66 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 67 PRESTADORES DE CUIDADOS DE SAÚDE E SERVIÇOS SOCIAIS Anestesista Se o seu filho precisar de uma anestesia para uma operação, incluindo determinados tratamentos dentários, é importante que o anestesista saiba que existe uma situação de doença das células falciformes. Para além de colocarem as pessoas a dormir durante as operações, os anestesistas também dão conselhos sobre como tratar da dor, incluindo a dor de uma crise de células falciformes. Audiologista Os audiologistas são profissionais especializados em verificar a audição; normalmente, trabalham em centros ou hospitais comunitários. Uma das raras complicações da medicação com desferrioxamina (consultar a página 36) para a eliminação do excesso de ferro no organismo é a perda de audição. Assim as crianças que recebem este tratamento precisam de um exame de audição regular realizado por um audiologista. Enfermeiro pediátrico Os enfermeiros pediátricos recebem formação especial para cuidar de crianças (dos nascituros prematuros até aos 18 anos de idade) com doenças agudas ou crónicas. Envolvem-se na avaliação das necessidades de enfermagem dos doentes, considerando as suas circunstâncias médicas, emocionais e familiares e planeando e fornecendo cuidados de enfermagem em hospitais ou outros locais conjuntamente com outros profissionais de saúde. Funcionários de centros infantis Todas as regiões do país dispõem agora de um centro infantil, que é o ponto de paragem para que todas as crianças tenham acesso a serviços e apoio de saúde e social. Estes centros empregam funcionários de apoio às crianças. Dentista As crianças com a doença das células falciformes poderão ter problemas ósseos, que afectam os maxilares e, subsequentemente, os dentes. Por conseguinte, necessitam de cuidados dentários e aconselhamento especial. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 67 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 68 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Médico de família (GP) O seu médico de família tem de saber que o seu filho sofre da doença das células falciformes, porque é responsável pelos cuidados de saúde do seu filho na comunidade e poderá encaminhá-lo para especialistas quando for necessário. Normalmente, o médico do hospital informa o médico de família sobre os tratamentos e cuidados da criança durante as hospitalizações e nas visitas à clínica de pacientes externos. Também é necessário informar o seu médico de família se o seu filho tiver sido internado ou tratado no hospital recentemente. Quando o seu filho começar a tomar penicilina V, a dose inicial será receitada pelo médico do hospital. Uma vez que esta medicação é dada diariamente, duas vezes ao dia, é necessário obter novas receitas através do seu médico de família. Lembrese de quando o seu filho estiver doente, é recomendado avisar primeiro o seu médico de família, em vez de levar a criança para o hospital, a menos que se trate de uma emergência. Se mudar de residência para outra região, é importante que o seu filho seja inscrito no médico de família dessa região. Depois de o fazer, os registos do médico de família do seu filho são transferidos automaticamente para o seu novo médico de família, para que possa ser mantida a continuidade dos cuidados de saúde. Hematologista Os hematologistas são médicos especializados que observam pessoas com anomalias sanguíneas. Juntamente com o pediatra e o médico de família, poderão tratar a doença das células falciformes do seu filho. Enfermeiro de infância (HV) O seu enfermeiro de infância (HV) é um assistente da família e pode oferecer aconselhamento para que você e a sua família se possam manter saudáveis. Todas as crianças com menos de cinco anos de idade são vistas regularmente ou periodicamente por um HV, dependendo do serviço prestado na sua área de residência. Pode dar aconselhamento sobre questões de saúde familiar, incluindo dietas, doenças infantis, vacinações, como ajudar o seu filho a crescer saudável e como lidar com a paternidade. Estes profissionais, juntamente com o médico de família ou médico da clínica de saúde infantil local, verificam se o seu filho está a crescer e a desenvolver-se normalmente. Embora muitos enfermeiros especialistas em doenças de células falciformes sejam assistentes de saúde, não substituem o seu enfermeiro de infância familiar. O seu enfermeiro de infância familiar pode aconselhá-lo principalmente em relação à saúde e bem-estar geral da família, mas a maioria dos profissionais também pode oferecer aconselhamento sobre as células falciformes e outras questões de saúde que afectem qualquer membro da família. Algumas áreas do seu trabalho sobrepõem-se ao trabalho dos enfermeiros/assistentes especialistas. O médico da clínica hospitalar e o enfermeiro especialista mantêm o enfermeiro de infância informado sobre o progresso dos seus filhos através da caderneta do bebé ou através de registos na posse do doente disponíveis em algumas áreas. Assim, é importante levar consigo a caderneta e registos em cada ida à clínica e quando o seu filho tiver outras consultas médicas. 68 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 69 Funcionário de juventude do hospital Cada vez mais os hospitais empregam pessoas que trabalham essencialmente com jovens, com idades compreendidas entre os 11 e os 20 anos de idade. O objectivo consiste em ter alguém que promova o seu desenvolvimento pessoal e social com uma variedade de actividades educacionais informais que combinem a diversão, o desafio e a aprendizagem. As quatro partes essenciais desta função são oferecer apoio pessoal, promover os pontos de vista dos jovens, fornecer uma vasta gama de oportunidades de desenvolvimento pessoal e social e promover a auto-estima e o optimismo. Em particular, os funcionários da juventude do hospital apoiam os jovens na transição dos serviços infantis para os serviços para adultos. Oftalmologista Um médico que verifica os olhos e a visão das pessoas. Os oftalmologistas encontram-se nas clínicas comunitárias ou nos hospitais. As pessoas que sofrem da doença das células falciformes podem desenvolver alterações nos olhos, que podem conduzir à perturbação da visão. As alterações nas crianças podem ocorrer a partir dos 6 anos de idade. As crianças medicadas com desferrioxamina (consultar a página 36) necessitam de consultas de oftalmologia regulares. Pediatra (Hospital) O seu filho pode ser observado por um pediatra geral, que é um médico especializado na observação de doenças que afectam as crianças ou por um hematologista pediátrico, que é um especialista em perturbações do sangue que afectam as crianças. O tipo de médico que vê depende dos médicos disponíveis no seu hospital. Pediatra (Comunitário) É um médico especializado em tratar condições a longo prazo e deficiências na comunidade. É responsável por coordenar todos os cuidados necessários, tais como psicoterapia ou terapia da fala e está em contacto com os serviços sociais, educação e voluntários, conforme necessário. Enfermeiro pediátrico de cuidados ao domicílio Algumas delegações de saúde empregam enfermeiros pediátricos comunitários. Estes profissionais recebem formação para tratar de crianças doentes nas suas próprias casas e poderão visitar o seu filho depois de receber alta do hospital, mas quando ainda necessitar de cuidados de enfermagem e medicação, por exemplo, antibióticos intravenosos. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 69 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 70 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Farmacêutico O farmacêutico na sua farmácia local facultalhe os medicamentos receitados e pode dar conselhos sobre uma grande variedade de questões relacionadas com a saúde e complicações de menor importância. Algumas farmácias de maiores dimensões dispõem de esquemas de cartão de crédito, onde são introduzidos informaticamente os pormenores dos medicamentos receitados ao seu filho para que ao se dirigir à farmácia receba aconselhamento e atenção imediata. Flebotomista Um profissional de saúde formado para recolher sangue e enviá-lo para o laboratório a fim de ser analisado. Fisioterapeuta Um fisioterapeuta ajuda as pessoas a fazerem exercícios físicos de modo a evitarem quaisquer complicações físicas ou o agravamento de um problema médico. Os fisioterapeutas sabem como manter o bom funcionamento físico do corpo e o seu filho poderá consultar um destes profissionais, por exemplo, após um acidente cardiovascular. Especialista em Actividades Recreativas As actividades recreativas desempenham uma função especial num ambiente hospitalar. Trabalhando como parte de uma equipa multidisciplinar, os especialistas em actividades recreativas no hospital organizam diariamente actividades de recreio e arte nas salas de recreio ou junto às camas; criam actividades para alcançarem metas de desenvolvimento; ajudam as crianças a dominar e a lidar com a ansiedade e as emoções; utilizam os jogos como preparação das crianças para procedimentos hospitalares; ajudam as famílias e os irmãos; contribuem para a avaliação clínica através das suas observações das actividades; ensinam o valor das actividades recreativas para as crianças doentes; encorajam o desenvolvimento de amizades entre os colegas; organizam festas e eventos especiais. Psicólogos Psicólogo clínico: A equipa para as doenças das células falciformes poderá inclui um psicólogo clínico, que é um especialista que pode ajudar a lidar com os pensamentos, emoções e comportamentos das crianças, por exemplo, no que respeita ao tratamento da dor e outros sintomas, como incontinência ou fobia de agulhas. Também podem observar as capacidades de aprendizagem de uma criança, em especial, se a criança tiver tido um acidente cardiovascular ou não tiver o desempenho esperado na escola. O psicólogo clínico poderá fazer uma avaliação neuropsicológica para ajudar a determinar se a criança precisa de ser encaminhada para um psicólogo educacional ligado à escola. 70 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 71 Psicólogo educacional: Um psicólogo educacional é um especialista em ajudar as crianças com dificuldades de aprendizagem e escolares e aceita referências dos professores da escola, dos psicólogos clínicos e de outras pessoas ligadas à criança. Fará uma avaliação psico-educacional e poderá recomendar apoio educacional suplementar ou educação especial caso a criança precise. Serviços de saúde escolares Depois do seu filho começar a frequentar a escola, verá com menos regularidade o seu enfermeiro de infância e, em alguns casos, deixará de vê-lo por completo. O desenvolvimento e avaliação da saúde do seu filho serão controlados pelo enfermeiro da escola e pelo médico. Continuarão a observar o seu filho durante os anos escolares e irão manter um registo da saúde da criança, incluindo vacinações e desenvolvimento desde o nascimento. O enfermeiro da escola e o médico poderão ajudar a explicar a situação do seu filho aos professores; também podem ajudar a educá-los no que respeita à doença das células falciformes e a melhor forma de tratar do seu filho na escola. Enfermeiro / assistente especialista em células falciformes Algumas delegações de saúde empregam enfermeiros especialistas, por vezes, designados por assistentes. São enfermeiros, parteiras ou assistentes de saúde que tiveram formação adicional para cuidar de pessoas com a doença das células falciformes e outras anomalias genéticas que afectam a hemoglobina como por exemplo a talassemia e o G6PD. O enfermeiro especialista também tem formação em aconselhamento genético para estas condições. Estes especialistas podem trabalhar num centro de doenças das células falciformes e talassemia, clínica comunitária, centro de saúde, consultório do médico de família ou no hospital. (Consulte as páginas 87-91.) Assistente social Um profissional treinado para ajudar as famílias a lidarem com uma doença no seio familiar. Um assistente social pode oferecer às famílias aconselhamento sobre saúde e serviços sociais, incluindo conselhos sobre habitação, prevenção da doença, cuidados próprios, lidar com uma doença na família, rendimentos e direito a subsídios para assistência à família. Um assistente social é um prestador de serviços familiares, que oferece às famílias apoio para ajudar a evitar ou lidar com problemas pessoais e familiares. Alguns centros de doenças das células falciformes e talassemia têm assistentes sociais especializados como parte das suas equipas e que trabalham com os pais de crianças com a doença, bem como com utentes adultos. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 71 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 72 Que posso fazer para ter o meu filho bem? FUNÇÃO DOS CENTROS DE TRATAMENTO DA DOENÇA DAS CÉLULAS FALCIFORMES E DA TALASSEMIA Através dos esforços de pessoas com a doença das células falciformes, pais, profissionais de saúde e outros profissionais foi fundado o primeiro centro de doenças das células falciformes em Brent, em 1979. Desde então, muitos outros centros foram inaugurados e fornecem serviços a pessoas que sofrem da doença ou que estão em risco de sofrer da doença das células falciformes, talassemia, G6PD e doenças relacionadas. Para obter uma lista dos Centros e serviços no Reino Unido, consulte as páginas 87- 91. A maioria dos centros faz parte ou são financiados pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) a curto ou longo prazo. Outros centros foram fundados conjuntamente e são geridos pelo NHS, autoridades locais ou uma organização de voluntários. Muitos destes centros desempenham um papel muito importante e trabalham em conjunto com os departamentos de hematologia dos hospitais. A maioria dos centros é gerida por enfermeiros ou aconselhadores, que têm muitos anos de experiência em enfermagem, como parteiras e enfermeiras de infância e que receberam treino especial em doenças das células falciformes e outras doenças. A equipa de profissionais presente num centro pode ser muito variada e pode incluir: • Enfermeiro especialista • Médico (normalmente, hematologista) • Assistente social • Psicólogo 72 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 73 Os centros oferecem aconselhamento ou serviços a utentes, profissionais e ao público em geral em relação ao: • Investigações e aconselhamento genético • Apoio a pessoas com a doença das células falciformes • Educação do público em geral sobre as células falciformes e doenças relacionadas • Informações sobre grupos de apoio e organizações de voluntários • Aconselhamento sobre habitação • Aconselhamento sobre serviços sociais • Aconselhamento sobre subsídios • Actividades de promoção da saúde através de folhetos, posters, vídeos, cassetes de áudio e outros materiais • Formação e educação de saúde para profissionais relacionados e não relacionados com a área • Publicação de directrizes, livros e outros recursos para profissionais de saúde e leigos • Influência perante os responsáveis pela tomada de decisões (por exemplo, Ministro da Saúde) Também controlam a eficácia dos serviços fornecidos a pessoas com a doença ou em situação de risco, de modo a garantir que recebem os cuidados e serviços adequados no hospital e na comunidade. Se não tem um centro ou serviço especializado na sua área de residência, contacte o centro mais próximo da região onde reside (consulte as páginas 87- 92) ou uma das organizações de voluntários. Poderão aconselhá-lo sobre como obter este serviço. Não existem limites rigorosos quanto ao aconselhamento das pessoas. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 73 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 74 Que posso fazer para ter o meu filho bem? ORGANIZAÇÕES VOLUNTÁRIAS Os centros e hospitais que prestam serviços às pessoas que sofrem da doença das células falciformes poderão ter grupos de apoio aos doentes. Estes grupos são constituídos por pais, crianças, adultos, familiares e amigos de pessoas que sofrem desta doença. Alguns prestadores de serviços sociais e de saúde interessados são convidados a oferecer apoio sempre que necessário. Para descobrir se existe um grupo na sua área de residência, converse com o seu enfermeiro especialista, enfermeiro de infância, assistente social ou médico ou contacte uma das organizações nacionais de voluntários indicadas nas páginas 91- 92. Existem várias organizações de voluntários disponíveis para ajudar e aconselhar as pessoas com a doença das células falciformes. O principal objectivo destas organizações consiste em promover o conhecimento nacional relativo à doença das células falciformes e influenciar os utentes e prestadores de cuidados de saúde e sociais que adquirem ou prestam serviços na comunidade local. Também influenciam os profissionais que cuidam de si e do seu filho: por exemplo, profissionais dos hospitais, médicos de família, dentistas, prestadores de serviços sociais e de subsídios. As organizações de voluntários fazem este trabalho num esforço de conseguirem uma mudança positiva nos cuidados e na ajuda às pessoas que sofrem da doença das células falciformes e, em última instância, tentam ajudar a encontrar uma cura para esta doença. Algumas organizações de voluntários visitam os doentes enquanto estão no hospital e ajudam-nos a voltar a uma vida normal depois de receberem alta do hospital. Ajudam os novos pais a contactarem pais mais experientes nos cuidados de uma criança com a doença das células falciformes. Os objectivos de cada organização variam a nível local. 74 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 75 Organização para a Pesquisa da Anemia de células falciformes (OSCAR) Esta foi a primeira organização de voluntários, fundada em 1975 por um grupo de pais e pessoas com a doença das células falciformes. O seu objectivo inicial consistia em angariar fundos para encontrar uma cura para a doença das células falciformes. Embora a OSCAR nacional já não exista, existem OSCARs locais a funcionar em todo o país: OSCAR Bristol, OSCAR Birmingham, entre outras. Os membros da organização oferecem apoio aos pais, às pessoas e às famílias. Se solicitado, visitam as pessoas no hospital e em casa. Quando necessário, actuam em nome e são a voz dos doentes e das famílias para garantir que recebam serviços sociais e de saúde iguais e justos. A Sociedade da Doença das Células Falciformes A Sickle Cell Society foi fundada em 1979 por um grupo de adultos com a doença das células falciformes, pais, prestadores de cuidados e profissionais de cuidados de saúde e assistência social. O objectivo é ajudar a melhorar os fracos padrões de cuidados fornecidos ao número crescente de doentes de células falciformes no Reino Unido. O segundo objectivo consiste em educar os profissionais de cuidados de saúde e assistência social sobre como cuidar dos seus doentes de forma eficaz. A Sickle Cell Society é a única organização de voluntários para a doença das células falciformes no Reino Unido e nomeou recentemente oficiais regionais, localizados em várias zonas do país para oferecerem apoio à população local. A Sociedade influencia os responsáveis pela tomada de decisões e os prestadores de cuidados de saúde e sociais. Possui um fundo que ajuda os pais e os membros adultos que tenham dificuldades financeiras. Uma vez por ano, os membros organizam férias de Verão para as crianças doentes. Para as famílias que necessitem de apoio suplementar ou que tenham problemas adicionais, desenvolveram um esquema único, que permite aos pais obter cuidados especiais para os seus filhos com a doença das células falciformes. Este sistema de apoio é muito benéfico para todos os membros da família. Sociedade da Talassemia do Reino Unido Esta é uma organização nacional que oferece aconselhamento e apoio a pessoas que sofram da doença ou em situação de risco de talassemia. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 75 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 76 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Adesão a organizações voluntárias A adesão a qualquer uma destas organizações de voluntários ajuda as famílias e os indivíduos que sofrem da doença das células falciformes a ter uma voz colectiva e a influenciar os serviços de cuidados de saúde e sociais que lhes são fornecidos. Através destes grupos, as famílias podem ter acesso a novos desenvolvimentos e investigações. Sem uma voz colectiva, é muito difícil aos indivíduos exigirem as suas necessidades ou influenciarem as pessoas que tomam decisões relacionadas com os serviços de cuidados de saúde e serviços sociais que lhes são prestados. Muitas organizações de voluntários obtêm muito apoio e encorajamento de membros proeminentes da comunidade, incluindo políticos e celebridades, por exemplo, Trevor Phillips OBE, Arcebispo de York, o Dr. John Sentamu, o Bispo Sir Wilfred Wood, o comediante Lenny Henry OBE, Trevor McDonald OBE, Floella Benjamin, Garth Crooks, Dawn Butler MP e muitos outros. Existem vários outros grupos de apoio à doença das células falciformes e organizações de voluntários. Em geral, oferecem apoio à comunidade local. Para obter mais informação sobre estas organizações, contacte-as directamente (os endereços encontram-se nas páginas 91-92) ou contacte um dos centros para as doenças das células falciformes e talassemia listados nas páginas 87- 91. Lembre-se de que existe mais força numa voz colectiva: apoie o seu grupo de apoio e organização de voluntários e poderão ajudar a garantir que recebe os serviços de cuidados de saúde e o apoio social de que necessita. 76 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 77 QUESTÕES FREQUENTES DOS PAIS Como é que sei que o meu filho está a ter uma crise de células falciformes? Esta é a pergunta mais comum feita pelos pais, especialmente, quando o seu filho foi diagnosticado recentemente. Preocupam-se em não perceber os sinais e com o facto do seu filho sentir dores desnecessárias. Como pai, irá conhecer o seu filho melhor que ninguém. Se e quando o seu filho estiver com dores, irá notar uma mudança de comportamento ou de disposição, mesmo que o seu filho seja ainda muito jovem. Existem alguns sinais evidentes. Por exemplo, o seu filho tem febre, está suado, tem um inchaço anormal em qualquer parte do corpo, está a acariciar qualquer parte do corpo ou recusa os alimentos? (Consultar a página 21 para obter mais informações sobre o tratamento da doença.) Em que idade começam as crises das células falciformes? É imprevisível: um pequeno número de crianças tem crises com apenas seis meses de idade, outras entre os seis e os doze meses. Outras podem até não ter quaisquer crises até começarem a andar. Também depende do tipo de doença das células falciformes do seu filho e como o afecta individualmente. Algumas pessoas não têm crises durante vários anos ou raramente têm crises mesmo na idade adulta. O meu filho precisa de uma dieta especial? Embora o seu filho tenha a doença das células falciformes, pode comer os mesmos alimentos que o resto da família e não necessita de uma dieta especial. Desde que tenha uma dieta equilibrada, não terá de se preocupar. Uma vez que as crianças com a doença das células falciformes utilizam muita da sua energia para manterem o seu bem-estar, tendem a ser mais magras que os seus colegas, pelo que alguns especialistas sugerem um ligeiro aumento de calorias, por exemplo, ingerindo alimentos ricos em proteínas, como carne, peixe e outros alimentos. Pergunte ao seu enfermeiro de infância ou enfermeiro especialista sobre esta situação. O seu filho pode ter menos apetite que os irmãos, mas não é nada de alarmante. A maioria das crianças come o suficiente para se manterem bem. Muitos pais sugerem que o melhor é não dramatizar demasiado a situação porque, muitas vezes, torna a situação ainda pior. Converse com o seu enfermeiro de infância, médico ou enfermeiro especialista se estiver preocupado com os hábitos alimentares do seu filho. (Consultar a página 13 para obter mais informação sobre a dieta.) Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 77 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 78 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Se as células falciformes são tão comuns, porque é que nunca ouvi falar delas? É possível que nunca ninguém tenha mencionado antes ou talvez nunca tenha prestado atenção por não o afectar directamente. É mais comum em determinados grupos e depende da origem dos seus antepassados. Por exemplo, um em cada dez afro-caribenhos e um em cada quatro africanos ocidentais têm o traço das células falciformes, que é um estado de portador saudável. São só as pessoas negras que têm a doença das células falciformes? Ter a doença ou o traço das células falciformes não se relaciona com a cor da pele. Depende da origem dos antepassados de cada pessoa. Este factor determina os genes que podem herdar dos seus pais. Embora as células falciformes sejam menos comuns em alguns grupos raciais, ocorre com pouca frequência, por exemplo, pode ocorrer em indivíduos caucasianos do Norte da Europa. Os meus outros filhos ou qualquer pessoa pode ser contagiada com a doença das células falciformes através do meu filho? Não é possível "apanhar" a doença das células falciformes, porque não se trata de uma infecção. A doença das células falciformes é hereditária. O seu filho herdou os genes dos pais. Os genes são transmitidos de geração em geração, de ambos os lados da família. (Consultar a página 52 para obter uma explicação sobre as heranças de genes.) Existe uma cura para a doença das células falciformes? Existe uma cura para a doença das células falciformes chamada "transplante de medula óssea" ou BMT, mas esta solução não está disponível para todas as crianças que sofrem desta doença devido a várias condicionantes relacionadas com a saúde (consultar a página 63 para obter mais pormenores.) O meu filho poderá ter filhos? O facto do seu filho ter a doença das células falciformes não implica que seja infértil. A doença das células falciformes por si não provoca infertilidade, excepto nos casos em que os órgãos reprodutores sejam afectados. Por exemplo, um número reduzido de rapazes e homens têm episódios repetidos de "priapismo", uma erecção do pénis involuntária e dolorosa. (Consultar a página 27.) Em raras ocasiões, o priapismo pode provocar a impotência e pode ser necessário tratamento para tentar corrigir a impotência na idade adulta. 78 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 79 O meu filho irá morrer antes de completar 21 anos de idade? As pessoas com a doença das células falciformes podem viver o mesmo número de anos que qualquer outra pessoa, desde que se mantenham saudáveis e recebam os cuidados adequados quando não se sentirem bem. Infelizmente, devido às complicações da doença das células falciformes, uma proporção reduzida das pessoas com esta doença morre mais jovem que a média, mas estas mortes não estão necessariamente relacionadas com a idade. Medicar o meu filho com antibióticos (penicilina) diariamente não será nocivo para o seu sistema imunitário? As crianças com SCD (doença das células falciformes) são mais susceptíveis a infecções e, especialmente, a infecções pneumocócicas. Isto é devido ao seu baço não funcionar correctamente desde a infância. A pesquisa tem mostrado que a administração de uma dose reduzida de penicilina diariamente pode evitar algumas infecções pneumocócicas e ajudar a evitar a morte. Mesmo que a criança desenvolva outro tipo de infecção, existem outros antibióticos que podem ser receitados pelo seu médico. É muito importante que dê penicilina ao seu filho todos os dias, pois pode marcar a diferença entre a vida e a morte; discuta sempre com o seu médico antes de interromper esta medicação. As ervas naturais podem curar a doença das células falciformes do meu filho? Não existem ervas conhecidas e comprovadas através de pesquisa que curem a doença das células falciformes. De momento, não é claro quais as ervas ou remédios naturais que podem ajudar a aliviar os sintomas de uma crise de células falciformes. Para que um fármaco ou erva seja licenciado pelo governo e recomendado por profissionais de saúde, tem de ser testado de modo a garantir que o produto é seguro, que funciona e que não irá ser nocivo ou piorar a doença de uma pessoa. A minha filha terá períodos menstruais? A maioria das jovens com a doença das células falciformes poderão ser menstruadas um pouco mais tarde que as suas amigas, mas não é motivo para preocupações; eventualmente, os períodos começarão. Se a sua filha não começar a ser menstruada até aos dezasseis anos ou se existirem preocupações a este respeito, converse com o seu médico de família ou especialista do hospital. O atraso no começo dos períodos menstruais poderá dever-se a outras causas, que não estão necessariamente relacionadas com a doença das células falciformes. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 79 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 80 Que posso fazer para ter o meu filho bem? As menstruações da minha filha serão mais dolorosas devido à doença das células falciformes? Algumas mulheres e adolescentes que não têm a doença têm menstruações com dores ligeiras, moderadas ou severas. Se as menstruações dos da sua filha forem dolorosas, tal não se deve necessariamente à doença das células falciformes. Vale a pena obter informação geral dada às mulheres que tenham menstruações dolorosas. O seu médico de família, enfermeiro do consultório ou farmacêutico poderão aconselhar sobre este assunto. Evite dar medicamentos à sua filha, a menos que tenha consultado o médico, pois só ele poderá determinar se interfere com qualquer um dos medicamentos já receitados. Pensei que as células falciformes protegiam contra a malária; porque é que o meu filho tem de ser medicado contra a malária ao visitarmos uma região afectada pela doença? As pessoas portadoras do traço das células falciformes que vivem em regiões afectadas pela malária desenvolvem alguma resistência contra a doença. Mesmo que sejam contagiadas pela malária, o efeito tende a ser ligeiro e não será tão grave como naqueles que não têm o traço das células falciformes. No entanto, se uma pessoa se mudar de uma região com malária, perde rapidamente esta resistência parcial à doença e necessita de tomar as mesmas precauções que qualquer outra pessoa. As pessoas que sofrem da doença das células falciformes reagem muito mal à malária. Por conseguinte, se o seu filho for para uma região do mundo em que a malária seja comum, em especial para países tropicais, é importante que tenha a protecção adequada, porque a malária pode ser fatal em pessoas com a doença das células falciformes. (Consultar a página 39 para obter informação suplementar sobre os medicamentos anti-malária.) Por que razão as crises de células falciformes são mais comuns em climas frios e ventosos? Se a pele arrefecer muito rapidamente, por exemplo, depois de ter estado à chuva sem protecção ou se se tratar de um dia com vento frio e a pele estiver exposta, o arrefecimento da pele pode provocar uma crise dolorosa. A doença das células falciformes pode matar? As complicações da doença das células falciformes podem conduzir à morte. Por esta razão é muito importante que os pais, prestadores de cuidados e pessoas com a doença aprendam o máximo sobre a doença, para que possam reduzir a probabilidade de complicações. Infelizmente, apesar de se tomarem todas as precauções para se evitarem complicações, ela podem ocorrer e ser fatais. É importante que os pais saibam que a culpa não é necessariamente sua ou de qualquer outra pessoa se o seu filho morrer. 80 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 81 O meu filho pode ser circuncisado? Os médicos não recomendam a circuncisão dos rapazes, a menos que seja por um motivo médico em particular. Normalmente, os médicos não recomendam a circuncisão das crianças devido ao risco de hemorragia e infecção. A doença das células falciformes do seu filho não será agravada se for circuncisado por motivos religiosos ou sociais. A circuncisão feminina é ilegal no Reino Unido. Tenho o traço das células falciformes; posso doar sangue e medula óssea? Sim, pode ser dador de sangue ou de medula óssea. Lembre-se de que é um portador saudável. O traço das células falciformes encontra-se nos glóbulos vermelhos. Existem outras partes do sangue que são tão vitais quanto os glóbulos vermelhos: os glóbulos brancos, que combatem as infecções; as plaquetas, que ajudam o sangue a coagular; o plasma que é a água do sangue; todos estes elementos continuam a ser úteis. Poderá doar sangue ou medula óssea a um irmão ou irmã com a doença das células falciformes se existir uma boa "compatibilidade". Muitas vezes, os pais preocupam-se com o facto do seu filho receber sangue doado, mas todo o sangue de dadores é analisado muito cuidadosamente no Reino Unido e noutros países desenvolvidos. No Reino Unido, os centros de transfusão sanguínea não recomendam habitualmente a utilização do sangue dos pais ou de outro membro da família. Posso dar sangue para curar a doença das células falciformes do meu filho? O sangue não pode curar a doença das células falciformes. Poderá ajudar a reduzir os sintomas, desde que seja dado regularmente, porque as células sanguíneas têm a sua própria duração. Os glóbulos vermelhos normais vivem cerca de 120 dias antes de serem destruídos pelo organismo, mas o corpo está constantemente a fabricar novos glóbulos vermelhos para substituir os que morrem. O sangue tem de ser cuidadosamente analisado para garantir que o sangue do dador e do doente é totalmente compatível. Se o seu sangue for compatível com o sangue do seu filho e tiver dado sangue para o seu filho, esse sangue só vive no corpo do seu filho durante um máximo de 120 dias; além disso, só pode dar sangue em segurança duas vezes por ano, pois também precisa de sangue para si. Entretanto, a medula óssea do seu filho está constantemente a fabricar glóbulos vermelhos falciformes que, eventualmente, irão substituir o sangue da transfusão. Porque é que o meu filho tem mais células falciformes que a minha filha? A doença das células falciformes afecta as pessoas de formas diferentes, mesmo no caso de duas pessoas com a mesma mãe e o mesmo pai. É importante não fazer comparações. Trate-os de acordo com as suas experiências e necessidades individuais. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 81 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 82 Que posso fazer para ter o meu filho bem? A doença das células falciformes do meu filho poderá dever-se a alguém ter lançado uma maldição sobre a minha família através de feitiçaria? Não. A doença das células falciformes é hereditária através dos genes e ocorre até em países onde não se acredita na feitiçaria. Em algumas comunidades, existem muitos mitos e superstições que envolvem a doença das células falciformes, a maioria das quais não são verdade. Se tiver antecedentes religiosos, poderá ser útil conversar com o seu líder religioso ou com um enfermeiro especialista sobre este assunto. Muitos enfermeiros especialistas no Reino Unido compartilham os mesmos antecedentes culturais que você e alguns podem até compartilhar a mesma religião, pelo que poderão ajudar a examinar esta questão se for motivo de preocupação. Converse com o seu enfermeiro especialista ou contacte uma das organizações de voluntários (consulte as páginas 91- 92). Deverei deixar o meu filho praticar natação? A doença das células falciformes afecta os indivíduos de formas diferentes. Algumas pessoas conseguem aguentar exercício físico vigoroso, como nadar; noutras, isso poderá desencadear uma crise, em especial se a água estiver fria. Certifique-se sempre de que o seu filho se abriga rapidamente com uma toalha de banho grande depois de nadar e evite o arrefecimento do corpo. Exerça cuidados suplementares para se certificar de que o cabelo está seco, uma vez que os bebés e as crianças perdem muito calor através do couro cabeludo. É importante não impedir o seu filho de viver uma vida tão normal quanto possível. Praticar uma actividade de que goste, tornará a sua vida mais agradável, desde que não corra riscos desnecessários e que responda às mensagens do seu corpo, sempre que estiver na altura de abrandar ou parar algo que está a fazer. Já temos um filho com a doença das células falciformes; é garantido que não teremos outro? Uma vez que você e o seu parceiro são portadores do gene pouco comum, existe a possibilidade de todas as gravidezes resultarem em filhos com a doença das células falciformes. (Para obter mais informação e exemplos de como funciona a hereditariedade, consultar a página 52.) As pessoas com a doença das células falciformes podem viver até à velhice? Embora as complicações da doença das células falciformes possam provocar a morte precoce, as pessoas com esta doença atingem a idade adulta e até mesmo a velhice. O tipo de doença falciforme que uma pessoa tem também pode influenciar o desenvolvimento ou não de complicações e o tipo de complicações que podem desenvolver. 82 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 83 O meu filho ainda faz chichi na cama. Será apenas preguiçoso? Molhar a cama é um problema comum para muitas crianças, especialmente, para as crianças com a doença das células falciformes. Provavelmente, o seu filho ficará tão aborrecido quanto você. A principal causa deste problema é que os rins não retêm muito bem a urina e passam quantidades de urina diluída superiores ao normal. Além disso, você deve encorajar o seu filho a beber muitos líquidos para evitar a desidratação e isto também aumenta o volume da urina. Se o seu filho tiver mais de seis anos de idade e ainda fizer chichi na cama, converse com o seu médico ou enfermeiro especialista. (Consultar a página 12 para obter mais informação.) Se eu acreditar em Deus a doença do meu filho será curada? Se acreditar em Deus poderá ser da opinião que Deus deu aos médicos e aos enfermeiros a oportunidade de se formarem, aprenderem os conhecimentos e as técnicas para poderem cuidar do seu filho correctamente. No entanto, se estiver preocupado com o facto de, possivelmente, existir um conflito com as suas crenças religiosas e o que lhe foi dito para fazer para cuidar do seu filho com a doença das células falciformes, deverá conversar com um enfermeiro especialista, médico de família ou médico do hospital. Poderá ser útil visitar o seu líder religioso com um enfermeiro especialista, pois poderá ajudar a explicar a doença ao seu líder religioso/elementos mais velhos da comunidade, que poderão aprender a melhor forma de o apoiar nos cuidados futuros ao seu filho. Por vezes, o que assumimos não ser permitido devido à nossa religião não se aplica a todos os casos e você, um enfermeiro especialista e o seu líder religioso poderão explorar estas questões. Acima de tudo, recomenda-se que converse com o seu médico, médico de família, enfermeiro especialista, psicólogo ou outro profissional de cuidados de saúde antes de decidir interromper um tratamento ou medicação que tenha sido recomendado ao seu filho. É vital dar penicilina ao seu filho diariamente e interromper esta medicação poderá pôr em perigo a vida do seu filho. Você e o seu filho deverão praticar a religião independentemente do tipo de estado de saúde. Na maioria dos casos, o tratamento médico do seu filho não impede qualquer prática religiosa. No entanto, a sua religião deve ser praticada de tal forma que não ponha em risco a vida do seu filho. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 83 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 84 Que posso fazer para ter o meu filho bem? GLOSSÁRIO DE TERMOS E ABREVIATURAS Aloimunização Desenvolvimento de anticorpos contra a entrada de matérias estranhas ao organismo: por exemplo, transfusões sanguíneas de compatibilidade incorrecta. Amniocentese Um método de analisar o feto no útero. É retirada uma pequena amostra do líquido que envolve o feto, que é analisada para descobrir o tipo de hemoglobina que o bebé herdou. (Consultar a página 59.) Anticorpos São produzidos pelo organismo para combater infecções ou destruir alguma coisa que o organismo não reconhece: por exemplo, substâncias em sangue doado incompatível. Anemia Hemoglobina insuficiente nos glóbulos vermelhos. Analgésicos Medicamentos para combater a dor, por exemplo, paracetamol. Antipirético Um fármaco administrado para baixar a febre. Crise aplástica Ocorre quando a medula óssea deixa de produzir novos glóbulos vermelhos, normalmente, como resultado de uma infecção viral. (Consulte a página 26.) Transplante de medula óssea (BMT) A medula óssea é recolhida de um dador e transplantada para alguém que sofra de uma doença, por exemplo, a doença das células falciformes ou leucemia. Portador (ver Traço) Uma pessoa que herdou um gene da hemoglobina comum e um gene da hemoglobina pouco comum, por exemplo, o traço das células falciformes. 84 Quelação Remoção do ferro do organismo para evitar que se deposite nos órgãos e provoque danos. Normalmente, é aplicada em pessoas que sofrem da doença das células falciformes e que recebem transfusões sanguíneas periódicas. Crise Um termo utilizado para descrever diferentes complicações da doença das células falciformes, mas normalmente, utilizado para descrever a dor das “crises dolorosas” de células falciformes. Cromossoma O portador de todos os códigos genéticos do organismo; cada pessoa tem 22 pares de cromossomas não sexuais e 1 par de cromossomas sexuais. Biopsia das vilosidades coriónicas (CVS) Um método para testar o feto no ventre; é colhida uma pequena quantidade da placenta que é analisada para descobrir o tipo de hemoglobina hereditária pelo seu filho. (Consultar a página 59.) Tomografia axial computorizada (TAC) Imagem obtida dos tecidos de qualquer parte do corpo para a detecção de danos, utilizada especialmente para detectar lesões cerebrais. Dactilite Inchaço dos dedos das mãos, mãos ou dedos dos pés e pés. Frequentemente, é o primeiro sinal de que uma criança tem a doença das células falciformes. É mais comum nos bebés, mas também pode ocorrer em crianças mais velhas embora seja rara nos adultos. (Consulte a página 11.) Desferrioxamina Um fármaco utilizado para ajudar o organismo a eliminar o excesso de ferro; normalmente, é administrado quando uma criança precisa de transfusões sanguíneas a longo prazo. (Consultar a página 36.) 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 85 Infusão O líquido entra no corpo através de um pequeno tubo de plástico, ver também intravenoso. Enurese Incontinência. Epistaxe Hemorragia do nariz. Amostra de sangue fetal (FBS) Um método para analisar o feto no ventre, através do qual é colhida uma pequena amostra de sangue do cordão umbilical e analisada para descobrir o tipo de hemoglobina que o bebé herdou dos pais (consultar a página 60). Gene As características humanas são codificadas em estruturas do tipo cadeia, chamadas genes, que são hereditárias de ambos os pais. Os genes são organizados como etapas nos cromossomas e determinam a configuração genética de cada pessoa: por exemplo, se uma pessoa será alta ou baixa, branca ou negra e se terá ou não herdado as células falciformes dos seus pais. Hematúria A presença de sangue na urina. Hemoglobina (Hb) Pigmento vermelho nos glóbulos vermelhos, que permite que as células transportem oxigénio (ar) dos pulmões a todas as partes do corpo para manter o corpo vivo. Electroforese da Hemoglobina Uma análise ao sangue para determinar o tipo de hemoglobina que uma pessoa herdou dos seus pais. Tipo de hemoglobina O tipo de hemoglobina herdado de ambos os pais, que é determinado pelos genes. Anemia hemolítica O tipo de anemia observado na doença das células falciformes provocado pelo rápido e excessivo colapso dos glóbulos vermelhos, mas não é o mesmo que a deficiência de ferro. Hepatite Uma infecção viral do fígado. Fertilização in vitro (FIV) Fertilização de um óvulo por um espermatozóide fora do corpo. As crianças nascidas através deste método são, por vezes, referidas como bebés proveta. Intravenoso Significa "através da veia". Os líquidos ou medicamentos podem ser administrados através de uma veia. Quando um pequeno tubo é deixado na veia para a administração de líquidos, chama-se normalmente uma infusão, porque o líquido pinga lentamente na veia. Iterícia* Pigmento amarelo na pele ou nos olhos provocado pelo colapso excessivo dos glóbulos vermelhos e produção biliar. Malária Uma doença encontrada frequentemente em países tropicais, transportada pelos mosquitos. Pode ser fatal em pessoas com hemoglobina normal e em pessoas com a doença das células falciformes. Exames de ressonância magnética (MRI) Imagens obtidas de qualquer parte do corpo para observar danos nos tecidos e nos órgãos. Opiáceos Drogas obtidas a partir da papoila do ópio e utilizadas para aliviar a dor intensa: por exemplo, a morfina e a petidina. Estas drogas podem provocar dependência. Osteomielite Infecção dos ossos. Analgesia controlada pelo doente (PCA) Um método de administrar medicação para as dores, que dá à pessoa que tem as dores algum controlo sobre o tratamento da dor. (Consultar a página 32.) Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 85 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 86 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Diagnóstico genético de préimplantação (PID) Método utilizado na fertilização in vitro (ver FIV). Um óvulo de uma mulher é fertilizado por um espermatozóide num laboratório. Alguns dias depois, o óvulo em desenvolvimento é analisado quanto às suas condições genéticas, como a anemia de células falciformes e, se não tiver a doença genética, o óvulo fertilizado é colocado no útero para de desenvolver e gerar um bebé. Diagnóstico Pré-natal (PND) Análise de um feto ainda no ventre. Priapismo Uma erecção do pénis dolorosa, involuntária e persistente. Bomba Um dispositivo que doseia medicamentos no organismo. Por exemplo, é utilizada para administrar desferal e analgésicos. Glóbulo vermelho Esta é a parte do sangue que funciona como um armazém de hemoglobina. A hemoglobina é necessária para transportar o oxigénio pelo organismo. Investigação Um exame realizado para avaliar se uma pessoa tem uma anomalia em particular ou se é portador dessa anomalia. Sequestro Aprisionamento e utilização conjunta do sangue de um órgão, por exemplo, o baço ou o fígado. Foice Uma foice é uma ferramenta agrícola, com uma lâmina curva. O termo é utilizado para descrever os glóbulos vermelhos "em foice" (falciformes), que mudaram de uma forma normal para uma forma semelhante a uma banana. 86 Baço Um pequeno órgão situado no lado esquerdo do corpo, abaixo das costelas. A sua função consiste em filtrar o sangue e proteger o corpo de infecções, mas pode ter dificuldades em funcionar correctamente em pessoas com a doença das células falciformes. Esplenectomia Uma operação para retirar o baço. Traço Portador de uma situação genética: por exemplo, o traço das células falciformes. As pessoas com o traço das células falciformes não têm a doença e, por conseguinte, não têm quaisquer sintomas. Ecografia de Doppler Transcraniana (TCD) Um exame especial para observar a circulação sanguínea nos vasos sanguíneos do cérebro (consultar a página 66). Vaso-oclusão Bloqueio dos vasos sanguíneos devido à lentidão da circulação do sangue. Provoca dores ligeiras a intensas e é a forma mais comum da dor de uma crise de células falciformes. 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 87 ENDEREÇOS ÚTEIS Centros e Serviços Especializados na Doença das Células Falciformes e Talassemia em Londres Centros em Londres City and Hackney Sickle Cell & Thalassaemia Centre 457 Queensbridge Road Hackney, London E8 3TS Telefone: (Geral) 020 7683 4570 Fax: 020 7853 6709 Barking and Dagenham Havering and Redbridge Haemoglobin Disorders Service Cedar Centre- Unit Management Office King George’s Hospital Barley Lane, Goodmayes, Essex IG3 8YB Telefone/Fax: 020 8983 8781 Croydon Sickle Cell & Thalassaemia Centre 316 - 320 Whitehorse Road Croydon CR0 2LE Telefone: 020 8251 7229 Fax: 020 8251 7248 E-mail: [email protected] Bexley and Bromley Sickle Cell & Thalassaemia Service Antenatal Clinic Beckenham Hospital 379 Croydon Road Beckenham, Kent BR3 3QL Telefone: 01689 866 811 Fax: 01689866773 Ealing Sickle Cell & Thalassaemia Centre Windmill Lodge West London Healthcare NHS Trust Uxbridge Road Southall UB1 3EU Telefone: 020 8354 8022 Fax: 020 8354 8948 Brent Sickle Cell & Thalassaemia Centre 122 High Street Harlesden, London NW10 4SP Telefone: 020 8961 9005 Fax: 020 8453 0681 Website: www.sickle-thalassaemia.org E-mail: [email protected] Camden and Islington Sickle Cell & Thalassaemia Centre The Northern Health Centre 580 Holloway Road London N7 6LB Telefone: 020 7445 8035 / 8036 Fax: 020 7445 8037 Greenwich Sickle Cell &Thalassaemia Service Gallions Reach Health Centre Bentham Road Thamesmead SE28 8BE Telefone: 020 8320 5712/3 Fax: 020 8311 8895 Hammersmith and Fulham Sickle Cell & Thalassaemia Centre Richford Gate Primary Care Centre Richford Street London W6 7HY Telefone: 020 8237 2980 Fax: 020 8237 2986 Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 87 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 88 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Haringey The George Marsh Sickle Cell & Thalassaemia Centre St Ann’s Hospital St Ann’s Road London N15 3TH Telefone: 020 8442 6230 Fax: 020 8442 6575 E-mail: [email protected] Hounslow Sickle Cell & Thalassaemia Service 92 Bath Road Hounslow TW3 3EL Telefone: 020 8321 2449 Fax: 020 8321 2467 Newham Sickle Cell & Thalassaemia Centre Plaistow Hospital Samson Street London E13 9EH Telefone: 020 8586 6262 / 6386 Fax: 020 8586 6396 South East London Sickle Cell & Thalassaemia Centre Wooden Spoon House 5 Dugard Way Off Renfrew Road Kennington London SE11 4TH Telefone: 020 7414 1363 Fax: 020 7414 1357 South West London Sickle Cell & Thalassaemia Service Balham Health Centre 120 Bedford Hill London SW12 9HP Telefone: 020 8700 0615/ 0616 / 0643 Fax: 020 8700 0615 E-mail: [email protected] 88 Sutton & Merton Sickle Cell & Thalassaemia Service St. Helier Hospital Wrythe Lane Carshalton, Surrey SM5 1AA Telefone: 020 8296 3371/ 2000 Waltham Forest Sickle Cell & Thalassaemia Centre St James’ Health Centre St James’ Street London E17 7PJ Telefone: 020 8520 0921 Fax: 020 8928 2476 Centros fora de Londres Airedale (WEST YORKSHIRE) Sickle Cell & Thalassaemia Service Keighley Health Centre Oakworth Road Keighley West Yorkshire BD21 1SA Telefone: 01535 295684 Birmingham Sickle Cell & Thalassaemia Centre Ladywood Community Health Centre St Vincent Street West Birmingham West Midlands B16 8RP Telefone: 0121 465 4201/2/3 Fax: 0121 465 4212 Bradford Sickle Cell & Thalassaemia Centre Manningham Clinic Lumb Lane Bradford BD8 7SY Telefone: 01274 730836 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 89 Bristol Sickle Cell & Thalassaemia Centre Central Health Clinic Tower Hill Bristol BS5 0JD Telefone: 0117 922 7571 Fax: 0117 927 2180 Cardiff Sickle Cell & Thalassaemia Centre Butetown Health Centre Loudoun Square Cardiff CF1 5UZ Telefone: 02920 471055 Fax: 02920 482674 E-mail: [email protected] Coventry Sickle Cell & Thalassaemia Service 25 Warwick Road Coventry CV1 2EZ Telefone: 024 7696 1332 Derby (South) Sickle Cell & Thalassaemia Service Haematology Department Derby City General Hospital Uttoxeter Road Derby DE22 3NE Telefone: 01332 785372 East Lancaster and Cumbria Sickle Cell & Thalassaemia Service Edith Watson Unit Burnley General Hospital Casterton Ave Burnley BB10 2PQ Telefone: 01282 474487 Gloucester Sickle Cell & Thalassaemia Centre The Edward Jenner Clinical Unit, Gloucestershire Hospitals Foundation NHS Trust Greater Western Road Gloucester GL1 3NN Telefone: 08454 225224 Fax: 08454 225273 Huddersfield Sickle Cell & Thalassaemia Service Princess Royal Community Health Centre Greenhead Road Huddersfield HD1 4EW Telefone: 01484 344321 Leeds Sickle Cell & Thalassaemia Centre Chapeltown Health Centre Spencer Place Leeds LS7 4BB Telefone: 0113 295 1016 / 1017 Fax: 0113 2951018 Leicester Sickle & Thalassaemia Centre Charnwood Health Centre 1 Spinney Hill Road Leicester LE5 3GH Telefone: 0116 2425663 / 0116 2538031 Fax: 0116 2531568 Liverpool Sickle Cell & Thalassaemia Centre Abercromby Health Centre Grove Street Liverpool L7 7HG Telefone: 0151 708 9370 Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 89 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 90 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Luton Sickle Cell & Thalassaemia Service The Lodge 4 George Street West Luton Bedfordshire LU1 2BJ Telefone: 01582 708312 Fax: 01582 511001 Manchester Sickle Cell & Thalassaemia Centre 352 Oxford Road Junction of Denmark Road Manchester M13 9NL Telefone: 0161 274 3322 Fax: 0161 273 7490 Milton Keynes Sickle Cell & Thalassaemia Service Milton Keynes NHS Trust Whalley Drive Clinic Whalley Drive Bletchey Milton Keynes MK3 6EN Telefone: 01908 660033 Fax: 01908 365501 Nottingham Sickle Cell & Thalassaemia Service Mary Potter Hostel Gregory Boulevard Hyson Green Nottingham NG7 7HY Telefone: 0115 970 5844 Fax: 0115 979 1718 Preston Sickle & Thalassaemia Service Saul Street Clinic Saul Street Preston PR1 2QU Telefone: 01772 401185 Fax: 01772 883 502 90 Reading Sickle & Thalassaemia Service Haematology Department Royal Berkshire Hospital London Road Reading Berks RG1 5AN Telefone: 0118 987 7689 Fax: 0118 987 7755 Sandwell Sickle Cell & Thalassaemia Centre Haematology Department Sandwell Healthcare Trust Lyndon, West Bromwich West Midlands B71 4HJ Telefone: 0121 553 1831, bleep 376 Scotland (West of Scotland)) Sickle Cell & Thalassaemia Genetic Counselling Service Ferguson-Smith Centre for Clinical Genetics Regional Genetic Service Yorkhill Hospital Glasgow, Scotland G3 8SJ Telefone: 0141 201 0808 Fax: 0141 201 0361 Sheffield Sickle Cell & Thalassaemia Service Park Health Centre 190 Duke Street Sheffield S2 5QQ Telefone: 0114 226 1744 Fax: 0114 226 1742 Southampton Sickle & Thalassaemia Service Newton Health Clinic 24-26 Lyon Street Southampton SO4 0LF Telefone: 02380 9002222 Fax: 02380 900213 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 91 Walsall Sickle & Thalassaemia Service Moat Road Clinic Moat Road Walsall West Midlands WS2 2PS Telefone: 01922 775079/84 Wolverhampton Sickle Cell & Thalassaemia Support Project Ground Floor Office St John’s House St John’s Square Wolverhampton WV2 4BH Telefone: 01902 444 076 Fax: 01902 445 322 E-mail: [email protected] Organizações voluntárias SICKLE CELL SOCIETY (Sociedade das Células Falciformes) 54 Station Road Harlesden London NW10 4UA Telefone: 020 8961 7795 Fax: 020 8961 8346 E-mail: [email protected] Website: www.sicklecellsociety.org Esta é a única organização nacional da doença das células falciformes no Reino Unido. Emprega representantes regionais em toda a Inglaterra. Oferece uma vasta gama de serviços, incluindo material educacional (folhetos, livros, posters e vídeos); aconselhamento sobre saúde, educação, emprego, benefícios sociais, viagens, seguros; palestras/formação em saúde para profissionais de saúde e público em geral; bolsas para colmatar dificuldades financeiras; prémios de educação/feitos; actividades de lazer/férias para crianças. UK THALASSEAMIA SOCIETY (Sociedade da Talassemia do Reino Unido) 19 The Broadway Southgate London N14 6PH Telefone: 020 8882 0011 Fax: 020 8882 8618 E-mail: [email protected] Website: http://www.ukts.org Esta é a única organização para a talassemia no Reino Unido. Oferece uma vasta gama de serviços, incluindo materiais educacionais (folhetos, livros, posters e vídeos); informação sobre saúde, educação, emprego, benefícios sociais, viagens, seguros; palestras/formação em saúde para profissionais de saúde e público em geral e apoiam o desenvolvimento e publicação de directrizes de tratamento clínico para profissionais de saúde e outros profissionais aliados. ORGANIZATION FOR SICKLE CELL ANAEMIA RESEARCH (OSCAR) (Organização para a Investigação da Anemia de células falciformes, OSCAR) As filiais da OSCAR oferecem uma vasta gama de serviços. Uma ou duas oferecem serviços de aconselhamento de saúde clínica, assistência social e genética para doentes internos e externos. Todas as filiais oferecem a promoção da saúde pública, educação de profissionais de saúde aliados e grupos do público em geral e organizam campanhas de consciencialização pública, produz e divulga manuais, folhetos, posters, vídeos e outros recursos. Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 91 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 92 Que posso fazer para ter o meu filho bem? OSCAR BRISTOL Sickle Cell & Thalassaemia Centre 256 Stapleton Road Easton Bristol BS5 0NP Telefone: 0117 951 2200 Fax: 0117 951 9570 E-mail: [email protected] Website: www.bristoloscar.org OSCAR TRUST LIMITED 5 Lauderdale house Gosling Way Brixton London SW9 6JN Tel: 020 7735 4166 Fax: 020 7820 9594 MIDLANDS SICKLE CELL & THALASSAEMIA SOCIETY (Anteriormente OSCAR Birmingham) 251 - 253 Rookery Road Handsworth, Birmingham B21 9PU Telefone: 0121 551 6553 SICKLE WATCH African Caribbean Cultural Centre 9 Clarenden Road Hornsey London N8 0DJ Telefone: 020 8888 2148 Fax: 020 8881 5204 SICKLE CELL ANAEMIA RELIEF FOUNDATION (SCARF) C/O 114 Batman Close White City London W12 7NX Telefone: 020 8248 8316 Uma organização local que oferece uma vasta gama de serviços, incluindo materiais educacionais (folhetos, livros, posters, vídeos); aconselhamento; palestras para profissionais de saúde e público em geral. 92 SICKLE CELL ANAEMIA RESEARCH (SCAR) (Investigação da Anemia de células falciformes, SCAR) PO Box 88 Barking, Essex 1T11 8PH Uma organização desenvolvida pelo famoso futebolista Garth Crooks, dedicada à angariação de fundos e financiamento de investigação e estudos da doença das células falciformes. Oferece uma bolsa de estudos às crianças que tenham dificuldades de aprendizagem devido á doença ou hospitalizações resultantes da doença das células falciformes. SICKLE CELL WOMEN’S WELFARE ASSOCIATION (AYOKA) (Associação de Bem-Estar das Mulheres com Células Falciformes, AYOKA) Sickle Cell Project St Margaret’s House 15a Old Ford Road London E2 9PL Telefone: 020 8981 9603 SICKLE CELL & YOUNG STROKE SURVIVORS Jovens Sobreviventes da Doença das Células Falciformes e Acidentes Cardiovasculares) 801 Old Kent Road. London. SE15 1NX Telefone: 020 7635 9810 E-mail: [email protected] THE SHEFFIELD SICKLE CELL & THALASSAEMIA FOUNDATION (SSCAT) (Fundação para a Doença das Células Falciformes e Talassemia de Sheffield, SSCAT) Ace Business Centre 110-120 The Wicker Sheffield S3 8JD Telefone: 0114 275 3209 Fax: 0114 279 6870 E-mail: [email protected] 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 93 Para além das organizações de voluntários aqui indicadas, existem vários grupos locais de apoio a doentes/pais por todo o Reino Unido. Para encontrar um perto da sua zona de residência, contacte o centro ou serviço da doença das células falciformes e talassemia da sua área de residência ou contacte qualquer uma das organizações de voluntários aqui apresentadas. Centros Regionais de genética no Reino Unido Esta lista de centros regionais de genética (RGCs) é incluída porque nem todas as zonas no Reino Unido dispõem de centros ou serviços especializados na doença das células falciformes. Os RGCs são unidades especializadas, frequentemente implementadas nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde. Oferecem informações, aconselhamento e orientação às famílias com ou em risco de qualquer doença genética. Permitem que o indivíduo, casal ou família explore a possibilidade de ocorrer uma doença genética na família. Sempre que possível, explicam como se herda a doença, as possíveis complicações de saúde e sociais se a doença ocorrer e as opções disponíveis quando planear ter filhos. Em geral, os RGCs só aceitam doentes encaminhados pelos médicos de família, unidades de saúde materna, outros profissionais e especialistas de saúde. No entanto, os utentes que já utilizaram o serviço antes, por exemplo, durante uma gravidez anterior, são encorajados a contactar o centro de genética directamente ao planearem outra gravidez ou, pelo menos, logo que possível após a confirmação da gravidez. Uma vez que cada RGC funciona de forma diferente, vale a pena conversar sobre esta questão com o seu enfermeiro/médico especialista, médico de família ou assistentes de saúde, ou escrever para o RGC mais próximo da sua área de residência e pedir que enviem informações sobre o tipo de serviços que oferecem e como pode ser encaminhado para o serviço. Centros em Londres North West Thames Regional Genetics Centre The Kennedy Galton Centre Northwick Park Hospital Watford Road Harrow, Middlesex HA1 3UJ North East Thames Regional Genetics centre Institute of Child Health The Hospital for Sick Children Great Ormond Street London WC1N 3JH South East Thames Regional Genetics Centre Paediatric Research Unit Guy's Tower Block Guy's Hospital St Thomas' Street London SE1 9RT South West Thames Regional Genetics Centre Genetics Centre St Georges' Hospital Blackshaw Road London SW17 0QT Centros fora de Londres Northern Region Genetics Service 19/20 Claremont Place Newcastle-upon-Tyne NE2 4AA West of Scotland Region Genetics Service Duncan Guthrie Institute of Medical Genetics Yorkhill Glasgow G3 8SJ Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 93 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 94 Que posso fazer para ter o meu filho bem? Regional Genetics Counselling Service Royal Liverpool Hospital Prescott Street Liverpool L7 8XP Regional Cytogenetics Laboratory Birmingham Heartlands Hospital Bordsley Green East Birmingham B9 5ST East Anglia Regional Genetics Service Department of Clinical Genetics Box 134 Addenbrooke's Hospital NHS Trust Hills Road Cambridge CB2 2QQ Organismos públicos The National Association of Health Authorities (NAHAT) (Associação Nacional de Autoridades de Saúde, NAHAT) Head Office, Birmingham Research Park Vincent Drive Birmingham B15 2SQ Telefone: 0121 471 4444 Poderá informar-lhe de que o Primary Care Trust é responsável pelo fornecimento de serviços de cuidados de saúde na sua área de residência e hospitais e centros comunitários locais que forneçam cuidados à sua comunidade. NHS Departmental Equality Adviser Department of Health Equality & Human Rights Group Department of Health 6th Floor Skipton House 80 London Road London SE1 6LH Este é um representante do governo, que aconselha o governo em questões 94 relacionadas com a igualdade, incluindo problemas de saúde de minorias étnicas. O conselheiro investiga os pontos de vista das comunidades e transmite-os ao Ministério da Saúde, para que possam ser tomadas decisões quanto à forma de melhor responder às necessidades específicas de todos os sectores da população, incluindo comunidades de minorias étnicas. National Health Services Executive (Executivo do Serviço Nacional de Saúde) Sede Quarry House, Quarry Hill Leeds LS2 7UE Telefone: 0113 254 5000 Website: www.open.gov.uk O executivo do NHS influencia as decisões dos ministros do governo sobre o aprovisionamento de serviços de saúde a nível nacional e é responsável por garantir os recursos e atribuí-los aos Primary Health Care Trusts (Fundos de Cuidados de Saúde Primários, PCTs). Os PCTs são responsáveis pela aquisição de serviços de saúde para as populações locais e pelo controlo do desempenho dos prestadores de serviços nos hospitais e nos centros comunitários. Outros contactos úteis Antenatal Results & Choices (ARC) (Escolhas e Resultados Pré-Natais, ARC) 73 Charlotte Street London W1P 1LB Telefone: 020 7631 0285 Website: www.arc-uk.org O ARC oferece apoio às mulheres e casais que estejam a passar pela experiência de fazer escolhas quanto a uma gravidez de risco. Por exemplo, lidar com questões relacionadas com o diagnóstico pré-natal (teste ao bebé ainda no ventre), tomar uma decisão sobre uma gravidez afectada; decidir interromper ou não uma gravidez afectada. 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 95 Anthony Nolan Bone Marrow Trust Unit 2 – 3, Heathgate Place 75 Agincourt Road London NW3 2NU Telefone: 0207 284 1234 Website: www.anthonynolan.org.uk E-mail: [email protected] Sickle Cell & Thalassaemia Centre (ISBN: 0 9531902 3 4) Quando uma criança com a doença das células falciformes se candidata a um transplante de medula óssea, tem de existir uma compatibilidade perfeita. Esta organização ajuda a manter um vasto registo de dadores de medula óssea a nível nacional e poderá ajudar a encontrar um dador compatível, não só para a doença das células falciformes, mas também para outras condições genéticas, como a leucemia. Páginas da internet aconselhadas African-Caribbean Leukaemia Trust (ACLT) (Fundo Afro-Caribenho para a Leucemia, ACLT) PO Box 670 Croydon CR9 5DP Telefone: 0208 667 1122 Fax: 0208 667 1626 E-mail: [email protected] Website: www.cursitor.com/aclt Esta organização foi fundada pelos pais de Daniel DeGaille, uma criança negra com leucemia que não conseguiu encontrar um dador compatível por não existirem muitos dadores negros registados. A campanha do casal centra-se em encorajar mais pessoas negras a serem dadores de medula óssea, para se torne possível que mais negros consigam encontrar dadores perfeitamente compatíveis. Estão ligados ao Anthony Nolan Trust e ajudam a manter o registo nacional de minorias étnicas. Leitura aconselhada Anie, K and Fotopoulos, C (1998) Coping with Sickle Cell Disease and Pain - A selfhelp Manual for Children London: Brent Anie, K and Fotopoulos, C (1998) Coping with Sickle Cell Disease and Pain - A selfhelp Manual for Adults (ISBN: 0 95319021 8) Para informação sobre problemas de emprego www.33max.co.uk/government-educationemployment-agencies.htm www.33max.xo.uk/careers-advicetraining.htm www.gaapweb.com www.dti.gov.ph www.careerbuilder.com Genetic Alliance (Uma organização de utentes com uma lista de grupos de apoio catalogado por organização, doença ou serviço) www.geneticalliance.org Health Protection Agency (Agência de Protecção da Saúde) www.hpa.org.uk How stuff works (Life Sciences Section) (Secção de Ciências da Vida) www.howstuffworks.com National Travel Health Network and Centre (NATHNAC) (Rede e Centro Nacional de Saúde em Viagens, NATHNAC) www.nathnac.org Outros Programa de Investigação da Doença das Células Falciformes e Talassemia do NHS (Serviço Nacional de Saúde) www.screening.nhs.uk/sickleandthal Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 95 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 96 Que posso fazer para ter o meu filho bem? ÍNDICE REMISSIVO - tratar da dor (em casa) 22 Acidente cardiovascular 27 - tratar da dor (no hospital) 31 Ácido fólico 17 Dactilite (síndrome mão-pé) 11 Adenóides 34 Desidratação (insuficiência de líquidos) 15 Adolescência 46 Desferal 36 Ajuda médica e de enfermagem 24 Desenvolvimento 11 Amas e outras pessoas que cuidem de crianças 37 Diagnóstico genético de pré-implantação (PIGD) 60 Amígdalas 34 Diagnóstico Pré-natal (PND) 59 Análise de hemoglobina 64 Dores de cabeça 28 6,10,75 Dieta e nutrição 13 A Anemia Analgésicos 23 E B Emergências médicas Baço 11,25 Exames - Ressonância magnética e TAC - aumento de volume 11,25 Escola e educação - sequestro e operações 25 24 66 37,38 Enurese nocturna (incontinência) 12 Endereços – úteis 87 C Centros de Genética (regionais) 93 F Centros e serviços de doenças das células falciformes 87 Fertilização in vitro (FIV) 85 Fornecedores de Cuidados de Saúde e Sociais Células falciformes 4 - doença 4 - traço e outros traços 8 - crise 4 Cuidados sociais 51,67 Circuncisão 35,81 Ferro 14 - medicação 14 - sobrecarga 36 Febre 21 - verificar se tem 21 - o que fazer 22 - obter ajuda médica numa emergência 24 Crise aplástica 26 Calor e Frio 15 Contacto entre o médico de família e a clínica do hospital 20 Gravidez 52 Clínicas de doentes externos 19 - nascimentos futuros 52 Crise (ver células falciformes) 4 - testar o bebé ainda por nascer no ventre 59 Glossário de Termos 84 G D Direito a subsídios Dor 51 11,22 H Herança (hemoglobina) 52 - efeito da doença das células falciformes 10 Hospitalização 31 - crise de células falciformes 14 Hidroxiureia 62 96 10789 Sickle Cell Guide Solid ColourV8 Portuguese:10578 Sickle Cell Guide 22/04/2009 14:06 Page 97 I Q Infecções 25 Questões práticas 48 - gerais 25 Questões Frequentes dos Pais 77 - meningite 26 Iterícia* 85 Infantário 30 Infecção pulmonar/ síndrome torácico agudo 26 Investigação (Centros de) 87 Incontinência 12 Investigação (actual) Infusões intravenosas 75 32 R Raios X 66 Religião 35,83 - e dieta 14 - e dar sangue 35 - e a cura do meu filho 83 - e feitiçaria 82 S L Líquidos (água) - importância da 23 23 M Sangue 20 - análises e o seu significado 64 - transfusões 34 - na urina 27 Malária 39 Sentimentos 43 Manual de Auto-ajuda 24 - relações familiares 43 Medicação de rotina 16 - apoio na gravidez 52 Medicações 16,40 Seguros 40 - analgésicos 23,31 - de viagem 40 - de saúde/vida 50 Sindroma mão-pé (ver Dactilite) 11 Mitos 1,43,82 O Organizações de voluntários 74,91 T Ossos 26 Tabus - necrose avascular 26 Terapia genética - infecção (osteomielite) 27 Testes (ao sangue e outros) - transplante de medula (BMT) 62 Termómetros Organismos públicos 94 Operações (cirurgia) 34 P 43 62 20,64 21 V Vacinações / Imunizações 17 - infantis gerais 17 Páginas da Internet 95 - outras 17 Pais trabalhadores 48 - viagens 40 Pedras na vesícula 27 Viajar 39 Penicilina 16 Vitaminas 14 Progressos educacionais 38 Problemas de visão 28 Problemas médicos 25 Priapismo (erecção dolorosa do pénis) 27 Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes - Um guia para os pais 97 10789 Sickle Cell cover PortugueseV8:Layout 1 22/04/2009 11:58 Page 1 Edição original de 1997, financiada pelo: Ministério da Saúde, Reino Unido © The NHS Sickle Cell & Thalassaemia Screening Programme ISBN 0-9554319-4-8 Design e produção de: Straightedge Design www.straightedge.co.uk Publicação para revisão em 2011 Doença das Células Falciformes Um guia para os pais Um guia para os pais Segunda edição de 2006, financiada pelo: Programa de Investigação da Doença das Células Falciformes e Talassemia do NHS (Serviço Nacional de Saúde) Cuidados e tratamento do seu filho com Doença das Células Falciformes O seu centro / serviço / contacto da doença das células falciformes e da talassemia está localizado em: Cuidados e tratamento do seu filho com Oni L, Dick M, Smalling B, Walters J 2ª Edição