Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios
Analistas dizem que o ouro não voltará a brilhar
tão cedo
Edgar Caetano | [email protected]
Cotação teve um início de ano positivo depois de em 2013 ter caído 28%, colocando um
ponto final a uma sequência de 12 anos a subir. Os especialistas não esperam, contudo,
que o metal tenha espaço para subir nos próximos anos.
O preço do ouro não voltará nos próximos anos aos recordes atingidos em 2011, quando chegou a
superar os 1.900 dólares por onça. Os especialistas acreditam que está a chegar ao fim a vaga de
estímulos monetários agressivos por parte dos bancos centrais globais, em especial nos EUA, e
que, por essa razão, será menor o refúgio dos investidores face aos riscos de inflação. O
crescimento global e a procura vinda da China, por outro lado, devem evitar que o preço caia
muito abaixo dos níveis actuais.
Uma onça de ouro está a ser negociada nos mercados internacionais a cerca de 1.240 dólares
(913 euros, ao câmbio de quarta-feira), uma valorização de 3,14% face aos 1.201,64 dólares em que
fechou o ano de 2013. Um ano em que o preço caiu mais de 28% e interrompeu uma sequência de
12 anos a subir. A queda do preço deu-se em antecipação ao início do fim do programa de
expansão monetária nos EUA, algo que viria a acontecer ainda em Dezembro.
'Um maior optimismo macroeconómico global, um dólar mais forte, juros mais altos na
dívida americana [os "Treasuries"], a retirada dos estímulos pela Reserva Federal e uma evolução
geral no sentido da normalização [nos mercados e na política monetária] leva-nos a prever que o
preço do ouro vai continuar sob pressão em 2014, escreve o UBS em nota de análise recente. O
banco suíço estima um preço médio de 1.200 dólares em 2014 e também para 2015. Em 2016, a
cotação poderá subir 1.250 dólares, admite o UBS.
"Vêm aí mais dores" para quem investiu, diz o Morgan Stanley
É praticamente consensual entre os bancos de investimento internacionais que o preço do ouro tem pouca margem para subir. E
pode descer ainda mais. O Goldman Sachs diz que a onça de ouro
vai cair até aos 1.050 dólares nos próximos 12 meses - um potencial
de queda de 15% - e o Morgan Stanley baixou o "target" em 12% para
1.160 dólares, dizendo que 'Vêm aí mais dores" para quem investiu.
James Steel, responsável pela estratégia em metais preciosos
do HSBC, diz que "a redução dos estímulos da Fed e valorização do
dólar [que daí poderá resultar] cria condições, na nossa opinião,
para que os preços continuem a baixar". Na mesma linha, o UBS diz
que "ainda que não estejamos a prever uma repetição do êxodo
intenso de investidores que se verificou no ano passado, há uma
falta de catalisadores positivos que incentivem os investidores a
regressar".
China e Índia não deixarão preços cair muito mais, dizem analistas
Alguns analistas admitem que o preço poderá descer para menos de 1.000 dólares nos próximos
anos, mas a visão predominante não é essa. O HSBC diz que, à medida que a cotação cai, o ouro
torna-se ainda mais apelativo para a China. "A China terá absorvido metade da produção global
de ouro em 2013 e prevemos que a procura continue a ser elevada em 2014". A salientar há
também a possibilidade de serem reduzidas as limitações à importação de ouro na Índia e a
recuperação económica nos países desenvolvidos. A confirmar-se, essa recuperação pode
dinamizar não só a procura para utilização industrial como também a procura por joalharia, diz o
HSBC.
23-Jan-14
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Analistas dizem que o ouro não voltará a brilhar tão cedo