BPI ESTUDOS ECONÓMICOS E FINANCEIROS COMENTÁRIO DE MERCADO 09 de Julho 2009 A g o s t i n h o Le a l A l v e s COMMODITIES: AGUARDAM-SE FACTORES CONVINCENTES PARA A DESCOLAGEM Telef.: 21 310 10 36 Fax 21 353 56 94 Email [email protected] DEFINITIVA DOS PREÇOS Com as expectativas económicas pouco firmes e a confiança algo errática, apesar de menos negativa, tem-se assistido a avanços e recuos nos preços das principais commodities. Todavia, a tendência de queda livre dos preços já é situação passada. Entretanto, o cenário económico actual e as perspectivas futuras apontam no mesmo sentido: o período mais preocupante da crise já foi ultrapassado. Tal como noutros mercados, também aqui há repercussões diárias de informações económicas divulgadas. A questão que se tem posto, e os vários dados económicos conhecidos têm contribuído para um certo ziguezaguear das expectativas, prende-se com a maior ou menor rapidez da recuperação económica mundial, sobretudo de alguns blocos económicos fulcrais. Assim, a uma certa euforia gerada em meados de Junho, sucedeu alguma contenção nos primeiros dias de Julho, completada por hesitações na atitude dos protagonistas do mercado e no desenho de tendências mais vincadas. No mercado da energia, o preço do barril de petróleo tocou o nível mais alto dos últimos 8 meses, tendo alcançado os 73 dólares/barril. Efectuou posteriormente um movimento de correcção que o trouxe para o presente patamar dos 60 d/b, mas a direcção futura parece encontrada. Com um aumento de mais de 50% do preço, no 1º semestre do ano, o teste e ultrapassagem a prazo do actual valor máximo é consensual. Para além de outros aspectos, sobretudo de carácter mais previsional, há factos concretos indicativos de uma alteração de cenário: a OPEP deixou de fazer cortes na produção (desde Dezembro); assiste-se a um aumento da capacidade de refinação; os mercados antecipam em cerca de meio ano os ciclos económicos. Por outro lado, num contexto de maior confiança e menor aversão ao risco, é previsível que retorne a componente especulativa, pois há um grande potencial de valorização do crude nos próximos anos. Muitos investimentos na área da prospecção e refinação foram adiados, ou mesmo abandonados, com a contracção económica, devendo no futuro ser reanalisados e reequacionados. Mesmo que sejam implementados com alguma celeridade, só no muito longo prazo surgiriam os primeiros resultados. Aguarda-se para já sinais concretos de procura acrescida por parte das principais economias do mundo. Há ainda que contar com a evolução cambial do dólar, que não deixa de ser uma importante condicionante do preço do crude. No prazo de 1 mês, o valor do barril de petróleo poderá vir a situar-se, de novo, nos 70 dólares. Nos metais preciosos, o ouro mantém-se refúgio privilegiado face à manutenção da incerteza. No semestre valorizou-se cerca de 8%, encontrando-se abaixo dos 1000 dólares onça troy. Em termos de análise técnica, uma tendência de alta mais acentuada obriga ao teste e ultrapassagem dos seguintes valores de resistência: 965, 990 e 1005 dólares. O primeiro nível de suporte relevante encontra-se nos 913 dólares onça troy. Nas actuais condições, acredita-se numa evolução do preço balizada pelos valores indicados. Nos cereais, há factores e circunstâncias semelhantes aos restantes mercados, mas também especificidades próprias. Os vectores direccionais principais são a recuperação económica e o aumento da procura dos países mais desenvolvidos, mas também o comportamento dos mercados de biofúeis emergentes. No relatório da OCDE-FAO para a Agricultura, 2009-2012, está previsto que nos próximos 10 anos a média dos preços será superior à média da década anterior. Argumenta-se a relativa boa saúde do sector, que acumulou rendimentos nos últimos anos. Por outro lado há que contar com a pouca elasticidade da procura mundial de alimentos com as crises económicofinanceiras. Mas mesmo assim, espera-se que maior crescimento económico traga maior rendimento e crescimento populacional e, por arrasto, maior consumo. Também nestes mercados terá de se contar com a vertente especulativa. A sua entrada acompanhará o progressivo aumento da confiança e a total normalização dos mercados financeiros.