CONTROLE DE PROCESSO E DESENVOLVIMENTO OPERACIONAL EM ACABAMENTO DE PAPEL COM APLICAÇÃO DA METODOLOGIA TPM Marcos Aurélio Barbosa Universidade Taubaté, Rua Visconde do Rio Branco, 210 – CEP 12020-040, Taubaté, SP e-mail: [email protected] Leandro Bernardes de Souza Votorantim Celulose e Papel, Rod. Euryale de Jesus Zerbini, km 84 São Silvestre, Jacareí, SP. e-mail: [email protected] Marcos Rovani Votorantim Celulose e Papel, Rod. Euryale de Jesus Zerbini, km 84 São Silvestre, Jacareí, SP. e-mail: [email protected] Prof. Dr. Antônio Pascoal Del’Arco Júnior Universidade Taubaté, Rua Visconde do Rio Branco, 210 – CEP 12020-040, Taubaté, SP e-mail: [email protected] Prof. Dr. Francisco C. L. Melo Universidade Taubaté, Rua Visconde do Rio Branco, 210 – CEP 12020-040, Taubaté, SP e-mail: [email protected] RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar aplicação dos conceitos de Manutenção Total Produtiva TPM aliados a informatização como metodologia eficaz para gestão e redução das perdas nas diversas fases dos processos produtivos da indústria de papel e celulose. A metodologia se desenvolverá por meio da implantação do TPM e do Índice de Eficiência de Máquinas do setor de acabamento da industria de papel e celulose comparando-os com casos reais de implementação do TPM. Os aspectos analíticos mostram ganhos significativos de produção com os aumentos de eficiências da máquina de papel e de revestimento. Máquina de papel, Índice de Eficiência de Tempo aumento de 3%, Índice de Eficiência de Qualidade aumento de 2%, Índice de Eficiência Operacional aumento de 2,5% e Índice de Eficiência Equipamento aumento de 6%. Na Máquina de revestimento, Índice de Eficiência de Tempo aumento de 4,8%, Índice de Eficiência de Qualidade aumento de 7%, Índice de Eficiência Operacional aumento de 5% e Índice de Eficiência Equipamento de 20,0%. Palavras-chaves : TPM, acabamento, máquina de papel, máquina de revestimento INTRODUÇÃO Durante décadas os Sistemas de Gestão Operacional se preocuparam em medir a performance das diversas fases dos processos produtivos com eficiência e concluíam que processos com eficiências próximas tinham praticamente o mesmo nível operacional. A grande maioria dos Sistemas Modernos de Gestão de Operação nos dias de hoje aborda a redução de perdas como fator de diferença entre uma operação de alta eficiência e uma operação apenas padrão, considerando benchmarking do segmento. Segundo (Nakajima,1998), considerando que as empresas dentro do mesmo segmento podem ter acesso a mesma tecnologia de processo, incluindo, matérias primas e equipamentos, o que significa que todos podem ter o mesmo patamar de custos, é a capacidade de gerenciar suas perdas o grande diferencial competitivo que torna uma empresa de fato rentável. Assim sendo este trabalho visa apresentar a aplicação dos conceitos de TPM aliados a informatização como metodologia eficaz para Gestão e Redução das Perdas nas diversas fases dos processos produtivos da industria de papel e celulose. 1. INFORMATIZAÇÃO Em 1997, todos os apontamentos de produção dos equipamentos de fabricação e conversão eram feitos manualmente em relatórios de papel. Os operadores apontavam a produção do turno em boletins de produção, e no dia seguinte, o controlador de produção recolhia os boletins e digitava as informações dos três turnos produtivos em micro e os engenheiros de processo geravam gráficos e relatórios para analise e elaboração dos planos de ação. Em 1998, foi elaborado uma planilha de Excel para que todos os operadores de cada turno apontassem a produção do turno, substituindo os boletins de produção. Assim, o controlador de produção imprimia os boletins dos três turnos e digitava os dados para que os engenheiros de processo gerassem os gráficos e relatórios para analise e elaboração dos planos de ação. Em 1999, com a finalidade de eliminar retrabalhos na digitação de dados de produção, criou-se um banco de dados em Acess para que os operadores apontassem a produção, assim, o controlador não tinha necessidade de digitar novamente os dados no dia posterior para geração dos relatórios. Neste mesmo ano, a empresa implanta o Sistema Integrado de Informações - SAP e todos os apontamentos de produção são digitados em dois sistemas, na Plataforma de Manufatura, sistema de interface de dados de produção com SAP, porém como os relatórios de produção não estavam ativados para utilização, o operador continuava apontando os dados em Acess. Assim, os gráficos eram gerados automaticamente e o engenheiro de processo analisava e traçava plano de ação. À partir de 2000, com validação dos relatórios, os apontamentos são feitos no sistema de Plataforma de Manufatura, onde o operador aponta toda a produção e paradas de equipamento. Os gráficos são gerados automaticamente e o engenheiro de processo analisa e traça plano de ação a qualquer momento. 2. COMPOSIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS Este trabalho foi desenvolvido em fábrica de papel de produção Off Set e Couchê, cujos principais equipamentos estão a seguir listados : 1. Uma Máquina de Papel :4200 mm de largura, 780 m/min de velocidade, 50 à 180 gr/m²,110.000 ton/ano de produção 2. Uma Máquina de Revestimento: 2100 mm de largura, 1100 m/min de velocidade, Tipos L1 eL2, 70 à 230 g/m², 75.000 ton/ano. 3. 4. 5. 6. 7. Três Rebobinadeiras : 2100 mm de largura, 1500 m/min Duas Cortadeiras: 2100 mm de largura, 375 m/min Uma Cortadeira: 1400 mm de largura, 300 m/min Duas Embaladeiras de Resmas: 1400 mm largura, 15 resmas/min Uma Embaladeira de Bobinas Automática: 47 bobinas/hora 3. CONCEITOS TPM – OS 8 PILARES A metodologia TPM, Total Productive Maintenance, é conhecida e amplamente divulgada estando incluída em inúmeros compêndios, e não é intuito deste trabalho discorrer sobre ela, mas apenas destacar alguns pontos básicos, para que haja entendimento, de como se desenvolveu este Sistema de Controle de Perdas. Outros estudos como (Maier, 1998; Mckone, 1999; Mckone, 2001), o TPM tem como base 8 pilares que são: melhorias individuais, manutenção planejada, manutenção autônoma, manutenção da qualidade, educação e treinamento, segurança e higiene, administração e escritório, controle inicial. Entretanto, iremos abordar o pilar de melhorias individuais. 4. IMPLANTAÇÃO A estruturação de perdas pode ser aplicada a qualquer tipo de equipamento, desde que tenhamos conhecimento de todas as características de processo e de projeto. Para estruturação de perdas, determinamos três índices de eficiência que multiplicados entre si resultam no índice de eficiência do equipamento (Equação 1). IEE = IET x IEQ x IEO (1) IET = índice de eficiência de tempo, IEQ = índice de eficiência de qualidade, IEO = índice de eficiência operacional (Comitê de Implantação de TPM, 2000). O índice de eficiência de tempo mostra o tempo de operação do equipamento. Assim, estudando os motivos de paradas não previstas, pode-se elaborar planos de ação para atuar nas causas. Para isto é necessário estudo das perdas em tempo (Equação 2). As perdas do IET são classificadas em: P1-Parada Programada, P2-Falha de equipamento, P3-Falha no Processo, P4-Trocas de fabricação. IET = Tempo Disponível – Tempo de Paradas x 100% (2) Tempo Disponível ) O índice de eficiência operacional mostra a velocidade real sobre a velocidade padrão em que o equipamento opera em um certo tipo de produto. Assim, pode-se verificar os motivos que impedem o equipamento opere na velocidade padrão, podendo-se elaborar planos de ação para atuar nas causas. Para avaliação de performance operacional é necessário estudo das perdas operacionais (Equação 3). As perdas operacionais são classificados em: P5-Perda de velocidade, P6-Quebra de folha, P7Gramatura abaixo do nominal, P8-Largura abaixo do nominal. IEO = Soma das larguras Bobina Largura máxima x Velocidade Real Velocidade máxima x Gramatura real Gramatura máxima x 100% (3) O índice de eficiência qualidade mostra a quantidade de produtos aprovados para comercialização. Assim, verifica-se os motivos das perdas de produtos, podendo-se elaborar planos de ação para atuar nas causas. Para avaliação de performance de qualidade é necessário estudo das perdas de produção (Equação 4). IEQ = Produção Bruta – Perdas x 100 % (4) Produção Bruta As perdas são controladas em todo o processo desde a saída da máquina de papel até a entrada na expedição. As perdas operacionais são medidas em cada centro de trabalho. As perdas pôr defeito são registrados no processo de conversação, na qual grande parte tem origem na processo de fabricação (Figura 1). As perdas que podem ocorrer no IEQ são classificadas em: P9 – Qualidade da máquina, P10 – Qualidade cortadeira, P11 – Qualidade rebobinadeira. Figura 1. Perda por qualidade rebobinadeira Para as máquinas de acabamento o raciocínio é o mesmo porém as perdas e as considerações são diferentes. IET é calculado da mesma forma que para o processo, porém a classificação das paradas diferentes (Figura 2): 1. 2. 3. 4. 5. 6. Administrativa: Limpeza, Reuniões, Falta energia, Trabalhos em outro centro Comercial: Falta de pedido, Falta matéria prima Manutenção: Mecânica, Elétrica, Eletrônica, Instrumentação, Operacional Set up Retrabalhos Manutenção Programada IEQ é calculado da mesma forma que para o processo, porém a classificação das perdas por qualidade diferentes (Figura 2). As perdas podem ser operacionais ou pôr defeitos. As perdas operacionais são aquelas ocorridas pelo centro de trabalho onde está sendo realizado a produção. As perdas pôr defeito são aquelas ocorridas em processos anteriores ao centro de trabalho atual . Para cada equipamento de conversão o IEO é diferenciado (Equação 5), devido as características de processo e equipamento. Este estudo apresenta um exemplo IEO das rebobinadeiras (Figura 2): 1. Características do equipamento: Largura máxima: 2130 mm, Velocidade máxima: 1500 m/min, Diâmetro máximo: 1500 mm. 2. Características do produto: bobina com 2000 mm de largura, trabalhando com velocidade real de 1200 m/min, Diâmetro de 1350 mm. IEO = Soma das larguras Bobina Largura máxima x Velocidade Real Velocidade máxima x Diâmetro real Diâmetro máximo IEO = [( 2000/2130) x ( 1200/1500) x ( 1350/1500)] x 100% = 67,60 % x 100 % (5) Figura 2. Gráfico Índices de Eficiências 5. CONCLUSÃO Em um curto prazo de tempo, conseguiu-se, com êxito, extrair relatórios e gráficos em forma de pareto, como de produção bruta e líquida, perdas de produção explodidos por tipo de papel, tempo de paradas, índices de eficiência das máquinas, controle de variáveis estabelecidos dentro do processo, rastreabilidade de materiais por tipo de papel e por lote de fabricação, tempo médio entre reparos (MTTR) e tempo médio entre falhas (MTBF) de manutenção, entre outros. Os relatórios extraem dados em momento real, desde que apontados nos centros de trabalhos. Isto possibilitou para produção analisar dados em tempo real e acompanhar todos os desvios com as atitudes tomadas dentro do processo, agilizando a correção e reduzindo as chances de ineficiência nas ações . Com o sistema implantado, todos os desvios de processo estão registrados o que permite as pessoas tomarem decisões e identificar o resultado das ações no processo mais rapidamente, tendo um impacto significativo no resultado de eficiência do processo. Os aspectos conclusivos são aumento das eficiências da máquina de papel e de revestimento. Máquina de papel, Índice de Eficiência de Tempo de 90 à 93%, Índice de Eficiência de Qualidade de 92 à 94%, Índice de Eficiência Operacional de 95 à 97,5% e Índice de Eficiência Equipamento de 78,2 à 84,2%. Na Máquina de revestimento, Índice de Eficiência de Tempo de 85,2 à 95%, Índice de Eficiência de Qualidade de 78 à 85%, Índice de Eficiência Operacional de 90 à 95% e Índice de Eficiência Equipamento de 60,0 à 80,0% (Figura 3). IEQ Máquina de papel IET Máquina de papel 94 93 IEQ 92 91 1998 1999 94 93 92 91 90 89 88 IET 1998 2000 IEO 1998 1999 2000 IEG Máquina de papel IEO Máquina de papel 98 97 96 95 94 93 1999 86 84 82 80 78 76 74 IEG 1998 2000 IEQCoater 1999 2000 IET Coater 90 100 95 85 IEQ 80 90 IET 85 75 80 1998 1999 2000 1998 IEOCoater IEO 1999 2000 IEGCoater 96 94 92 90 88 86 1998 1999 2000 100 80 60 40 20 0 IEG 1998 1999 2000 Figura 3. Gráficos de Eficiências da máquina de papel e máquina de revestimento (Coater). 6. REFERÊNCIAS Nakajima, S., 1998, “Introduction to TPM”, Cambridge, MA. Maier, F.H., Milling, P.M., Hasenpusch, J., 1998, “Implementation and outcomes of Total Productive Maintenance, Papers of the 5th International Conference of European Operations Management Association, Ireland. McKone, K.E., Weiss, E.N., 1999, “Total Productive Maintenance: bridging the gap between practice and research”, Production and Operation Management 7 (4), pp.335-351. McKone, K.E., Schroeder, R.G., Cua, K.O., 1999, “Total Productive Maintenance: a contextual view, Journal of Operations Management 17 (2), pp.123-144. McKone, K.E., Schroeder, R.G., Cua, K.O., 2001, “The impact of Total Productive Maintenance practices on manufacturing performance”, Journal of Operations Management 19 (1), pp.39-58. Comitê Implantação TPM, 2000, “Manutenção Produtiva Total”, Manual de Implantação TPM. PROCESS CONTROL AND OPERATIONAL DEVELOPMENT AT FINISH PAPER DEPARTAMENT USING TPM METHODOLOGY Marcos Aurélio Barbosa Universidade Taubaté, Rua Visconde do Rio Branco, 210 – CEP 12020-040, Taubaté, SP, BR e-mail: [email protected] Leandro Bernardes de Souza Votorantim Celulose e Papel, Rod. Euryale de Jesus Zerbini, km 84 São Silvestre, Jacareí, SP, BR e-mail: [email protected] Marcos Rovani Votorantim Celulose e Papel, Rod. Euryale de Jesus Zerbini, km 84 São Silvestre, Jacareí, SP, BR e-mail: [email protected] Prof. Dr. Antônio Pascoal Del’Arco Júnior Universidade Taubaté, Rua Visconde do Rio Branco, 210 – CEP 12020-040, Taubaté, SP, BR e-mail: [email protected] Prof. Dr. Francisco C. L. Melo Universidade Taubaté, Rua Visconde do Rio Branco, 210 – CEP 12020-040, Taubaté, SP,BR e-mail: [email protected] Abstract This paper has the propose of introducing the essentials of Total Productive Maintenance - TPM together with the using of automation (or information system) as an efficient methodology for managing and waste reducting on all productive process phases at paper and pulp mill. The methodology will also be develop using the TPM implementation and the efficiency’ index, at Finish paper ,pulp and paper mill, comparing real cases of TPM implementation. The conclusive aspect is positive by the increase of paper machine and coater’s equipment efficiency index. On the paper machine the results are: time efficiency index increased 3%, quality efficiency index increased 2%, operational efficiency index increased 2,5% and equipment efficiency index increased 6%. About the Coater, the results are: time efficiency index increased 4,8%, quality efficiency index increased 7%, operational efficiency index increased 5% and equipment efficiency index increased 20%. Keywords: TPM, finish paper, paper machine and coat machine.