CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE ENSINO – FAE
ANDREZA APARECIDA BARBOSA
ASSOCIAÇÃO DOS AGRICULTORES
FAMILIARES DO CÓRREGO D’ANTAS DE
POÇOS DE CALDAS: um estudo voltado às
implicações da certificação Fairtrade
SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP
2014
ANDREZA APARECIDA BARBOSA
ASSOCIAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES DO CÓRREGO D’ANTAS DE
POÇOS DE CALDAS: um estudo voltado às implicações da certificação Fairtrade
Dissertação apresentada ao Centro Universitário
das Faculdades Associadas de Ensino – FAE para
obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento
Sustentável e Qualidade de Vida.
Área
de
Concentração:
Desenvolvimento
Sustentável de Operações
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Alves Pereira
SÃO JOÃO DA BOA VISTA – SP
2014
ANDREZA APARECIDA BARBOSA
ASSOCIAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES DO CÓRREGO D’ANTAS DE
POÇOS DE CALDAS: um estudo voltado às implicações da certificação Fairtrade.
Dissertação apresentada ao Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino –
FAE, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento
Sustentável e Qualidade de Vida.
Área de Concentração: Desenvolvimento Sustentável de Operações
Dissertação apresentada para Defesa em: 21/02/2014
BANCA EXAMINADORA:
Professor Dr. Paulo Roberto Alves Pereira (Orientador/UNIFAE)
Professor Dr. Sergio Pedini (IFSULDEMINAS)
Professor Dr. Luciel Henrique de Oliveira (UNIFAE)
Professor Dr. Olímpio Gomes da Silva Neto (UNIFAE)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho especialmente aos meus pais,
entes queridos, alunos e também àqueles que desprendidos de suas vaidades,
buscam um legado mais sustentável às futuras gerações do
nosso fascinante planeta terra.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela oportunidade na realização de mais um belo sonho almejado.
Aos meus pais, Darcy e Ana Maria, pelo incentivo, amparo e amor incondicional e também
aos meus irmãos, Daniane e Raphael, que sempre estiveram ao meu lado e torceram por
mim.
Ao meu namorado Juliano, pela compreensão e estímulo contíguos ofertados.
A Cássia, por sua motivação extrínseca no decorrer desta caminhada acadêmica.
Ao saudoso Duval (in memoriam), que sempre muito dedicado, me incentivou para o ingresso
no curso estudado.
As amigas Rita e Silvia, pela amizade recíproca.
A Isinha, que juntas estudamos em Ribeirão e que muito me motivou por sua superação
determinada.
Ao Adriano, Adolfo, Leida, Márcio e Ricardo, pelos bons momentos de estudo e
compartilhamento reflexivo cordial afável, extensivo aos demais colegas de classe.
Ao Presidente da ASSOD’ANTAS, Sr. João Batista Piva, esposa e associados, que com todo o
carinho e boa vontade me acolheram, elucidando com toda fidúcia às implicações do
empoderamento da certificação Fairtrade, oportunizando de modo promissor a realização
deste trabalho.
A equipe SEBRAE/MG e a Prefeitura Municipal de Poços de Caldas, pelo apoio e atenção.
Ao Ivan, Michelly, Jussara, Raquel, Ulisses e Johann Schneider, pela força camarada.
Agradeço a diretoria da Faculdade Pitágoras, pelas horas de trabalho percebidas para
conclusão de meus estudos, consolidando ainda mais o elo entre a caminhada acadêmica e de
teor profissional. Aos companheiros de trabalho, Benê, Cesar, Fátima, Flávia, Hernani,
Jussara, Lázaro, Raquel Stella, Regiane e demais, pela força camarada partícipe nos
momentos mais difíceis.
Agradeço também aos educadores doutores Ana Cristina, Luciel, Mônica, Marcolino e
Olímpio, pelo assento às ideias deste trabalho e ao corpo docente do curso, que muito
contribuíram alteando o meu aprendizado. Ao Dr. Sérgio Pedini, pela solidariedade.
Ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Roberto Alves Pereira, pelo nobre ensinamento
compartilhado e acolhimento recíproco.
Por fim, agradeço a todos que de certa forma contribuíram para a incitação desta pesquisa
de Pós-Graduação Stricto Sensu, sonho maduro que trilhou por caminhos de superação
contígua, em busca de um maior saber em desenvolvimento sustentável e qualidade de vida,
que em minha opinião estabeleceu-se como oportunidade enaltecedora.
“Nunca duvide de que um pequeno grupo de indivíduos conscientes
e engajados possa mudar o mundo. Desde sempre foi assim que as
coisas aconteceram.”
Margaret Mead (LAVILLE, 2009)
AUTOBIOGRAFIA DA AUTORA
Andreza Aparecida Barbosa, mineira, natural de Poços de Caldas – MG. Possui graduação em
Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1999), Extensão em
Análise, Projeto e Gerenciamento de Sistemas (1999), Especialização em Administração
Hospitalar (2007), Bombeira Profissional Civil (2010), MBA em Gestão de Pessoas (2010),
especializando-se em Educação a Distância (2014) e apresenta sua dissertação de mestrado
em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida (2014) sendo o enfoque do projeto o
empoderamento da certificação Fairtrade na agricultura familiar. Possui habilidade em
administração com ênfase na área da educação superior, sustentabilidade e qualidade de vida
no trabalho. Profissionalmente foi Coordenadora do Subsistema de Estatística Hospitalar e de
Custos, Analista do Serviço de Processamento de Roupas, Membro do Grupo de Trabalho
Humanizado, Membro do Grupo Gestor, Vice Presidente e Presidente da Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA) do Hospital da Santa Casa de Poços de Caldas e Inspetora de
alunos da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR. Atuou como docente em instituições de
ensino desde 2005, a saber: Instituto Educacional Meta, Microlins, SENAC e PUC Minas.
Atualmente é Docente Universitária, Coordenadora do Curso de Administração e Membro da
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) da Faculdade Pitágoras de Poços de
Caldas, membro voluntário da OSCIP/APROEJA – Associação de Profissionalização e
Educação de Jovens e Adultos e do Grupo de Coordenação da Cidade de Comércio
Justo/Fairtrade – GCCJ de Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil.
Contato pelo e-mail: [email protected]
RESUMO
Por comércio justo compreende-se uma parceria comercial abalizada no diálogo, na
transparência e no respeito, em busca de uma maior igualdade no comércio internacional.
Trata-se da criação de um contato direto entre o comprador e o produtor, almejando
desburocratizar o comércio, já que os atravessadores são eliminados e as instabilidades do
mercado global de commodities também. As práticas do Fairtrade, seja no Brasil ou no
mundo, estão se tornando gradualmente alvo de discussão e angariando simpatia e aliados,
principalmente na área agrícola. Portanto, o presente trabalho buscou investigar, analisar e
avaliar traçando um diagnóstico sobre as implicações da certificação Fairtrade aos
agricultores familiares na região do Córrego D’antas em Poços de Caldas (ASSOD’ANTAS).
Buscou ainda observar como as práticas do Comércio Justo ou Fairtrade ajudaram a estruturar
e embasar a Associação de modo a identificar as implicações positivas ou adversas no seu
negócio e em seus associados, após a conquista dessa certificação. O processo metodológico
escolhido foi fundamentado na pesquisa qualitativa, obtida enquanto recorte analítico
interpretativo dos acontecimentos sócio espaciais provenientes da coleta de informações por
meio de análise documental da associação e na pesquisa quantitativa, por meio da aplicação
de questionários semiestruturados com questões fechadas. Para a análise das implicações
foram consideradas algumas categorias quais sejam: gestão ambiental, gestão social,
comercialização e produção. Como principais resultados ao empoderamento observaram-se a:
criação de programas e projetos voltados às ações de gestão ambiental, social,
comercialização e produção para adequação aos critérios do Comércio Justo, no que se diz
respeito à criação de oportunidades para os produtos em desvantagem para combater a
pobreza e atingir um desenvolvimento sustentável; a obtenção de transparência e
responsabilidade na administração e nas relações comerciais e na construção de capacidade
para desenvolver a independência dos produtores com programas de educação ambiental,
saúde e segurança do trabalhador, rastreabilidade, controle de agroquímicos, entre outros.
Após a certificação, foi também criado um comitê gestor de incentivo ao Fairtrade na cidade e
à associação por meio de um decreto municipal, com o apoio de entidades parceiras (empresas
e universidades) para a divulgação do produto comercializado. Pela abordagem quantitativa, o
instrumento utilizado abordou critérios para os associados pesquisados como: idade, sexo,
escolaridade e envolvimento familiar na produção. As principais categorias analisadas foram:
meio de subsistência para o agricultor, impacto sócio econômico nas comunidades, impacto
na gestão de negócios e impactos ambientais. Os principais resultados obtidos foram:
associados com idade média de 43 anos, sexo masculino em predominância, escolaridade
fundamental completo, duas pessoas por família envolvidas na produção, o rendimento com o
negócio consegue manter a família do agricultor e prover algum investimento na propriedade,
impacto significativo nos benefícios sociais obtidos pelos associados, implicando em
melhorias na comunidade e no manejo sustentável dos resíduos a partir de um processo de
educação ambiental, do impacto na gestão de negócios de forma expressiva no que tange a
qualidade e a fundamentação para esta gestão.
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Certificação Fairtrade, Comércio Justo,
Desenvolvimento Sustentável, Empoderamento.
ABSTRACT
It is understood by Fairtrade a commercial partnership commanding on dialogue, transparency
and respect, seeking greater equality in international trade. It is the creation of a direct contact
between buyer and producer, targeting to reduce bureaucracy trade, since profiteer traders are
eliminated and the instabilities of the global commodity markets too. The Fairtrade practices,
both in Brazil and in the world, are gradually becoming the goal of discussion and raise
sympathy and partners, especially in agriculture. Therefore, the present study sought to
discover, discuss and evaluate diagnostic tracing on the implications of Fairtrade accreditation
for family farmers in the region of Córrego D’antas in Poços de Caldas. Sought to observe
how these practices Fairtrade or in order to identify the positive or adverse implications to the
business and its members after the conquest of this certification. The methodological process
chosen was based on qualitative research, obtained while interpretive analytical approach of
spatial social events from information gathering through documentary analysis of the
association and quantitative research, through the application of semi-structured
questionnaires with closed questions. To analyze the implications were considered some
categories which are: environmental management, social management, marketing and
production. The main results observed empowerment to: the creation of opportunities
programs and projects aimed at social actions for environmental management, marketing and
production for adequacy criteria of Fairtrade as regards: the creation of opportunities for the
disadvantaged products to combat disadvantage poverty and achieve sustainable development;
achieving transparency and accountability in administration and trade relations and in
building capacity to develop the independence of producers with environmental education
programs, health and worker safety, traceability, control of agrochemicals, among others.
After certification, it has also created a management committee to encourage Fairtrade in the
city and the association through an ordinance with the support of partner entities (companies
and universities) for disclosure of marketed product. For the quantitative approach the
instrument used included criteria for members searched as: age, gender, education and family
involvement in the production. The main categories were analyzed: livelihood for the farmer,
socioeconomic impact on communities, impact on business management and environmental
impacts, yielding as major results associated with mean age 43 years, male predominance,
complete elementary education, two people per family involved in production, income to the
business can keep the family of the farmer and some investment in property, significant
impact on the social benefits obtained by associates, implying improvements in community
and sustainable management of waste from an environmental education process, impact on
business management significantly with respect to quality and the rationale for this
management.
Keywords: Family Farming, Fairtrade Certification, Fairtrade, Sustainable Development,
Empowerment.
LISTA DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: O sistema do comércio justo ................................................................................. 25
FIGURA 2: Venda de produtos com o selo do comércio justo em bilhões de dólares ............ 28
FIGURA 3: Demanda de alguns lugares por produtos com o selo Fairtrade .......................... 28
FIGURA 4: Etapas do desenvolvimento do trabalho ............................................................... 53
FIGURA 5: Local de aplicação dos questionários na capela do centro comunitário Córrego
D´antas ...................................................................................................................................... 59
FIGURA 6: Acesso a propriedade rural de um associado entrevistado ................................... 60
FIGURA 7: Roteiro de acesso da associação próximo a um shopping center local ................ 66
FIGURA 8: Logotipo da ASSOD'ANTAS............................................................................... 66
FIGURA 9: Identificação de acesso à associação ASSOD’ANTAS ....................................... 67
FIGURA 10: Fachada da ASSOD’ANTAS ............................................................................. 67
FIGURA 11: Ambiente interno da associação ......................................................................... 68
FIGURA 12: Implantação da fossa séptica biodigestora da associação ................................... 71
FIGURA 13: Fossa séptica biodigestora ASSOD’ANTAS ..................................................... 71
FIGURA 14: Fossa séptica biodigestora em propriedade rural associado ............................... 72
FIGURA 15: Local onde se realizam as assembleias da associação ........................................ 74
FIGURA 16: Café certificado da ASSOD’ANTAS na prateleira de um supermercado local . 78
FIGURA 17: Sr. João Batista Piva, presidente da ASSOD’ANTAS e o café arábica produzido
pela sua propriedade ................................................................................................................. 81
FIGURA 18: Reunião associados ASSOD´ANTAS e acadêmicos.......................................... 83
FIGURA 19: Divulgação das práticas do comércio justo à estudantes .................................... 84
FIGURA 20: Registro de associados e estudantes em reunião para projeto social .................. 84
FIGURA 21: Fachada da nova sede ASSOD’ANTAS ............................................................ 85
FIGURA 22: Ambiente Interno da nova sede ASSOD’ANTAS ............................................. 86
FIGURA 23: Depósito de armazenagem de utensílios ............................................................. 86
FIGURA 24: Máquinas de processamento do café certificado ................................................ 87
FIGURA 25: Oficina de marcenaria aos associados Fairtrade................................................ 87
FIGURA 26: Terreiro de secagem de grãos de café ................................................................. 88
FIGURA 27: Distribuição de idade dos associados entrevistados ........................................... 89
FIGURA 28: Distribuição de idade por sexo ........................................................................... 90
FIGURA 29: Escolaridade dos associados em (%) por sexo ................................................... 91
FIGURA 30: Escolaridade dos associados em função da idade ............................................... 92
FIGURA 31: Escolaridade dos associados em função da idade por curvas individuais .......... 93
FIGURA 32: Familiares que trabalham nas propriedades........................................................ 94
FIGURA 33: Teste de probabilidade de Anderson-Darling para dados ................................... 94
FIGURA 34: Teste Kruskal Wallis para a comparação de medianas de duas amostras .......... 95
FIGURA 35: Familiares que trabalham na propriedade por sexo ............................................ 96
FIGURA 36: Familiares que trabalham na propriedade por sexo por distribuição normal ..... 96
FIGURA 37: Familiares que trabalham nas propriedades por sexo e escolaridade ................. 97
FIGURA 38: Familiares que trabalham nas propriedades por idade dos pesquisados ............. 98
FIGURA 39: Análise de correlação das perguntas 1.1 a 1.4 .................................................. 101
FIGURA 40: Matriz gráfica de correlação das perguntas 1.1 a 1.4 ....................................... 102
FIGURA 41: Análise de correlação das perguntas 2.1 a 2.4 .................................................. 103
FIGURA 42: Matriz gráfica de correlação das perguntas 2.1 a 2.4 ....................................... 104
FIGURA 43: Análise de correlação das perguntas 3.1 a 3.4 .................................................. 105
FIGURA 44: Matriz gráfica de correlação das perguntas 3.1 a 3.4 ....................................... 106
FIGURA 45: Análise de correlação das perguntas 4.1 a 4.3 .................................................. 107
FIGURA 46: Matriz gráfica de correlação das perguntas 4.1 a 4.3 ....................................... 108
FIGURA 47: Matriz de correlação entre as perguntas 1.1 a 1.4 por escolaridade ................. 110
FIGURA 48: Matriz de correlação entre as perguntas 2.1 a 2.4 por escolaridade ................. 111
FIGURA 49: Matriz de correlação entre as perguntas 3.1 a 3.4 por escolaridade ................. 112
FIGURA 50: Matriz de correlação entre as perguntas 4.1 a 4.3 por escolaridade ................. 112
FIGURA 51: Matriz de correlação entre as perguntas 1.1 a 1.4 por nº de familiares ............ 114
FIGURA 52: Matriz de correlação entre as perguntas 2.1 a 2.4 por nº de familiares ............ 114
FIGURA 53: Matriz de correlação entre as perguntas 3.1 a 3.4 por nº de familiares ............ 115
FIGURA 54: Matriz de correlação entre as perguntas 4.1 a 4.3 por nº de familiares ............ 115
FIGURA 55: Matriz de correlação entre as perguntas 1.1 a 1.4 por faixa etária ................... 117
FIGURA 56: Matriz de correlação entre as perguntas 2.1 a 2.4 por faixa etária ................... 117
FIGURA 57: Matriz de correlação entre as perguntas 3.1 a 3.4 por faixa etária ................... 118
FIGURA 58: Matriz de correlação entre as perguntas 4.1 a 4.3 por faixa etária ................... 118
FIGURA 59: Teste de normalidade de Anderson-Darling para a pergunta 1.1 ..................... 120
FIGURA 60: Boxplot para as perguntas 1.1 a 1.4 por sexo ................................................... 123
FIGURA 61: Boxplot para as perguntas 2.1 a 2.4 por sexo ................................................... 123
FIGURA 62: Boxplot para as perguntas 3.1 a 3.4 por sexo ................................................... 124
FIGURA 63: Boxplot para as perguntas 4.1 a 4.3 por sexo ................................................... 124
FIGURA 64: Boxplot para as perguntas 1.1 a 1.4 por escolaridade ...................................... 126
FIGURA 65: Boxplot para as perguntas 2.1 a 2.4 por escolaridade ...................................... 126
FIGURA 66: Boxplot para as perguntas 3.1 a 3.4 por escolaridade ...................................... 127
FIGURA 67: Boxplot para as perguntas 4.1 a 4.3 por escolaridade ...................................... 127
FIGURA 68: Boxplot para as perguntas 1.1 a 1.4 por faixa etária ........................................ 129
FIGURA 69: Boxplot para as perguntas 2.1 a 2.4 por faixa etária......................................... 129
FIGURA 70: Boxplot para as perguntas 3.1 a 3.4 por faixa etária......................................... 130
FIGURA 71: Boxplot para as perguntas 4.1 a 4.3 por faixa etária......................................... 131
FIGURA 72: Valores globais para a média e mediana por grupos de perguntas ................... 131
FIGURA 73: Resultados dos testes de hipótese para a mediana por perguntas e grupos ...... 133
FIGURA 74: Intervalos de confiança para a mediana por perguntas e grupos ...................... 134
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Fases do processo de empoderamento................................................................ 48
QUADRO 2: Referencial das principais obras pesquisadas ..................................................... 54
QUADRO 3: Identificação das questões-chave no questionário.............................................. 62
QUADRO 4: Categorização das perguntas do questionário .................................................... 64
QUADRO 5: Testes paramétricos e não paramétricos ........................................................... 121
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: ASSOD’ANTAS em números ............................................................................. 77
TABELA 2: Interpretação do nível de concordância para as perguntas e grupos .................. 135
LISTA DE SIGLAS
ACAFEG
Associação dos Cafeicultores dos Bairros Gabirobal e Gonçalves
ASSOD´ANTAS Associação dos Agricultores Familiares do Córrego D’antas
ASSOFE
Associação de Pequenos Agricultores Familiares de Palmeiral
BR FAIR
Organizações Fairtrade do Brasil
CAR
Cadastro Ambiental Rural
CMDRS
Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável
CONTAG
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
COOPFAM
Cooperativa dos Produtores Familiares de Poço Fundo e Região
DMAE
Departamento Municipal de Água e Esgoto
ECOCITRUS
Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Cale do Caí
EFTA
European Fairtrade Association
EMATERMG
Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural de Minas Gerais
EPI
Equipamento de Proteção Individual
FACES
Fórum de Articulação do Comércio Ético e Solidário
FBES
Fórum Brasileiro de Economia Solidária
FLO
Fairtrade Labelling Organization
FLO-CERT
Fairtrade International-Certification
GCCCJ
Grupo de Coordenação da Cidade de Comércio Justo
IFAT
International Federation for Alternative Trade
ISA
Instituto Socioambiental
NEWS
Network of Europeans World Shops
OCB
Organização das Cooperativas Brasileiras
ONGs
Organizações Não-Governamentais
ONU
Organização das Nações Unidas
OPFCJS
Organização dos Produtores Familiares de Comércio Justo e Solidário
PIB
Produto Interno Bruto
PNCF
Programa Nacional de Crédito Fundiário
PRONAF
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
RAS
Rainforest Alliance Certified
SBCJS
Sistema Brasileiro de Comércio Justo e Solidário
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEDET
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho
SENAR
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17
1.1 Identificação do problema .................................................................................................. 20
1.2 Justificativa ......................................................................................................................... 20
1.3 Objetivos............................................................................................................................. 22
1.3.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 22
1.3.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 22
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................. 23
2.1 Comércio Justo, comércio solidário ou Fairtrade .............................................................. 23
2.1.1 Certificação do Fairtradeno mundo ................................................................................ 26
2.1.2 Certificação do Fairtradeno Brasil ................................................................................. 30
2.2 Agricultura familiar Fairtrade sob a ótica nacional e de outros países.............................. 34
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 51
3.1 Etapas do desenvolvimento do trabalho ............................................................................. 53
3.2 Instrumentos para coleta de dados ...................................................................................... 55
3.3 Coleta de dados ................................................................................................................... 55
3.4 Análise dos dados ............................................................................................................... 60
3.5 Categorização do questionário............................................................................................ 63
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 65
4.1 Resultados da pesquisa qualitativa exploratória ................................................................. 65
4.2 Resultados da pesquisa quantitativa ................................................................................... 88
4.2.1 Perfil dos associados da ASSOD’ANTAS........................................................................ 88
4.2.2 Análise dos temas e perguntas utilizados nos questionários da pesquisa....................... 99
4.2.2.1 Análise de confiabilidade do questionário utilizado na pesquisa ................................ 99
4.2.2.2 Análise da existência de correlação entre as perguntas por escolaridade ................ 109
4.2.2.3 Análise da existência de correlação entre as perguntas por familiares que trabalham
da propriedade ....................................................................................................................... 113
4.2.2.4 Análise da existência de correlação entre as perguntas por idade............................ 116
4.2.3 Análise do nível de concordância dos associados sobre os temas da pesquisa ............ 119
4.2.3.1 Testes de estatística descritiva ................................................................................... 122
4.2.3.2 Testes não paramétricos ............................................................................................. 132
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 141
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 151
APÊNDICES .......................................................................................................................... 157
17
1 INTRODUÇÃO
A circulação global de commodities agrícolas alimentares é cada vez mais influenciada pelas
escolhas éticas dos consumidores os quais desejam ver um regime de comércio social e
ambientalmente sustentável. Este desejo levou a formação de um elaborado sistema de regras
que regem as condições físicas e sociais na produção de alimentos e na sua circulação,
refletidas em regimes transnacionais éticos, o que resultou na prática do comércio justo.
O comércio justo é um movimento social que objetiva ajudar os produtores de países em
desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo, para que estes consigam melhores condições
comerciais e promover a sustentabilidade. Por meio do respeito às normas sociais e
ambientais e defendendo um pagamento de um preço mais elevado para os exportadores, estes
países acabam recebendo uma certificação que faz com que os produtos consigam preços
melhores que os praticados no mercado, entre outros.
Deste modo, o comércio justo opera em comunidades de produtores certificados desde que
adotem métodos baseados em normas padronizadas de produção sustentáveis tanto nas
relações de produção quanto no meio social. Pode-se dizer que a certificação do comércio
justo é um regime bio-politicamente transnacional, com potencial para se tornar um novo
mecanismo que rege a disciplina entre agricultores, produtores e consumidores, atraindo-os
para relações de mercado globalizadas.
Isto ocorre porque o comércio justo medeia às visões de justiça entre os produtores e as
práticas reflexivas dos consumidores e para mapear essas situações críticas em torno do
comércio justo e da sua certificação, a atenção etnográfica perto da vida material e simbólica
da certificação é vital.
Pode-se dizer ainda que o comércio justo trata-se de uma parceira comercial baseada no
diálogo, transparência e respeito, que busca uma maior equidade no comércio internacional,
contribuindo para o desenvolvimento sustentável e oferecendo melhores condições comerciais
por meio da proteção aos direitos dos produtores e trabalhadores marginalizados. Suas
primeiras tentativas começaram nas décadas de 1940 e 1950.
18
Assim, pouco a pouco, os produtos advindos da orientação do comércio justo, e, no presente
estudo, o café, têm feito uma diferença tangível na vida de muitos agricultores. Todos na
comunidade ganham, as crianças recebem mais cuidados e assistência médica, os quais
anteriormente eram inexistentes. A infraestrutura tão necessária é construída e a pobreza aos
poucos deixa de existir. Realmente, os impactos são positivos e os lucros financeiros para os
cafeicultores fazem com que eles possam escolher como gastar o seu dinheiro.
A Certificação Fairtrade é uma forma social e ambientalmente responsável para realizar o
comércio entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Esta forma alternativa de
comércio tem o poder de revolucionar a economia global, ilustrando que a comunidade global
pode trabalhar junto para prover as necessidades de todos. (ANDRADE, 2011).
O presente trabalho pretende investigar quais as implicações da certificação Fairtrade aos
produtores de café associados da Associação dos Agricultores Familiares do Córrego D’antas,
após a certificação concedida pela Fairtrade Labelling International Organization (FLO). A
conquista desta certificação em 2011 foi apoiada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE) em parceria com a Prefeitura Municipal da cidade.
De acordo com Utting-Chamorro (2009), o comércio justo e outras iniciativas comerciais do
gênero tendem a sofrer com a falta de credibilidade pela ausência de disseminação de dados
que apoiem a suas alegações de que realmente eles podem fazer uma significativa diferença
na vida de pequenos produtores. Porém, o uso de suas coordenadas incorpora uma série de
impactos potenciais na vida de cada pequeno produtor já que praticam a subsistência
sustentável. Com isto garantem um impacto socioeconômico nas comunidades assistidas,
impactos organizacionais, ambientais, políticas e institucionais.
Quando a ASSOD’ANTAS incorporou esta série de mudanças não foi apenas para
demonstrar os resultados do comércio justo e de iniciativas relacionadas, mas também para
perceber que estas interações a ajudava a conseguir o que eles queriam alcançar.
Logicamente, os avanços conquistados não foram sem dificuldades e retrocessos, porém
capacitou-a a gerar maiores interesses por parte dos pequenos proprietários por meio de
desenvolvimento sustentável e participação geral.
19
Portanto, é extremamente importante continuar a documentar as mudanças promovidas pelas
iniciativas comerciais responsáveis do comércio justo e entender como estas mudanças
ocorrem. Só desta forma, as preocupações com a credibilidade sobre o impacto responsável
do comércio justo, redução da pobreza e promoção do desenvolvimento serão tratadas de
forma eficaz.
De acordo com certas percepções observadas no decorrer desta pesquisa, não menos,
restrições e ou possíveis barreiras superadas pela associação de café em busca da certificação
Fairtrade, pode inspirar outros agricultores brasileiros. Portanto, fica a principal questão a ser
investigada: quais as implicações da certificação Fairtrade aos agricultores familiares na
região do Córrego D’antas em Poços de Caldas?
20
1.1 Identificação do problema
Para Rudio (1998), formular o problema consiste em defini-lo de maneira explícita, clara,
compreensível e operacional, de modo que a pergunta problema que dirigiu o atinente estudo
teve como base o respectivo questionamento: quais as implicações da certificação Fairtrade
na comunidade rural Córrego D’antas de Poços de Caldas? Entendendo implicações como
todas as modificações inerentes ao estudo proposto que se manifestam durante o processo.
A teoria aponta o Fairtrade como melhoria contígua para condições comerciais, promoção da
sustentabilidade, qualidade de vida ao trabalhador, entre outros. No real observa-se que o
caminho em busca da certificação e sua conquista está atinada a superações e seguimento de
critérios para efetivação do processo, sendo necessário aprofundamento no sentido de se
alinhar os levantamentos teóricos com casos que possibilitem a construção do conhecimento
sobre o tema proposto.
1.2 Justificativa
A ASSOD’ANTAS de Poços de Caldas é uma associação de cafeicultores familiares,
certificada dentro dos critérios de comércio justo, o Fairtrade. A importância do café na
economia mundial e na região torna-se cada vez mais relevante devido ser um dos mais
valiosos produtos elementares comercializados no mundo e, graças ao seu cultivo,
processamento, comercialização, entre outros, pode proporcionar oportunidades de
desenvolvimento e de negócios aos participantes envolvidos no processo, seja em aspectos
econômicos, ambientais e/ou sociais, em curto, médio ou longo prazo.
Os operadores de café do Comércio Justo Fairtrade são solicitados a operar de acordo com a
intenção dos critérios de certificação, relacionados à conformidade do processo, como por
exemplo:
a)
Fornecer um quadro de regras para promover transparência, clareza e respeito mútuo nas
relações comerciais, com o objetivo de se proporcionar determinada estabilidade e
21
segurança para os produtores e facilitar o seu acesso ao pré-financiamento, por meio da
definição de uma rede de segurança de preço mínimo;
b) Assegurar que os produtores receberão por seu produto do Comércio Justo Fairtrade um
preço de mercado justo de acordo com o que prevalece no mercado convencional
predominante, quando o preço de mercado for superior ao preço mínimo préestabelecido;
c)
Fornecer uma referência de preço de mercado e permitir o risco compartilhado entre os
produtores e os compradores e proteger os produtores que têm opções limitadas para gerir
a sua parte do risco, além de exigir contratos com o vendedor e a definição de estratégias
de gestão de riscos de preços, entre outros.
No entanto, apenas uma certificação não irá garantir que o processo seja adequado às reais
necessidades e vivências de um determinado ramo de negócios. O papel da pesquisa científica
torna-se relevante no sentido da aproximação do modelo teórico com o caso estudado que
possa fomentar o debate e a construção do conhecimento na área para além da certificação,
com um olhar que relacione teoria e realidade.
Sobre a relevância para a formação do mestre em sustentabilidade, cabe destacar a
necessidade nesta pesquisa do aprofundamento sobre a compreensão da influência do
Comércio Justo com enfoque nas implicações na gestão do negócio de produtores familiares
associados.
Este estudo aponta como proeminência a percepção das condições ambientais, sociais,
comerciais e de gestão da produção, de acordo com Yin (2001), que define pesquisa social
como base empírica que investiga fenômenos contemporâneos em seu ambiente real.
Enfatizando que muitas vezes os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente
definidos; quando há mais variáveis de interesse do que pontos de dados; quando se baseia em
várias fontes de evidências; e quando há proposições teóricas para conduzir a coleta e a
análise dos dados.
22
Por fim, para atender tais critérios, é necessário realizar um diagnóstico que mostre a
realidade atual e com enfoque pós-certificação, para que sirva como subsídio para
diagnosticar as implicações da certificação Fairtrade junto aos agricultores associados à
ASSOD’ANTAS.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Diagnosticar as implicações da certificação Fairtrade aos agricultores familiares na região do
Córrego D’antas em Poços de Caldas.
1.3.2 Objetivos específicos
1) Elaborar a definição sobre Fairtrade apontando o significado da certificação e relacionálas sob a ótica do agricultor familiar do Córrego D´antas;
2) Inscrever um modelo proposto para avaliação de impactos Fairtrade estimando as
implicações sugeridas;
3) Investigar os dados coletados com a associação de agricultores familiares do Córrego
D´antas para compor as implicações da certificação adquirida.
23
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Comércio Justo, comércio solidário ou Fairtrade
Pode-se definir Fairtrade como “uma prática comercial que busca oferecer melhores
condições financeiras a pequenos produtores do terceiro mundo, por meio de mecanismos que
têm caráter de alterar a estrutura da cadeia de produção envolvida” (OLIVEIRA; ARAÚJO;
SANTOS, 2008, p. 211).
As corporações que praticam o comércio justo podem ser consideradas exemplos de empresas
sociais (DEFOURNY, HUYBRECHTS; 2011). Isto também é confirmado por Schmitt e
Moretto Neto (2011) que associam o comércio justo como fator de contribuição ao
desenvolvimento territorial sustentável e a prática do associativismo.
A ideia fundadora do desenvolvimento sustentável é a de que é possível, criar ao mesmo
tempo, valor nos três polos: sociedade, o meio ambiente e a economia. Trata-se da noção,
triple bottom line (pessoas – aspectos sociais – planeta – aspectos ambientais – e lucros –
aspectos econômicos), lançada por John Elkington, em 1994. Este triplo balanço social,
econômico e ambiental tornou-se necessário para avaliar o desempenho global de uma
organização (LAVILLE, 2009).
O comércio justo nasceu na Holanda, em 1969. Logo, o movimento atingiu vários outros
países, tais como a Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Inglaterra,
França, Itália, Suécia e Suíça. E não apenas os países europeus ficaram interessados no
movimento, pois os Estados Unidos, Canadá e Japão também se incorporaram ao movimento
mundial (INSTITUTO RESSOAR, 2012).
Laville (2009, p. 375) coloca que o comércio justo teria sido concebido nos anos de 1970
“para responder a um problema social inerente à explosão do comércio internacional,
dominado pelos centros financeiros: para certos produtos alimentares básicos, como o café, a
maioria da produção é de propriedades familiares dos países em desenvolvimento (70% no
caso específico do café), que vivem em uma situação precária e sem influência nas cotações
24
internacionais intermediários. Além disso, ficam a mercê do menor incidente natural
(inundação ou seca), biológico (doença das plantas ou dos homens), econômico (queda da
demanda ou dos preços) e mesmo políticos (guerra civil). Endividamento, pobreza,
desnutrição, subdesenvolvimento, recurso a culturas ilícitas mais rentáveis (como a coca) e,
finalmente, migração para os subúrbios das grandes cidades, efeitos que fundamentam a
pertinência do comércio justo”.
Almeida (2005 apud OLIVEIRA; ARAÚJO; SANTOS, 2008) observa que o estudo do
Fairtrade ou do comércio justo pode ser coligado a alguns temas, tais como, desenvolvimento
sustentável, comércio internacional, ocupação e organização do espaço por meio do trabalho
do homem, movimento social e cidadania devido à aplicação dos direitos sociais, ambientais,
econômicos e culturais, maneiras de cooperação internacional, políticas públicas, entre outros.
Ou seja, além de todos esses aspectos importantes, o comércio justo ajuda também a
estruturar cadeias de produção.
Em 1990, várias organizações não governamentais e de comércio alternativo que já
praticavam o comércio justo, criaram a European Fairtrade Association ou Associação
Europeia de Comércio Justo (EFTA), a International Federation for Alternative Trade ou
Federação Internacional de Comércio Justo (IFAT) e a Organização de Certificação de
Produtos de Comércio Justo, Fairtrade Labelling Organization ou Organização Certificadora
do Comércio Justo (FLO) e em meados de 2004, conforme elucida Pedini (2011) foi criada a
Fairtrade International-Certification ou Certificadora Internacional do Comércio Justo (FLOCERT), instituição vinculada à FLO, com a responsabilidade específica de certificação às
organizações participantes.
A Figura 1 demonstra de modo ordenado o sistema do Comércio Justo, desde a contribuição
de ações em apoio aos associados até o controle final do processo.
25
FIGURA 1: O sistema do comércio justo
Fonte: SCHNEIDER, 2007, p. 44
Para Santos (2010), para que se possa fazer parte do comércio justo, as entidades precisam
respeitar os sete princípios propostos pela EFTA. São eles:

Transparência e corresponsabilidade: promover uma gestão transparente, tratando de
maneira justa e respeitosamente todos os envolvidos.

Treinamento e apoio por meio de um relacionamento de longo prazo: fornecer
capacitação aos envolvidos visando melhorar suas habilidades de gestão, além de facilitar
a sua participação em novos mercados.

Pagamento de um preço justo além de um bônus que beneficie a todos, incluindo
propostas de financiamento: o estabelecimento dos preços deve ser baseado no diálogo e
na participação e deve cobrir não apenas os custos da produção, mas também os custos
envolvidos em se manter uma produção ecologicamente corretas, segura e socialmente
justas. Os agentes de comércio devem agir no sentido de facilitar os acessos aos
financiamentos para a produção.

Igualdade de gêneros, produtores organizados democraticamente, como, por exemplo, em
26
cooperativas: valorização do trabalho feminino por meio da garantia dos mesmos
privilégios e equiparação salarial.

Condições de trabalho regidas por legislações e normas, tais como trabalhistas, nacionais
e internacionais: garantia de um trabalho seguro realizado de maneira saudável;

Proteção do meio ambiente: estímulo a práticas ecologicamente corretas com uso de
métodos que não agridam a natureza e nem os produtores.

Certificação de produtos de comércio justo: comercialização de produtos certificados pela
FLO-CERT ou produzidos de acordo com as normas do comércio justo.
Finalmente, em 2001, durante a conferência anual da IFAT, o comércio justo recebeu uma
definição a qual foi estabelecida pela FLO, pela IFAT e pela Network of Europeans World
Shops ou Rede Europeia de Lojas Mundiais (NEWS) e pela EFTA, as quais unidas resultaram
numa reunião de siglas denominada FINE. Deste modo, a definição ficou da seguinte
maneira:
O Comércio Justo é uma parceria comercial baseada em diálogo, transparência e
respeito, que busca maior igualdade no comércio internacional. Ele contribui para o
desenvolvimento sustentável ao oferecer melhores condições comerciais e assegurar
os direitos de produtores e trabalhadores marginalizados – especialmente no
Hemisfério Sul. (IFAT, 2001 apud SANTOS, 2010, p. 40).
Deste modo, a certificação Fairtrade busca estabelecer um contato direto entre o produtor e o
comprador para tirá-lo da dependência de atravessadores e das instabilidades do mercado
global de commodities e de acordo com dados da FLO, a certificação vem crescendo cada vez
mais a nível mundial (SCHNEIDER, 2007).
2.1.1 Certificação do Fairtrade no mundo
O mercado do comércio solidário movimenta bilhões de dólares anualmente. Na Europa,
estimativas da EFTA falam em mais de 230 bilhões de dólares, incluindo produtos artesanais,
produtos alimentares, entre outros. Os maiores mercados do Fairtrade Labelling Organization
27
(FLO)1 são a Alemanha, a Suíça, o Reino Unido e a Holanda, países que compram
principalmente café, chá, arroz, cacau, mel, açúcar, frutas frescas, bolas de futebol,
artesanatos, produtos de confecção, flores, nozes, castanhas, frutas secas, entre outros. Estes
produtos são vendidos nas world shops2 e foram produzidos de maneira responsável, com
remuneração justa e condições de trabalho favorável, e uso sustentável dos recursos naturais.
Para Schneider (2007), o comércio justo e solidário no mundo precisa obedecer a alguns
princípios de modo a estabelecer um contato direto entre o produtor e o consumidor,
suprimindo o atravessador.
Com isto, a venda do café Fairtrade aumentou em 70,9% nos Estados Unidos da América e
35% no Reino Unido. Já a venda das bananas cresceu 46% na Áustria, e, na França, o açúcar
aumentou em 125% (SCHNEIDER, 2007).
De acordo com Popov (2012), há no mundo aproximadamente 1,2 milhões de produtores e 27
mil produtores certificados, garantindo um faturamento anual de 3,4 bilhões de hectares.
Além disso, mais de mil cidades em 70 países já praticam o comércio justo. Pode-se citar
como exemplos:

Reino Unido: 5% do chá, 5% das bananas e 20% do café consumido. Há bares exclusivos
para estes produtos;

Suíça: 47% das bananas, 14 % do mel e 9% do açúcar.
Sendo assim, a venda e a demanda de produtos com o selo do comércio justo vêm
aumentando significativamente, de acordo com os dados da Fairtrade International (Figuras
2 e 3).
1
Os produtos com esta certificação permitem que as empresas possam atuar no comércio tradicional,
pois pagam as licenças que são concedidas por entidades certificadoras.
2
World shops é a denominação dada na Europa para as lojas de comércio justo (FRANÇA, 2003).
28
Venda de produtos com o selo Fair Trade em bilhões de dólares
4,5
4,0
4,2
3,5
3,0
3,0
2,5
2,0
2,1
1,5
1,4
1,0
0,5
0,0
2003
2006
2007
2008
Produtos comercializados
FIGURA 2: Venda de produtos com o selo do comércio justo em bilhões de dólares
Fonte: Fairtrade International, 2006.
Demanda de alguns lugares por produtos com o selo Fair Trade
5%
20%
40%
35%
Estados Unidos
Inglaterra
Europa
Outros
FIGURA 3: Demanda de alguns lugares por produtos com o selo Fairtrade
Fonte: Fairtrade International, 2006.
Para que um grupo seja certificado, como já foi dito, é preciso que este esteja organizado em
forma de associação ou cooperativa, a qual não poderá apresentar quaisquer formas de
discriminação e nem exclusividade ou preferência baseada em gênero, religião, opinião
política ou origem social e também não é tolerado o trabalho infantil.
Laville (2009) afirma que os princípios do comércio justo foram reunidos a partir de
iniciativas da FLO. São eles:
29




Favorecer a organização dos produtores e assalariados para que possam assumir
seu próprio desenvolvimento, trabalhando inicialmente com os mais
marginalizados a fim de assegurar-lhes uma renda mínima (quaisquer que sejam
as flutuações do mercado mundial), bônus de desenvolvimento, um préfinanciamento das colherias, relações comerciais sustentáveis, entre outras.
Proteger o meio ambiente a fim de garantir a saúde dos produtores e o
desenvolvimento sustentável das plantações através de uma política de redução ou
de supressão de produtos químicos (pesticidas, adubos sintéticos, entre outros), de
luta contra a erosão para preservar a fertilidade dos solos, de proteção às
nascentes de água e de apoio à produção orgânica.
Respeitar os critérios sociais fundamentais: liberdade sindical e de representação
efetiva dos assalariados, negociadores coletivos, recusa a qualquer forma de
escravidão e discriminação.
Assegurar a qualidade do produto e da comunicação sobre as virtudes do
comércio justo junto a importadores, processadores, torrefadores (no caso do
café) e consumidores para que estes possam, com suas compras, contribuir para o
progresso da iniciativa (LAVILLE, 2009, p. 275-276).
A certificação Fairtrade mundial permite que pequenos produtores de países em
desenvolvimento possam vender seus produtos, por meio de cooperativas, no mercado
internacional. As mudanças propostas pela certificação visam atender a uma crescente
demanda dos consumidores e ativistas, que cada vez mais se tornam conscientes, para aderir a
padrões sociais e ambientais, além de criar uma vida decente para estes produtores
(DOWNIE, 2007).
Outro fator atrativo é o fato de grandes empresas como Dunkin’ Donuts (o café expresso
vendido nas 5,4 mil lojas da rede nos Estados Unidos já recebe a certificação Fairtrade),
McDonald’s (as unidades localizadas na Nova Inglaterra também comercializam produtos
certificados Fairtrade) e Starbucks (vem aumentando a compra de produtos certificados
Fairtrade em 50% a cada ano) já venderem algumas variedades do café produzido de acordo
com as regras do Fairtrade.
Uma organização independente de certificação Fairtrade nos Estados Unidos da América, a
Trans Fair USA, já percebe o real impacto no mercado a partir do interesse destas grandes
empresas nos produtos certificados (DOWNIE, 2007).
Outra certificadora, a International Fairtrade Association, que reúne 70 organizações
instaladas em mais de 70 países, afirma que este conjunto de práticas comerciais reflete a
preocupação pelo bem-estar social econômico e ambiental dos pequenos produtores e deixa
de lado a busca incessante por lucro (DOWNIE, 2007).
30
A Fairtrade Labelling Organization International, associação que reúne associações de
certificadoras Fairtrade no mundo, afirma que os consumidores gastaram em 2006 US$ 2
bilhões na compra de produtos certificados, demonstrando um aumento de 42% em relação a
2005. Este volume de vendas teria beneficiado mais de sete bilhões de pessoas em países em
desenvolvimento.
Os produtos que vem sendo mais certificados são o café, o algodão e o cacau e muito embora
a proporção do café com certificação Fairtrade no comércio mundial da commodity continue
pequena, ela está em alta.
Para Schneider (2007), a certificação do comércio justo vem crescendo, sendo que, entre 2004
e 2005, apresentou um crescimento de 37% e um faturamento de 1,142 bilhão de Euros em
2005 nos países membros, beneficiando, aproximadamente um milhão de agricultores e
trabalhadores em mais de 50 países. Também em 2005, o número de organizações certificadas
subiu 18%, sendo que todas as linhas de produtos cresceram, principalmente o café, produtos
estes que são vendidos em mais de 3.000 world shops e entre 80.000 a 100.000 pontos de
vendas convencionais.
2.1.2 Certificação do Fairtrade no Brasil
A certificação Fairtrade vem ajudando os agricultores seja no vinho ou no café, a enfrentar os
novos desafios diante da crescente mecanização agropecuária. Deste modo, a zona rural
deixou de ser uma simples produtora de alimentos para ter perspectivas maiores e colocar nos
mercados alimentos com mais qualidade. Estas novas funções oportunizadas pelos
agricultores, sendo que deles muitos são familiares, deram a resposta necessária aos
problemas
do
desenvolvimento
territorial
sustentável,
devido
às
noções
de
multifuncionalidade da agricultura e do desenvolvimento local (LAFORGA; EID, 2005;
SILVEIRA et al., 2006).
Ao atuar nas duas pontas da cadeia produtiva – produtor e consumidor – o comércio justo,
ético e solidário, precisa possibilitar que o ponto mais fraco consiga se desenvolver. Além
disso, no caso especifico do Brasil, é preciso também considerar as suas dimensões
31
continentais e, por conseguinte, sua diversidade cultural (FRANÇA, 2003).
Para França (2003, p. 14) “o comércio ético e solidário”, também chamado comércio justo,
assemelha-se a essa lógica. Trata-se de uma forma de comercialização em que o objeto
produzido é apenas uma das dimensões do ato de comprar. Tão importante quanto o objeto
em si, é o território ocupado pelas pessoas que o produziram. Mas os defensores do comércio
ético e solidário vão muito além da necessidade de territorialização. É condição necessária
para se fortalecer o elo mais fraco da cadeia produtiva, da cultura e do meio ambiente local.
Dito de outra maneira ainda pela autora trata-se de uma relação em que o bem comercializado
não é o único elemento a ser valorizado. [...] Pode-se conceituar o comércio ético e solidário
como uma forma de dar poder aos trabalhadores assalariados, aos produtores e aos
agricultores familiares, em desvantagem ou marginalizados pelo sistema convencional de
comércio. Este comércio possui as seguintes características: é baseado em relações éticas,
transparentes e corresponsáveis entre os diversos atores da cadeia produtiva, pressupõe uma
remuneração justa e contribui para a construção de relações solidárias no interior da
economia, respeita as diversidades culturais e históricas, além de reconhecer o valor do
conhecimento e da imagem das comunidades tradicionais”.
Sendo assim, identificar princípios e critérios que componham um comércio solidário e ético
precisa ser legitimamente brasileiro, apoiado em opiniões dos diferentes atores interessados
no tema, e não apenas a cópia de um modelo europeu, e que seja coadunado com os interesses
das entidades, das empresas, da sociedade civil, das organizações e dos consumidores
(FRANÇA, 2003).
Como cada vez mais os consumidores estão ficando exigentes com relação aos serviços, aos
produtos e ao sistema como estes estão sendo produzidos, os produtos certificados pelo
Fairtrade saíram de uma simples estratégia de marketing para comporem um mercado
diferenciado. Os consumidores estão realmente pagando mais para terem este tipo de produto.
Deste modo, o café produzido em bases sustentáveis e que atenda ao tripé da viabilidade
econômica, responsabilidade social e ambiental está se tornando mais rentável e atingindo
ágios de US$ 7 a US$ 20 por saca (RODRIGUES, 2009 apud PRADO, 2011).
32
Sem dúvida, o pequeno produtor se preocupa com os custos das transformações das atividades
produtivas tradicionais do comércio sustentável, mas ele também sabe que a preocupação com
o ambiente, com os empregados, com os consumidores e com sua família, elementos estes
preconizados pela certificação, já está começando valer a pena e dar lucros (PRADO, 2011).
Triantafyllou (2003), citado por Pereira, Bartholo e Guimarães (2004), cita dois tipos de
certificação: compulsória e voluntária. A primeira decorre de regulamentações de cunho legal,
ocorrendo por meio de leis, decretos ou outros e que pode ser aplicada em produtos com alto
risco de perigo. A segunda decorre de prática e exigências do mercado, dando confiabilidade
aos produtos (PRADO, 2011).
No caso do café, prevalece à voluntária, e isto além de diferir o produto entre os demais, faz
com que a sua competitividade aumente (PEREIRA; BLISKA; GIOMO, 2007 apud PRADO,
2011). Mas entre as certificações que se voltam para as questões ambientais, o ponto em
comum entre elas é a crítica em relação ao sistema convencional, que se esquece da
preservação dos ecossistemas naturais, da proteção ao trabalhador, da fiscalização das
relações comerciais, privilegiando apenas o lucro (PALMIERI, 2008, apud PRADO, 2011).
Àqueles que desejam receber estas certificações deverão agir dentro das boas práticas
agrícolas, como, por exemplo, respeitar os limites de resíduos de defensivos agrícolas, entre
outros (VIANA; JULIÃO, 2011).
A Fairtrade Labelling Organizations International (FLO), criada em 1997, é uma
organização que reúne 17 certificadoras internacionais localizadas na Europa, Estados Unidos
da América, Canadá e Japão, e seguem os princípios de sustentabilidade socioambiental. No
Brasil, após a criação da FLO, o tema do Comércio Justo passou a ser muito debatido a partir
dos anos 2000, objetivando implantar as normas de acordo com a realidade nacional, sendo
um pouco mais adiante, em 2004, embasadas pela FLO-CERT, instituição responsável pelas
certificações de organizações interessadas.
Nos últimos anos, vários selos e normas surgiram motivados pelas associações com as
Organizações Não-Governamentais (ONGs). Ainda conforme relato das autoras, podem ser
descritos os principais selos ambientais no Brasil, seus focos, seu uso no setor e o mercado em
que atuam, a saber:
33
A Rainforest Alliance Certified(RAS) apoia agricultores e trabalhadores rurais em todo o
mundo, melhorando os seus meios de subsistência e protegendo o planeta, sendo válido
evidenciar que, a FLO–CERT e a Rainforest são exemplos de certificações internacionais que
seguem os princípios de sustentabilidade socioambiental e são mais antigas que a
GLOBALG.A.P. A IBD Certificações, a Fair for Life e a ECOCERT são mais recentes.
(VIANA; JULIÃO, 2011).
Para se ter uma melhor ideia sobre o assunto, a IBD Certificações é uma empresa 100%
nacional que desenvolve atividades de inspeção e certificação agropecuária, de processamento
e de produtos orgânicos, extrativistas, biodinâmicos e de mercado justo. A ECOCERT
certifica produtos oriundos da agricultura orgânica para o mercado interno por meio da
ECOCERT Brasil e também atua pela ECOCERT S.A para os mercados internacionais,
sempre buscando primar pela gestão da qualidade, principalmente aplicando os seus conceitos
de certificação para os principais mercados mundiais de produtos orgânicos. É credenciada
junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Fair for Life oferece aos
produtores que buscam a certificação uma combinação entre os rigorosos padrões de
comércio justo e social com capacidade de adaptação às condições locais. Certifica não
apenas produtos alimentares como também os não alimentares, tais como cosméticos e
serviços turísticos.
De acordo com Schneider (2007), o Fórum de Articulação do Comércio Ético e Solidário
(FACES), a Organização dos Produtores Familiares de Comércio Justo e Solidário (OPFCJS)
e o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), promoveram a definição do “Sistema
Brasileiro de Comércio Justo e Solidário – SBCJS”, que promoveram a seguinte
conceituação:
Considera-se Comércio Justo e Solidário o fluxo comercial diferenciado que, a partir
do estabelecimento de relações justas e solidarias entre todos os elos das Redes de
Produção, resulte em uma forma de fortalecimento dos Empreendimentos
Econômicos e Solidários, rurais e urbanos, que estão em desvantagem ou
marginalizados pelo sistema convencional das relações comerciais que privilegiam a
grande escala, tem como características:
a. Contribuir para a construção de relações justas e solidárias no mercado.
b. Favorecer a corresponsabilidade entre os diversos atores das Redes de
Produção, que resulte em uma forma de fortalecimento dos Empreendimentos
Econômicos e Solidários, rurais e urbanos, que estão em desvantagem ou
marginalizados pelo sistema convencional das relações comerciais que
privilegiam a grande escala, tendo como características:
 Contribuir para a construção de relações justas e solidárias no mercado.
34
 Favorecer a corresponsabilidade entre os diversos atores das Redes de
Produção e Comercialização.
 Praticar remuneração e preço justos para quem produz e consome.
 Considerar a diversidade étnica e cultural e valorizar o conhecimento e a
identidade das comunidades tradicionais nas relações comerciais.
 Fomentar a integração efetiva entre produtor e consumidor, para a
construção coletiva e participativa dos mecanismos de controle de fomento
para o desenvolvimento local sustentável. Promover as práticas de
produção, comercialização e consumo que tenham como princípios o
fortalecimento da justiça social, a preservação ambiental e a defesa da
saúde humana (SCHNEIDER, 2007, p. 32).
Em suma, pode-se dizer que o momento vem se tornando cada vez mais favorável para que
um maior número de pessoas possa ter acesso à informação sobre o Comércio Justo e a
Certificação Fairtrade, além do aumento da conscientização dos consumidores. Isto resultará
num sistema justo de relações de trabalho, na valorização da cultura local e na remuneração
justa do trabalhador.
De acordo com estudos da entidade Sebrae (2009), apud Brito (2009), o comércio justo gera
trabalho e renda em muitos dos municípios brasileiros. Muito embora ele ainda seja uma
novidade para algumas comunidades, já existe no país uma quantidade expressiva de
empreendimentos de Comércio Justo e Economia Solidária, gerando mais de dois milhões de
postos de trabalho e faturando mais de oito bilhões reais anualmente. Realmente o selo da
certificação é muito importante para os pequenos produtores, porém isto não é tudo, é preciso
haver democracia interna, equilíbrio ambiental, cooperação, solidariedade, respeito aos
direitos das crianças, divisão de resultados, entre outros (BRITO, 2009).
2.2 Agricultura familiar Fairtrade sob a ótica nacional e de outros países
Muitas discussões nos meios governamentais e acadêmicos sobre a agricultura familiar
Fairtrade vêm ganhando legitimidade social, política e acadêmica no Brasil, de acordo com
Schneider (2003), bem como se observa o surgimento de novos estudos sobre a temática em
outros países.
O termo agricultura familiar surgiu nos meados da década de 1990, época de eventos de
impactos sociais e políticos muito significativos no meio rural, são eles:
35

A adoção, no campo político, da expressão como uma nova categoria-síntese, pelos
movimentos sociais do campo chefiadas pelo sindicalismo rural, ligado à Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG). Nesta época, havia vários
desses movimentos na forma de eventos anuais, como o “Grito da Terra”. Os produtores
rurais se manifestaram diante da abertura comercial, falta de crédito agrícola e queda
dos preços dos principais produtos agrícolas de exportação.

A afirmação da agricultura familiar no cenário social e político brasileiro relacionado à
legitimação dada pelo Estado ao criar, em 1996, o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), programa este que foi criado para
prover crédito agrícola e apoio institucional aos pequenos produtores rurais.
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) financia projetos
que gerem renda aos agricultores familiares ou assentados da reforma Agrária, desde que a
sua renda bruta anual seja de até R$ 160 mil. Com suas taxas de juros mais baixas que outros
tipos de financiamentos rurais, apresenta uma das menores taxas de inadimplência entre os
sistemas de crédito do Brasil. O Pronaf pode financiar o custeio da safra ou investimento com
máquinas, equipamentos, infraestrutura de produção para serviços agropecuários ou não. No
caso de financiamento de projetos, este deverá gerar renda. (BRASIL, 2011).

Reorientação dos debates acadêmicos sobre a ruralidade, ampliando o escopo temático
para além das discussões dos impasses e das possibilidades da reforma agrária e dos
assentamentos, das questões relacionadas aos impactos do progresso tecnológico ou das
migrações. Os temas discutidos passaram a ser a agricultura familiar, a conformação dos
mercados de trabalho e a dinâmica ocupacional da população rural.
Nos últimos anos, podem-se perceber algumas transformações na organização econômica e
institucional do sistema agrícola na América Latina, principalmente no sistema de agricultura
familiar. Isto muito se deve as novas exigências dos padrões alimentares, a exportação e a
reorganização dos mercados. Estas novas atitudes passaram a combinar o artesanal, o
agronegócio, a produção orgânica e a agricultura familiar, os quais vêm demonstrando uma
força mercadológica muito maior do que se pudesse imaginar, adotando valores sociais como
critério de qualidade, sob movimentos de Fairtrade (WILKINSON, 2003).
36
Outros programas do Governo Federal, porém não com as mesmas características do Pronaf
são oPrograma de Cadastro de Terras e Regularização Fundiária, que viabiliza aos
agriculturors familiares a segurança jurídica da posse de suas terras e oPrograma Nacional de
Crédito Fundiário (PNCF), que ajuda os trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra a
comprar um imóvel rural por meio de um investimento; que formula, propõe e implementa
políticas públicas nacionais e diretrizes de crédito fundiário para a consolidação do
desenvolvimento da agricultura familiar (BRASIL, 2011).
Dados de 2011 do Ministério de Desenvolvimento Agrário revelam que a agricultura familiar
é responsável por produzir 70% de alimentos no Brasil, porém ainda sofre no momento da
comercialização. Os obstáculos são: a operacionalização da política de preços mínimos, a
necessidade de consolidar um sistema nacional que regulamente a comercialização de
produtos de origem agropecuária no país e buscar reduzir cada vez mais os intermediários ou
atravessadores entre os produtores familiares e organizar melhor o setor varejista.
Ainda que o Governo Federal tenha assinado um acordo com a Associação Brasileira de
Supermercados, facilitando a venda de produtos da agricultura familiar em grandes redes
supermercadistas brasileiras, tais como o Grupo Pão de Açúcar, ainda há muito a ser feito
(BRASIL, 2011).
Conforme o pensamento de Santos (2010), as cooperativas ainda possuem pequena
representação na economia do país – cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) –, mas este
quadro vem mudando aos poucos e, pelos dados observados e analisados, nos últimos anos,
isto vem gerando expectativas de um mercado promissor. Por meio do estudo realizado na
Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí – ECOCITRUS, localizada na
cidade de Montenegro, RS, dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) de
2009 revelam que já existem diversas associações, sendo que a maioria se encontra no Rio
Grande do Sul.
Pode-se ainda notar que o comércio justo criou alternativas para a subsistência e para a
desigualdade social. Isto acabou levando a conquista da certificação internacional do
comércio justo (Fairtrade), contribuindo imensamente para o empowerment (empoderamento)
dos envolvidos, no caso, pequenos produtores rurais associados.
37
Credita-se esta melhoria de vida dos associados à medida que eles passaram a ter acesso a um
poder anteriormente limitado, o que alterou significantemente a vida dos mesmos. Este
empowerment que é definido pelo autor(p. 136) como “o acréscimo de poder alcançado por
classes historicamente excluídas que ocorre através da conquista plena dos direitos de
cidadania” e isto só ocorre quando os atores envolvidos passam a ter consciência sobre as suas
competências de empregar os recursos conquistados e começam atuar de modo responsável na
busca por tais direitos.
As práticas do comércio justo ou também chamado Fairtrade surgiram da aplicação dos
conceitos de sustentabilidade e do preço justo nas propriedades de pequenos agricultores
familiares. Esse movimento nasceu do interesse de promover uma ajuda humanitária aos
países do Hemisfério Sul por parte dos países do Hemisfério Norte, de acordo com Pedini
(2011).
O interesse era substituir a simples doação de alimentos por uma relação comercial mais justa,
ambicionando desenvolver esses pequenos produtores de maneira que preservassem o meio
ambiente por meio das práticas de sustentabilidade e criar um vínculo comercial entre ambos.
Ou seja, o propósito é ensinar a pescar e não simplesmente dar o peixe.
Portanto, o Fair Trade busca promover a justiça social e a econômica, o desenvolvimento
sustentável, a consideração pelos seres humanos, o aumento da consciência dos
consumidores, da educação, da informação e da ação política. Por conseguinte, as
relações entre pequenos produtores e corresponsáveis precisam ser transparentes
(PELEGRINI et al., 2013).
Logo, as práticas do Fair Trade buscam minimizar o oportunismo e enraizar a confiança
nesses trabalhadores marginalizados devido a sua situação de vulnerabilidade localizados
preferencialmente no Hemisfério Sul. A partir do momento em que essa relação comercial
ajude-os a saírem dessa situação de vulnerabilidade para outra de autossuficiência econômica,
cria-se uma situação de equidade pela ampliação de seu papel no comércio internacional.
Quando o preço deixa de ser o alvo da escolha do consumidor, dá-se início às técnicas da
economia solidária. Laforga e Pommer (2008) comentam que a economia solidária visa à
geração de trabalho e renda, a conquista de mercado para os produtos de pequenos produtores
38
e uma maior qualificação profissional. Trata-se de uma alternativa que vem produzindo
resultados em forma de cooperativas, trabalho em rede e outras formas de associação em todo
o Brasil.
A economia solidária trabalha com grupos de consumidores que se preocupam com modelos
de produção agrícola que se preocupem com a sustentabilidade ambiental e preços justos,
além de integrar comércio, produção e serviço. A produção, a venda e o excedente são
partilhados de maneira solidária, beneficiando o meio ambiente, o produtor e consumidor.
Assim, compreende-se que a economia solidária ocorre entre organizações supra-familiar de
maneira estável e que tanto a gestão quanto a distribuição do excedente sejam feitos de modo
coletivo. Esse modo de gerir e vender de maneira comunal os produtos advindos do trabalho
no campo é um modo de pensar singular voltado para o plural.
Já em outros países, em outro estudo realizado por Cruz (2010) com os cafeicultores da selva
central peruana, os quais trabalham sob as regras do comércio justo e são regulados pela FLO,
pode-se perceber que o autor verificou se realmente as práticas do comércio justo promoviam
a melhoria das condições de vida e a redução da pobreza entre cooperados, onde se pode notar
em suas obras:
Em “Brewing Justice – Fairtrade coffee, sustainability and survival” (JAFFEE, 2007, apud
CRUZ, 2010), comércio justo é colocado como um meio de transformação do comércio
internacional e de conquista de um melhor futuro para os produtores; percebeu-se que os
agricultores vinculados ao comércio justo acabaram se encontrando numa melhor situação que
os que não estavam e que os benefícios conquistados conseguiram ser maximizados a partir
do momento em que todos se congregaram e formaram as cooperativas.
No “Fairtrade – The challenges of transforming globalization” (RAYNOLDS; MURRAY;
WILKINSON, 2007, apud CRUZ, 2010), uma visão da dinâmica global do comércio justo
enquanto um “mercado” e um “movimento” continuamente promovendo a interação.
No conteúdo estudado de “Farmers of the Golden Bean: Costa Rican House holds, Global
Coffee and Fairtrade” (SICK, 2008, apud CRUZ, 2010), relatou a vida dos cafeicultores
costa-riquenhos, demonstrando que o comércio justo é uma opção a mais para as estratégias
de sobrevivência e mobilidade dentro da avaliação dos riscos e benefícios.
39
E no estudo o “Fairtrade and a global commodity – Coffee in Costa Rica” (LUETCHFORD,
2008, apud CRUZ, 2010), que evidenciou dentro da análise da “cultura ocidental” e de suas
raízes cristãs, que há uma valorização da relação do produtor com o seu produto, criando uma
ambivalência imanente à participação dos agricultores no comércio justo.
Já na Rússia, Fonseca (2011) relaciona o Fairtrade na conquista da arte feminina, como
forma de empowerment das mulheres a partir da análise das condições de produção da arte
feminista. Por meio das obras expostas, as mulheres conseguiram visibilidade e conquista de
igualdade de gênero dentro e fora do campo artístico, já que o feminismo russo nunca atingiu
o mesmo patamar de impacto social como o movimento alcançou nos Estados Unidos e em
países da Europa Ocidental.
Já na intenção de compra, no estudo feito por Kimura et al. (2012), buscou-se conhecer quais
as intenções de compra de produtos advindos do comércio justo por parte de jovens japoneses
por meio da avaliação do efeito de seis tributos sensoriais e extrínsecos, tais como: comércio
justo, preço, país de fabricação, características de sabor, teor de polifenóis e conteúdo
calórico. Os autores descobriram que estes consumidores aprovavam o consumo ético, o que
acaba gerando um aumento de oportunidades.
No mesmo desígnio, Andorfer (2012) realizou uma pesquisa sobre o consumo individual de
produtos Fairtrade, com base em 51 publicações do Journal Business Ethics e descobriu que
o consumidor ainda precisa de mais informações para poder alterar a sua forma de escolher os
produtos e isto pode influenciar na produção.
As formas do Fairtrade também destacam a equidade de gênero e as questões das mulheres.
Como exemplos, podem ser citadas a cooperativa peruana de café “Café Feminino”, com
setecentos membros do gênero feminino que usam os seus prêmios para apoiar as mulheres
abandonadas e abusadas, e a Cooperativa SOPPEX - CCA em Jinotega, na Nicarágua, que
formou uma associação de oitenta e cinco mulheres agricultoras para a produção de café para
clientes específicos (SMITH, 2010).
Ponderando ainda a certificação do Fairtrade em outros países, corrobora Utting-Chamorro
(2005), por meio da história, que os países do Norte enriqueceram graças aos países do Sul.
Sendo assim, o comércio justo nasceu para romper com esta corrente de injustiça construída
40
dentro da relação Norte-Sul, devido à globalização e para criar regras justas para o comércio
mundial. O café é um produto de caráter simbólico para o movimento mundial do comércio
justo e tem ainda a maior participação neste mercado. O comércio justo representa uma
abordagem inovadora que busca tornar acessível às regras de funcionamento no comércio
global de pequenos produtores desfavorecidos da América do Sul, sem, no entanto, esquecerse do desenvolvimento sustentável.
Segundo a autora, o colapso dos preços mundiais do café associado ao controle societário da
produção e as regras do comércio internacional estão prejudicando as economias rurais de
alguns países em desenvolvimento. O café é a segunda commodity mais negociada depois do
petróleo e o comércio justo pode representar uma abordagem inovadora que une os produtores
menos favorecidos e o desenvolvimento sustentável, além de questionar quem são os
verdadeiros beneficiados deste comércio justo.
Os agricultores familiares são realmente os verdadeiros beneficiários desse tipo de comércio?
As práticas do comércio justo resultam em melhorias perceptivies na vida desses pequenos
agricultores de café e de suas comunidades? É inegável a importância do comércio justo e de
suas contribuições para a redução da pobreza nas regiões plantadoras de café da Nicarágua?
Para tanto, é necessário conhecer as experiências e os problemas de cada um dos envolvidos
para saber se realmente os objetivos e as reivindicações foram alcançadas na prática.
Para a autora (2005), o Fairtrade é uma ferramenta de desenvolvimento que contribuiu para a
reduçâo da probreza nas regioes produtoras de café da Nicarágua. Mas mesmo com melhorias
visíveis na vida dos pequenos produtores, é importante sempre analisar se as experiências e as
reivindicacões do comércio justo estao sendo alcancadas na prática. Além disso, foi concluído
que há limites para a extensão em que o comércio justo pode aumentar significativamente o
nível de vida dos pequenos produtores por falta de fatores como os problemas de dívidas
enfrentados pelas cooperativas, pela falta de apoio do governo, e pelos preços internacionais
voláteis do café.
Krupka (2012) cita um trabalho realizado por Utting-Chamorro (2009) sobre os impactos de
subsistência para as partes interessadas. No estudo em um país da América Central, a
Nicarágua, foram realizadas avaliações tanto positivas quanto negativas a nível local quanto
aos impactos de sustentabilidade de iniciativas do comércio justo. Mesmo com provas de que
41
o comércio justo busca ajudar os pequenos produtores, seus defensores ainda sofrem com a
credibilidade, já que os dados de que suas práticas fazem uma diferença significativa na vida
dos pequenos produtores não são totalmente conclusivos. Desta maneira, o estudo relatou que
os pequenos produtores afirmaram ter acessado o crédito, num primeiro momento, com as
cooperativas.
Em seu artigo “Assessing the impacto of fairtrade coffee: towards na integrative framework”,
Utting-Chamorro (2009) avalia os impactos positivos e negativos na vida dos pequenos
produtores de café do norte da Nicarágua, após as intervenções do Fairtrade, chamado pela
autora de comércio responsável, comércio justo e comércio ético.
Durante a sua pesquisa, os impactos foram separados, investigando: (1) os impactos sobre a
subsistência; (2) os impactos socioeconômicos nas comunidades; (3) os impactos
organizacionais; (4) os impactos ambientais; (5) os impactos institucionais; (6) perspectivas
futuras. Esses agricultores familiares sofrem com a dívida externa, a ausência de serviços
governamentais e com os mercados voláteis de commodities.
Para ela, desde que se consiga acomodar as diferenças nos contextos sociais, políticos,
ambientais, e institucionais, principalmente em virtude de uma gama de atores envolvidos, o
Fairtrade pode ser uma boa iniciativa. Isso é devido a dois princípios: a) o pagamento do
preço justo aos agricultores, preço este que cubra os custos; b) que eles recebam diferentes
serviços de apoio.
Os pequenos produtores de café nicaraguenses frequentemente sofrem com os problemas
relacionados com a lavoura de café, tais como a ferrugem do café. Esses pequenos produtores
têm dificuldade para comprar fungicidas, já que, de acordo com o site Café Point, 36% dos
126.000 hectares de plantações de café no país estão atualmente registradas pelo Ministério da
Agricultura como infectadas, mudando pouco com relação aos 35% do início do ano de 2013.
Essa doença atingiu, em 2012, vários produtores de café do México e América Central,
inclusive a Nicarágua, área que abriga 20% da produção de café arábica mundial (o café
arábica é de qualidade superior ao tipo robusta, sendo, portanto, utilizado para fazer o café
expresso e as especialidades gourmet), o que piora ainda mais a situação de pobreza de alguns
países que já sofrem com esse problema. Esse problema afetará certamente a produtividade e
as receitas de exportação. (CAFÉPOINT, 2013).
42
Ao estudar o cultivo do café no hemisfério sul, Utting-Chamorro (2005) afirma que o
Fairtrade veio como uma abordagem que visa corrigir o desequilíbrio entre a oferta e a
demanda do café, a disparidade entre os preços internacionais do produto e os salários dos
produtores, a discrepância entre as regras do comercio global e do desenvolvimento
sustentável. Em sua pesquisa, a autora analisou a eficácia do comercio justo, buscando a
comprovação de quem realmente ganha com as suas práticas e se realmente ele pode ser
considerado como uma ferramenta de desenvolvimento, contribuindo para a redução da
pobreza na região produtora de café da Nicarágua.
Sendo assim, a autora concluiu que o comércio justo teve certo impacto positivo como uma
“estratégia de enfrentamento”, reduzindo a vulnerabilidade dos pequenos agricultores frente
ao mercado internacional de café convencional. Isso foi obtido porque o café nicaraguense,
que é de alta qualidade, como foi dito anteriormente, permitiu aos pequenos produtores um
determinando ganho maior, fazendo com que a situação de miséria da região diminuísse.
Essa renda maior, advinda das práticas de um sistema de preços mais estável, permitiu aos
pequenos produtores de café da região norte da Nicarágua o suficiente para que pudessem
fornecer as suas famílias melhores níveis de alimentação, educação e saúde. A autora (2005)
afirma que o comércio justo permitiu aos pequenos produtores uma melhoria significativa nos
padrões de vida.
Porém, não conseguiu dados que permitissem confirmar se essas práticas realmente estão
configurando uma produção sustentável, já que isso dependia, em certa parte, de dados das
condições políticas e econômicas mais amplas da Nicarágua, bem como a análise das
tendências em mercados consumidores do Norte, além de demandar mais pesquisas para
determinar adequadamente se as condições econômicas e as políticas vigentes nacionais estão
inibindo a capacidade potencial do comércio justo.
Utting-Chamorro (2005) conclui, sugerindo que é necessária uma investigação para se avaliar
a extensão em que as redes de Fairtrade podem continuar a se expandir e se a demanda por
café produzido de acordo com as suas regras vai realmente continuar a aumentar.
Sendo assim, concluiu-se que os resultados das práticas do comércio justo na vida dos
pequenos produtores de café da Nicarágua melhoraram as atividades de captação,
43
incentivaram a geração de renda por meio da diversificação com o ecoturismo, ajudaram os
agricultores a desenvolver novas habilidades e conhecimentos de produção por meio de
oficinas e técnicas, ajudara-nos a criar um Fundo de Capitalização, aumentaram o acesso aos
mercados de ações promocionais.
Como ponto negativo, a pequena participação do café vendido para os mercados de comércio
justo no hemisfério norte acabaram criando dívidas para as cooperativas, já que elas não
possuíam provisão de crédito bancário e o apoio governamental inexiste, o que impede que as
organizações de produtores consigam beneficiar a todos igualmente (quem mais sente os
benefícios é a cooperativa dos cafeicultores e não a comunidade como um todo).
O pagamento de dívidas acumuladas é um desafio crucial para esse setor, já que os bancos
não fornecem o crédito necessário por causa das altas taxas de juros, de acordo com UttingChamorro (2005). Portanto, é importante incentivar as cooperativas para que as mesmas
possam vender para diferentes mercados e diversificar a sua agricultura prática, de maneira a
reduzir o impacto das grandes mudanças nos mercados certificados assim como nos
convencionais.
Outro ponto salientado é que é importante que a capacidade de produção e a capacitação
organizacional no nível primário das cooperativas sejam incentivadas, permitindo que os
produtores estejam habilitados a participar plenamente na relação, em vez de serem
meramente fornecedores: isso configuraria uma relação de comércio justo em termos de
parceria autêntica.
Sem dúvida, o aumento do preço nos mercados internacionais fez com que os pequenos
produtores aumentassem o seu nível de renda, possibilitando aos mesmos levar o
desenvolvimento por suas próprias mãos. No final, a autora completou que o desafio não é
apenas diversificar e aumentar o acesso ao mercado exterior, mas também formar líderes
comunitários entre os pequenos produtores de café da Nicarágua capacitados e eficazes em
gestão, dando-lhes o conhecimento necessário para que possam enfrentar e se adaptar às
mudanças e exigências do mercado global.
Torna-se notável que a certificação pelo comércio justo está crescendo e os consumidores
estão cada vez mais adquirindo os produtos certificados, porém é importante ressaltar que os
44
requisitos para obter o selo são rigorosos e, muitas vezes, resulta em vantagens econômicas
desiguais entre os produtores. É verdade que atender as normas do comércio justo é uma boa
maneira de capacitar os pequenos produtores e impulsionar o desenvolvimento sustentável, no
entanto, atender a todas estas normas ainda é um dos obstáculos ao empoderamento do
pequeno produtor (FRANÇA, 2003).
Em um estudo realizado por Tiburcio e Valente (2007) no Território Kalunga, em Goiás, com
cerca de 2.320 pessoas, sobre as práticas da economia solidária e do comércio justo como
alternativa para esses produtores agrícolas marginalizados percebeu-se que se trata de um
desafio, principalmente em se tratando de um grupo com aspectos tão individuais como esse.
Sendo assim, os autores compreenderam que o empreendimento pode representar um valioso
incremento para a renda média familiar, porém a organização da produção, a distribuição e o
consumo dos bens socialmente produzidos só será viável se eles receberem o apoio das
políticas públicas, já que se trata de um grupo pouco ou nada capitalizado (a comunidade
Kalunga é composta por pessoas abaixo da linha da pobreza e outras abaixo da linha da
indigência).
Os Kalunga são produtores agrícolas, vivendo também da pecuária, da caça, da pesca, do
extrativismo vegetal, do artesanato e da produção de farinha de mandioca. Apenas uma
pequena parte dessa produção agropecuária é vendida, e somente a produção de farinha de
mandioca gera excedente que possibilita a realização de negócios nos municípios próximos,
mesmo com o enorme potencial produtivo da região.
Portanto, há que se pensar nas estratégias de solidariedade e de geração de renda para a
sobrevivência comunitária para que a comunidade Kalunga possa ter o mínimo de condições
para poder reagir e participar da economia de mercado. Como se sabe, as práticas do comércio
justo devem buscar a equidade, a parceria, a confiança e o compartilhamento de interesses
entre os produtores marginalizados, ajudando-os a evoluir para poderem participar da
economia de mercado. Sendo assim, concluiu-se que o empreendimento Kalunga Mercado
Justo ainda não pode ser considerado um exemplo de comércio justo, pois numa ponta estão
os proprietários que possuem o capital e, do outro, estão os Kalungas que possuem apenas a
sua força de trabalho e mal conseguem garantir a sua subsistência.
45
Também foi realizado um estudo em áreas de café irrigado ou não na Região Centro-Oeste
paulista por Perdoná et al. (2012) como forma de comparar o resultado econômico e o
desenvolvimento e a produtividade desses cafeeiros certificados.
Sem dúvida, o café vem se destacando entre os produtos com a certificação Fairtrade, pois
essa estabelece um preço mínimo, cobre os custos da produção e oferece uma maior margem
de lucro e o mercado internacional não tem ficado alheio a isso, demonstrando um
crescimento constante.
O estudo revelou que o uso da irrigação se justifica e o retorno do investimento já pode ser
obtido a partir da terceira safra, pois a certificação, além de outros resultados, beneficia a
diversificação no mercado e melhora os resultados econômicos da atividade.
Em outro estudo, com enfoque relacionado à crescente complexidade da concorrência global e
das estratégias de mercado dos oligopólios industriais, Bouroullec e Paulillo (2010)
realizaram um estudo sobre as práticas do comércio justo na citricultura, avaliando o modelo
de governança híbrida utilizada em transações entre organizações juridicamente
independentes e que escolheram por ordenar uma parte das atividades feitas em conjunto.
Sendo assim, estudaram-se as organizações dos produtores de laranja brasileiros, os
compradores europeus e os certificadores internacionais do comércio justo. Esse tipo de
direção envolve um misto entre incentivos e controles e depende muito da confiança entre as
partes, entre as trocas de informações e entre o estabelecimento das relações de longo prazo;
além disso, isso não se restringe apenas às negociações, mas a toda a coordenação do negócio.
Salienta-se também que esse modelo gera dependência entre dois atores, as organizações de
citricultores brasileiros e os importadores europeus, já que os contratos não são suficientes,
isoladamente, para organizar as transações de fornecimento dos sucos de laranja (tradicional e
orgânico) no comércio justo internacional.
Em um trabalho desenvolvido por Martins (2011) sobre a arte indígena de cestarias do povo
Baniwa, moradores da Bacia do Rio Negro, na Amazônia brasileira, foi possível se observar
um plano de desenvolvimento sustentável embasado na produção e comercialização desses
produtos que fazem parte de uma tradição muita antiga desse povo.
46
Por muito tempo, os Baniwa vendiam a sua produção de cestas nos mercados locais como
forma de adquirir outros produtos de sua necessidade e subsistência, tais como roupas,
ferramentas, entre outros. Porém, os Baniwa criaram uma organização, o projeto Arte Baniwa,
que foi apoiada pelo Instituto Socioambiental (ISA), que é uma das principais organizações
não governamental (ONG) do país.
A partir disso, o projeto visou aumentar o valor da produção em virtude da tradição em
cestarias, aumentar a produção sem se esquecer do uso sustentável dos recursos naturais,
gerando renda para os indígenas, além de treinar a liderança entre os Baniwa, capacitando-os
melhor para a gestão de negócios.
O estudo percebeu que é possível englobar a realidade de iniciativas emergentes de fairtrade,
aproveitando as força de mercado, buscando o desenvolvimento sustentável local. A ONG foi
fundamental no sentido de atuar como comunicadora, tradutora e mediadora entre as culturas
indígena e a ocidental, mobilizando e promovendo o desenvolvimento sustentável.
As práticas do comércio justo não podem ser restritas apenas aos valores econômicos, mas
também aos não econômicos, tais como a capacitação, a conquista de direitos e o aumento do
conhecimento.
Ainda que seja difícil unir práticas econômicas convencionais, modelos de negócios e culturas
étnicas tão diferentes torna-se importante abrir o diálogo para que a sociedade civil, a
sociedade, o governo e as comunidades possam participar e criar iniciativas de maneira a
gerar formas sustentáveis de desenvolvimento para os excluídos e/ou marginalizados.
Por outro lado, pode-se dizer que as possibilidades do empoderamento dos indivíduos, da
justiça social, do consumo responsável e da sustentabilidade tornam-se maiores a partir do
comércio ético e solidário. Isto ocorre porque as certificadoras do comércio justo ajudam os
pequenos produtores e os trabalhadores a melhorarem a qualidade de vida, a terem mais
controle sobre o seu futuro. No entanto, vale ressaltar que falar sobre qualidade de vida requer
a percepção da compreensão, nesse contexto, de que “é a percepção do indivíduo de sua
posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive e em relação
aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (WHOQOL GROUP, 1994).
47
Deste modo, compreende-se que o grande papel delas é combater a pobreza e capacitar os
produtores em países em desenvolvimento, oferecendo benefícios exclusivos para os
produtores, empresas e consumidores. Trata-se de um empoderamento econômico, e político,
pois reforça a sua posição nos mercados mundiais (FRANÇA, 2003).
O termo empoderamento, ou na língua inglesa empowerment, não possui uma definição muito
clara ou única. Trata-se de um mecanismo instituído visando criar condições para que os
excluídos pudessem ter condições de superar as circunstâncias de precariedade por meio da
conquista de oportunidades.
Além disso, implica na modificação das relações de poder que envolvem três pontos: Estado,
mercado e sociedade (ROMANO, 2002, apud SANTOS, 2010).
Em seu trabalho com os cafeicultores familiares de uma cidade localizada no sul do estado de
Minas Gerais, Pedini (2011) avaliou o impacto que o Mercado Fairtrade (MFT) teve sobre os
mesmos, ou seja, até que ponto o comércio justo conseguiu alterar a estrutura tradicional de
comercialização do café dessa cooperativa.
O autor salienta que quando uma organização conquista uma certificação, isso provoca a
diminuição dos custos de transação e que o negócio só pode ser considerado sustentável se
agregar valor a todos: cafeicultores, compradores, torrefadores, varejistas e consumidores.
Do ponto de vista do empoderamento dos cafeicultores e de suas organizações, Pedini (2011)
concluiu que:
Do ponto de vista do ambiente organizacional em torno do MFT 3, pode-se dizer que
o empoderamento, tanto dos cafeicultores familiares quanto de suas organizações,
somente ocorre se houver efetivamente uma articulação em rede dos atores
envolvidos na cadeia comercial e de apoio institucional. Os agentes vinculados ao
Estado acabam por empoderar quando apoiam os cafeicultores familiares com
assistência técnica e qualificação, por exemplo. (PEDINI, 2011, p. 145).
Realmente, os resultados demonstraram que os pequenos produtores de café, em sua maioria
composta por familiares, precisaram aperfeiçoar as suas habilidades para poder participar do
3
Mercado Fairtrade foi chamado pelo autor em seu trabalho pela sigla MFT.
48
processo de certificação. Dessa maneira, o mercado Fairtrade é uma alternativa como um
processo de certificação distinto, garantindo o empoderamento do pequeno produtor. Sendo
assim, o MFT tem papel importante na vida dos cafeicultores, desde que os atores trabalhem
em rede. O autor (2011) salienta que a entrada das grandes corporações produtoras e
distribuidoras de café no MFT pode provocar a perda da identidade desse mercado, pois isso
pode fazer com que se afaste dos seus princípios originais.
Para uma organização, a participação no MFT contribui para que as habilidades gerenciais
sejam aprimoradas tanto por parte das certificadoras quanto por parte dos cafeicultores. Logo,
conclui-se que o MFT, por suas características únicas de transformação do mercado
convencional, pode ser considerado uma alternativa. (PEDINI, 2011).
De acordo com Santos (2010), é preciso analisar as cinco etapas deste processo de
empoderamento que busca trazer autonomia para o indivíduo e o seu processo, as quais foram
elencadas pelo psicólogo americano Kieffer (1984).
Trata-se de uma evolução gradual que faz com que o indivíduo deixe de ser um observador de
seu destino, uma criatura passiva, para se tornar o verdadeiro transformador da sua realidade,
não se esquecendo de colaborar com o coletivo. São elas: a) contexto; b) motivação; c)
engajamento; d) integração; e) conscientização. O Quadro 1 explica cada uma das etapas.
QUADRO 1: Fases do processo de empoderamento
CONTEXTO
MOTIVAÇÃO
ENGAJAMENTO
INTEGRAÇÃO
CONSCIENTIZAÇÃO
O contexto diz
respeito
aos
sentimentos de
inconformismo,
revolta e não
aceitação
da
marginalidade.
É quando o
sujeito percebe
que está em
desvantagem e
deseja romper
com
esta
condição.
Após a situação de
inconformismo,
a
motivação
surge
como o primeiro
passo para a busca de
alternativas viáveis
para a solução deste
problema, ou seja,
após a observação e
identificação
das
situações
de
desvantagem e de
insatisfação, a pessoa
se motiva para agir
em
prol
das
transformações.
É o momento em
que se criam as
conexões entre as
pessoas e uma
conscientização
coletiva
para
realizar
as
reinvindicações, o
que demanda a
presença de líderes.
Momento em que
há um sentimento
de pertencimento
coletivo e de
organização
grupal que se
firma para a
realização de uma
determinada ação.
Momento no qual surgem os
sentimentos de autoconfiança e de
sensibilização. A pessoa se
percebe como mobilizadora e com
capacidade para ser um sujeito
ativo
no
processo
de
transformação da realidade a sua
volta e, com isto, o grupo se
fortalece, já que se encontra
organizado.
Fonte: Adaptado de SANTOS, 2010.
49
Por fim, Santos (2010) conceitua que as práticas do comércio justo se adequam bastante aos
produtores por contribuir para o empowerment de seus membros, seja na esfera individual
quanto na coletiva, já que faz uso dos seus recursos econômicos, sociais, políticos e culturais
para atuar com responsabilidade no espaço público protegendo seus direitos.
Deste modo, os produtores rurais (ou outros produtores) conseguem ver no cooperativismo
e/ou nas ferramentas do comércio justo algumas alternativas para mediar a sua situação frente
às contradições políticas, ideológicas e psicológicas que ocorrem nas sociedades em que estão
inseridos.
Em virtude de o café ser um produto amplamente consumido pelos países mais ricos, fato que
possivelmente teria motivado o incentivo à certificação Fairtrade desse produto nas regiões
produtoras, Pedini (2011) comenta que, quando o produtor familiar recebe esse tipo de
intervenção, isso gera um empoderamento nos agricultores familiares desses países mais
pobres.
Isso se deve ao fato de que o mercado Fairtrade possui determinadas particularizações que
interferem diretamente nos processos comerciais, na definição do preço mínimo a ser adotado,
na solidariedade, entre outros aspectos. A certificação Fairtrade, por buscar regras sociais e
ecológicas na produção do café, garante um produto diferenciado, livre de agrotóxicos,
respeitando a saúde do trabalhador rural, entre outros.
Com relação especificamente ao trabalho realizado pelo autor (2011) na Cooperativa dos
Produtores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM), descobriu-se que o
empoderamento dos agricultores familiares deu-se apenas no nível cognitivo, não sendo
encontrados indícios significativos quanto ao empoderamento individual dos cafeicultores
familiares. Mas na opinião do autor “existe forte interação entre os atores envolvidos e que a
ação em rede das organizações de cafeicultores tende a fortalecê-los junto ao mercado de café,
tradicionalmente dominado por grandes corporações.” (PEDINI, 2011, p. 20).
O município de Poço Fundo é uma região conhecida por ser tradicionalmente produtora de
café de alta qualidade do tipo orgânico e familiar. Muito embora a participação dos pequenos
produtores familiares do café seja pequena frente às grandes corporações e latifundiários, eles
são responsáveis por uma parcela da oferta de café. Ao inserir os pequenos agricultores
50
familiares no mercado Fairtrade, valorizando o café produzido pelos mesmos, isso faz com
que eles tenham condições de competir no mercado, já que os grandes produtores de café
representam realmente uma ameaça latente aos agricultores familiares. (PEDINI, 2011).
Além disso, o café orgânico produzido pelos pequenos produtores familiares da COOPFAM
os diferencia do café tradicionalmente produzido pelos grandes produtores, o que representa
uma saída para a valorização desses pequenos produtores familiares, elevando a renda
familiar.
O Fairtrade pode, sim, impactar positivamente nas vidas e na subsistência dos pequenos
produtores desde que os desafios sejam superados, tornando-se uma ferramenta de
desenvolvimento eficaz e quanto mais isso influenciar e se tornar conhecido, mais outras
regiões com as mesmas características poderão usufruir do mesmo, pois possibilitará que as
reivindicações (problemas de endividamento, falta de apoio do governo local, preços
internacionais do café) de outros pequenos podem ser alcançadas na prática.
51
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia requer a compreensão dos vários passos que esta compõe, configura-se como
o caminho que a pesquisa irá trilhar. A proposta metodológica proporciona ainda um
movimento dialético em que a teoria e o real indicarão processos de tese e antítese e a
pesquisa se aterá a elaboração da síntese do processo.
Adicionalmente, para melhor compreensão da temática deste estudo, optou-se pela pesquisa
bibliográfica que, segundo Köche (1997, p. 122), “é a pesquisa que se desenvolve tentando
explicar um problema, utilizando o conhecimento disponível a partir das teorias publicadas
em livros ou obras congêneres”.
Assim, a pesquisa bibliográfica foi realizada para embasar o conhecimento sobre o modelo
Fairtrade nas associações de produtores agrícolas familiares e teve início desde junho de
2012.
Desta forma, apresenta-se o caminho para uma investigação que buscará, a partir do tipo, a
pesquisa exploratória, por meio do método de estudo de caso, a qual Gil (1999), promove um
aprofundamento amplo e detalhado para a construção do conhecimento, buscando com isto
uma visão não apenas individual, mas o estímulo a novas descobertas, a ênfase na totalidade e
a simplicidade dos procedimentos do processo estudado. Com ênfase ao instrumento,
denominou-se pesquisa participante que é “(...) realizada em estreita associação com uma
ação ou resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo” (THIOLLENT, 2009).
Quanto aos fins, foi feita por meio de pesquisa descritiva e de campo, tipo de pesquisa que
permitiu o levantamento de dados o qual embasou o trabalho desenvolvido. É importante
descrever que a pesquisa de campo “consiste na observação dos fatos tal como ocorrem
espontaneamente na coleta de dados e no registro de variáveis presumivelmente relevantes
para ulteriores análises” (RUIZ, 2002, p. 50).
Com a coleta de informações por meio de documentos que foi realizada e com a aplicação do
instrumento (questionário semiestruturado) e análise deste material, foi tomada uma
52
perspectiva qualitativa que segundo Marconi e Lakatos (2007), se preocupa em interpretar os
aspectos mais profundos no que se refere à complexidade do comportamento humano.
Fornece uma análise detalhada das atitudes, dos hábitos, das tendências de comportamento,
entre outros aspectos. Observa-se ainda a utilidade do método qualitativo nas pesquisas
sociais, como é o caso do presente trabalho, na opinião de Bauer e Gaskell (2002), pois é
frequentemente empregado enquanto recorte analítico interpretativo dos acontecimentos sócio
espaciais.
O aspecto quantitativo da pesquisa foi apresentado a partir de tabulações provenientes dos
dados coletados, sendo interpretados de forma gráfica e por meio de tabelas estatísticas,
comparando o número de outras respostas e examinando correlações, positivas ou negativas,
proporcionando o confronto entre os dados reais com o modelo estudado, elaborando as
categorias que se relacionam com os critérios da certificação. Staw (1977), citado por Roesch
(1999, p. 131), define pesquisa quantitativa como a que é “apropriada para avaliar mudanças
em grandes organizações” e Hair, et. al (2009) estima para melhor compreensão dos
resultados a análise multivariada de dados.
Desta forma a proposta metodológica da pesquisa configura-se como um caminho que
permitiu o reconhecimento das implicações da certificação Fairtrade aos agricultores da
ASSOD`ANTAS, possibilitando um olhar descritivo e sistemático através de seus
documentos disponibilizados, das relações dos dados com os parâmetros exigidos para a
certificação e pela percepção pessoal dos envolvidos no processo obtida por meio do
questionário.
53
3.1 Etapas do desenvolvimento do trabalho
As etapas do desenvolvimento do trabalho podem ser ilustradas conforme Figura 4:
PRIMEIRA
ETAPA
Definição do Tema,
Justificativa e Objetivos
SEGUNDA
ETAPA
RESULTADOS
PRIMEIRA
ETAPA
Levantamento
Bibliográfico e Revisão do
Referencial Teórico
Elaboração da Pesquisa de
Campo (coleta de dados
de documentos da
associação)
Análise preliminar,
refinamento do tema e
objetivos do trabalho
Elaboração da Pesquisa
de Campo(aplicação de
pesquisa aos associados:
questionário)
Comparativo entre a
literatura e os resultados
obtidos
Obtenção dos
primeiros
resultados para
serem
trabalhados:
Documentos e
Questionário
Conclusões Gerais
Observações sobre as
limitações do estudo
Sugestões para trabalhos
futuros
RESULTADOS DO TRABALHO
 Elaboração da definição sobre Fairtrade sob a ótica
do agricultor familiar do Córrego D´antas
 Inscrição de um modelo proposto para avaliação de
impactos Fairtrade
 Investigação dos dados coletados com os
agricultores ASSOD’ANTAS de Poços de Caldas
 Sugestões para trabalhos futuros
FIGURA 4: Etapas do desenvolvimento do trabalho
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Análise e catalogação
dos resultados
54
Quanto ao referencial das principais obras pesquisadas, pode-se considerar no Quadro 2
a seguir:
QUADRO 2: Referencial das principais obras pesquisadas
Temas
Tópicos ou
Contribuições
Fontes/Referencial Teórico
Comércio Justo, comércio solidário
ou Fairtrade
Conceito
Características
Análise histórica
Defourny; Huybrechts (2011)
Laville (2009)
Oliveira; Araújo; Santos (2010)
Santos (2010)
Schneider (2007)
Pontos de evolução
Perspectivas atuais e
futuras
Downie (2007)
França (2003)
Laville (2009)
Schneider (2003)
Princípios
Expectativas de mercado
Selo ambiental
sustentável
Trabalho e renda
Brito (2009)
França (2003)
Laforga; Eid (2005)
Prado (2003)
Silveira et al (2006)
Schneider (2007)
Viana; Julião (2011)
América do Sul
(Brasil)
(Peru)
Bouroullec e Paulillo (2010)
França (2003)
Martins (2011)
Pedini (2011)
Perdonáet al (2012)
Pereira, Bartholo e Guimarães
(2004)
Santos (2010)
Schneider (2003)
Tiburcio e Valente (2007)
Wilkinson (2003)
Cruz (2010)
América Central
(Nicarágua)
Smith (2010)
Utting-Chamorro (2005)
América do Norte
(Estados Unidos)
Andofer (2012)
Certificação Fairtrade no mundo
Certificação Fairtrade no Brasil
Agricultura familiar Fairtrade sob a
ótica nacional e de outros países
Continente Euroasiático
(Rússia)
(Japão)
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Fonseca (2011)
Kimura (2012)
55
3.2 Instrumentos para coleta de dados
Os instrumentos para coleta de dados foram a análise qualitativa exploratória de documentos
da associação estudada e a aplicação de questionário semiestruturado aos agricultores
associados ASSOD’ANTAS corroborando este à análise quantitativa.
3.3 Coleta de dados
Os dados para análise da pesquisa foram coletados por meio de documentos da Associação
dos Agricultores Familiares do Córrego D’antas ASSOD’ANTAS e questionário
semiestruturado aplicado aos associados.
A primeira fase foi realizada com base nos levantamentos de pesquisa documental, mediante a
análise de documentos da associação estudada como forma de conhecer a história da
associação. Os documentos acessados foram: documentos internos administrativos, atas de
reunião, planejamento estratégico dos anos de 2011 a 2013, relatórios de gestão anual,
informações e entrevistas corroboradas pelo presidente da associação, e também, a observação
em campo das atividades atreladas.
A segunda fase foi dirigida diretamente à comunidade local de associados, por meio da
aplicação de um questionário semiestruturado (Apêndice A) com autorização prévia do
presidente da ASSOD´ANTAS (Apêndice B) para tratamento das informações contribuintes,
utilizado como instrumento para avaliar a percepção dos agricultores associados
ASSOD’ANTAS perante a certificação Fairtrade. A intenção da pesquisa foi a busca do nível
de satisfação do associado, quer seja como resultado ou como processo. Desta forma obtém-se
uma abordagem orientada para o resultado, dando assim uma visão ampliada do
contentamento do agricultor associado, na medida em que concebe na expectativa da
experiência temporal seus resultados através da participação.
O tipo de estudo se apresenta enquanto pesquisa quali-quantitativa, na perspectiva de informar
sobre o aspecto associativo de uma comunidade de bairro da cidade de Poços de Caldas,
demonstrando as implicações de satisfação de certificação Fairtrade, sendo fundamentado na
pesquisa qualitativa, obtida enquanto recorte analítico interpretativo dos acontecimentos sócio
56
espacial proveniente da coleta de informações por meio de análise documental da associação e
pesquisa quantitativa, por meio da aplicação de questionários semiestruturados com questões
fechadas.
Em qualquer pesquisa que se realize é essencial se conhecer a população alvo sobre a qual
serão feitas inferências com base nas amostras. No que se refere a amostra, o importante é
que ela seja representativa (SPIEGEL, 2006).
Para efeito do cálculo do tamanho da amostra necessária para a aplicação dos questionários,
utilizou-se a seguinte fórmula:
n
N .Z 2 . p.(1  p)
(55).(1,96) 2 .(0,5).(1  0,5)

 48
Z 2 . p.(1  p)  e2 .( N  1) (1,96) 2 .(0,5).(1  0,5)  (0,05)2 .(55  1)
(1)
Onde:
n - amostra calculada
N - população
Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança
p - verdadeira probabilidade de ocorrência de sucesso no evento
e - erro amostral
No referido estudo, optou-se em utilizar a amostra probabilística finita de forma sistêmica, no
qual consiste na escolha sistêmica dos elementos do universo em busca da resposta
objetivada, que relacionada, nesse caso, determinação do tamanho da população, a pesquisa
baseou-se no grau de confiança desejado de modo a se tornar representativa, considerando a
proporção de pessoas favoráveis ao estudo próximo ao todo, possibilitando a adoção de
procedimentos científicos a permear inferências adequadas sobre a população estudada
(BUSSAB; MORETTIN, 2011).
O nível de confiançaindica um percentual que representaa frequência em porcentagem
dapopulação que se encontra dentro dointervalo de confiança.O nívelde confiança de 95%,
por exemplo, significa 95% de certeza (BRUNI, 2006; SANTOS, 2013).
A população total de afiliados da ASSOD’ANTAS é de 55 associados. Para esta população o
tamanho de uma amostra teria de ser igual a 48 associados, conforme os cálculos da fórmula
57
(1). Para se chegar a esse valor, adotou-se um nível de confiança de 95% (valor padrão) para
“Z”, um erro amostral de 5% (ou 0,05) para “e”, além de 0,5 para “p”.
É importante relatar que na verdade os valores de “p” para a população de associados não é
conhecida. Nesse caso, deveria ser utilizado o valor amostral de “ p̂ ”. No entanto, este
também não é conhecido e segundo Levine (2012), usa-se então “p = 0,5”.
Como responderam ao questionário desta pesquisa 52 associados, a amostra pesquisada
supera em quantidade e atende ao requisito de tamanho amostral mínimo determinado
matematicamente para as condições acima estabelecidas. No total, foram obtidos os números
dos questionários mencionados e como não houve necessidade de desconsiderar nenhum, todo
o valor encontrado foi utilizado neste trabalho.
Inicialmente o questionário foi elaborado com base nos sete critérios da Associação Europeia
de Comércio Justo (EFTA), que são: a) transparência e corresponsabilidade; b) Treinamento
e apoio por meio de um relacionamento de longo prazo; c) pagamento de um preço justo
além de um bônus que beneficie a todos, incluindo propostas de financiamento; d) igualdade
de gêneros, produtores organizados democraticamente, como, por exemplo, em cooperativas;
e) condições de trabalho regidas por legislações e normas, tais como trabalhistas, nacionais e
internacionais; f) proteção do meio ambiente e g) certificação de produtos de comércio justo,
que fora utilizado como instrumento inicial da pesquisa.
Desta forma, os questionários compostos por questões abertas foram aplicados de forma
aleatória, ou seja, não houve escolha seletiva para as entrevistas e os respondentes,
naturalmente associados, eram abordados no momento em que adentravam na associação, no
período vespertino, em meados de janeiro de 2013, a três membros da ASSOD´ANTAS
como questionário-piloto, sendo composto por 7 questões que abordavam de forma direta o
entrevistado, que permitiram avaliar as variáveis que eram criadas a cada resposta negativa
ou positiva apresentada pelo entrevistado, bem como o nível de dificuldade do
preenchimento das respostas.
As perguntas foram embasadas nos 7 critérios da EFTA foram, em ordem cronológica, a
saber: 1) Você como agricultor Fairtrade ASSOD’ANTAS, consegue identificar a
transparência e corresponsabilidade da certificação adquirida na sua propriedade? 2) A
Associação oferece treinamento e apoio com enfoque em um relacionamento de longo prazo
58
para os associados? 3) O pagamento de um preço justo além de um bônus que beneficie a
todos, incluindo propostas de financiamento é praticado pela associação a qual você está
vinculado? 4) Há a igualdade de gêneros e produtores organizados democraticamente para a
comercialização dos produtos dos agricultores associados? 5) As condições de trabalho na
sua propriedade são regidas por legislações e normas, tais como trabalhistas, nacionais e
internacionais conforme preconiza as orientações da associação certificada? 6) Quais as
ações vinculadas a proteção do meio ambiente na sua propriedade? 7) Qual o benefício da
certificação de produtos de comércio justo do seu ponto de vista?
No teste de validade, pode-se verificar que houve certa dificuldade na construção das
respostas por parte dos associados perante a formulação das perguntas contidas no mesmo,
inclusive pelo fato das questões serem abertas, pois estas demandaram certo tempo para
explicação e proporcionaram pouca compreensão aos indivíduos envolvidos, além do tempo
delongado observado para finalização do processo. Desta forma optou-se pela não utilização
deste instrumento entendendo que não contribuiria para o processo de pesquisa, devido à
baixa qualidade dos resultados obtidos, no que se refere ao atendimento aos objetivos deste
trabalho.
Após a aplicação do pré-teste, houve um realinhamento das questões que passaram então a
abordar de forma mais direta o entrevistado, pois a autora descobriu junto à bibliografia
pesquisada um modelo de estudo mais apropriado aos objetivos da pesquisa, embasado
também aos critérios da EFTA para avaliar as implicações de um trabalho Fairtrade e de
modo mais simplificado para a facilitação da coleta de dados junto aos pesquisados.
Sendo assim, a autora remodelou o seu questionário no estudo de Utting-Chamorro (2009) e
escala de Likert (1961) ao qual passou a ser composto por questões fechadas e, portanto, de
mais fácil compreensão segundo suas observações (Apêndice A).
As questões da pesquisa estudada foram aprimoradas em busca de: 1) conhecer os meios de
subsistência para os interessados primários na certificação Fairtrade; 2) conhecer os impactos
socioeconômicos nas comunidades; 3) compor o impacto na gestão da empresa agrícola; e por
último, 4) apontar os impactos ambientais.
59
A operacionalização da metodologia nesta etapa da pesquisa ocorreu por meio da aplicação do
questionário aos associados, o qual foi dividido em quatro categorias e composto por 15
questões fechadas conforme codificação das alternativas de escalonamento tipo Likert (1961
apud MALHOTRA, 2006), que foram preenchidas pelos participantes e pela pesquisadora
durante a pesquisa de campo.
Esta etapa da pesquisa foi concluída, inicialmente, no dia 19 de agosto de 2013, entre os
horários de 18 as 22 horas, durante uma reunião ordinária mensal dos associados na Capela
Religiosa do Centro Comunitário da comunidade local Córrego D’antas em Poços de Caldas,
Minas Gerais, cujos respondentes foram representados pela maioria dos associados.
A Figura 5 representa a imagem externa do local de aplicação dos questionários na Capela do
Centro Comunitário local.
FIGURA 5: Local de aplicação dos questionários
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
Os demais questionários a serem preenchidos para o cumprimento da pesquisa foram
finalizados até o dia 30 de agosto do respectivo mês, onde a pesquisadora aplicou o
instrumento aos associados conforme frequentavam a associação, bem como em suas
propriedades rurais para atingir os objetivos propostos.
60
A ilustração da Figura 6 demonstra o caminho percorrido para se chegar a uma propriedade
associada no intuito de se completar o número de questionários elegíveis e desejáveis para
este trabalho.
FIGURA 6: Acesso a propriedade rural de um associado entrevistado
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
3.4 Análise dos dados
Os dados coletados foram tabulados e analisados por meio de ferramentas estatísticas
adequadas, e as respostas obtidas ilustradas com auxílio de softwares capazes de realizar
cálculos e representá-los na forma de tabelas e ou gráficos, para facilitar a sua interpretação
(FARIAS, 2003).
Para que os dados pudessem ser compilados eles foram tratados estatisticamente por meio de
planilhas eletrônicas do software Microsoft Excel e em conjunto com programas
especializados para avaliação de pesquisas do tipo survey e testes alternativos paramétricos e
não paramétricos disponíveis no Portal Action (2013), devido aos seus recursos incluir uma
interface capacitada de ferramentas de cálculo, construção de gráficos e determinação de
coeficientes de correlação existentes entre as variáveis positivas ou inversas, objetos deste
estudo. Dentre as ferramentas estatísticas, optou-se pela análise dos coeficientes de correlação
de Pearson e no valor numérico da variável alfa calculada pelo método de Cronbach (Maroco
61
& Marques apud Nunnally, 2006), relacionadas na literatura especializada como a mais
indicada para a avaliação de questionários.
Para a tabulação das questões foi realizada uma codificação para que pudessem ser
transformadas em números, ter uniformidade e serem representadas graficamente, ilustrando
os resultados voltados ao objetivo da pesquisa em se diagnosticar as implicações da
certificação Fairtrade e propor estudos futuros na área.
A tabulação das respostas consistiu em categorizar em escala de 1 a 5, gradativamente, em
escalonamento para discordo muito e concordo muito, conforme o enfoque das perguntas
relacionado com os eixos temáticos das perguntas.
Assim, para cada resposta dada dentro das perguntas que identificam um eixo, são traçadas
as percepções do entrevistado. Estas percepções são apresentadas em todas as questões do
questionário no intuito de se analisar e apresentar os resultados, identificando o perfil dos
associados, expondo a análise de confiabilidade e existência de correlação entre as perguntas
elencadas, bem como a análise do nível de concordância dos associados sobre os temas da
pesquisa estudados por meio da análise de testes de estatística descritiva e testes não
paramétricos.
Para tanto, as respostas consideradas foram tabuladas de maneira a obter informações mais
simplificadas, para que a visualização ficasse mais fácil, conforme se pode notar, de forma
categorizada, a identificação das questões-chave do questionário no Quadro 3.
62
QUADRO 3: Identificação das questões-chave no questionário
Perguntas
Questões Livres –
Caracteriza o
entrevistado
Questões-chave
 Idade?
 Sexo (masculino ou feminino)?
 Quantas pessoas, da família, trabalham na propriedade?
1.1) Você, como produtor rural Fairtrade, consegue satisfazer as
necessidades mensais de consumo por intermédio da agricultura de
subsistência?
Questões Grupo 1:
1.1 a 1.4 – Meio de
subsistência para o
agricultor Fairtrade
ASSOD'ANTAS
1.2) O aumento de ganhos por meio do comércio justo melhorou a
qualidade de vida de sua família?
1.3) Você conseguiu com a premiação nas vendas do café para o comércio
justo investir na propriedade rural com melhorias em instalações e uso de
tecnologia?
A prática de ações do comércio justo fez com que a fixação na terra e
na agricultura familiar fosse vista como uma oportunidade de negócios?
1.4)
2.1) O aumento de ganhos com o comércio justo beneficiou seu negócio,
melhorando a qualidade de vida de sua família?
Questão Grupo 2:
2.1 a 2.4 – Impactos
socioeconômicos nas
comunidades
2.2) A Associação interferiu nas ações dos produtores da região às
adequações do comércio justo?
2.3) O nível de remuneração aos empregados, quando necessário
contratação, esta de acordo com o trabalho executado?
2.4) Você está satisfeito com a vinda do comércio justo para com os seus
negócios?
3.1) A adequação ao comércio justo contribuiu com melhorias para a
gestão da sua propriedade com ganhos e retornos?
Questão Grupo 3:
3.1 a 3.4 – Impacto
na
gestão
dos
negócios da empresa
agrícola
3.2) A busca por novas ideias para a gestão da propriedade, como cursos
diversos, treinamento e/ou reuniões foi de grande importância para
melhorar o negócio da sua propriedade rural?
3.3) Houve melhorias significativas no nível de organização da sua
propriedade rural?
3.4) A qualidade do produto final, oferecida ao mercado passou a ter
uma melhoria contínua após a adequação ao comércio justo?
Questão Grupo 4:
4.1 a 4.3 – Impactos
ambientais
4.1) Sua propriedade após a certificação Fairtrade, passou a ter melhores
condições de limpeza/sanidade, nas áreas de produção?
4.2) O lixo produzido na propriedade recebe seu descarte adequado?
4.3) Existe plano de redução, reutilização e reciclagem de resíduos?
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
63
3.5 Categorização do questionário
A análise de conteúdo consiste em uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar
o que está sendo dito a respeito de determinado tema (Vergara, 2005, p. 15).
Bardin (1977, P. 42) conceitua a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise
das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições
de produção/recepção destas mensagens.
Portanto, a finalidade da análise de conteúdo é produzir inferência, trabalhando com vestígios
e índices postos em evidência por procedimentos mais ou menos complexos (PUGLISI;
FRANCO, 2005, p. 25).
Partindo das unidades de registro ou codificação, foram definidas as categorias para
classificação dos elementos estudados em categoria, permitindo seu agrupamento para melhor
compreensão.
No que se refere à categorização do questionário adotado no presente trabalho, foram
utilizadas as codificações: a) tema: uma afirmativa para um tema; b) categorias: temas-eixo
pelos quais o tema principal se estabelece; c)subcategorias: caracteriza as categorias; e, d)
unidades de contexto:parte textual que integra, de modo mais abrangente, a análise estudada
(BARDIN, 1977).
Para uma organização dos dados de forma mais eficiente, as questões foram repartidas em
categorias e relacionadas com os eixos temáticos do trabalho, tais como, as questões de
caracterização do entrevistado, meio de subsistência e impactos da certificação incorporada na
propriedade rural do agricultor associado, conforme ilustra o Quadro 4. Todavia, para a
codificação das unidades de contexto, serão aprofundadas no próximo capítulo deste trabalho,
descrito como resultados.
64
QUADRO 4: Categorização das perguntas do questionário
Temas
Categorias
Subcategorias
Unidades de Contexto
Entrevistado –
Questões Livres do
questionário
Caracteriza o
Entrevistado
Idade, Sexo,
Escolaridade,
Familiares que
trabalham na sua
propriedade
Identifica o perfil do
entrevistado como
associado
ASSOD’ANTAS
Identifica a satisfação
das necessidades do
associado
Necessidades mensais
de consumo, melhoria
da qualidade de vida,
melhoria na
propriedade rural,
oportunidade de
negócios
Identifica a satisfação
dos associados ao meio
de subsistência
Meio de
subsistência para o
agricultor Fairtrade
ASSOD'ANTAS –
Questões Grupo 1:
1.1 a 1.4
Impactos
socioeconômicos
nas comunidades –
Questão Grupo 2:
2.1 a 2.4
Impacto na gestão
dos negócios da
empresa agrícola –
Questão Grupo 3:
3.1 a 3.4
Impactos
ambientais –
Questão Grupo 4:
4.1 a 4.3
Identifica a
percepção dos
impactos
socioeconômicos
pós certificação
Fairtrade
Ganhos com o
comércio justo no
negócio, qualidade
de vida familiar,
participação da
associação e
remuneração justa
empregados
Identifica o impacto
socioeconômico
dado a relevância
observada pelos
membros
entrevistados
Identifica a
viabilidade de
melhorias na gestão
dos negócios da
propriedade rural
Melhorias de gestão,
qualidade do produto
e retorno dos
negócios da
propriedade
Identifica a
Viabilidade
predominante na
gestão dos negócios
da empresa agrícola
Identifica a melhoria
ou não em impactos
ambientais
Melhorias contínuas
na propriedade rural
certificada, tais como
limpeza, sanidade e
controle de resíduos
Identifica a
prevalência atrelada
a percepção da
certificação aos
impactos ambientais
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
65
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo tem por finalidade apresentar e discutir os resultados da pesquisa desenvolvida
na Associação dos Agricultores Familiares do Córrego D’antas (ASSOD’ANTAS), localizada
na cidade de Poços de Caldas, estado de Minas Gerais. Para melhor entendimento do leitor, os
resultados serão subdivididos em duas seções, uma delas para o conteúdo relacionado à
Pesquisa Qualitativa Exploratória e a outra para o conteúdo inerente a Pesquisa Quantitativa
realizada por meio da aplicação de um questionário semi-estruturado apresentado no
capítulo 3.2.
4.1 Resultados da pesquisa qualitativa exploratória
Esse capítulo tem por objetivo apresentar as informações obtidas por meio da Pesquisa
Qualitativa Exploratória realizada na Associação dos Agricultores Familiares do Córrego
D’antas (ASSOD’ANTAS), criada em 05 de março de 2004 com o propósito de reunir os
produtores rurais de café dessa comunidade, formada originalmente por descendentes de
italianos, entre eles os Benelli, os Consolini (chegados à região em 1890) e os Barzagli
(chegados em 1900).
A comunidade é formada por áreas pequenas e médias de agricultores familiares. A área total
rural possui cerca de 385 hectares (plantio, pasto e residência) e a população, em geral, é
estimada em torno de 80 famílias, sendo aproximadamente 41% de origem italiana.A Figura 7
ilustra a associação ASSOD’ANTAS, localizada aproximadamente a 10 km de um shopping
center local situado na zona oeste da cidade.
Após pequenas realizações desde a data de sua criação, a ASSOD’ANTAS se reorganizou em
2005, passando a fazer reuniões com mais frequência, até que, em 2008, agregou os
produtores não apenas do Córrego D’antas como também da Fazenda Cachoeirinha,
considerada uma grande propriedade onde trabalham empregados contratados e meeiros. A
Figura 8 representa o logotipo da ASSODA’NTAS elaborado no início das suas atividades e a
Figura 9 simboliza a sinalização da associação no bairro Córrego D’ANTAS.
66
FIGURA 7: Roteiro de acesso da associação próxima a um shopping center local
Fonte: ASSOD’ANTAS, 2012.
FIGURA 8: Logotipo da ASSOD’ANTAS
Fonte: ASSOD’ANTAS, 2012.
Quanto ao desafio, à política guia e aos valores da associação foram observados: a) Desafio:
construir uma organização forte e organizada que gere benefícios econômicos e sociais,
ambientais e culturais aos associados, seus funcionários, familiares e comunidade no entorno;
2) Política Guia: o foco da organização são as pessoas e os resultados sustentáveis e
duradouros, apresentando resultados imediatos, mas também com visão de médio e longo
prazo; e, 3) Valores: participação, transparência, eficiência, gestão e parceiras.
67
FIGURA 9: Identificação de acesso à associação ASSOD’ANTAS
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
No intuito de se demonstrar o ambiente externo e interno da ASSOD’ANTAS, seguem a sua
representação através da fachada lateral ilustrada pela Figura 10 e a imagem interior retratada
pela Figura 11.
FIGURA 10: Fachada da ASSOD’ANTAS
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
68
FIGURA 11: Ambiente interno da associação
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
Em 02 de maio de 2006, a ASSOD’ANTAS foi legalmente constituída e, em 2008, com o
apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e da
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SEDET) do município, a associação
iniciou o seu processo de adequação as normas Fairtrade para a certificação do comércio
justo, sendo a mesma composta por aproximadamente 50 agricultores locais, tanto
proprietários quanto meeiros, que têm como principal produto gerador de renda o café
arábica.
Em 2009, a ASSOD’ANTAS passou por uma auditoria externa da Fairtrade InternationalCertification (FLO-CERT), órgão ligado a Fairtrade, responsável por atestar se os critérios
do comércio justo da associação foram cumpridos.
Para receber a certificação, o produtor precisa trabalhar dentro das condições sociais,
ambientais e de emprego que satisfaçam suficientemente os critérios desta certificadora. Os
critérios gerais do Comércio Justo são apropriados aos pequenos trabalhadores e também
trabalhadores assalariados (empregados em empresas socialmente responsáveis), que sejam
organizados, porém em situação desfavorável. Sendo assim, estes critérios detalham que:
69
O Comércio Justo é uma iniciativa para pequenos produtores e trabalhadores
assalariados do Hemisfério Sul que foram reprimidos em seu desenvolvimento
econômico e/ou social pelas condições comerciais (= “desfavorecidos”). Se o acesso
justo ao mercado, sob melhores condições comerciais, pode ajudá-los a superar estas
restrições ao desenvolvimento, eles podem se juntar ao Comércio Justo.
(FAIRTRADE LABELLING ORGANIZATION INTERNATIONAL, 2006, p. 15).
Apresenta-se, desta forma, a seguir os principais eventos e/ou etapas relacionados à obtenção
desta certificação:
Primeiro semestre de 2007: realização de um mutirão entre associados e comunidade local
para o asfaltamento dos terreiros de café.
Segundos semestres de 2007 e 2008: evento comunitário para o levantamento de fundos ao
processo de certificação, o 1o e 2o Terra Nostra. A ASSOD’ANTAS realiza, anualmente, uma
festa italiana intitulada como Terra Nostra, com danças, músicas e comidas típicas em
homenagem à grande colônia local de italianos, a qual está representada pelas famílias de
descendentes como os Barzagli, os Zanetti, os Benelli, os Consolini e outros. A festa objetiva
fortalecer a identidade cultural e preservar as tradições, estimulando a integração da
comunidade e a sociedade, além de valorizar o trabalho dos agricultores e contribuir para a
certificação Fairtrade da associação local. O evento é realizado em parceria com a Prefeitura
Municipal de Poços de Caldas e serve para arrecadar fundos para fomentar o desenvolvimento
sustentável.
Primeiro semestre de 2009: início do processo de certificação - adequações realizadas dentro
dos padrões preconizados pela FLO-CERT de acordo com o Plano de Desenvolvimento. A
seguir, seguem os principais programas e projetos voltados em ações à gestão ambiental,
social e de comercialização da ASSOD’ANTAS para obtenção do título a certificação, a
saber:
Gestão Ambiental – construção de bacias de captação de águas pluviais/caixa de contenção;
manejo integrado e redução do uso de agroquímicos, utilização correta e orientada e adequada
armazenagem, manipulação e aplicação; cercamento em volta das nascentes e propriedades
para preservação de área; educação ambiental; reflorestamento; participação de cursos e
treinamentos (inclusive de equipamentos de proteção individual e coletiva previstos nas
normas regulamentadoras de segurança do trabalho); coleta seletiva do lixo (ferraria e plástico
70
destinado a reciclagem e palha como adubo para lavoura de café); descarte adequado de
embalagens de agroquímicos vazias, construção de abrigo de agrotóxico, fossas sépticas;
análise das águas, exploração de cacimbas, conservação das nascentes, entre outros
incrementos para o licenciamento/autorização ambiental de funcionamento.
Para que a ASSOD’ANTAS pudesse receber a certificação, como comentado no parágrafo
anterior, algumas providências e melhorias precisaram ser feitas e, entre elas, estava a
construção de fossas sépticas já que muitas propriedades rurais familiares (60%) possuíam
fossas rudimentares.
Este era um dos maiores problemas que os associados queriam resolver, já que o esgoto era
lançado a céu aberto ou diretamente em cursos d’água em todas as propriedades da
comunidade. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e
Abastecimento, a agricultura familiar reúne cerca de 14 milhões de pessoas e é muito comum
que nestas pequenas propriedades se faça o uso de fossas rudimentares, a chamada “fossa
negra”, o que pode provocar a contaminação dos lençóis freáticos, transmissão de uma série
de doenças veiculadas pela urina como hepatite, salmonela, cólera, entre outras.
Diante disso, a associação procurou o apoio da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas e a
Divisão de Fomento Agropecuário que buscou uma alternativa barata e funcional para
solucionar a questão, sendo recomendada a fossa séptica biodigestora, modelo desenvolvido
pela Prefeitura de Pindamonhangaba, município da Região Metropolitana do Vale do Paraíba
e Litoral Norte no estado de São Paulo, sendo a sugestão deste recurso considerado de baixo
custo.
Sendo assim foi construída uma fossa que opera pelo processo de biodigestão de resíduos
orgânicos, por meio da decomposição anaeróbica da matéria orgânica digerível por bactérias
que a transforma em biogás e efluente estabilizado sem odores. Constituindo assim, foram
instalados 60 kits de fossas sépticas biodigestor na comunidade local e para os associados.
Deste modo, o biodigestor desenvolvido pela ASSOD’ANTAS tem o objetivo de substituir, a
um custo barato para o produtor rural, o esgoto a céu aberto e as fossas sépticas, melhorando o
saneamento rural das propriedades e da comunidade local. As Figuras 12 e 13 demonstram
algumas etapas da implantação da fossa séptica biodigestora administradas pela associação
71
em conjunto com seus associados e parceiras local.
FIGURA 12: Implantação da fossa séptica biodigestora da associação
Fonte: Arquivo ASSOD’ANTAS, 2012.
FIGURA 13: Fossa séptica biodigestora ASSODA’NTAS
Fonte: Arquivo ASSOD’ANTAS, 2012.
A Figura 14 revela uma fossa séptica implantada nos fundos de uma propriedade rural de um
associado ASSOD’ANTAS. Este benefício teve auxílio de aproximadamente R$ 200,00
(duzentos reais) ao agricultor associado para incentivo ao seu custeio e implantação.
72
FIGURA 14: Fossa séptica biodigestora em propriedade rural associado
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
Outras providências a serem tomadas e que contribuíram para a obtenção da certificação
foram o licenciamento ambiental, a análise das águas, as cacimbas e a conservação das
nascentes. Todas estas atitudes foram tomadas pela Comissão Ambiental do município. O
licenciamento ambiental foi feito por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR) das pequenas
propriedades associadas, regularizando a situação dos agricultores (cafeicultores) familiares.
A análise das águas, por exemplo, foi feita em parceria com o Departamento Municipal de
Água e Esgoto (DMAE) a um custo reduzido para os associados e atualmente, estão sendo
feitas 60 análises anuais. Já as cacimbas, foram feitas por meio da construção de bacias em
propriedades que ainda não foram construídas e manutenção onde já havia.
Já a caixa de contenção se consolidou graças à parceria com a Prefeitura Municipal de Poços
de Caldas e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho e a equipe da secção de
infraestrutura rural trabalhou nas propriedades associadas abrindo e fazendo a manutenção de
300 bacias de contenção de água, o que evita a erosão, o assoreamento de rios e nascentes,
melhorando a qualidade da água e conservando as estradas de acesso e arredores.
Entretanto, não basta apenas cuidar das propriedades, é preciso zelar também pela população
que habita na área, onde se podem notar algumas ações e projetos da ASSOD’ANTAS na
gestão social à conquista da certificação Fairtrade em benefício dos associados e população
regional.
73
Gestão Social – respeito aos critérios do comercio justo; participação dos associados nas
tomadas de decisão da associação; conscientização da importância de práticas sustentáveis
através do comércio justo; transparência nas deliberações; não discriminação e aumento na
participação das mulheres na associação; apoio a realização de eventos comunitários locais,
como por exemplo, o evento Terra Nostra; cursos de capacitação para as mulheres e
dependentes dos associados como de inclusão digital (curso de informática) e violão para
jovens e adultos; convênios médicos, construção de creche, consultório médico-odontológico,
academia ao ar livre, clube recreativo, igreja e centro comunitário para os associados e
comunidade local, edificação de uma cozinha industrial comunitária para oportunizar trabalho
e renda à classe feminina local por meio da certificação de outros produtos Fairtrade
relacionados à arte culinária italiana para fabricação de massas, conservas e doces,
fomentando ainda mais o desenvolvimento sustentável (ainda inconcluso devido requerer
parcerias para aquisição de um terreno e equipamentos para instituir o projeto); aluguel de um
carro para transporte coletivo (van) para facilitar o deslocamento dos associados e seus
familiares para a região de Bela Vista e também, locação de uma máquina específica para
melhorar as estradas das propriedades e acompanhamento do recapeamento da estrada entre o
município de Poços de Caldas e o Distrito de Palmeiral.
De acordo com o observado no relatório do Plano de Desenvolvimento do Comércio Justo da
ASSOD’ANTAS, a associação pensa não apenas na conservação do meio ambiente, mas
também na capacitação dos associados por meio da contratação de cursos profissionalizantes
e parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), onde se busca também
cursos que sejam gratuitos e que capacite ainda mais o associado sem gerar ônus.
Uma conquista importante foi o centro comunitário onde são ministradas aulas de capacitação
profissional e reuniões da associação. As reuniões ordinárias e/ou extraordinárias da diretoria
e associados ASSOD’ANTAS são realizadas durante o ano vigente, sendo intituladas como
“assembleias”, que ocorrem no Centro Comunitário da Comunidade do Córrego D’antas,
demonstrado pela Figura 15 e chamado também por boa parte da comunidade local de
“Capela”, pois a comunidade local também se reúne para contemplar as profecias religiosas.
74
FIGURA 15: Local onde se realizam as assembleias da associação
Fonte: ASSOD’ANTAS, 2012.
Um país só poderá se autodenominar socialmente desenvolvido quando a população possui
ótimo nível de qualidade de vida e isto inclui o atendimento às necessidades básicas, tais
como, trabalho decente, escola, hospital, moradia servida de água tratada, esgoto tratado,
energia elétrica, coleta de lixo, entre outros.
Comercialização – transparência nas ações comercializadas; adesão a contratos que
estabeleçam os critérios de comercio justo; parcerias de longo prazo com fornecedores e
clientes; sistema interno de rastreabilidade do produto; compra conjunta de insumos; vendas
coletivas; aquisição de um terreno para a construção de um armazém para o beneficiamento e
armazenamento do produto (a ASSOD’ANTAS está investindo na construção de um armazém
o que permitirá um investimento na rastreabilidade, agilidade e qualidade dando condições
para o aumento das vendas e mais satisfação e segurança para os clientes e associados);
melhoria continua da qualidade interna; concurso interno de qualidade de cafés, bem como
aplicação de cursos e treinamentos constantes para todos os envolvidos no processo (educação
continuada), inclusive ao representante legal da associação, que periodicamente se desloca
com representantes Fairtrade de outras regiões para atualização em eventos ocorridos no
Brasil e em outros países se necessário, por exemplo, os Estados Unidos da América. Este
último importante quesito, diz respeito ao pagamento de uma taxa de viagens (e de auditoria)
para participação de reuniões na BR FAIR (Organizações Fairtrade do Brasil), buscando
75
manter e construir relações, além de se profissionalizar em cursos e feiras.
Em se tratamento de uma associação voltada para a produção e comercialização do café,
também apresentou gastos com a compra de sacarias e beneficiamento do produto, mas as
informações relacionadas em números foram preservadas neste estudo.
As atividades observadas no decorrer deste levantamento foram e estão sendo desenvolvidas,
seguindo um planejamento cujo cronograma foi definido para o período de 2011 a 2017.
Quanto ao setor de produção foi observada a continuidade dos programas e projetos de gestão
ambiental e ainda o cronograma:
a) programa de educação ambiental (palestras educativas, oficinas de aprendizagem,
envolvimento da comunidade, ações participativas: devolução de embalagens vazias de
agroquímicos e/ou outras, gestão de resíduos sólidos e recuperação das nascentes); b)
programa de saúde e segurança do trabalhador (palestras educativas, treinamentos e uso
correto de EPI’s, cursos e oficinas de aprendizagem/SENAR, dias de campo e preparação à
vistorias pré-agendadas ou não); c) programa de rastreabilidade e controle de agroquímicos
(uso do caderno de campo, lista de produtos proibidos, treinamento de monitoramento
integrado de pragas e doenças, projeto de diminuição do uso de agroquímicos e boletim
informativo); d) programa de gestão de resíduos sólidos (projeto de coleta seletiva com
palestras e oficinas de aprendizagem, projeto de devolução de embalagens vazias de
agroquímicos); e) programa de preservação ambiental (projeto de mapeamento, recuperação
de áreas de preservação permanente e de controle de caça de animais silvestres); f) programa
de gestão e conservação das águas (projeto de identificação de nascentes, de recuperação de
nascentes, de cadastramento de usuários de água, de avaliação da qualidade de água e
monitoramento); g) programa de tratamento de efluentes (projeto de construção de fossa
séptica, de tratamento de águas residuais da lavagem e despolpa dos frutos do cafeeiro); h)
programa de conservação dos solos (projeto de conservação das estradas rurais, de melhoria
da fertilidade do solo, de padronização das amostragens de solo e de classificação de solos); i)
programa de redução de gases (projeto de redução de gases do efeito estufa, identificação das
fontes de emissão e recompensação através de plantio de árvores nativas); e, j) programa de
eficiência energética (palestras de conscientização, oficinas de aprendizagem e levantamento
dos tipos de energia).
76
As outras ações descritas nos documentos estudados da associação, dizem respeito a bens
adquiridos para a melhoria do trabalho administrativo da associação e também com relação ao
mapeamento das propriedades, garantindo a rastreabilidade de 100% das mesmas.
Sendo assim, os relatos acima descritos corroboram com o fato de que para se construir no
Brasil um Comércio Justo e Solidário de maneira ampla, ele precisa ser acessível a
empreendimentos de economia solidária com pequenos faturamentos e sistemas
participativos. Por meio da incorporação de critérios do Comércio Justo, redes de
empreendimentos de economia solidária serão criadas, sempre procurando uma participação
intensa de produtores e consumidores e maior empoderamento das organizações
(SCHNEIDER, 2007).
Salienta-se que os critérios da FLO-CERT são decompostos em capítulos de acordo com os
requisitos característicos relacionados às operações comerciais entre produtores e negociantes
de um determinado produto. Assim, após esta auditoria, em 16 de novembro de 2009, a
ASSOD’ANTAS recebeu o certificado Fairtrade, o que a permitia negociar o café de seus
associados e no início de 2010, a primeira venda Fairtrade foi realizada.
De acordo com dados obtidos na ASSOD’ANTAS, em 2010 foram comercializados 5.000
sacas de café, sendo que aproximadamente 3.000 sacas foram comercializadas pela Bourbon e
pela MC Coffee, ficando os Estados Unidos da América o principal mercado dos cafés
produzido pelos associados.
Deste modo, a torrefação Green Mountain Coffee por meio de parcerias, a ASSOD’ANTAS
conseguiu arrecadar dinheiro suficiente com a premiação para investir em projetos sociais,
ambientais e na estrutura da organização.
Em 2011 a associação foi visitada pelo Presidente Mundial do Fairtrade e contava com 55
associados, número este que deverá aumentar para quase cem no decorrer dos próximos anos.
O café produzido pela mesma é vendido na Bolsa de Valores de Nova Iorque nos Estados
Unidos, alcançando valores entre 20 a 30% maiores devido ao fato de terem recebido o selo
Fairtrade. Outros países também compram o café, tais como a Dinamarca, a Suíça, a Espanha
e a França.
77
Outros dados da ASSOD’ANTAS podem ser observados na Tabela 1:
TABELA 1: ASSOD’ANTAS em números
ASSOD’ANTAS EM NÚMEROS
Produção média anual
Área total pertencente aos membros da associação
7.000 sacas
383,5 ha
Área total sobre produção de produtos certificados
220,40 ha
Área total com café
220,40 ha
Tamanho médio das propriedades
9,13 ha
Tamanho médio das propriedades na região
23,95 ha
Porcentagem dos associados com acesso à internet
40%
Porcentagem de parceiros
21,95%
Fonte: ASSOD’ANTAS, 2011.
O café produzido pelos associados da ASSOD’ANTAS inicialmente não era consumido no
Brasil pelo fato de, na sua fundação e recebimento da certificação, ainda não existirem
torrefadoras certificadas no país. Todavia, atualmente, o café produzido pela ASSOD’ANTAS
está sendo processado pela torrefadora Spress Café Importação e Exportação Ltda, empresa
Fairtrade certificada e sediada no bairro centro de Poços de Caldas que pretende, a partir dos
anos subsequentes, torrar com o selo Fairtrade ainda mais sacas de café, tornando-se, assim, a
primeira indústria a se certificar e colocar o selo Fairtrade em suas embalagens de café. O
sócio da torrefadora, Sr. Cristiano Carvalho Ottoni, afirmou que as metas são de crescimento
de 20% em Poços de Caldas e de 5% no Brasil, além de colocar o produto em São Paulo e Rio
de Janeiro, cidades consideradas mercados de grande expressão (POPOV, 2012).
Graças a essa parceria, atualmente, o café ASSOD´ANTAS já pode ser adquirido em
estabelecimentos comerciais localizados na cidade de Poços de Caldas, como se pode notar na
Figura 16 em um supermercado local, bem como em empresas parceiras que cada vez mais
estão aderindo à iniciativa de divulgação do produto e/ou até consumi-lo em apoio ao trabalho
que a associação vem desenvolvendo.
78
FIGURA 16: Café certificado da ASSOD’ANTAS
na prateleira de um supermercado local.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
Para o produtor poder receber o certificado Fairtrade, o agricultor precisa concordar com uma
lista de regras: não fazer uso de pesticidas, fazer uso da reciclagem, comprovar que os filhos
estão matriculados em escolas, entre outras. Ao participar da certificação Fairtrade, o
produtor pode chegar a receber um ágio de 20%, o que, na opinião destes, valeria a pena
realizar as mudanças na propriedade (DOWNIE, 2007).
Há ainda segundo o presidente da ASSOD’ANTAS, outras cooperativas e/ou associações
Fairtrade no Sul de Minas Gerais, como exemplo, Andradas (ACAFEG - Associação dos
Cafeicultores dos Bairros Gabirobal e Gonçalves), Carmo de Minas (ASCARIVE Associação dos Cafeicultores do Vale do Rio Verde), Nova Rezende (COOPERVITAE Cooperativa Agropecuária de Produtos Orgânicos de Nova Resende e Região), Palmeiral
(ASSOFÉ - Associação de Pequenos Agricultores Familiares de Palmeiral), Poços Fundo
(COOPFAM - Cooperativa de Produtos de Café de Poço Fundo e Região e COOCAMINAS Cooperativa dos Pequenos Cafeicultores de Poço Fundo), Santana da Vargem (UNIPASV União dos Pequenos Agricultores de Santana da Vargem), Varginha (UNIPCAFEM - União
dos Pequenos Produtores de Cafés Especiais da Comunidade dos Martins), bem como outras
79
no Sudoeste e demais regiões do país, e todas, sem exceção, passaram pelos mesmos critérios
de avaliação do Comércio Justo.
De acordo também com o depoimento do gestor da Associação dos Agricultores Familiares
do Córrego D’antas sobre a associação ora estudada em comparação com outras da região,
pode-se observar que ASSOD´ANTAS possui porte homogêneo ao da ASSOFÉ (Associação
de Pequenos Agricultores Familiares de Palmeiral).
Esta associação possui aproximadamente 60 associados, sendo criada em janeiro de 2011 em
Palmeiral, distrito de Botelhos das Minas Gerais, negocia seu produto (café) e obteve a
certificação Fairtrade com o apoio da Prefeitura Municipal de Botelhos e em parceria com o
Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
Em dezembro de 2012,
realizou a sua primeira venda de café certificado. Possui uma comissão de ações sustentáveis
a qual é responsável pela comercialização do café. A ASSOFÉ promove reuniões mensais
para a discussão de sugestões, sendo que a cafeicultura é a sua única fonte geradora de renda.
Para que os pequenos cafeicultores pudessem receber a certificação, eles tiveram que passar
por vários treinamentos, de acordo com as regras da certificadora. Sendo assim, hábitos foram
mudados, propriedades foram adequadas, até que as mesmas pudessem ser atestadas e
recebessem o selo. Foi um trabalho que durou dois anos e durante este período, os
trabalhadores perceberam que a valorização, o associativismo, a separação do lixo, do
material de agrotóxico e as novas práticas de manejo compensaram, pois a saca comum que
era vendida na época passou a ser vendida por um preço melhor.
Já em relação à outra associação com porte reduzido, por meio de entrevista a diretoria da
ASSOD’ANTAS, quando comparado ao número de associados, foi enunciada que a
ACAFEG (Associação dos Cafeicultores dos Bairros Gabirobal e Gonçalves) da cidade de
Andradas, Sul de Minas Gerais, dispõe cerca de 30 associados e foi fundada em 2007, com o
objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pequenos proprietários e cuidar do meio
ambiente, por meio da integração e união dos cafeicultores. Atua focada na perspectiva do
Comércio Justo, da Consciência Ambiental e da Ajuda Mútua.
80
Os sócios da ACAFEG fazem reuniões mensais para debates de seus problemas e
potencialidades e também para a promoção de ações coletivas, com exemplo, melhorias
sociais, melhorias produtivas e comercialização do café já certificado pelo Mercado
Fairtrade. Para tanto, a associação recebeu ajuda do SEBRAE, da Empresa de Assistência
Técnica de Extensão Rural de Minas Gerais (EMATERMG), Conselho Municipal de
Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), Prefeitura Municipal de Andradas,
Cooperativa Regional de Andradas, Centro Regional Universitário de Espírito Santo do
Pinhal, Café Tijuco Preto Boulevard, Reduto do Café de Andradas e Fairtrade USA.
Para melhorar as condições que se apresentam em função das parcerias institucionais, e
também para promover a melhoria da qualidade de vida dos associados, entende-se que é
preciso planejar as ações de caráter social, ambiental, econômico e de gestão e
desenvolvimento da própria organização.
Esse planejamento deve contemplar como base em trabalho de caracterização sócio,
econômica e ambiental, além de dinâmica realizada com os associados e do próprio
conhecimento sobre o que vem a ser desenvolvimento rural sustentável, sendo que cada uma
de suas dimensões devem ser apresentadas em documentos pré-estabelecidos mediante os
critérios de comércio justo, como por exemplo, o documento de Planejamento Estratégico de
cada associação e ou cooperativa.
Outras cidades que estão em processo de certificação são Campos de Jordão (SP) e Curitiba
(PR) e a meta é nos próximos dois anos, dobrar o número de grupos de agricultores
certificadas no Brasil (POPOV, 2012).
Percebe-se de modo geral, que tanto a ASSOD’ANTAS como as demais associações
preocupam-se para com o avanço do seu plano estratégico para preservação do selo Fairtrade.
No entanto, de acordo com as informações contribuídas pelo senhor presidente da
ASSODA’NTAS, a associação é a única que possui a certificação do selo para
comercialização do grão de café no Brasil, graças à parceria firmada com a empresa SPRESS
Café, que se preocupa além da área social, também com a produção de baixo impacto
ambiental pela preservação da natureza, parceria esta que para a ASSOD’ANTAS se tornou
fundamental para os negócios Fairtrade de seus associados.
81
Alguns críticos do comércio justo citam exatamente a dificuldade por parte dos pequenos
produtores em aderirem a estas normas. Além disso, afirmam que o processo é tão
exploratório quanto o tradicional ou convencional, já que o café produzido por estes é de
melhor qualidade, mas o que se paga pelo produto ainda é muito baixo frente ao enorme
trabalho. Ou seja, o atravessador é suprimido no processo da certificação Fairtrade, mas o
café é vendido em lojas sofisticadas e caras no mundo, e para o pequeno produtor resta pouco
lucro e muito trabalho (DOWNIE, 2007).
De acordo com o Sr. João Batista Piva, presidente da associação, os associados não ganharam
apenas com o valor mais alto do café produzido: os importadores pagam um prêmio à
entidade por saca vendida. Este dinheiro vem servindo a toda a comunidade, já que é
investido nas áreas social e ambiental, principalmente na construção de fossas sépticas,
reflorestamento de terrenos e em bacias de contenção em lavouras, ou seja, na preservação do
meio ambiente, e também na construção de um barracão para armazenar o café antes do
mesmo ser exportado. Em sua propriedade de 18 hectares, o Sr. João Batista cultiva o grão do
café arábica em 12 hectares. Considerado um pequeno produtor, já que sua produção é de 350
sacas por ano, ele consegue um preço até 45% melhor aos praticados no mercado desde que se
integrou à associação. (POPOV, 2012). A Figura 17 mostra o Sr. João Batista com o café
produzido na sua propriedade.
FIGURA 17: Sr. João Batista Piva, presidente da.
ASSOD’ANTAS, e o café arábica produzido pela
sua propriedade.
Fonte: Popov, Dinheiro Rural, 2012.
82
Deste modo, em sua propriedade, o sítio São Lourenço, ele alia as boas práticas na aplicação
correta de defensivo agrícola, não emprega mão de obra infantil e colabora para o bem estar
de todos, ou seja, todas as atitudes visam o bem do meio ambiente e da sociedade. Esta
certificação melhorou não apenas a vida da comunidade do Córrego D’antas, mas também
projetou o nome do município de Poços de Caldas, declarado como o primeiro Fairtrade
Town no Hemisfério Sul (POPOV, 2012).
Para que Poços de Caldas, MG, se tornasse uma cidade com o selo Fairtrade, ela precisou
atingir seis metas, são elas: a) criar um decreto municipal de apoio ao projeto; b) conseguir
que as repartições da Prefeitura Municipal se comprometessem a consumir os produtos
Fairtrade; c) integrar as faculdades e universidades da cidade; criar um plano de marketing;
e) fazer com que as lojas de varejo, fast food e hotéis da cidade passassem a servir o café
certificado; f) obter apoio de uma grande empresa, que, no caso da cidade, foi a multinacional
norte-americana Alcoa, uma das líderes de produção de alumínio.
Sendo assim, no final do ano de 2011, a associação teve o apoio da Prefeitura no que se refere
à administração direta e indireta aos princípios do Comércio Justo, no âmbito do município de
Poços de Caldas, de acordo com a portaria N. 4.154, decreto 10.418, de 17 de dezembro de
2011 (BRASIL,2011), visando a implementação do comércio justo no município com base
nos seus princípios através de um comitê gestor, ou seja, o Grupo de Coordenação da Cidade
de Comércio Justo – GCCCJ. Esse grupo é composto por membros da sociedade civil,
representantes do meio acadêmico (faculdades e universidades), da associação fairtrade local
ASSOD’ANTAS, do Convention and Visitors Bureau, da Associação Comercial, Indústria
Agropecuária – ACIA, do Sindicato do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, da empresa
ALCOA Alumínio SA/Associação Poços Sustentável – APS, do SEBRAE MG e da
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho do poder executivo
municipal, no intuito de se promover a divulgação do Fairtrade bem como formar parcerias
de empresas que acreditam na iniciativa do produto comercializado (BRASIL, 2011). Até a
publicação desta dissertação de mestrado, foi observado que cerca de 50 estabelecimentos de
pequeno, médio e/ou grande porte, denominados “clientes potenciais ao Fairtrade”,
receberam o contato para adesão ao projeto do GCCCJ.
Outra questão interessante observada na associação de estudo é que ela está aberta para
disseminação das suas experiências para conhecimento da sociedade, para o meio empresarial
83
e comercial, e também, a estudantes da cidade e outras regiões.
E por meio deste trabalho, sob a supervisão da autora, condição esta alinhada entre a
pesquisadora e a associação, foram convidados a participar de uma das reuniões dos
associados, estudantes do curso de Administração de uma instituição de ensino superior
privada da cidade, para apreciar o tema Fairtrade, no intuito de se desenvolver um projeto
social voltado à associação (e comunidade local) e ainda contribuir com o grupo de apoio ao
comércio justo GCCCJ, tendo enfoque na coleta de depoimentos dos próprios associados
sobre o ponto de vista da certificação adquirida e/ou melhoria contínua, o que também
contribuiu para este estudo.
Em síntese, no que se pode observar perante a expedição de estudo com os acadêmicos
voluntários foi que os agricultores familiares associados, de modo geral, estão bem satisfeitos
com a vinda da certificação Fairtrade para os negócios das suas propriedades. Os relatos dos
depoimentos livres ofertados pelos associados foram disponibilizados pela autora e pelos
próprios alunos participantes para compor aos documentos da associação e encontram-se na
íntegra disponível para consulta na sede da associação, acondicionados em um arquivo
próprio, organizado pelos próprios discentes.
Na Figura 18 a seguir, pode-se notar a reunião dos associados e alguns estudantes
participando como ouvintes.
FIGURA 18: Reunião associado ASSOD´ANTAS e acadêmicos
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
84
A Figura 19 ilustra o presidente da Associação ofertando esclarecimentos sobre a importância
das práticas do comércio justo e da divulgação sobre o tema para a sociedade.
FIGURA 19: Divulgação das práticas comércio justo à estudantes
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
Após a participação dos estudantes na reunião e posteriormente suas elucidações registradas
provenientes dos depoimentos dos associados, os participantes presentes se reuniram para
formalizar a ação findada por meio de um registro de imagem, conforme pode se observar na
Figura 20. Esta ilustração também foi disponibiliza pela autora e pelos alunos voluntários para
fazer parte dos documentos da associação.
FIGURA 20: Registro de associados e estudantes em reunião para projeto social
Fonte: Arquivo pessoal, 2013.
85
Mais uma informação notória que se consolidou próximo ao término deste trabalho é que
depois de aproximadamente 10 anos de existência, muitos desafios e superações realizados, a
associação conquistou a aquisição de um bem de grade valia para a melhoria do trabalho
administrativo e em benefício aos seus associados, ela passou a ter a sua própria sede, ou seja,
uma nova sede e de propriedade da ASSOD’ANTAS.
Para se ter uma melhor noção do benefício, a sede anterior era constituída de apenas 20m² de
construção total, sendo representada por uma sala de escritório e um pequeno terreno ao seu
redor (Figura 10 p. 67). Já a nova sede conquistada possui aproximadamente 80m² de
construção, sendo considerado em torno de 1.000 m² de construção total e 20.000m² de área
total, contendo uma casa onde o espaço interno permite se ter além da sala de recepção da
secretaria, uma sala para a diretoria poder se reunir reservadamente com o associado e outra
para reuniões (breves) com poucos associados, um cômodo para arquivo, um banheiro e até
uma mini cozinha. Além do escritório, a área externa possui uma pequena oficina que contém
algumas máquinas e equipamentos de marcenaria, espaço reservado com máquinas para
beneficiamento do produto (lavadora, secadora e despolpadora), terreiro de concreto para
secagem de café do associado ou ainda, por algum membro da comunidade local caso
necessite, dois depósitos para armazenagem de utensílios em geral, estacionamento amplo e
até um pomar e uma churrasqueira para entretenimento e confraternização dos associados, que
demonstra que foi uma conquista importante aos associados e até a comunidade local. As
Figuras 21 e 22 evidenciam a nova sede administrativa e ambiente interno da associação
estudada.
FIGURA 21: Fachada da nova sede ASSOD’ANTAS
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
86
FIGURA 22: Ambiente Interno da nova sede ASSOD’ANTAS
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
As figuras 23 a 26 ilustram a área interna de um dos depósitos de armazenagem de utensílios,
espaço com máquinas de processamento do café Fairtrade, oficina (marcenaria) e do terreiro
para secagem dos grãos, adquiridos com a conquista da nova sede ASSOD’ANTAS em 2014.
FIGURA 23: Depósito de armazenagem de utensílios
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
87
FIGURA 24: Máquinas de processamento do café certificado
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
FIGURA 25: Oficina de marcenaria aos associados Fairtrade
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
88
FIGURA 26: Terreiro de secagem de grãos de café
Fonte: Arquivo pessoal, 2014.
4.2 Resultados da pesquisa quantitativa
Esse capítulo tem por finalidade apresentar e discutir os resultados obtidos para a pesquisa
quantitativa, por meio da aplicação do questionário semi-estruturado. Para melhor orientar o
leitor acerca do universo pesquisado, os resultados e suas respectivas discussões serão
apresentados em seções individualizadas para os tópicos relacionados ao perfil dos associados
da ASSOD’ANTAS que participaram da pesquisa, e os temas apresentados no Quadro 4
relacionados à categorização das perguntas do questionário de pesquisa.
4.2.1 Perfil dos associados da ASSOD’ANTAS
Está claro que o principal objeto de estudo dessa dissertação é o modelo de gestão adotado na
ASSOD’ANTAS, baseado nos requisitos do Fairtrade. Para iniciar a caracterização desse
modelo implementado e em funcionamento, considerou-se fundamental a obtenção de dados
relacionados ao perfil dos associados que participaram da pesquisa. Assim, a Figura 27,
apresenta diversas informações sobre a distribuição de idade dos associados entrevistados
durante a pesquisa.
89
DISTRIBUIÇÃO DA IDADE DOS ASSOCIADOS ENTREVISTADOS
11
T este de N ormalidade de A nderson-D arling
10
V alor de P
8
6
6
4
3
3
1
0,452
Idade M édia
D esv io P adrão
N
42,038
7,836
52
Idade M ínima
1º Q uartil
M ediana
3º Q uartil
Idade M áxima
24,000
37,000
43,000
48,000
55,000
Interv alo de C onfiança de 95% para a M édia
24
32
40
48
56
39,857
44,220
Interv alo de C onfiança de 95% para a M ediana
39,006
6,567
46,000
9,718
Inter v alo de C onfiança par a 9 5 %
Média
Mediana
40
42
44
46
FIGURA 27: Distribuição de idade dos associados entrevistados
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Pode-se observar que à esquerda superior da Figura 27 encontra-se uma curva de distribuição
normal sobre um histograma de distribuição de idade dos entrevistados. Pode-se assegurar que
realmente trata-se de uma curva de distribuição normal, uma vez que o valor de “P” para o
teste de normalidade via método de Anderson-Darling foi de 0,452 (direita superior da Figura
27), maior que 0,005 preconizado pelo próprio método, para que um conjunto de dados seja
considerado com distribuição normal e possa ser analisado como tal, por meio de ferramentas
paramétricas.
Assim, verifica-se pelo histograma da Figura 27 que, dentre os 52 entrevistados cuja idade
média foi de 42 anos, a maioria (35 ou 67,3%) deles apresenta idade na faixa de 36 a 48 anos.
Isso demonstra que esses agricultores participantes da ASSOD’ANTAS possuem idade
vigorosa para o desenvolvimento do seu negócio Fairtrade em longo prazo, e podem
contribuir significativamente na busca da excelência contínua do modelo de gestão proposto
pela associação, mediante os critérios da certificadora (IFTA/FLO).
É importante comentar que a mediana de 43 anos de idade pouco difere do valor encontrado
para a idade média de 42 anos e talvez seja mais indicada para representar a idade desse grupo
de associados. Essa diferença se deve ao fato da média considerar todos os valores de idade
dos 52 entrevistados para o seu cálculo, enquanto a mediana considera somente os valores do
vigésimo sexto e vigésimo sétimo associado ordenados em rol para o seu cálculo. Isso
significa que a mediana despreza e não sofre interferência dos valores extremos de idade,
90
como por exemplo, das idades 24 e 56 anos, respectivamente, que interferem no valor da
média como qualquer valor, mas não na mediana.
A Figura 28 ilustra os resultados simplificados da distribuição de idade estratificados para o
sexo masculino e feminino.
DISTRIBUIÇÃO DE IDADE POR SEXO
Média Desvio N
39,25
10,72 4
42,27
7,654 48
16
24
SEXO
F
M
32
40
IDA DE
48
56
64
FIGURA 28: Distribuição de idade por sexo
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Os resultados na Figura 28 demonstram que a maioria dos associados é do sexo masculino,
composto por 48 representantes (ou 92,3%), enquanto o sexo feminino corresponde a apenas
4 integrantes (7,7%). É pertinente relatar que houve grande variação na idade entre o sexo
feminino com idade mínima de 27 anos, idade máxima de 52 anos e idade média de 39,25
anos (mediana 39 anos). Muito embora a representatividade feminina ainda seja pequena em
termos quantitativos, é importante ressaltar a efetiva participação das mulheres agricultoras
nesta associação, de modo a contribuir para gestão agrícola do produto café no modelo
Fairtrade.
Por sua vez, os resultados obtidos para os 48 entrevistados do sexo masculino foram muito
similares (idade mínima de 24 anos, idade máxima de 55 anos; idade média de 42,3 anos e
mediana de 43 anos) aos resultados apresentados na Figura 28 para todos os 52 entrevistados,
dispensando comentários adicionais.
91
Outro fator inerente à definição do perfil dos associados é a escolaridade. A Figura 29 mostra
a distribuição da escolaridade para os associados em porcentagens subdivididas por sexo, para
uma melhor visualização dos valores para cada categoria.
(%)
ESCOLARIDADE DOS ASSOCIADOS EM (%)
Masculino; E.M.C;
9,615
Masculino; E.F.C;
Feminino; E.M.C;
46,154
3,846
Feminino; E.F.C; 0
Masculino; E.S.C;
Masculino; E.F.I;
1,923
32,692
Feminino; E.S.C;
Feminino; E.F.I;
1,923
1,923
Feminino
Masculino; P.G.C;
1,923
Feminino; P.G.C; 0
Masculino
FIGURA 29: Escolaridade dos associados em (%) por sexo
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
É notório observar que a grande maioria dos associados pesquisados (78,9%) possui Ensino
Fundamental Completo (E.F.C) ou Ensino Fundamental Incompleto (E.F.I), correspondentes
a 46,2% e 32,7%, respectivamente. A porcentagem dos associados que possuem Ensino
Médio Completo (E.M.C) corresponde a 13,4%, enquanto 3,8% possuem Ensino Superior
Completo (E.S.C) e somente 1,9% Pós Graduação Completo (P.G.C). É importante frisar que
não foram identificados associados vinculados às categorias de Ensino Médio Incompleto
(E.M.I), Ensino Superior Incompleto (E.S.I) e Pós Graduação Incompleta (P.G.I), e
naturalmente, foram suprimidos na Figura 29.
Em síntese é possível perceber que a grande maioria dos associados possui certo grau de
estudo, fato relevante para justificar os investimentos em treinamento, capacitação e
desenvolvimento profissional para esses associados, de modo a possibilitar a disponibilização
e a assimilação de conhecimentos que possam ser revertidos em melhorias no modelo de
gestão Fairtrade vigente na ASSOD’ANTAS.
Para oferecer subsídios adicionais ao entendimento do perfil dos associados participantes da
92
pesquisa, foi realizado o cruzamento da variável escolaridade em função da idade. A Figura
30 ilustra as curvas de distribuição normal, criadas a partir do número de associados
existentes em cada categoria de escolaridade. Mostra os valores da idade média dos
associados e seus respectivos desvios padrão (valores que representam a variação da idade
para mais e para menos a partir da média – usar a variação média +/– 2 desvios padrão obtémse um intervalo de confiança para a média equivalente a 95% de probabilidade de que média
verdadeira esteja nesse intervalo).
ESCOLARIDADE EM FUNÇÃO DA IDADE
7
ESCOLA RIDA DE
E.F .C
E.F.I
E.M.C
E.S.C
P.G.C
NÚMERO DE ASSOCIADOS
6
5
Desvio
Média Padrão N
43,29
5,812 24
44,17
8,959 18
35,29
5,908 7
29,5
3,536 2
*
*
1
4
3
2
1
0
24
32
40
48
56
64
IDA DE
FIGURA 30: Escolaridade dos associados em função da idade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Claramente pode-se extrair da Figura 30 que os associados na classe E.F.C e E.F.I possuem
idade média entre 43 e 44 anos, enquanto os associados com maior nível de estudo são mais
jovens com idade média de 35 anos para a categoria E.M.C e 30 anos para E.S.C. Nota-se
também que não foi possível traçar uma curva de distribuição normal e determinar as demais
informações para a categoria P.G.C, composta por único associado do sexo masculino com 46
anos de idade.
Para facilitar o entendimento mais apurado da escolaridade em função da idade, optou-se por
separar as curvas de distribuição normal da Figura 30, em curvas individuais de escolaridade,
acrescidas de seus respectivos histogramas que representam o número de associados em cada
categoria em função da idade (Figura 31).
93
DISTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE EM FUNÇÃO DA IDADE
24
32
E.F.C
40
48
56
64
E.F.I
E.M.C
8
7
NÚMERO DE ASSOCIADOS
6
5
4
3
2
1
E.S.C
P.G.C
8
7
24
32
40
48
56
64
0
IDADE
6
5
4
3
2
1
0
24
32
40
48
56
64
FIGURA 31: Escolaridade dos associados em função da idade por curvas individuais
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Para a categoria E.F.C (Figura 31), 83,3% dos associados (20 dos 24 nessa categoria)
possuem idade entre 34 e 50 anos de idade, enquanto que para a categoria E.F.I nessa mesma
faixa de idade, encontram-se 50% dos associados (9 dos 18 nessa categoria). Ainda
considerando-se a categoria E.F.I, chama a atenção o fato de que 38,9% dos associados (7 dos
18 nessa categoria) possuem idade na faixa de 50 a 58 anos de idade. Essas informações
permitem inferir que 32 associados correspondentes a 61,5% do total, possuem idade igual ou
superior a 34 anos de idade e nível de ensino E.F.C ou E.F.I. Essa constatação permite inferir
que não houve uma tendência da maioria dos associados entrevistados em dar continuidade
aos estudos, mas por outro lado, não oferece subsídios suficientes para a identificação das
possíveis causas que levaram os associados a interromper os estudos precocemente.
Para complementar as informações relacionadas ao perfil dos associados entrevistados,
considerou-se importante estudar os aspectos que envolvem a participação de familiares nas
atividades inerentes às propriedades rurais cooperadas. A Figura 32 demonstra um sumário
estatístico para os familiares trabalhadores.
94
FAMILIARES QUE TRABALHAM NA PROPRIEDADE
Teste de N ormalidade de A ndreson-D arling
20
V alor de P <
14
13
5
1
2
3
0,005
M édia
D esv io
N
2,1731
0,9439
52
M ínimo
1º Q uartil
M ediana
3º Q uartil
M áximo
1,0000
1,0000
2,0000
3,0000
4,0000
Interv alo de C onfiança de 95% para a M édia
4
1,9103
2,4359
Interv alo de C onfiança de 95% P ara a M ediana
2,0000
2,0000
Inter v alos de C onfiança a 9 5 %
Média
Mediana
1,9
2,0
2,1
2,2
2,3
2,4
2,5
FIGURA 32: Familiares que trabalham nas propriedades
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Uma simples verificação à direita superior da Figura 33 permite constatar que a distribuição
para o número de familiares que trabalham em suas propriedades não é normal, uma vez que o
valor de “P” é menor que 0,005, segundo o teste de probabilidade de Anderson Darling para
distribuições. O uso do referido teste isoladamente (Figura 33), ratifica que na verdade o
número de familiares que trabalham nas propriedades representa um conjunto de dados
discretos não normais, e, portanto, não é pertinente tratá-los com base nos testes estatísticos
paramétricos.
TESTE DE PROBABILIDADE DE NORMALIDADE PARA DISTRIBUIÇÕES
ANDERSON-DARLING
99
95
90
Média
Desv io
N
Valor de P
2,173
0,9439
52
<0,005
PERCENTIS
80
70
60
50
40
30
20
10
5
1
0
1
2
3
NÚMERO DE TRABA LHA DORES
4
FIGURA 33: Teste de probabilidade de Anderson-Darling para dados
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
5
95
Assim, para encontrar uma medida de tendência central aceita que possa representar o número
de familiares que trabalham em suas propriedades (uma vez que a média não pode ser
utilizada), optou-se pelo teste não paramétrico de Kruskal-Wallis capaz de determinar a
mediana para um conjunto de dados de forma estratificada para o sexo masculino e feminino
(Figura 34), considerando que essas variáveis são mutuamente independentes.
Teste de Kruskal-Wallis: Trabalhadores na família por Sexo
Teste de Kruskal-Wallis
SEXO
F
M
Global
H = 0,80
H = 0,88
N
4
48
52
Mediana
3,000
2,000
2,000
DF = 1
DF = 1
Posição Média
33,0
26,0
26,5
P = 0,372
P = 0,349
Z
0,89
-0,89
(ajustado para as relações)
* NOTA * Uma ou mais amostras pequenas
FIGURA 34: Teste Kruskal Wallis para a comparação de medianas de duas amostras
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Com base nos resultados da Figura 34, o valor de “P” é 0,349 maior que 0,05, informação
suficiente de que não há grande certeza em se recusar a hipótese nula e afirmar que as
medianas para as populações do sexo feminino e masculino são diferentes, conforme
preconizado e calculado pelo método (3,0 para feminino e 2,0 para masculino).
Adicionalmente o pequeno número de entrevistadas do sexo feminino (4 associadas) contribui
para a incerteza de rejeição da hipótese nula pelo método (leia a “Nota” na Figura 34).
O teste para a mediana de Mood (Figura 35) confirma os resultados do teste de Kruascal
Wallis, indicando os intervalos de confiança e os quartis para e mediana, além de um valor de
“P” igual a 0,501, mais “forte” que o teste anterior.
Mediante o cenário descrito, considerou-se salvo melhor juízo, que o melhor valor para
representar a amostra total dos 52 entrevistados, é a mediana igual a 2,0, calculada na Figura
35 como “mediana global”.
De qualquer forma, pelo fato da amostra feminina ser formada somente por 4 associadas, é
interessante observar que mesmo assim há uma variação considerável entre elas em relação ao
número de familiares que trabalham em suas propriedades (Figura 36), algo mais comum de
96
acontecer em amostras maiores como a masculina.
Teste para a Mediana de Mood: Trabalhadores na família por SEXO
Chi-quadrado = 0,45
SEXO
F
M
N<=
2
32
N>
2
16
Mediana
3,00
2,00
DF = 1
Q3-Q1
2,75
2,00
P = 0,501
Individual 95,0% CIs
+---------+---------+---------+-----(-------------------*---------)
*
+---------+---------+---------+-----1,0
2,0
3,0
4,0
Mediana global = 2,00
* NOTA * Níveis com < 6 observações possuem confiança < 95,0%
IC com 95,0% para a mediana(F) - mediana(M): (-1,00;2,00)
FIGURA 35: Familiares que trabalham na propriedade por sexo
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Adicionalmente, é possível notar que a maioria dos entrevistados possui pelo menos um
membro (direto) de sua família que trabalha em sua propriedade rural. A representação
gráfica abaixo permite identificar também as porcentagens de famílias que possuem de um a
quatro membros de sua família atuando em sua propriedade. Nesse aspecto, chama a atenção
a significativa porcentagem (38,5%) de famílias que possuem 2 membros ativos em suas
propriedades, fato que reforça a representatividade da mediana igual a 2,0 supra calculada,
para a amostra total de 52 associados.
FAMILIARES QUE TRABALHAM NAS PROPRIEDADES POR SEXO
F
SEXO
SEXO
F
M
M
1
26,9%
2
38,5%
3
25,0%
4
9,6%
% E NÚMERO DE TRABALHADORES POR FAMÍLIA
FIGURA 36: Familiares que trabalham na propriedade por sexo por distribuição normal
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
97
É relevante comentar que o número de familiares trabalhadores nas propriedades dos
associados não necessariamente reflete o tamanho de cada família e nem a quantidade de
pessoas que atuam como colaboradores nas atividades rurais. De qualquer forma, é factível
que o número de familiares ativos na propriedade possa estar relacionado às dimensões da
propriedade de cada associado, que de modo geral, conforme indicou a pesquisa exploratória
em documentos da associação, medem em torno de 10 hectares.
Outro aspecto interessante pode ser observado na Figura 37. Observa-se que 90% das famílias
cujo entrevistado possui maior nível de escolaridade E.M.C (70%), E.S.C (10%) e P.G.C
(10%), possuem um (40%) ou dois (50%) familiares que participam na gestão do seu negócio.
Se somados aos demais níveis de escolaridade, um relevante valor de 65,4% das famílias
possuem um (26,9%) ou dois (38,5%) membros atuantes.
FAMILIA RES QUE TRABA LHA M NAS PROPRIEDADES POR SEXO E ESCOLARIDADE
F
NÚMERO DE TRABALHADORES POR FAMÍLIA
E.F.C
M
E.F.I
E.M.C
4
3
2
1
E.S.C
P.G.C
4
F
M
3
2
1
F
M
SEXO E ESCOLA RIDADE
FIGURA 37: Familiares que trabalham nas propriedades por sexo e escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Esses resultados associados ao fato da pesquisa não ter se aprofundado nas características
específicas de cada família, indicam que não há subsídios suficientes para se vincular um
possível tamanho menor das famílias devido ao maior nível de escolaridade, nem a
priorização dos estudos em desabono da participação de membros das famílias nas atividades
rurais.
98
Para finalizar as informações julgadas como fundamentais nessa dissertação para caracterizar
o perfil dos associados envolvidos na pesquisa, procedeu-se com um estudo para se
determinar se havia correlação entre o número de familiares colaboradores com o negócio e a
idade dos entrevistados. Para tanto, optou-se por utilizar um gráfico conhecido como
“DotPlot”, capaz de efetuar a distribuição do número de familiares em função da idade e ao
mesmo tempo indicar a mediana dessas variáveis (Figura 38).
As informações oferecidas pela Figura 38 indicam que há muita dispersão para o número de
familiares ao longo das diversas idades, evidenciando o baixo nível de correlação entre essas
variáveis. Essa afirmação foi constatada pelo teste de regressão linear que apresentou um
coeficiente de correlação de 5,8% ou R = 0,058, ou seja, somente 5,8% dos dados poderiam
ser explicados pela equação gerada pelo próprio método: “Nº de familiares = 0,9563 +
0,02895 x idade”. Adicionalmente, o valor de “P” igual 0,086 pouco superior a 0,05
preconizado pelo método, ratifica a decisão em descartar com segurança a possibilidade de
correlação entre essas variáveis. Os testes de regressão polinomial (quadrática com R = 0,15 e
P = 0,018; e cúbica com R = 0,17 e P = 0,030) também não são resultados satisfatórios para
estabelecer uma correlação confiável para as variáveis analisadas.
NÚMERO DE TRABALHADORES POR FAMÍLIA
FAMILIARES QUE TRABALHAM NAS PROPRIEDADES POR IDADE
4
3
2
1
25
30
35
40
45
IDA DE DOS PESQUISA DOS
50
55
FIGURA 38: Familiares que trabalham nas propriedades por idade dos pesquisados
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Mediante o cenário amplamente explorado por meio de técnicas estatísticas para análise de
uma ou mais de variáveis de forma individual ou cruzada, pode-se concluir que foi
99
estabelecido um conjunto de informações suficientes para traçar o perfil dos associados
participantes da pesquisa.
Resumidamente pode-se inferir que o associado típico é do sexo masculino, possui no
máximo nível de escolaridade E.F.C, idade entre 36 e 48 anos representado por uma idade
média de 42 anos e possui em sua maioria 2 pessoas de sua família trabalhando em sua
propriedade.
4.2.2 Análise dos temas e perguntas utilizados nos questionários da pesquisa
Esse capítulo tem por finalidade apresentar e discutir os resultados obtidos para os temas e
suas respectivas categorias, subcategorias e unidades de contexto, ilustradas no Quadro 3, por
meio da aplicação do questionário de pesquisa elaborado especificamente para esse trabalho.
4.2.2.1 Análise de confiabilidade do questionário utilizado na pesquisa
Para investigar a existência de confiabilidade e ou correlação entre as perguntas elaboradas
para cada tema específico Quadro 4, optou-se por utilizar uma ferramenta estatística
denominada “Análise de Itens”. Essa ferramenta se baseia na análise dos coeficientes de
correlação de Pearson e no valor numérico da variável alfa calculada pelo método de
Cronbach, como uma medida da consistência interna sobre o quanto o questionário (ou as
perguntas que o compõe) é delineado de forma confiável para medir o mesmo constructo ou
tema. É a ferramenta estatística mais usada para medir a confiabilidade de um questionário.
De forma aplicada a essa dissertação, significa dizer o quanto cada uma das questões
elaboradas para cada tema é confiável e de que forma estão correlacionadas entre si, de modo
a responder satisfatoriamente o tema ao qual elas estão vinculadas.
O valor do alfa calculado pelo método de Cronbach varia de zero a um e quanto maiores os
valores tendendo a um, há indicação de maior consistência interna entre os itens que
compõem os temas. O valor histórico utilizado como benchmarking é 0,7 (Maroco& Marques
apudNunnally, 2006), o qual sugere que pelo menos um dos itens mede a mesma estrutura de
questionário, ou seja, o mesmo tema. Contudo, em alguns cenários de investigação das
100
ciências sociais, um alfa de 0,60 é considerado aceitável desde que os resultados obtidos com
esse instrumento sejam interpretados com precaução e tenham em conta o contexto de
computação do índice (Maroco & Marques apud DeVellis, 2006).
Assim, é importante relatar que há ressalvas para diferentes autores sobre o valor de
benchmarking do alfa de Cronbach, geralmente dependente de padrões inerentes à área de
estudo (não encontrados até o momento para esse trabalho em questão) e ao número de itens
ou perguntas consideradas para a construção do questionário.
Para facilitar a interpretação dos resultados obtidos pela aplicação do método acima
mencionado, relembra-se previamente o tema abordado e as respectivas perguntas que o
compõem, para só então abordar os resultados. Para seguir a ordem de apresentação dos temas
contidos no Quadro 3(p.62), optou-se por iniciar pelas questões do grupo 1 ao grupo 4, uma
vez que as questões livres para a caracterização do perfil dos entrevistados foram
consideradas no capítulo 4.2.1.
Grupo 1: Meio de subsistência para o agricultor Fairtrade ASSOD'ANTAS.
1.1. Você, como produtor rural Fairtrade, consegue satisfazer as necessidades mensais de
consumo por intermédio da agricultura de subsistência?
1.2. O aumento de ganhos por meio do comércio justo melhorou a qualidade de vida de
sua família?
1.3. Você conseguiu com a premiação nas vendas do café para o comércio justo investir
na propriedade rural com melhorias em instalações e uso de tecnologia?
1.4. A prática de ações do comércio justo fez com que a fixação na terra e na agricultura
familiar fosse vista como uma oportunidade de negócios?
Os resultados descritivos da “Análise de Itens” para as questões 1.1 a 1.4 podem ser vistos na
Figura 39. Na parte superior situa-se a matriz de correlação de Pearson, indicando os valores
dos coeficientes das correlações entre o cruzamento em pares de todas as variáveis. Os
coeficientes podem variar de –1,0 (correlação negativa) a 1,0 (correlação positiva). Quanto
mais próximo o valor de um coeficiente obtido para um par de variáveis está de 1,0 ou –1,0,
maior a correlação entre essas variáveis.
101
É simples observar que todos os coeficientes na Figura 39 são positivos e, deste modo, podese inferir que há existência de correlação positiva entre todos os pares das variáveis cruzadas.
Verifica-se que a correlação mais forte (0,478) foi apontada para o par formado pelas questões
1.1. e 1.3., enquanto a menor correlação (0,141), pelo par que contém as questões 1.1. e 1.4.
Há também um nível considerável de dispersão para todas as combinações que contribuem
para que os coeficientes de correlação de Pearson não fossem tão altos (Figura 39).
Adicionalmente, há diferenças significativas entre as linhas de tendência para o sexo
masculino frente ao feminino que, embora seja composto por apenas quatro entrevistadas,
aparenta comportamento distinto para as combinações da pergunta 1.1 com as demais e talvez
mereça uma atenção especial por parte da associação em relação à representatividade
feminina. Essas constatações podem ser ratificadas e melhor compreendidas de forma visual,
por meio da avaliação da Figura 39.
Análise de Correlação das Perguntas 1.1 a 1.4
Matriz de Correlações de Pearson
1.2
1.3
1.4
1.1
0,392
0,478
0,141
1.2
1.3
0,389
0,293
0,432
Alfa de Cronbach = 0,6877
Variável
Omitida
1.1
1.2
1.3
1.4
Média
Total
Adjacente
11,212
11,308
11,269
10,750
Desvio
Total
Adjacente
2,181
2,082
2,021
2,440
Correlação
Total dos
Itens
Adjacentes
0,4724
0,4772
0,5883
0,3737
Correlação
Múltipla
Quadrática
0,2906
0,2314
0,3807
0,2180
Alfa de
Cronbach
0,6214
0,6229
0,5383
0,6819
FIGURA 39: Análise de Correlação das Perguntas 1.1. a 1.4
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
No centro da Figura 39 encontra-se o valor de 0,6877 para o alfa de Cronbach. Dadas as
considerações tecidas sobre o valor de referência para o alfa, pode-se inferir que o valor
obtido é muito significativo por estar muito próximo a 0,7 e adequado ao seu propósito de
medir o tema do grupo 1. Essa inferência é reforçada devido às quatro questões (1.1. a 1.4.)
que compõem o questionário englobarem aspectos sociais (para os quais um alfa de 0,6 é
aceitável), e pelo fato de não se ter encontrado referencial de alfa para esse estudo ou
similares. Os valores para o alfa de Cronbach continuam satisfatórios frente aos padrões
sugeridos, mesmo ao se omitir uma das variáveis e calcular o alfa para as demais variáveis
102
conjuntamente. Observe que o valor de alfa de Cronbach à direita da Figura 39 após omitir a
variável 1.4 é igual a 0,6819, muito próximo ao valor global de 0,6877. Isso reforça a ideia de
que a pergunta 1.4 é a que menos contribui para medir o tema em questão, uma vez que a
teoria indica que a variável que mais contribui para o aumento de alfa é justamente a que
talvez não meça de forma similar, como as outras questões medem, tema do grupo 1: “o meio
de subsistência para o agricultor Fairtrade ASSOD'ANTAS”.
Outra informação importante está relacionada ao indicador “correlação total dos itens
adjacentes”. Esse indicador omite uma das variáveis, exatamente aquela citada à esquerda
inferior da Figura 39 e calcula o valor isolado da variável omitida em comparação com as
demais variáveis conjuntamente. Por exemplo, o valor de 0,3737 (menor de todos) para a
variável omitida “1.4” em relação as demais, indica que essa variável pode não ser confiável
para medir o mesmo constructo das variáveis 1.1. a 1.3., isto é, para medir “o meio de
subsistência para o agricultor Fairtrade ASSOD'ANTAS”. Essa constatação é concordante
com o baixo valor do coeficiente de correlação de Pearson para o par 1.1. e 1.4, de 0,141.
Logo, mediante o cenário oferecido pelas Figuras 39 e 40, pode-se julgar que o delineamento
de no mínimo uma das quatro questões (conforme preconiza a teoria) é confiável para se
avaliar o “meio de subsistência para o agricultor Fairtrade ASSOD'ANTAS”.
MATRIZ DE CORRELAÇÃO ENTRE AS PERGUNTAS 1.1 A 1.4 POR SEXO
5
SEXO
F
M
1.2
4
3
2
1
5
1.3
4
3
2
1.4
1
5
4
3
1
2
3
1.1
4
5
1
2
3
1.2
4
5
1
2
3
1.3
FIGURA 40: Matriz Gráfica de Correlação das Perguntas 1.1 a 1.4
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
4
5
103
De qualquer forma, os resultados também sugerem que talvez a questão 1.4 possa ser
reavaliada para a aplicação em estudos futuros de mesma natureza, devido ter sido observado
pela pesquisadora que há certa paridade tanto nos resultados calculados dos coeficientes de
correlação de Pearson para o valor global quanto onde existem itens omitidos para o cálculo
do alfa de Cronbach, quando se confrontam os cenários mostrados pelas Figuras 39 e 40.
Para dar continuidade à análise da confiabilidade do questionário utilizado neste trabalho,
procedeu-se com a avaliação do grupo seguinte.
Grupo 2: Impactos socioeconômicos nas comunidades.
2.1. O aumento de ganhos com o comércio justo beneficiou seu negócio, melhorando a
qualidade de vida de sua família?
2.2. A associação interferiu nas ações dos produtores da região às adequações do
comércio justo?
2.3. O nível de remuneração aos empregados, quando necessária contratação, está de
acordo com o trabalho executado?
2.4. Você está satisfeito com a vinda do comércio justo para com os seus negócios?
Os resultados da “Análise de Itens” para as questões 2.1 a 2.4 são vistos na Figura 41.
Análise de Correlação das Perguntas 2.1 a 2.4
Matriz de Correlações de Pearson
2.2
2.3
2.4
2.1
0,227
0,366
0,408
2.2
2.3
0,284
0,524
0,313
Alfa de Cronbach = 0,6785
Variável
Omitida
2.1
2.2
2.3
2.4
Média
Total
Adjacente
12,615
12,077
12,558
12,077
Desvio
Total
Adjacente
1,932
1,959
1,787
1,802
Correlação
Total dos
Itens
Adjacentes
0,4481
0,4557
0,4168
0,5503
Correlação
Múltipla
Quadrática
0,2300
0,2910
0,1851
0,3687
FIGURA 41: Análise de Correlação das Perguntas 2.1 a 2.4
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Alfa de
Cronbach
0,6218
0,6200
0,6565
0,5512
104
Há evidências consideráveis da existência de correlação positiva para todas as combinações
entre as variáveis 2.1 a 2.2 (vide a Figura 42) e que a melhor correlação de Pearson (0,524)
foi encontrada para o par constituído pelas questões 2.2 e 2.4. No entanto, as dispersões
persistem e justificam os baixos valores de correlação entre as combinações das variáveis, da
mesma forma em que há diferenças mais acentuadas nas linhas de tendência para os sexos
masculino e feminino, entre as combinações da pergunta 2.1 com as demais, além da pergunta
2.3 com 2.4.
Assim, com base no cenário ilustrado pelas Figuras 41 e 42, pode-se julgar que o
delineamento de no mínimo uma das quatro questões (conforme sugere a teoria) é confiável
para se avaliar os “impactos socioeconômicos nas comunidades”.
MATRIZ DE CORRELAÇÃO ENTRE AS PERGUNTAS 2.1 A 2.4 POR SEXO
5
SEXO
F
M
2.2
4
3
2
1
5
2.3
4
3
2
1
2.4
5
4
3
2
1
1
2
3
2.1
4
5
1
2
3
2.2
4
5
1
2
3
2.3
4
5
FIGURA 42: Matriz Gráfica de Correlação das Perguntas 2.1 a 2.4
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
O próximo grupo submetido à avaliação foi o de número três:
Grupo 3: Impacto na gestão dos negócios da empresa agrícola.
3.1) A adequação ao comércio justo contribuiu com melhorias para a gestão da sua
propriedade com ganhos e retornos?
3.2) A busca por novas ideias para a gestão da propriedade, como cursos diversos,
treinamento e/ou reuniões foi de grande importância para melhorar o negócio da sua
propriedade rural?
105
3.3) Houve melhorias significativas no nível de organização da sua propriedade rural?
3.4) A qualidade do produto final, oferecida ao mercado passou a ter uma melhoria
contínua após a adequação ao comércio justo?
Os resultados da “Análise de Itens” para as questões 3.1 a 3.4 podem ser apreciados nas
Figuras 43 e 44.
Análise de Correlação das Perguntas 3.1 a 3.4
Matriz de Correlações de Pearson
3.2
3.3
3.4
3.1
0,508
0,364
0,441
3.2
3.3
0,446
0,615
0,510
Alfa de Cronbach = 0,7804
Variável
Omitida
3.1
3.2
3.3
3.4
Média
Total
Adjacente
13,135
12,788
12,865
12,731
Desvio
Total
Adjacente
1,692
1,661
1,681
1,728
Correlação
Total dos
Itens
Adjacentes
0,5282
0,6538
0,5277
0,6574
Correlação
Múltipla
Quadrática
0,2958
0,4592
0,2990
0,4582
Alfa de
Cronbach
0,7584
0,6915
0,7601
0,6988
FIGURA 43: Análise de Correlação das Perguntas 3.1 a 3.4
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Os resultados descritos na Figura 43 para os coeficientes de correlação de Pearson da mesma
forma que os valores calculados para o alfa de Cronbach global e com supressão de uma
pergunta do grupo 3, podem ser considerados superiores em termos de significância se
comparados aos resultados comentados para os grupos 1 e 2.
O valor do coeficiente de Pearson para o par de perguntas 3.2 e 3.4 atingiu o maior valor até o
momento, de 0,615. É percebida também uma elevação no valor das demais combinações do
grupo 3 frente aos grupos anteriormente analisados. Outro aspecto perceptível na Figura 44
está relacionado à diminuição do nível de dispersão entre o cruzamento das variáveis, além da
grande maioria das avaliações se posicionarem de 3 a 5 pontos na escala Likert. Por outro
lado, ainda se verifica diferenças nas linhas de tendência entre os sexos masculino e feminino
para os pares formados pela pergunta 3.1 e com as demais.
106
MATRIZ DE CORRELAÇÃO ENTRE AS PERGUNTAS 3.1 A 3.4 POR SEXO
5
SEXO
F
M
3.2
4
3
2
1
5
3.3
4
3
2
1
5
3.4
4
3
2
1
1
2
3
3.1
4
5
1
2
3
3.2
4
5
1
2
3
3.3
4
5
FIGURA 44: Matriz Gráfica de Correlação das Perguntas 3.1 a 3.4
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
No que se refere aos valores do alfa de Cronbach, pode-se afirmar que o índice global de
0,7804 é muito significativo frente aos padrões estabelecidos na literatura. Mesmo ao se
omitir uma das perguntas e calcular o alfa de Cronbach, confirma-se que os valores são iguais
ou superiores a 0,7, considerando-se as regras matemáticas de algarismos significativos. Essas
informações embasam a afirmação de que a escolha das questões 3.1 a 3.4 se mostra
pertinente e que no mínimo uma dessas questões é confiável para medir o “impacto na gestão
dos negócios da empresa agrícola”.
Para finalizar o estudo acerca da pertinência ou confiabilidade das questões que compõem o
questionário de pesquisa, avaliou-se o grupo quatro:
Grupo 4: Impactos ambientais.
4.1. Sua propriedade após a certificação Fairtrade passou a ter melhores condições de
limpeza/sanidade, nas áreas de produção?
4.2. O lixo produzido na propriedade recebe seu descarte adequado?
4.3. Existe plano de redução, reutilização e reciclagem de resíduos?
De maneira geral os resultados obtidos para as variáveis 4.1 a 4.3 formadoras dogrupo 4
possuem características similares aos obtidos para os itens dos grupos anteriormente
analisados, mas com algumas particularidades. A Figura 45 traz o sumário descritivo dos
107
resultados sobre os coeficientes de correlação de Pearson e os alfas de Cronbach, enquanto a
Figura 46 traz os gráficos contendo as linhas de tendência dessas variáveis combinadas em
par e segmentadas por sexo.
Análise de Correlação das Perguntas 4.1 a 4.3
Matriz de Correlações de Pearson
4.2
4.3
4.1
0,725
0,300
4.2
0,355
Alfa de Cronbach = 0,6563
Variável
Omitida
4.1
4.2
4.3
Média
Total
Adjacente
7,538
7,558
8,250
Desvio
Total
Adjacente
2,164
1,883
1,792
Correlação
Total dos
Itens
Adjacentes
0,5854
0,5857
0,3570
Correlação
Múltipla
Quadrática
0,5283
0,5470
0,1299
Alfa de
Cronbach
0,5100
0,3990
0,8108
FIGURA 45: Análise de Correlação das Perguntas 4.1 a 4.3
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
O valor do coeficiente de correlação de 0,725 para o par 4.1 a 4.2 é o maior dentre todos os
coeficientes, indicando boa correlação positiva entre essas perguntas apesar da existência de
dispersão considerável observada na Figura 46. Por outro lado, embora tenham apresentado
coeficientes de correlação positivos, os pares formados pela pergunta 4.3 com as perguntas
4.1 e 4.2 foram bem menores, 0,3 e 0,355, respectivamente, e reforçam a ideia de baixa
correlação entre essas variáveis.
Uma particularidade interessante pode ser atribuída ao comportamento quase idêntico das
linhas de tendência estabelecidas para os sexos masculino e feminino, referentes às três
combinações dos itens do grupo 4 (Figura 46). Isso permite inferir que pelo menos no que
tange as perguntas do grupo 4, as respostas para ambos os sexos se mostram mais
convergentes do que nos demais grupos, a despeito da dispersão considerável que ainda
persiste.
A persistência da diferença entre as linhas de tendência para os sexos feminino e masculino
observada na avaliação dos quatro grupos ou temas (em menor escala no grupo 4) pode
significar que realmente as associadas do sexo feminino percebam as questões que envolvem
a associação de maneira diversa do sexo masculino, embora sua representatividade
108
quantitativa seja muito inferior à masculina. Sugere-se que atenção especial seja conferida
pela associação a esse grupo diminuto, mas de relevante importância para o modelo de gestão
Fairtrade da ASSOD'ANTAS.
MATRIZ DE CORRELAÇÃO ENTRE AS PERGUNTAS 4.1 A 4.3 POR SEXO
5
SEXO
F
M
4.2
4
3
2
1
5
4.3
4
3
2
1
1
2
3
4.1
4
5
1
2
3
4.2
4
5
FIGURA 46: Matriz Gráfica de Correlação das Perguntas 4.1 a 4.3
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Quanto ao valor do alfa de Cronbach, pode-se dizer que o valor global de 0,6563 é
suficientemente aceitável para julgar que no mínimo uma das questões escolhidas para o tema
4 são confiáveis para medir o mesmo constructo, ou seja, os “impactos ambientais”. No
entanto, cabe uma ressalva no sentido de observar o alto valor (maior entre todos) de 0,8108
obtido ao se omitir a pergunta 4.3.
Esse impacto no aumento causado pela omissão da pergunta 4.3 significa que possivelmente
essa questão não esteja adequada para medir os “impactos ambientais”(essa discordância se
concerne devido a não realização de programas de reciclagem, redução e reutilização em cada
propriedade e sim de modo coletivo) da mesma forma que as perguntas 4.1 e especialmente a
pergunta 4.2, que derruba vertiginosamente o alfa de Cronbach para 0,3990 (muito inferior a
qualquer padrão de referência), mostrando sua confiabilidade para a composição do
questionário. Essas constatações são ratificadas pelo baixo valor de 0,357 para o coeficiente
de correlação total das variáveis adjacentes ao se omitir a pergunta 4.3, valor inferior aos
valores dos outros dois coeficientes muito similares em torno de 0,585.
109
De toda maneira, com base nas informações acima e de forma conclusiva é factível considerar
que pelo menos uma das três questões elaboradas para o grupo 4.1 a 4.3 é confiável para
medir “os impactos ambientais”, com tendência a sugerir uma reavaliação da questão 4.3 para
a aplicação do questionário em trabalhos futuros.
Para concluir esse capítulo, pode-se afirmar com segurança com base na discussão dos
resultados que o questionário elaborado se mostra adequado ao propósito de medir os quatro
grupos ou temas que o compõem, e que no mínimo uma das perguntas para cada grupo ou
tema é confiável para medir o mesmo constructo.
4.2.2.2 Análise da existência de correlação entre as perguntas por escolaridade
Esse capítulo teve por finalidade abordar os aspectos qualitativos relacionados à existência de
correlação entre as questões que formam os grupos 1 a 4, de forma segmentada por nível de
escolaridade. Optou-se por realizar um estudo qualitativo por meio da utilização de gráficos
mais facilmente interpretados, ao invés de um estudo quantitativo para a determinação dos
coeficientes de correlação entre as perguntas e os níveis de escolaridades. Essa escolha faz
sentido ao se considerar que uma detalhada análise quantitativa por meio de ferramentas
estatísticas descritivas será realizada no capítulo 4.2.3 de forma global e também cruzada,
suficiente para o entendimento dos aspectos importantes dessa pesquisa.
As Figuras 47 a 48 exibem o comportamento existente entre o cruzamento das perguntas em
pares, estratificadas pela escolaridade. Na Figura 47 pode-se identificar que a grande maioria
dos cruzamentos entre as perguntas do grupo 1, apresentam correlação positiva
independentemente do nível de escolaridade. De maneira geral, estatisticamente isso indica
que há uma probabilidade (embora não calculada, mas certamente pequena devido ao nível de
dispersão existente), associada ao fato de que o aumento da nota na escala Likert em uma
pergunta, implica diretamente no aumento da nota da outra pergunta que forma o par.
Naturalmente, há que se considerar algumas particularidades. Há uma tendência para os
entrevistados com nível de escolaridade E.S.C, em divergir do comportamento geral dos
demais níveis cujas correlações praticamente em sua totalidade são positivas. Aponta para
uma correlação negativa (em duas oportunidades) ou inexistência de correlação (em três
110
oportunidades), frente a somente uma indicação de correlação positiva. O comportamento
desses entrevistados pode sugerir que o significado das questões e do tema “meio de
subsistência para o agricultor Fairtrade ASSOD'ANTAS” abordados no questionário de
pesquisa, é percebido de maneira distinta dos demais entrevistados e talvez mereça maior
apreciação por parte da associação.
MA TRIZ DE CORRELAÇÃ O ENTRE AS PERGUNTA S 1.1 A 1.4 POR ESCOLARIDADE
5
ESCOLA RIDA DE
E.F.C
E.F.I
E.M.C
E.S.C
P.G.C
1.2
4
3
2
1
5
1.3
4
3
2
1
5
1.4
4
3
2
1
1
2
3
1.1
4
5
1
2
3
1.2
4
5
1
2
3
1.3
4
5
FIGURA 47: Matriz de Correlação entre as Perguntas 1.1 a 1.4 por escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Acredita-se que análise similar não deva ser estendida à inexistência de correlação no
cruzamento das perguntas 1.1 e 1.2, e nem à correlação negativa obtida para o par formado
pelas perguntas 1.1 e 1.4, que surgem possivelmente como fatos isolados e não uma tendência
geral para os níveis de escolaridade envolvidos, E.F.I e E.F.C, respectivamente.
Novamente as observações supracitadas sobre o comportamento dos entrevistados E.S.C
chamam a atenção na Figura 48. Dos seis cruzamentos possíveis entre as perguntas do grupo
2, em quatro oportunidades a linha de tendência foi negativa e em duas positivas, frente a
ampla tendência positiva para os demais níveis de escolaridade (exceto para o cruzamento
isolado de 2.1 e 2.2 para o nível E.F.C). Esse relato corrobora com a afirmação anterior de
que os entrevistados desse grupo possivelmente observem os assuntos de associação de
maneira distinta dos demais (nesse caso específico, o tema “impactos socioeconômicos nas
comunidades”).
111
MA TRIZ DE CORRELAÇÃ O ENTRE AS PERGUNTA S 2.1 A 2.4 POR ESCOLARIDADE
ESCOLA RIDA DE
E.F.C
E.F.I
E.M.C
E.S.C
P.G.C
2.2
5
4
3
2
1
5
2.3
4
3
2
1
2.4
5
4
3
2
1
1
2
3
2.1
4
5
1
2
3
2.2
4
5
1
2
3
2.3
4
5
FIGURA 48: Matriz de Correlação entre as Perguntas 2.1 a 2.4 por escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
De forma análoga, as Figuras 49 e 50 repetem o comportamento diverso das linhas de
tendência para os entrevistados com nível de escolaridade E.S.C, em relação aos demais
níveis. Das seis combinações possíveis entre as perguntas do grupo 3 ilustradas na Figura 45,
três delas apresentam ausência de correlação e as outras três mostram uma correlação
negativa, ao contrário da maioria que possui correlação positiva. Isso sugere uma percepção
particular do nível E.S.C sobre o tema “impacto na gestão dos negócios da empresa agrícola”.
Ou fator interessante observável na Figura 49 está relacionado à grande maioria das
pontuações, que são atribuídas entre 3 e 5 na escala Likert, independentemente do nível de
escolaridade. Esse fator indica um melhor nível de satisfação ou concordância dos associados
em relação ao tema “impacto na gestão dos negócios”.
Na Figura 50, outra vez o fator destoante da maioria dos entrevistados surge no nível de
escolaridade E.S.C, que apresentou correlação negativa para dois dos três cruzamentos, e
somente uma positiva. Todas as outras combinações de perguntas por nível de escolaridade
tiveram comportamento positivo em suas linhas de tendência, para o tema do grupo 4,
“impactos ambientais”.
112
MA TRIZ DE CORRELAÇÃ O ENTRE AS PERGUNTA S 3.1 A 3.4 POR ESCOLARIDADE
5
ESCOLA RIDA DE
E.F.C
E.F.I
E.M.C
E.S.C
P.G.C
3.2
4
3
2
1
3.3
5
4
3
2
1
5
3.4
4
3
2
1
1
2
3
3.1
4
5
1
2
3
3.2
4
5
1
2
3
3.3
4
5
FIGURA 49: Matriz de Correlação entre as Perguntas 3.1 a 3.4 por escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
MA TRIZ DE CORRELAÇÃ O ENTRE AS PERGUNTA S 4.1 A 4.3 POR ESCOLARIDADE
ESCOLA RIDA DE
E.F.C
E.F.I
E.M.C
E.S.C
P.G.C
4.2
5
4
3
2
1
5
4.3
4
3
2
1
2,5
3,5
4.1
4,5
1
2
3
4.2
4
5
FIGURA 50: Matriz de Correlação entre as Perguntas 4.1 a 4.3 por escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Sem grande esforço, as Figuras 47 a 50 tornam previsível o entendimento de que há
diferenças significativas na forma de interpretação dos entrevistados com nível de
escolaridade E.S.C sobre os temas inerentes aos quatro grupos do questionário, e certamente
merecem consideração especial da associação.
113
4.2.2.3 Análise da existência de correlação entre as perguntas por familiares que
trabalham da propriedade
Da mesma forma e com base nas mesmas explicações tecidas no capítulo 4.2.2.2, esse
capítulo foca o estudo qualitativo da existência de correlação entre as perguntas que compõem
os temas de cada um dos quatro grupos, previamente definidos no Quadro 4. A pertinência no
estudo desse tópico se fundamentou na possibilidade de que um maior número de familiares
exercendo atividades na propriedade da família possa implicar numa ampla discussão familiar
sobre os aspectos da gestão do negócio, e eventualmente, contribuir para uma tendência de
convergência ou divergência de opiniões entre os entrevistados que representam essas
famílias.
Para atender a esse propósito, foram confeccionadas as Figuras 51 a 54. Ao se analisar essas
figuras, claramente é perceptível a existência de correlação positiva para a grande maioria das
combinações entre as perguntas pertencentes aos quatro grupos, objetos de estudo via
questionário de pesquisa. Isso ocorre independentemente do número de membros familiares
que atuam no negócio, salvas algumas exceções que merecem destaque, a saber,
resumidamente. Na Figura 51 há existência de correlação negativa nos pares formados pela
pergunta 1.4 com as perguntas 1.1 e 1.2 (do grupo 1), ambas para a classe de um familiar
atuante na propriedade.
Sem grandes impactos nos resultados globais, na Figura 52 há ausência de correlação entre os
pares criados (do grupo 2) pelas perguntas 2.1 com 2.2 e 2.3, para um e quatro trabalhadores.
Além disso, os pares combinados pelas perguntas 2.1 e 2.2 para quatro membros, além de 2.2
e 2.3 para um membro, geraram correlação levemente negativa.
Chama a atenção na Figura 53, a existência de correlação positiva para todos os pares de
perguntas (do grupo 3) independentemente do número de trabalhadores, além das avaliações
se situarem entre 3 e 5 na escala Likert, para a grande maioria dos casos.
Essa constatação sugere uma considerável convergência de opiniões independentemente do
número de familiares trabalhadores na propriedade, para um maior nível de satisfação ou
concordância dos associados em relação ao tema “impacto na gestão dos negócios da empresa
agrícola”. Essa concentração de notas na faixa de 3 a 5 para o tema 3 também foi evidenciada
nos capítulos anteriores.
114
MATRIZ DE CORRELA ÇÃO ENTRE AS PERGUNTAS 1.1 A 1.4 POR FAMILIARES
5
T RA BA LHA DORES
1
2
3
4
1.2
4
3
2
1
5
1.3
4
3
2
1
5
1.4
4
3
2
1
1
2
3
1.1
4
5
1
2
3
1.2
4
5
1
2
3
1.3
4
5
FIGURA 51: Matriz de Correlação entre as Perguntas 1.1 a 1.4 por nº de familiares
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
MATRIZ DE CORRELA ÇÃO ENTRE AS PERGUNTAS 2.1 A 2.4 POR FAMILIARES
5
T RA BA LHA DORES
1
2
3
4
2.2
4
3
2
1
5
2.3
4
3
2
1
2.4
5
4
3
2
1
1
2
3
2.1
4
5
1
2
3
2.2
4
5
1
2
3
2.3
4
5
FIGURA 52: Matriz de Correlação entre as Perguntas 2.1 a 2.4 por nº de familiares
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Destacam-se na Figura 54 as correlações negativas acentuadas para as combinações da
pergunta 4.3 com as perguntas 4.1 e 4.2, ambas para a incidência de quatro membros da
família nos trabalhos da propriedade. É interessante relembrar que ao se omitir a pergunta 4.3
para o cálculo do alfa de Cronbach das demais variáveis no capítulo 4.4.2.1, o valor obtido foi
de 0,8108 indicando uma provável baixa confiabilidade dessa questão para medir o tema
115
“impactos ambientais”, a despeito das demais questões do grupo 4.
MATRIZ DE CORRELA ÇÃO ENTRE AS PERGUNTAS 3.1 A 3.4 POR FAMILIARES
5
T RA BA LHA DORES
1
2
3
3.2
4
3
4
2
1
5
3.3
4
3
2
1
3.4
5
4
3
2
1
1
2
3
3.1
4
5
1
2
3
3.2
4
5
1
2
3
3.3
4
5
FIGURA 53: Matriz de Correlação entre as Perguntas 3.1 a 3.4 por nº de familiares
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
MATRIZ DE CORRELA ÇÃO ENTRE AS PERGUNTAS 4.1 A 4.3 POR FAMILIARES
T RA BA LHA DORES
1
2
3
4
4.2
5
4
3
2
1
5
4.3
4
3
2
1
1
2
3
4.1
4
5
1
2
3
4.2
4
5
FIGURA 54: Matriz de Correlação entre as Perguntas 4.1 a 4.3 por nº de familiares
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Para finalizar esse capítulo, a macro análise dos resultados globais associada a uma provável
interferência mínima das exceções detectadas sobre estes resultados, permitem inferir que
independentemente do número de familiares que trabalham na propriedade, há uma
116
considerável correlação positiva no cruzamento da maioria das perguntas. Isso significa que
há probabilidade de que o entrevistado ao atribuir um valor na escala Likert para uma
pergunta específica tenderá a atribuir valor similar na outra pergunta que compõe o par, objeto
de análise.
4.2.2.4 Análise da existência de correlação entre as perguntas por idade
Como o próprio título descreve, esse capítulo é dedicado ao estudo da existência de correlação
entre as perguntas que compõem o questionário em função da idade dos entrevistados. Dada a
ampla variação de idade entre os entrevistados na faixa de 24 a 55 anos, inicialmente pensouse na não realização dessa análise imaginando-se que uma miscelânea de tendências ou
ausência delas, agregaria pouco valor ao trabalho de pesquisa objeto dessa dissertação.
No entanto, talvez o leitor pudesse se questionar se haveria a existência de correlações em
função da idade entre os pares de perguntas formados, e ou como seria o comportamento das
linhas de tendência traçadas para as possíveis correlações lineares. Assim, julgou-se relevante
suprimir essa possível necessidade de informações do leitor ao realizar-se esse estudo, para o
qual os resultados explicitados na forma de linhas de tendência são ilustrados nas Figuras 51 a
54, por faixa etária.
Estudos preliminares demonstraram que além da ampla dispersão dos dados ao se considerar
cada uma das idades citadas, ficou evidente que não há muita repetição de idade entre os
entrevistados, ou seja, a maioria dos associados não possui idade igual a de outro associado.
Portanto, foi visível que em grande parte dos casos, determinadas idades eram vinculadas a
somente um entrevistado, indicadas por marcadores isolados, fatos impeditivos para se traçar
uma linha de tendência que necessita obrigatoriamente de no mínimo dois pontos. Logo, para
resolver esse inconveniente, optou-se por agrupar os entrevistados por faixa etária (Figuras 55
a 58).
117
MA TRIZ DE CORRELAÇÃO DAS PERGUNTA S 1.1 A 1.4 POR FA IXA ETÁRIA
5
FA IXA ET Á RIA
(ENT REVIST A DOS)
24 A 30 (05)
31 A 35 (04)
36 A 40 (13)
41 A 45 (10)
46 A 50 (12)
51 A 55 (08)
1.2
4
3
2
1
5
1.3
4
3
2
1
5
1.4
4
3
2
1
1
2
3
1.1
4
5
1
2
3
1.2
4
5
1
2
3
1.3
4
5
FIGURA 55: Matriz de Correlação entre as Perguntas 1.1 a 1.4 por faixa etária
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Desta maneira, as linhas de tendência foram formadas por respostas de no mínimo quatro
entrevistados que responderam as perguntas utilizadas para o cruzamento (observe o número
de entrevistados entre parêntesis na legenda das Figuras 55 a 58).
MA TRIZ DE CORRELAÇÃO DAS PERGUNTA S 2.1 A 2.4 POR FA IXA ETÁRIA
FA IXA ET Á RIA
(ENT REVIST A DOS)
24 A 30 (05)
31 A 35 (04)
36 A 40 (13)
41 A 45 (10)
46 A 50 (12)
51 A 55 (08)
2.2
5
4
3
2
1
5
2.3
4
3
2
1
5
2.4
4
3
2
1
1
2
3
2.1
4
5
1
2
3
2.2
4
5
1
2
3
2.3
4
5
FIGURA 56: Matriz de Correlação entre as Perguntas 2.1 a 2.4 por faixa etária
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
Mesmo após o agrupamento por faixa etária, os resultados confirmam as explicações
supramencionadas sobre o estudo inicial de que o cruzamento das perguntas em pares dentro
118
de seus respectivos grupos, pouco agregariam em termos de oferta de informações ao trabalho
proposto. Mas, ainda assim, algumas especificidades poderão ser elencadas.
MA TRIZ DE CORRELAÇÃO DAS PERGUNTA S 3.1 A 3.4 POR FA IXA ETÁRIA
5
FA IXA ET Á RIA
(ENT REVIST A DOS)
24 A 30 (05)
31 A 35 (04)
36 A 40 (13)
41 A 45 (10)
46 A 50 (12)
51 A 55 (08)
3.2
4
3
2
1
5
3.3
4
3
2
1
5
3.4
4
3
2
1
1
2
3
3.1
4
5
1
2
3
3.2
4
5
1
2
3
3.3
4
5
FIGURA 57: Matriz de Correlação entre as Perguntas 3.1 a 3.4 por faixa etária
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
MA TRIZ DE CORRELAÇÃO DAS PERGUNTA S 4.1 A 4.3 POR FA IXA ETÁRIA
FA IXA ET Á RIA
(ENT REVIST A DOS)
24 A 30 (05)
31 A 35 (04)
36 A 40 (13)
41 A 45 (10)
46 A 50 (12)
51 A 55 (08)
5
4.2
4
3
2
1
5
4.3
4
3
2
1
1
2
3
4.1
4
5
1
2
3
4.2
4
5
FIGURA 58: Matriz de Correlação entre as Perguntas 4.1 a 4.3 por faixa etária
Fonte: Elaborado pela autora, 2014.
A grande maioria das linhas de tendência geradas apresenta direção positiva. Isso significa
estatisticamente que um entrevistado de determinada faixa etária ao atribuir uma nota na
119
escala Likert para uma combinação de perguntas, seja acompanhado por outro(s)
entrevistado(s) da mesma faixa etária que tenderá(ão) a atribuir notas similares para o mesmo
par de perguntas, gerando a linha de tendência.
Conforme mencionado nos capítulos anteriores, o fenômeno de concentração de notas de 3 a 5
na escala Likert para os cruzamentos do grupo 3 também se repete neste capítulo. Isso
colabora no sentido de entender que há indicação de um maior nível de concordância dos
entrevistados em relação às perguntas, independentemente da faixa etária, relacionadas ao
tema “impacto na gestão dos negócios da empresa agrícola.”
Para finalizar esse capítulo, pode-se destacar que parte considerável das correlações negativas
ou ausência de correlações, surgem nas Figuras 55, 57 e 58 exatamente para a faixa etária de
31 a 35 anos de idade. As correlações negativas mais acentuadas para essa faixa etária foram
encontradas no grupo 4, entre os pares envolvendo exatamente a pergunta 4.3 associada as
perguntas 4.1 e 4.2. Enfatiza-se que a pergunta 4.3 foi citada anteriormente em outras
oportunidades como passível de reformulação ou eliminação do questionário por apresentar
alfa de Cronbach alto (0,8108), ao ser omitido nessa análise, sugerindo baixa confiabilidade
em medir o mesmo constructo (impactos ambientais), que as demais perguntas do mesmo
grupo.
4.2.3 Análise do nível de concordância dos associados sobre os temas da pesquisa
No capítulo 4.2.2.1 foi realizada uma ampla discussão acerca dos resultados para analisar a
pertinência das questões estruturantes do questionário elaborado para essa pesquisa.
Adicionalmente, nos capítulos 4.2.2.2 a 4.2.2.4 realizou-se um amplo estudo na busca de
estabelecer correlações qualitativas entre os pares de perguntas que compõem os quatro
diferentes temas estruturantes do questionário de pesquisa, estratificados por sexo,
escolaridade e idade.
Com base nestes estudos, considerou-se que as informações obtidas são suficientes para
afirmar que: (1) há existência considerável de correlação entre as perguntas que compõem o
questionário, de forma isolada ou combinadas em pares; (2) há grande probabilidade de que o
questionário de pesquisa seja confiável para medir o nível de satisfação ou concordância dos
associados em relação aos temas dos grupos 1 a 4.
120
Optou-se então neste capítulo, proceder com a aplicação de ferramentas da estatística
descritiva para medir o nível de concordância dos associados para os quatro diferentes temas
abordados pelo questionário, sobre as implicações do modelo de gestão Fairtrade da
ASSOD’ANTAS. A ideia, na medida do possível, foi proceder com a análise conjunta das
perguntas dentro de um mesmo grupo, de modo a se chegar a uma única medida
representativa do “nível” de satisfação em relação a cada um dos temas, por considerar que as
perguntas medem o mesmo constructo em seu grupo de origem.
O primeiro passo foi buscar ferramentas estatísticas adequadas para o tratamento dos dados
visando o teste individual da normalidade das questões 1.1 a 4.3, e posterior análise conjunta
das perguntas. Sabe-se que a escala Likert é composta por valores discretos de 1 a 5 e,
portanto, justificável de se suspeitar que dificilmente as respostas para essas perguntas
apresentariam uma distribuição normal. A aplicação do teste de Anderson-Darling confirmou
a expectativa descrita de que nenhuma das questões possui distribuição normal. Isto significa
que valor de “P” foi inferior a 0,005 para todos os casos, indicando a não-normalidade.
Considerou-se desnecessário ilustrar os resultados (similares) para todas as perguntas e optouse então, por apresentar somente o resultado do referido teste apenas para a pergunta 1.1
(Figura 59).
TESTE DE NORMALIDADE PARA A PERGUNTA 1,1
ANDERSON-DARLING
% DE RESPOSTAS NA ESCALA LIKERT
99
95
90
Média
Desv io
N
P-Value
3,635
0,9707
52
<0,005
80
70
60
50
40
30
20
10
5
1
1
2
3
4
ESCALA LIKERT - PERGUNTA 1.1
5
FIGURA 59: Teste de normalidade de Anderson-Darling para a perguntas 1.1
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
6
121
A identificação de que as perguntas 1.1 a 4.3 não seguem uma distribuição normal implica na
não utilização de ferramentas estatísticas denominadas “paramétricas”, sob pena de
interpretações errôneas. Isso quer dizer que não faz sentido, por exemplo, comparar as médias
aritméticas e seus respectivos desvios padrões entre perguntas de um mesmo grupo, por não
se ter conhecimento se elas seguem (ou não) uma mesma distribuição e ou qual o tipo dessa
distribuição (só se sabe que elas não possuem distribuição normal). As declarações acima não
implicam em dizer que as médias e os desvios não possam ser calculados, mas que ao serem
comparados entre si por testes paramétricos para amostras poderão conduzir a análises
imprecisas. Os testes paramétricos assumem que a distribuição de probabilidade da população
amostrada seja conhecida e que apenas os valores de certos parâmetros como a média e o
desvio padrão, sejam desconhecidos.
Se os dados não satisfazem as suposições assumidas pelas técnicas paramétricas tradicionais,
métodos não paramétricos de inferência estatística devem usados, uma vez que assumem
pouca ou nenhuma hipótese sobre a distribuição de probabilidade da população amostrada. O
segredo para avaliar amostras em uma estrutura não-paramétrica é comparar as observações
com base em seus postos ou posições (ranks) assumidas no interior de uma amostra em ordem
crescente (rol). O Quadro 5 mostra os testes alternativos não paramétricos em substituição aos
procedimentos paramétricos conhecidos (Portal Action, 2013).
Quadro 5: Testes paramétricos e não-paramétricos
Paramétricos
Coeficiente de Pearson para Correlação
Teste-t1 Amostra
Teste-t Pareado
Teste-t2 Amostras
ANOVA
ANOVA experimento fatorial em blocos
Não-Paramétricos
Coeficiente de Spearman para Correlação
Teste de Wilcoxon1 Amostra
Teste de Wilcoxon Pareado
Teste de Wilcoxon-Mann-Whitney Amostras
Independentes
Teste de Kruskal-Wallis
Teste de Friedman
Fonte: Portal Action, 2013.
Ao se considerar que a investigação e os comentários sobre a condição de normalidade das
perguntas 1.1 a 4.3 foram suficientemente explorados, optou-se por realizar um sumário
estatístico com base nos testes de estatística descritiva em função do sexo e da escolaridade do
entrevistado. Esses testes apresentados no capítulo 4.2.3.1 permitirão ao leitor observar o
comportamento individual das perguntas graficamente e por meio de medidas de posição
122
como a média e a mediana e, naturalmente, formar uma opinião sobre o nível de concordância
dos entrevistados. Entretanto, não se procedeu com a realização de qualquer análise
paramétrica para a comparação dos resultados entre as perguntas de um mesmo grupo.
Para aferir o nível de concordância dos entrevistados em relação a cada um dos quatro temas
pertencentes ao questionário e proceder com a análise comparativa entre as perguntas, optouse por métodos não-paramétricos adequados para a realização de inferência estatística em
amostras cuja distribuição é indiferente, mostrados no capítulo 4.2.3.2.
4.2.3.1 Testes de estatística descritiva
As Figuras 60 a 63 trazem os “boxplots” e os resultados das medidas de posição (média
aritmética e mediana) individuais e globais para as perguntas 1.1 a 4.3, subdivididas em
quatro grupos conforme o questionário de pesquisa, estratificados por sexo. Essa ferramenta
estatística permite estimar e comparar a distribuição de diferentes amostras, nesse caso,
representadas pelas respostas das perguntas 1.1 a 4.3, subdivididas em seus respectivos
grupos.
Os resultados na Figura 60 indicam que para o sexo feminino, os valores da escala Likert para
as perguntas 1.1 a 1.4 se distribuíram na faixa de 3 a 5, indicando um resultado do grupo de
3,8 para a média e 4,0 para a mediana, adequadas para representar esse grupo para o estrato
feminino.
Quanto à distribuição para o sexo masculino, verifica-se uma maior dispersão abrangendo
toda a escala, inclusive com “outliers” (valores discrepantes dos demais representados por
asteriscos para o valor “1”). É notória a interferência desses “outliers” no sentido de diminuir
o valor da média do grupo 1 para 3,7 em comparação com os valores da mediana de 4,0.
Portanto, devido aos “outliers”, pode-se considerar que a mediana do grupo 1 de 4,0 é mais
adequada para representar as perguntas 1.1 a 1.4 para o estrato masculino.
Os valores calculados na Figura 61 para a média e mediana do grupo 2 para as perguntas 2.1 a
2.4 são exatamente os mesmos para os sexos feminino e masculino, ou seja, média de 4,1.
123
BOXPLOT PARA AS PERGUNTAS 1.1 A 1.4 POR SEXO
1.1
1.2
1.3
F
1.4
M
VALORES DA ESCALA LIKERT
5
4
4
3,5
4
3,5
4
4
4
4,10417
4
3,75
3
3,75
3,625
3,5
4
3,54167
3,5625
2
MÉDIA:
1
MÉDIA:
3,8
MEDIANA: 4,0
MEDIANA: 4,0
1.1
1.2
3,7
1.3
1.4
FIGURA 60: Boxplot para as perguntas 1.1 a 1.4 por sexo
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
BOXPLOT PARA AS PERGUNTAS 2.1 A 2.4
2.1
2.2
F
VALORES NA ESCALA DE LIKERT
5
5
4,5
4
4
2.3
2.4
M
5
4,375
4,25
4
4,5
4
4
4
4,35417
3,875
3,83333
3,75
4
3
2
MÉDIA:
4,1
MÉDIA:
4,1
MEDIANA: 4,0
MEDIA NA : 4,0
1
2.1
2.2
2.3
2.4
FIGURA 61: Boxplot para as perguntas 2.1 a 2.4 por sexo
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
No que tange a distribuição de valores na escala Likert, novamente para o sexo feminino a
faixa de variação foi de 3 a 5, enquanto para o sexo masculino houve variação em toda a
escala, inclusive com dois valores discrepantes (outliers) para as perguntas 2.3 e 24, em
relação as respostas para as demais perguntas. Isso pode sugerir que o valor para a mediana do
grupo 2 de 4,0 seja uma escolha acertada para medir o nível de concordância dos
entrevistados desse sexo.
124
De maneira similar aos aspectos elencados nos capítulos anteriores durante as análises das
perguntas 3.1 a 3.4, se repete a concentração de valores na faixa de 3 a 5 na escala Likert, para
ambos os sexos na Figura 62. A ocorrência de dois “outliers” foi observada apenas para as
respostas emitidas pelo sexo masculino, para o valor “2”. Analogamente ao disposto
anteriormente, o valor da mediana do grupo 3 de 4,0 para ambos os sexos pode ser escolhido
para representar a tendência central das respostas para as perguntas 3.1 a 3.4.
BOXPLOT DAS PERGUNTAS 3.1 A 3.4
3.1
3.2
F
5
VALORES NA ESCALA LIKERT
5
4,5
4,25
4
4
3,5
3
3.3
3.4
M
4
4
4
4
5
4,41667
4,3125
4,47917
4
4,08333
3,5
2
MÉDIA :
1
MÉDIA :
3,9
MEDIA NA : 4,0
3.1
4,3
MEDIA NA : 4,0
3.2
3.3
3.4
FIGURA 62: Boxplot para as perguntas 3.1 a 3.4 por sexo
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
BOXPLOT PARA AS PERGUNTAS 4.1 A 4.3
4.1
4.2
F
4.3
M
VALORES NA ESCALA LIKERT
5
4,5
4
4
4,14583
4
4
4
3
3,5
4
4,125
4
3,4375
3,25
2
MÉDIA :
3,8
MÉDIA :
3,9
MEDIA NA : 4,0
MEDIA NA : 4,0
1
4.1
4.2
4.3
FIGURA 63: Boxplot para as perguntas 4.1 a 4.3 por sexo
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
125
A característica que mais chama a atenção na Figura 63 é o nível de deslocamento para baixo
(2 a 4 na escala Likert) da caixa de dispersão da pergunta 4.3 no estrato feminino, e ampla
dispersão dos valores desta mesma pergunta (1 a 5) para o sexo masculino. Estes fatos podem
refletir o baixo nível de confiança obtido para esta variável para medir o mesmo constructo
das demais perguntas (vide a Figura 45 do capítulo 4.2.2.1), ao ser omitida do cálculo e elevar
o valor do alfa de Cronbach para 0,8108. Independentemente desse fato, se pode sugerir a
utilização dos valores da mediana do grupo 4 de 4,0 para representar a tendência das
perguntas 4.1 a 4.3.
Por considerar que as perguntas de um mesmo grupo medem o mesmo constructo, conforme
amplamente discutido em capítulos anteriores, julgou-se que não faz sentido a análise
individual de cada pergunta isoladamente, mas de forma conjunta todas as perguntas dentro
desse mesmo grupo. Portanto, para os cálculos das médias aritméticas apresentadas nas
Figuras 64 a 67, foram somados os valores das respostas de todas as perguntas de um mesmo
grupo estratificado por sexo, e a soma foi dividida pelo total de respostas.
Para o cálculo da mediana, foram agrupados os valores de todas as perguntas de um mesmo
grupo por sexo e procedeu-se com a utilização do método não paramétrico “signtest”, para
calcular o valor das medianas e de seus correspondentes intervalos de confiança a 95%. Os
resultados para a mediada e de outros testes paramétricos são apresentados no capítulo
4.2.3.2.
As Figuras 64 a 67 mostram o comportamento das avaliações efetuadas pelos entrevistados
em relação perguntas estratificadas por escolaridade dentro de um mesmo grupo, além dos
valores para a média aritmética e para a mediana.
Na Figura 64 observa-se significativa inferioridade nos valores da média e da mediana do
grupo 1 para os níveis de escolaridade E.S.C e P.G.C, em relação aos demais níveis. Esse
fenômeno ocorre praticamente em todos os demais grupos analisados e exibidos nas Figuras
64 a 67 (exceto para o nível P.G.C da Figura 67). Isso pode ser explicado pelo fato da amostra
escolhida ser composta por 2 e 1 de entrevistados para os níveis E.S.C e P.G.C,
respectivamente. Disso decorre que não há qualquer sentido em se analisar estatisticamente
amostras tão pequenas e, desse modo, as médias e as medianas para esses níveis de
escolaridade (Figuras 65 a 67), serão consideradas meramente indicativas ao leitor. Não
126
merecerão discussões adicionais, além da constatação de que possuem valores inferiores para
a média e para a mediana em relação aos demais níveis de escolaridade, para todos os quatro
grupos de perguntas.
BOXPLOT PARA AS PERGUNTAS 1.1 A 1.4 POR ESCOLARIDADE
1.1
1.2
E.F.C
1.3
1.4
E.F.I
E.M.C
5
ESCALA DE LIKERT
4
3
MÉDIA :
3,7
MEDIA NA : 4,0
E.S.C
2
MÉDIA :
3,5
MEDIA NA : 4,0
MÉDIA :
3,9
MEDIA NA : 4,0
P.G.C
1.1
5
1.2
1.3
1
1.4
4
3
2
MÉDIA :
3,0
MEDIA NA : 3,0
MÉDIA :
2,8
MEDIA NA : 3,0
1
1.1
1.2
1.3
1.4
FIGURA 64: Boxplot para as perguntas 1.1 a 1.4 por escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
BOXPLOT PARA AS PERGUNTAS 2.1 A 2.4 POR ESCOLARIDADE
2.1
E.F.C
2.2
2.3
2.4
E.F.I
E.M.C
5
ESCALA DE LIKERT
4
3
MÉDIA :
4,1
MEDIA NA : 4,0
MÉDIA :
4,2
MEDIA NA : 4,0
E.S.C
P.G.C
5
2.1
2.2
4
3
2
1
MÉDIA :
3,8
MEDIA NA : 3,5
MÉDIA :
3,0
MEDIA NA : 3,0
2.1
2.2
2.3
2.4
FIGURA 65: Boxplot para as perguntas 2.1 a 2.4 por escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
2
MÉDIA :
4,1
MEDIA NA : 4,0
2.3
1
2.4
127
BOXPLOT PARA AS PERGUNTAS 3.1 A 3.4 POR ESCOLARIDADE
3.1
3.2
E.F.C
3.3
3.4
E.F.I
E.M.C
5
ESCALA DE LIKERT
4
MÉDIA :
4,4
MEDIA NA : 5,0
3
MÉDIA :
4,4
MEDIA NA : 4,0
MÉDIA :
4.3
MEDIA NA : 4,0
2
E.S.C
P.G.C
3.1
5
3.2
3.3
3.4
4
3
MÉDIA :
3,5
MEDIA NA : 3,5
MÉDIA :
3,4
MEDIA NA : 3,0
2
3.1
3.2
3.3
3.4
FIGURA 66: Boxplot para as perguntas 3.1 a 3.4 por escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Por outro lado, é muito pertinente citar que o valor da mediana foi igual a 4,0 para todos os
demais níveis de escolaridade dos grupos de perguntas (exceto para o grupo 3, nível E.F.C
com valor igual a 5,0). Essa uniformidade nos valores da mediana faz sentido se
relembrarmos que essa medida de tendência central não sofre interferência dos valores
extremos, denominados “outliers”, fato que não ocorre com a média.
BOXPLOT PARA AS PERGUNTAS 4.1 A 4.3 POR ESCOLARIDADE
4.1
E.F.C
4.2
4.3
E.F.I
E.M.C
5
ESCALA DE LIKERT
4
3
MÉDIA :
3,8
MEDIA NA : 4,0
MÉDIA :
4.1
MEDIA NA : 4,0
E.S.C
P.G.C
4.1
5
4
3
2
1
MÉDIA :
3,3
MEDIA NA : 3,0
4.1
4.2
MÉDIA :
4,0
MEDIA NA : 4,0
4.3
FIGURA 67: Boxplot para as perguntas 4.1 a 4.3 por escolaridade
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
2
MÉDIA :
3,7
MEDIA NA : 4,0
4.2
1
4.3
128
A implicação dos efeitos dos “outliers” sobre a média fica evidente nas Figuras 64 e 67 onde
os valores variaram de 3,5 a 3,9 (exceto para o nível E.F.I do grupo 4, na Figura 63 com valor
de 4,1), pouco inferiores aos valores de 4,0 para a mediana. Como tendência geral, os
“outliers” contribuíram para diminuir o nível de concordância médio dos entrevistados em
relação aos temas dos grupos 1 e 4.
Por sua vez, os efeitos dos “outliers” sobre os níveis de escolaridade dos grupos 2 e 3
(Figuras 65 e 66), colaboraram para um ligeiro aumento nos valores das médias que variaram
de 4,1 a 4,4, em comparação com a mediana de 4,0. Em contraponto ao caso anterior e como
tendência geral nesse caso, os “outliers” contribuíram para aumentar o nível de concordância
médio dos entrevistados em relação aos temas dos grupos 2 e 3.
Coma base no cenário estabelecido sobre a interferência dos “outliers” nos valores das médias
pode-se inferir que não é o fato de um entrevistado pertencer a um nível específico de
escolaridade, que rege o aumento ou a diminuição do valor das médias das perguntas. Isto é,
quando a tendência é a diminuição ou o aumento dos valores das médias em relação às
medianas em um mesmo grupo de perguntas, isso ocorre independentemente do nível de
escolaridade dos entrevistados para todos os três níveis considerados (E.F.C, E.F.I e E.M.C).
Para finalizar a discussão sobre as respostas às perguntas em função do nível de escolaridade,
sugere-se que estatisticamente o valor da mediana igual a 4,0 (indicação de que os
entrevistados “concordam” com a indagação de uma pergunta), represente muito bem a
opinião geral dos entrevistados para todas as perguntas e seus respectivos temas. Entretanto, a
percepção de “concordo” não é uma unanimidade entre os entrevistados, explicitando que é
de fundamental importância que a ASSOD’ANTAS investigue a variação dessa percepção
entre seus associados (neste trabalho representada pelos “outliers” nas Figuras 69 a 72), para
melhor entender e buscar a melhoria contínua do seu negócio.
Para complementar os estudos da estatística descritiva, foram elaborados os “boxplots” para
as perguntas de cada grupo em função das idades dos entrevistados. Uma breve análise dos
gráficos gerados permitiu identificar a existência de 25 diferentes idades numa amostra de 52
associados. Consequentemente houve pouca repetição de idades entre os associados e a
análise de medidas estatísticas como a média e a mediana, fica prejudicada. Deste modo,
optou-se por agrupar os entrevistados em 6 faixas para conferir maior confiabilidade aos
129
cálculos da média (linha vermelha) e a mediana (linha azul), além de favorecer a visualização
gráfica (Figuras 68 a 71). Por sua vez, a Figura 69 mostra os valores globais da média e da
mediana para os 52 entrevistados.
BOXPLOT DAS PERGUNTAS 1.1 A 1.4 POR FAIXA ETÁRIA
1.1
1.2
24 A 30
1.3
1.4
31 A 35
36 A 40
5
ESCALA DE LIKERT
4
3
MÉDIA : 3,6
2
MÉDIA : 3,4
MEDIA NA : 3,5
MEDIA NA : 3,5
41 A 45
MÉDIA : 3,6
MEDIA NA : 4,0
46 A 50
1
51 A 55
5
4
3
2
1
MÉDIA : 3,6
MEDIA NA : 4,0
MÉDIA : 3,9
MEDIA NA : 4,0
1.1
1.2
1.3
MÉDIA : 4,1
MEDIA NA : 4,0
1.4
1.1
1.2
1.3
1.4
FIGURA 68: Boxplot para as perguntas 1.1 a 1.4 por faixa etária
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Nas Figuras 68 a 71, independentemente da faixa etária, outra vez se verificam os efeitos dos
“outliers” sobre a média, cujos valores apresentaram variações consideráveis (3,4 a 4,3) e
BOXPLOT DAS PERGUNTAS 2.1 A 2.4 POR FAIXA ETÁRIA
2.1
24 A 30
2.2
2.3
2.4
31 A 35
36 A 40
5
ESCALA DE LIKERT
4
3
MÉDIA : 4,0
MEDIA NA : 4,0
MÉDIA : 3,8
MEDIA NA : 4,0
41 A 45
2
MÉDIA : 3,8
MEDIA NA : 4,0
46 A 50
51 A 55
MÉDIA : 4,0
MEDIA NA : 4,0
MEDIA NA : 5,0
1
5
4
3
2
MÉDIA : 4,5
MEDIA NA : 5,0
1
2.1
2.2
2.3
2.4
MÉDIA : 4,4
2.1
2.2
FIGURA 69: Boxplot para as perguntas 2.1 a 2.4 por faixa etária
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
2.3
2.4
130
a mediana não afetada pelos “outliers” indicou valores pontuais de 3,5 (2 ou 1,1% das
respostas) nas perguntas do grupo 1, nas faixas 24 a 30 e 31 a 35 anos de idade.
BOXPLOT DAS PERGUNTAS 3.1 A 3.4 POR FAIXA ETÁRIA
3.1
24 A 30
3.2
3.3
3.4
31 A 35
36 A 40
5
ESCALA DE LIKERT
4
3
2
MÉDIA : 4,1
MÉDIA : 3,8
MÉDIA : 4,2
MEDIA NA : 4,0
MEDIA NA : 4,0
MEDIA NA : 4,0
41 A 45
46 A 50
1
51 A 55
5
4
3
2
1
3.1
MÉDIA : 4,4
MÉDIA : 4,4
MÉDIA : 4,4
MEDIA NA : 5,0
MEDIA NA : 5,0
MEDIA NA : 5,0
3.2
3.3
3.4
3.1
3.2
3.3
3.4
FIGURA 70: Boxplot para as perguntas 3.1 a 3.4 por faixa etária
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Para as demais faixas etárias a mediana foi de 4,0 (15 ou 68,2% das indicações) ou 5,0 (7 ou
31,2% das citações). Em destaque podemos perceber que as faixas etárias 41 a 45, 46 a 50 e
51 a 55 que representam os entrevistados de maior idade, apresentam leve tendência em
centralizar sua percepção para as notas 4,0 e 5,0 (concordo e concordo muito) para a grande
maioria das perguntas de todos os grupos, e em especial para as perguntas do grupo 3 na
Figura 70 (fato que corrobora com os dizeres em capítulos anteriores de que as perguntas do
grupo 3 apresentam maior nível de concordância dos entrevistados).
Exceção gritante seja feita a pergunta 4.3 com notas variando de 1,0 a 5,0 não só para as três
faixas etárias em questão, mas para todas as seis. Essa constatação reforça a baixa
confiabilidade da pergunta 4.3 para medir o mesmo constructo “impactos ambientais” em
relação às perguntas 4.1 e 4.2, detalhadamente explicada nos capítulos anteriores.
131
BOXPLOT DAS PERGUNTAS 4.1 A 4.3 POR FAIXA ETÁRIA
4.1
24 A 30
4.2
4.3
31 A 35
36 A 40
5
ESCALA DE LIKERT
4
3
MÉDIA : 3,8
MEDIA NA : 4,0
MÉDIA : 3,6
MEDIA NA : 4,0
41 A 45
2
MÉDIA : 4,1
MEDIA NA : 4,0
46 A 50
1
51 A 55
5
4
3
2
1
MÉDIA : 3,6
MÉDIA : 4,3
MÉDIA : 4,3
MEDIA NA : 4,0
MEDIA NA : 5,0
MEDIA NA : 5,0
4.1
4.2
4.3
4.1
4.2
4.3
FIGURA 71: Boxplot para as perguntas 4.1 a 4.3 por faixa etária
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
A Figura 72 ilustra uma compilação dos resultados globais para a média e para a mediana,
agrupando-se todos os entrevistados numa única amostra independentemente de sua idade.
Conclui-se pela média que o grupo 1 formado pelas perguntas 1.1 a 1.4 recebeu o menor nível
de concordância (3,7) em relação a essas perguntas, enquanto o grupo 3 se destaca com 4,3.
Novamente essas oscilações nos valores podem ser atribuídas aos “outliers” detectados em
diversas figuras apresentadas neste trabalho.
FIGURA 72: Valores globais para a média e mediana por grupos de perguntas
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
132
Par finalizar esse capítulo, pode-se inferir com base nas medidas estatísticas que o valor da
mediana 4,0 que indica “concordo” na escala Likert, pode ser utilizado como refencial para
todos os quatro grupos ou temas elencados no questionário. Entretanto, a opção “concordo”
não foi unanimidade e, portanto, é de fundamental importância que a ASSOD’ANTAS analise
criticamente os valores das médias e seus respectivos “outliers”, além dos valores das
medianas obtidos para as perguntas em cada faixa etária considerada, de modo a detectar
oportunidades implícitas de melhoria contínua para o seu modelo de gestão “Fairtrade”.
4.2.3.2 Testes não paramétricos
No capítulo 4.2.3 ficou explicitado que não há como proceder com testes paramétricos para a
comparação dos valores das médias obtidos para as perguntas de um mesmo grupo, devido
aos dados não se distribuírem normalmente. Desse modo, esse capítulo tem o propósito de
calcular as medianas e seus respectivos intervalos de confiança para cada pergunta de um
mesmo grupo, por meio do teste não-paramétrico para amostras individuais, denominado “1sample signtest”. Esse teste não paramétrico é análogo ao teste-t paramétrico para amostras
individuais, mas não requer que os dados que compõem a amostra sejam normalmente
distribuídos, como o teste-t requer. Além disso, esse teste não faz nenhuma suposição a
respeito da existência de simetria para a distribuição da amostra.
A Figura 73 resume os resultados obtidos para a mediana, em relação aos quatro grupos e suas
respectivas perguntas que compõem o questionário, de forma isolada e de forma agrupada.
Consta na Figura 73 o total de valores acima, abaixo e igual ao valor da mediana de 4,0
estipulado para teste como hipótese nula, frente à hipótese alternativa de que a mediana é
maior do que 4,0.
O valor de “P” maior que 0,05 (nível de significância de 5% ou confiança de 95%) indica que
a hipótese nula é aceita, ou seja, a mediana é 4,0. Valor de “P” menor do que 0,05 indica que
a hipótese alternativa é válida, ou seja, a mediana é maior do que 4,0.
133
“1-SampleSign Test” para a mediana das perguntas 1.1 a 4.3
Teste para a mediana = 4,000 versus
mediana > 4,000 a 95%
Mediana
Pergunta
N Abaixo Igual Acima Valor de P calculada
1.1
52
19
25
8
0,9904
4,000
1.2
52
19
25
8
0,9904
4,000
1.3
52
22
20
10
0,9900
4,000
1.4
52
10
27
15
0,2122
4,000
1.1 A 1.4 208
70
97
41
0,9978
4,000
Interpretação
Med = 4,000
Med = 4,000
Med = 4,000
Med = 4,000
Med = 4,000
2.1
52
2.2
52
2.3
52
2.4
52
2.1 A 2.4 208
16
5
14
7
42
27
22
24
17
90
9
25
14
28
76
0,9461
0,0002
0,5747
0,0003
0,0012
4,000
4,000
4,000
5,000
4,000
Med
Med
Med
Med
Med
3.1
52
3.2
52
3.3
52
3.4
52
3.1 A 3.4 208
11
6
7
3
27
27
20
21
23
91
14
26
24
26
90
0,3450
0,0003
0,0017
0,0000
0,0000
4,000
Med = 4,000
4,500
Med > 4,000
4,000
Med > 4,000
4,500
Med > 4,000
4,000Med > 4,000
4.1
52
4.2
52
4.3
52
4.1 A 4.3 156
9
11
22
42
25
16
14
55
18
25
16
59
0,0610
0,0144
0,8721
0,0557
4,000
4,000
4,000
4,000
Med
Med
Med
Med
=
>
=
>
>
=
>
=
=
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
FIGURA 73: Resultados dos testes de hipótese para a mediana por perguntas e grupos
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Nota-se pela “Interpretação” na Figura 74 que a mediana é igual a 4,0 para a grande maioria
das perguntas e maior que 4,0 especialmente para as perguntas do grupo 3. Esses resultados
indicam que os entrevistados “concordam”, com leve tendência particularmente no grupo 3
em “concordar muito”, com o conteúdo das perguntas e, naturalmente com os temas a que
elas se referem.
Para se ter uma ideia da variação em torno das medianas estabelecidas na Figura 74, foram
calculados os intervalos de confiança também pelo método não-paramétrico
“1-sample
signtest”, ilustrados na Figura 74.
Os resultados da Figuras 74 e Tabela 2 são estatisticamente coerentes para se interpretar o
nível de concordância dos entrevistados em relação a cada uma das perguntas que compõem o
questionário de pesquisa, de forma isolada e subdivididas nos quatro grupos ou temas. Uma
compilação da interpretação é apresentada na Tabela 2, a qual traz também as porcentagens (e
o número de entrevistados) para cada valor da escala Likert, de cada pergunta respondida.
134
“1-SampleSign Test” para as perguntas 1.1 a 1.4
Intervalo de confiança para mediana a 95%
Intervalo de
Mediana
Confiança
Confiança
Pergunta
N
Calculada
Calculada
Inferior
1.1 52
4,000
0,9500
3,503
4,000
1.2
52
4,000
0,9500 3,503 4,000
1.3 52
4,000
0,9500 3,000 4,000
1.4 52
4,000
0,9500 4,000 4,000
1.1 A 1.4
208
4,000
0,9500
4,000
Superior
4,000
2.1
2.2
2.3
2.4
2.1 A 2.4
52
52
52
52
208
4,000
4,000
4,000
5,000
4,000
0,9500
0,9500
0,9500
0,9500
0,9500
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
5,000
4,000
5,000
4,000
3.1
3.2
3.3
3.4
3.1 A 3.4
52
52
52
52
208
4,000
4,500
4,000
4,500
4,000
0,9500
0,9500
0,9500
0,9500
0,9500
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
4,000
5,000
5,000
5,000
4,602
4.1
4.2
4.3
4.1 A 4.3
52
52
52
156
4,000
4,000
4,000
4,000
0,9500
0,9500
0,9500
0,9500
4,000
4,000
3,000
4,000
4,000
5,000
4,000
4,000
FIGURA 74: Intervalos de confiança para a mediana por perguntas e grupos
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
No grupo ou tema 1, identificado como “meio de subsistência para o agricultor Fairtrade
ASSOD’ANTAS”, ao que se refere a subcategoria 1.1, cuja pergunta intitulada foi “você,
como produtor rural Fairtrade, consegue satisfazer as necessidades mensais de consumo por
intermédio da agricultura de subsistência?”, percebeu-se que a maioria das respostas foi para
a escalonagem de 3, 4 e 5, representando estaticamente 88,5% para indicação de “concordo”
com a questão abordada (indicada pela mediana 4,0).
Na subcategoria 1.2, onde se lê “o aumento de ganhos por meio do comércio justo melhorou
a qualidade de vida de sua família?”, 80,8% dos respondentes caracterizaram também em
proporção similar de escala, a partir de 3, seu contentamento para melhor qualidade da vida
familiar, ratificando a indicação “concordo” com a questão abordada (indicada pela mediana
4,0).
135
TABELA 2: Interpretação do nível de concordância para as perguntas e grupos
CONCLUSÃO
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA FAIRTRADE
1
1.1
1.2
1.3
1.4
2
Meio de Subsistência para o agricultor
Fairtrade ASSOD'ANTAS
Você, como produtor rural Fairtrade,
consegue satisfazer as necessidades
mensais de consumo por intermédio da
agricultura de subsistência?
O aumento de ganhos por meio do comércio
justo melhorou a qualidade de vida de sua
família?
Você conseguiu com a premiação nas
vendas do café para o comércio justo
investir na propriedade rural com melhorias
em instalações e uso de tecnologia?
A prática de ações do comércio justo fez
com que a fixação na terra e na agricultura
familiar fosse vista como uma oportunidade
de negócios?
Impactos socioeconômicos na comunidade
(MEDIANA)
CONCORDO (4,0)
1
2
CONCORDO (4,0)
3,8
(2)
7,7
(4)
CONCORDO (4,0)
5,8
(3)
13,5 17,3 48,1 15,4
(7)
(9) (25) (8)
CONCORDO (4,0)
3,8
(2)
11,5 26,9 38,5 19,2
(6) (14) (20) (10)
CONCORDO (4,0)
(-)
(-)
CONCORDO (4,0)
1
2
(-)
3,8
(2)
26,9 51,9 17,3
(14) (27) (9)
(-)
1,9
(1)
7,7
(4)
3,9
(2)
3,9
(2)
19,2 46,1 26,9
(10) (24) (14)
1,9
(1)
(-)
11,5 32,7 53,9
(6) (17) (28)
1
2
(-)
1,9
(1)
19,2 51,9 26,9
(10) (27) (14)
(-)
(-)
11,5 38,5 50,0
(6) (20) (26)
CONCORDO (4,0)
(-)
1,9
(1)
11,5 40,4 46,2
(6) (21) (24)
CONCORDO A
CONCORDO
MUITO (4,5)
(-)
(-)
5,8
(3)
CONCORDO (4,0)
1
2
3
(-)
3,9
(2)
13,5 48,1 34,5
(7) (25) (18)
5,7
(3)
19,2
(10)
3,9
(2)
7,7
(4)
11,5
(6)
15,4
(8)
O aumento de ganhos com o comércio justo
beneficiou seu negócio, melhorando a CONCORDO (4,0)
2.1
qualidade de vida de sua família?
A Associação interferiu nas ações dos
produtores da região às adequações do CONCORDO (4,0)
2.2
comércio justo?
2.3
O
nível
de
remuneração
aos
empregados,
quando
necessário
CONCORDO (4,0)
2.3 contratação, esta de acordo com o trabalho
executado?
Você está satisfeito com a vinda do
2.4 comércio justo para com os seus negócios?
CONCORDO
MUITO (5,0)
Impacto na gestão dos negócios da
CONCORDO (4,0)
empresa agrícola
A adequação ao comércio justo contribuiu
3.1 com melhorias para a gestão da sua CONCORDO (4,0)
propriedade com ganhos e retornos?
A busca por novas ideias para a gestão da
propriedade,
como
cursos
diversos,
CONCORDO A
3.2 treinamento e/ou reuniões foi de grande
CONCORDO
importância para melhorar o negócio da sua
MUITO (4,5)
propriedade rural?
3
3.3
Houve melhorias significativas no nível de
organização da sua propriedade rural?
A qualidade do produto final, oferecida ao
mercado passou a ter uma melhoria
3.4
contínua após a adequação ao comércio
justo?
4
Impactos ambientais
Sua propriedade após a certificação
FairTrade, passou a ter melhores condições
4.1
CONCORDO (4,0)
de
limpeza/sanidade,
nas
áreas
de
produção?
O lixo produzido na propriedade recebe seu
4.2
CONCORDO (4,0)
descarte adequado?
Existe plano de redução, reutilização e
4.3
CONCORDO (4,0)
reciclagem de resíduos?
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
ESCALA DE LIKERT - %(Nº)
3
4
5
25,0 48,1 15,4
(13) (25) 98)
19,2 51,9 28,8
(10) (27) (15)
3
3
4
5
42,3 48,1
(22) (25)
4
5
44,2 50,0
(23) (23)
4
30,8
(16)
26,9
(14)
5
48,1
(25)
30,8
(16)
136
No item 1.3, cuja questão “você conseguiu com a premiação nas vendas do café para o
comércio justo investir na propriedade rural com melhorias em instalações e uso de
tecnologia?”, foi observado que a apuração dosdados resultou em 84,6% de respostas
positivas em relação as melhorias nas propriedades rurais, bem como aumento de recursos de
tecnologia. Isso aponta novamente para a opção “concordo” com a questão abordada
(indicada pela mediana 4,0).
E quanto à questão estabelecida em 1.4 como “a prática de ações do comércio justo fez com
que a fixação na terra e na agricultura familiar fosse vista como uma oportunidade de
negócios?” foi notório que em sua totalidade, 100% dos depoentes, na mesma consideração
de escala anterior (3 a 5) responderam positivamente. Ademais, vale ainda ressaltar que 52%
dos associados se destacaram na resposta n° 4 reforçando a opção “concordo” com a questão
abordada (indicada pela mediana 4,0).
Embora a maioria dos participantes tenha respondido com intensidade sobre as respectivas
questões abordadas, percebe-se que uma minoria se encontra um pouco insatisfeita (questões
1.1 a 1.3), com uma estimativa média em torno de 15,% entre discordo a discordo muito.
Todavia, estima-se que os agricultores continuam fazendo parte da associação na perspectiva
de melhorar os seus negócios.
Em contrapartida, com base nas respostas, a grande maioria dos entrevistados se postou de
forma otimista e positiva, considerando que há agregação de valores às suas propriedades.
Isso permite retratar por meio do seu ponto de vista que, de modo geral, a prática de gestão
vinculada ao comércio justo ocasionou melhores fechamentos dos seus negócios. Além disso,
permite inferir que um dos objetivos da FLO-CERT que é estimar aos associados melhores
oportunidades das condições de suas propriedades em função das parcerias institucionais, bem
como o planejamento voltado as ações social, ambiental, financeiro e de administração da
própria organização, está sendo atingido.
No grupo ou tema 2, abalizada nos impactos socioeconômicos na comunidade, representada,
inicialmente pela questão 2.1 “o aumento de ganhos com o comércio justo beneficiou seu
negócio, melhorando a qualidade de vida de sua família?”, pode-se notar que mais
associados estiveram satisfeitos do que não, visto que 96,1% dos depoentes elegeram as
respostas de 3 a 5 (69,2% de 4 a 5), indicados na Figura 76. Esses dados validam a mediana
137
igual a 4,0 correspondente a “concordo” com a pergunta 2.1.
Na mesma direção, para a pergunta 2.2 “a associação interferiu nas ações dos produtores da
região às adequações do comércio justo?”, ficou claro quea associação interage de modo
majoritário para com os associados, considerando que apenas 1 respondente discordou um
pouco e nenhum discordou muito. Concordaram ou concordaram muito 90,4% dos associados
(notas de 4 a 5) e 7,7% moderadamente (nota 3), totalizando 98,1% em concordância
considerável e relevante, que corrobora com a opção “concordo” (mediana 4,0).
Quanto a questão de número 2.3 “ o nível de remuneração aos empregados, quando
necessário contratação, está de acordo com o trabalho executado?” foi observado que 7,8%
dos associados discordam ou gostariam que o quesito estivesse mais propício para melhores
remunerações pós-certificação. Todavia, novamente a maioria se destacou em 92,2%
concordando de forma crescente e expressiva (valores de 3 a 5), validando a escolha por
“concordo”, mediana 4,0.
De acordo com os dados estudados da associação, foi percebido que os trabalhadores buscam
trabalhar por um preço mais justo de mercado, tanto nas suas vendas, quanto empreendendo
oportunidades de emprego. Inclusive de acordo com o parecer da diretoria, se sentem um
pouco incomodados, bem como a própria associação, quando os negócios não permitem
prosseguir de forma mais sustentável para todos os envolvidos.
Mediante as respostas para a pergunta 2.4 sobre “você está satisfeito com a vinda do comércio
justo para com os seus negócios?” pode-se notar que apenas 1 agricultor discordou muito,
representando assim 1,9 % do total. Os demais, representados por 6 pessoas, demonstraram
11,5% para a escala 3, 17 pessoas para 4, retratando 32,7% dos entrevistados, e, a maioria
configurada por 28 agricultores responderam em escala 5, com representatividade de 53,9%
para “concordo muito”, elevando a mediana a 5,0.
Ou seja, é percebido que novamente a maioria dos agricultores associados concorda que o
comércio justo é uma boa opção para a tomada de decisões às suas propriedades, embora
ainda, uma pequena minoria, espere um pouco mais em termos de agregação de valores aos
seus negócios.
138
Considere o quesito “impacto na gestão dos negócios da empresa agrícola” descrito na Figura
76, na categoria ou grupo 3 do questionário, no que se refere a pergunta 3.1 “a adequação ao
comércio justo contribuiu com melhorias para a gestão da sua propriedade com ganhos e
retornos?”. Coincidentemente a grande maioria da população (78,8%) demonstroumaior
satisfação ou concordância (4 e 5 na escala Likert), correspondentes 51,9% para “concordo” e
26,9% para “concordo muito”, colaborando para a conclusão sobre a mediana 4,0 (concordo).
Isso demonstra que a satisfação com a vinda do comércio justo nos preceitos de origem da
associação perante o reflexo das opiniões dos associados, está equilibrada em torno de 98,1%
(ao se considerar as notas 3 a 5 para a pergunta 3.1).
Para a pergunta 3.2 que se baseia “na busca por novas ideias para a gestão da propriedade,
como cursos diversos, treinamento e/ou reuniões foi de grande importância para melhorar o
negócio da sua propriedade rural”, o que chama a atenção é o fato de 50% dos associados
indicarem a opção “concordo muito” (nota 5), seguido de 38,5% para a opção “concordo”
(nota 4), perfazendo 88,5% do total, muito bem representados por uma mediana de 4,5. Se
considerarmos os 11,5% dos entrevistados que atribuíram nota 3 (concordo moderadamente),
os resultados (Figura 76) demonstraram 100% de interesse na busca de novas ideias para a
gestão da propriedade, algo muito expressivo.
Mediante a indagação “houve melhorias significativas no nível de organização da sua
propriedade rural” relacionada a pergunta 3.3, as respostas com maior expressividade foram
novamente para as escalas 4 e 5, que apresentaram 86,6% para “concordo” e “concordo
muito” (opinião de 45 participantes). Somente 11,5% para a escala 3 e 1,9% para a escala 2. É
percebível nesse contexto, que a minoria dos participantes ainda espera melhorias
significativas na sua propriedade e a maioria está satisfeita como as melhorias adquiridas.
No que compreende a questão 3.4 “a qualidade do produto final, oferecida ao mercado
passou a ter uma melhoria contínua após a adequação ao comércio justo”, foi retratado que
nenhum entrevistado “discordou” ou “discordou muito” (2 e 3 na escala) e apenas 5,8%
concordaram moderadamente (3 na escala). Notável expressividade de 49 pessoas (94,2%)
inclusos entre “concordo” para a escala 4 (44,2%) e destaque para a escala 5 (50%), pode ser
verificada na Figura 76. De modo universal, os agricultores visualizam a melhoria do produto
pós-certificação Fairtrade,e isso contribuiu para a mediana de 4,5 para a pergunta 3.4.
139
Os resultados relacionados aos impactos ambientais foco do tema ou grupo 4, são
demonstrados na Figura 76, cuja questão inicial é assentada pela pergunta 4.1 “sua
propriedade após a certificação Fairtrade, passou a ter melhores condições de
limpeza/sanidade, nas áreas de produção?”. Ao que se pode constatar, majoritariamente as
respostas 4 e 5 foram apontadas pelos entrevistados, transparecendo 82,6%, além de 13,% que
“concordam moderadamente”. Esses percentuais culminam para a opção “concordo” de
mediana igual a 4,0 para a pergunta 4.1. Pode-se afirmar holisticamente que a homogeneidade
nas condições de limpeza e sanidade nas áreas de produção foi percebida de modo
significativo, confirmando o proposto pela certificadora internacional junto a associação.
Nas ideias condicionadas na pergunta 4.2 “o lixo produzido na propriedade recebe seu
descarte adequado?”, as opiniões foram divididas em minoria no escalonamento de 1 a 3,
totalizando 21,1% de 11 pessoas respondentes, mas em contrapartida, 78,9% foram
distribuídos entre 4 a 5 e ilustraram a ponderação positiva de 41 pessoas. Esses números
apontam para a opção “concordo” para a pergunta 4.2 com mediana 4,0.
Tendo em vista que o total de entrevistados foi de 52 associados, percebe-se aindaa
necessidade de alguma melhoria no que tange o descarte de resíduos, no sentido independente
da disposição final, já que os negócios da associação e associados, de certa forma, têm
demonstrado expansão gradual através desta pesquisa.
Para o item categorizado na pergunta 4.3 “existe plano de redução, reutilização e reciclagem
de resíduos”, 30 pessoas (57,7%) escolheram as opções “concordo” (26,9%) e “concordo
muito” (30,8%), prevalecendo assim a tendência central da opção “concordo” equivalente a
mediana 4,0. No entanto, salta aos olhos que 42,3% das respostas foram representados por 22
agricultores, que não concordaram muito (1, 2 e 3 na escala Likert) com a existência efetiva
de um plano de resíduos em sua propriedade, sendo ainda observado o nível de informação
e/ou realização de trabalhos específicos em relação a questão. Esses valores antagônicos
refletem muito bem as conclusões e observações sobre os “outliers” em capítulos anteriores,
acerca da possível indicação de “baixa confiabilidade” da pergunta 4.3 para medir o mesmo
constructo ou tema (impactos ambientais), que as perguntas 4.1 e 4.2 medem, conforme
indicam os resultados.
140
Independentemente do disposto no parágrafo acima, fica perceptível a necessidade do
fomento na respectiva questão para a promoção de um programa mais atinente para o
gerenciamento de resíduos, para que todos possam, além de usufruir desse benefício de forma
direta, contribuir para ações voltadas ao meio ambiente interno que representa às suas
propriedades, bem como externamente para com o desenvolvimento sustentável.
Vale ainda ressaltar, conforme enunciado pelo presidente da associação em entrevista a
pesquisadora, que mesmo não havendo ainda um programa independente de gerenciamento de
resíduos, que todos os proprietários, sem exceção, encaminham semanalmente o lixo
produzido em suas propriedades rurais para o descarte final adequado, via Prefeitura (lixo
orgânico, embalagens provenientes de sacarias, adubos, entre outras). Ou de forma alternativa
para a própria associação conforme o calendário previamente definido, os recipientes
oriundos de defensivos agrícolas. Estes permanecem em local adequado “cômodo de
defensivos” na propriedade, até o descarte final apropriado.
De modo geral, observados os resultados apurados para os temas por meio das perguntas 1.1 a
4.3, pode-se observar de forma suficiente a identificação da satisfação dos associados,
representadas de forma global dentro de cada grupo (Figura 76) pela mediana 4,0, a qual
indica “concordância” dos entrevistados com os temas abordados no questionário. Essa
constatação representa um impacto positivo relevante para a manutenção e a melhoria
contínua, de forma construtiva e sustentável na gestão dos negócios dos associados
fundamentados nos requisitos do modelo “Fairtrade”.
É racional comentar que a opção “concordo” é uma tendência global de extrema importância.
Da mesma maneira é essencial sugerir à ASSOD’ANTAS para que analise e reflita sobre as
dispersões nas opiniões representadas pelas respostas isoladas ou “outliers” observadas em
diversas oportunidades, evidenciadas principalmente durante as análises estatísticas
estratificadas por sexo, escolaridade, faixa etária, nível de escolaridade e número de familiares
atuantes na propriedade. O descobrimento de ações eficientes para a correção dos pequenos
desvios do modelo de gestão “Fairtrade” da ASSOD’ANTAS pode estar atrelado aos
“outliers” e representar a continuidade e a garantia do seu sucesso futuro no mercado de café.
141
5 CONCLUSÃO
Como visto no decorrer deste trabalho, o sistema de comércio justo compreende-se numa
parceria comercial relacionada em diálogo, transparência e no respeito, em busca de uma
maior igualdade no comércio internacional. Está relacionado ao acordo direto entre o
comprador e o produtor, em busca de viabilização dos negócios de modo mais justo para
todos. As práticas do Comércio Justo ou Fairtrade, seja no Brasil ou em outros países, estão
cada vez mais, se tornando alvo de discussão e alcançando com maior frequência,
admiradores e participantes no assunto.
Em busca das respondentes a partir dos objetivos propostos deste trabalho, que de modo geral,
pretendeu-se diagnosticar as implicações da certificação Fairtrade aos agricultores familiares
na região do Córrego D’antas em Poços de Caldas e específica, elaborar a definição sobre
Fairtrade apontando o significado da certificação e relacioná-la sob a ótica do agricultor
familiar do Córrego D´antas, inscrever um modelo proposto para avaliação de impactos
Fairtrade estimando as implicações sugeridas e ainda investigar os dados coletados com a
associação de agricultores familiares do Córrego D´antas para compor as implicações da
certificação adquirida, para a análise das implicações foram consideradas algumas categorias
quais sejam: gestão ambiental, gestão social, comercialização e produção.
Dentre elas, observou-se que as implicações da certificação Fairtrade que mais se destacaram
de acordo com os critérios para certificação no processo da gestão dos negócios dos
agricultores familiares ASSOD´ANTAS foram:
Criação de programas, projetos e ações voltados à ações de gestão ambiental, social e de
comercialização para adequação aos critérios do Comércio Justo no que se diz respeito a
criação de oportunidades para os produtos em desvantagem para combater a pobreza e atingir
um desenvolvimento sustentável; obter transparência e responsabilidade na administração, nas
relações comerciais e na construção de capacidade para desenvolver a independência dos
produtores; pagamento de um preço justo acordado através do diálogo e a participação, que
permite uma produção socialmente justa e ambientalmente amigável; igualdade de gênero na
remuneração e nas oportunidades de trabalho; condições de trabalho favoráveis em um
ambiente seguro e saudável para os produtores; respeito do direito das crianças garantidos
142
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e demais leis e normas sociais; conservação do
meio ambiente por meio de práticas ambientalistas e com utilização de métodos de produção
responsáveis; relações de comércio baseadas no interesse e no bem estar social, econômico e
ambiental dos pequenos produtores em desvantagem, em um marco de solidariedade,
confiança e respeito mútuo; respeito e difusão da identidade cultural contida nos produtos e
no processo de elaboração dos mesmos e em contribuição para uma melhor gestão dos
negócios para estes associados.
Na abordagem qualitativa a gestão ambiental como categoria analítica mostra que houve
melhoria significativa devida aos incrementos atendidos para a associação obter o
licenciamento ambiental de funcionamento e requerer a certificação pela
FLO-
CERT, a qual beneficiou além dos produtores associados, a própria comunidade local através
da construção de caixa de contenção; manejo integrado, adequado e reduzido do uso de
agroquímicos, educação ambiental para todos os associados por meio de cursos e
treinamentos (inclusive de proteção individual e coletiva) preconizados em normas de
segurança; gerenciamento de resíduos, construção de fossas sépticas; controle de análise das
águas, cacimbas, conservação das nascentes, entre outras.
Na gestão social, integração dos associados à participação em tomadas de decisões da
associação, conscientização das práticas sustentáveis do comércio justo, transparência nas
deliberações, não discriminação e aumento na participação das mulheres na associação; apoio
a realização de eventos comunitários locais, capacitação de jovens e adultos, convênios de
saúde (médico e odontológico), construção de creche para oportunizar as mulheres da
comunidade se incluir no mercado de trabalho, academia e clube (recreação e lazer), templo
de oração, centro comunitário, edificação de uma cozinha industrial comunitária para
oportunizar trabalho e renda a classe feminina local; aluguel de transporte coletivo para
facilitar a locomoção de associados a certos locais, bem como de uma máquina para melhorar
as estradas das propriedades.
Na categoria do quesito comercialização, a associação investe no zelo pela transparência nas
ações comercializadas e que atendam aos critérios de comercio justo, valorizando parcerias
com fornecedores e clientes; manutenção do sistema de rastreabilidade do café; compra e
venda coletiva; investimento em armazém para abrigo do café dos associados, melhoria
continua da qualidade interna; concurso interno de cafés, aprimoramento educativo através de
143
cursos, treinamentos e educação continuada para os associados e gestores administrativos,
inclusive participação de reuniões na BR FAIR em cursos e feiras.
Quanto a questão do setor de produção, de acordo com o que vem sido trabalhado pela
associação, tanto para aquisição ou renovação da certificação, foram observados os programas
de educação ambiental, saúde e segurança do trabalhador, rastreabilidade e controle de
agroquímicos, preservação ambiental, gestão e conservação das águas, tratamento de
efluentes, conservação dos solos, redução de gases, eficiência energética, entre outros.
Notou-se também perante o desenvolvimento da pesquisa que a conquista da certificação
impactou e impacta densamente na vida dos pequenos agricultores que passaram a respeitar
mais o meio ambiente e as relações de trabalho. Além disso, passaram a ter uma visão mais
valorizada sobre si mesmo, sobre seu trabalho e sobre a comunidade, produzindo ainda um
produto (café) que atenda os consumidores que estão mais preocupados com a forma como foi
produzido do que com o preço em si mesmo.
Ao cuidar de cada associado como um produtor singular, a certificação Fairtrade gerou
benefícios no plural, ou seja, melhorou as condições de vida de toda a comunidade. Exemplos
não faltam: construção de centro comunitário, de fossas sépticas, da participação feminina no
trabalho, dos cuidados com o meio ambiente, promoção na prevenção de saúde, educação e
cultura, da melhoria na própria propriedade, de maior segurança no trabalho, do descarte
adequado aos resíduos sólidos produzidos, tais como, palha, embalagem de agrotóxicos,
ferraria, plástico, e outros. Porém, não se pode afirmar que todas as melhorias já foram
implantadas, como por exemplo, o tratamento de resíduos sólidos em cada propriedade, mas
já estão sendo estudadas de acordo com o Plano de Metas da associação em questão.
Após a certificação Fairtrade, foi criado um Comitê Gestor de apoio ao Fairtrade em parceira
com a Prefeitura do município e o SEBRAE regional, envolvendo faculdades, universidades e
empresas locais para a divulgação do projeto social criado pelas entidades parceiras. Essa
divulgação é multiplicadora, pois os estudantes universitários visitam estabelecimentos
comerciais, sejam nacionais e/ou multinacionais da cidade e região, apresentando o café.
Essas empresas podem, caso desejem, tornarem-se apoiadoras do projeto, adquirindo o café e
contribuindo na divulgação da ideia de um produto Fairtrade, que une a economia, a
sustentabilidade e a questão social. Além disso, cada funcionário dessa empresa que passa a
144
conhecer o produto pode desejar tê-lo em sua residência, o que amplia ainda mais o
conhecimento sobre o produto. Ao todo, até a data de publicação deste, as empresas que
aderiram a iniciativa em apoio ao Fairtrade ASSOD´ANTAS são quase cincoenta, número
este que está previsto para aumentar gradualmente segundo o presidente da associação.
Para o meio acadêmico como um todo, isso também se tornou relevante, pois despertou o
interesse sobre o produto Fairtrade, já que esses se sentiram atraídos e convidados a
participarem do projeto. Ou seja, a certificação Fairtrade consegue conquistar novos
admiradores, devido ao compartilhamento de informações, aprendizado e experiências entre
os pequenos cafeicultores e o meio estudantil: de um lado, os cafeicultores transmitindo a sua
prática e, do outro, os alunos e professores observaram como transformar em prática a teoria
dada em sala de aula.
Quanto à abordagem quantitativa o instrumento utilizado abordou critérios para os associados
pesquisados como: idade, sexo, escolaridade e envolvimento familiar na produção. As
principais categorias analisadas foram os quatro grupos de trabalho do questionário: meio de
subsistência para o agricultor, impacto sócio econômico nas comunidades, impacto na gestão
de negócios e impactos ambientais, obtendo-se como principais resultados:
No critério constituído por idade, foi observado que os associados possuem a idade média de
43 anos, o que corrobora que esses agricultores possuem idade vigorosa para a ampliação do
seu negócio Fairtrade em prazo amplo e ainda podem contribuir em busca da excelência
contínua do modelo de gestão proposto pela associação e certificadora.
Relativo ao sexo, os resultados apontaram para a predominância do sexo masculino, composto
92,3%, enquanto o sexo feminino corresponde a apenas 7,7%. Embora a representatividade
feminina ainda seja pequena em termos quantitativos, é importante ressaltar a efetiva
participação classe feminina nesta associação, de modo a contribuir para gestão agrícola do
café no modelo Fairtrade.
Outro fator inerente à definição do perfil dos associados é a escolaridade, sendo notório
observar que a grande maioria dos associados pesquisados (78,9%) possui Ensino
Fundamental Completo (E.F.C) ou Ensino Fundamental Incompleto (E.F.I) transparecendo
que a maioria dos agricultores da associação pesquisada possui certo grau de estudo, fato
145
proeminente para justificar investimentos em cursos e educação continuada para esses
agricultores, no intuito de aprimoração de conhecimentos à melhorias no modelo de gestão
Fairtrade vigente na ASSOD’ANTAS.
Foi possível notar também que a maioria dos entrevistados possui duas pessoas por família
envolvidas na produção em suas propriedades com a significativa porcentagem de 38,5%
quando analisadas reservadamente, sendo válido o fato do número de familiares não
necessariamente refletir no tamanho de cada família e nem a quantidade de pessoas que atuam
como colaboradores nas atividades rurais.
Delineando os resultados obtidos em suas respectivas categorias, pode-se analisar as
perguntas do questionário do Grupo 1: Meio de subsistência para o agricultor Fairtrade
ASSOD'ANTAS e subcategorias para as questões 1.1 a 1.4 (Você, como produtor rural
Fairtrade, consegue satisfazer as necessidades mensais de consumo por intermédio da
agricultura de subsistência?; O aumento de ganhos por meio do comércio justo melhorou a
qualidade de vida de sua família?; Você conseguiu com a premiação nas vendas do café para
o comércio justo investir na propriedade rural com melhorias em instalações e uso de
tecnologia?; e, A prática de ações do comércio justo fez com que a fixação na terra e na
agricultura familiar fosse vista como uma oportunidade de negócios?) e os resultados
descritivos apurados foram que os coeficientes demonstraram-se positivos, ou seja, o
rendimento com a premiação nas vendas do café Fairtrade consegue manter a família do
agricultor e algum investimento na propriedade, prevalecendo o sexo masculino como
majoritário nas respostas, embora o sexo feminino tenha tido expressividade em respostas
distintas, o que poderia ter uma atenção voltada a este aspecto em trabalhos futuros
relacionados ao tema. Já quanto a combinação das variáveis mediante a escolaridade e idade,
não houve dispersão significativa em diferenças acentuadas, considerando que embora ainda
uma minoria esteja insatisfeita, estima-se que os agricultores continuem fazendo parte da
associação na perspectiva de melhoria nos seus negócios.
Procedendo a avaliação do grupo seguinte, Grupo 2: Impactos socioeconômicos nas
comunidades e suas respectivas subcategorias representados pelos subgrupos 2.1 a 2.4 (O
aumento de ganhos com o comércio justo beneficiou seu negócio, melhorando a qualidade de
vida de sua família?; A associação interferiu nas ações dos produtores da região às
adequações do comércio justo?; O nível de remuneração aos empregados, quando necessária
146
contratação, está de acordo com o trabalho executado?; e, Você está satisfeito com a vinda do
comércio justo para com os seus negócios?) sugeriu um impacto significativo nos benefícios
socioeconômicos obtidos pelos associados, e em destaque a última subcategoria que na
conclusão da mediana (e em teste de confiabilidade) se destacou de forma superior as outras,
implicando no resultado de melhorias devido as adequações e oportunidades provenientes do
Fairtrade.
O próximo grupo submetido à avaliação foi o de número três: Grupo 3: Impacto na gestão dos
negócios da empresa agrícola e interpretados pelas subcategorias 3.1 a 3.4 (A adequação ao
comércio justo contribuiu com melhorias para a gestão da sua propriedade com ganhos e
retornos?; A busca por novas ideias para a gestão da propriedade, como cursos diversos,
treinamento e/ou reuniões foi de grande importância para melhorar o negócio da sua
propriedade rural?; Houve melhorias significativas no nível de organização da sua
propriedade rural?; e, A qualidade do produto final, oferecida ao mercado passou a ter uma
melhoria contínua após a adequação ao comércio justo?) e em concordância perante a análise
de correlação das perguntas (Pearson e Alfa de Cronbach) apresentou-se como significativo a
positividade da satisfação dos associados respondentes e o impacto na gestão de negócios de
forma expressiva no que tange a qualidade e fundamentação para esta gestão, inclusive em
escala de Likert elevada quanto a abrangência por sexo e idade.
Para finalizar o estudo acerca dos resultados das questões que compõem o questionário de
pesquisa, avaliou-se a quarta categoria. Grupo 4: Impactos ambientais e seus subgrupos 4.1.a
4.3 (Sua propriedade após a certificação Fairtrade passou a ter melhores condições de
limpeza/sanidade, nas áreas de produção?; O lixo produzido na propriedade recebe seu
descarte adequado?; Existe plano de redução, reutilização e reciclagem de resíduos?) e de
maneira geral os resultados obtidos foram positivos para melhores condições de higiene nas
propriedades dos associados e manejo sustentável dos resíduos a partir de um processo de
educação ambiental, no entanto, os depoentes demonstraram que não há ainda um programa
independente de resíduos em suas propriedades, embora as práticas para o descarte final
sejam executadas com cuidado adequado por eles.
Comparando ainda os resultados qualitativos e quantitativos, concluiu-se que a certificação
Fairtrade está presente na vida desses pequenos agricultores, dando sinais de que isso deverá
continuar. Esse acompanhamento é importante, pois caso esses pequenos produtores de café
147
perdessem o selo de certificação, isso significaria a perda de certos valores adquiridos, tais
como, a percepção positiva do seu negócio em parceria com os demais associados e parceiros
Fairtrade. Logo, as perspectivas de continuidade da relação entre a ASSOD´ANTAS e da
FLO-CERT são reais e promissoras devido às adequações e às auditorias da EFTA que a
associação vem cumprindo por meio de muito empenho e trabalho dos cafeicultores
associados. Essas auditorias visam transmitir mais informações e conhecimento aos pequenos
produtores de café (e aos futuros associados), visto que as oportunidades Fairtrade são
renovadas a cada um dos desafios propostos, seja pela conscientização ao tripé da
sustentabilidade, que se fortalece no ensinamento do pescar e não simplesmente de se obter o
peixe sem percorrer os critérios de forma adequada, bem como nas práticas justas de
comercialização entre os envolvidos.
Por fim, foi possível perceber que as práticas do Comércio Justo ou Fairtrade ajudaram a
estruturar e embasar a associação de modo a identificar implicações positivas no negócio da
associação e em seus associados, após a conquista desta certificação. E que os associados, de
modo geral, estão bem satisfeitos com a vinda do comércio justo em seus negócios, e que
consideram os demais associados como parceiros e não concorrentes, pois atenderam a notar
o seu negócio com visão holística (global) e futurística, antevendo o futuro de forma mais
sustentável, sejam eles os próprios agricultores associados, negociadores ou a sociedade em
volta, consistindo como fortalecedores às práticas de um comércio mais justo ao âmago de
todos os participantes do processo.
Contribuições do trabalho para área
Como contribuição deste trabalho para área foi observado que para que a implantação de um
sistema Fairtrade obtenha sucesso, a organização deverá ter em mente a necessidade de se
adequar as mudanças relacionadas aos critérios de comércio justo, visto que tais mudanças de
adequação são de ordem estrutural, pessoal e comportamental, por parte de todos os
envolvidos no processo.
No entanto, esse fator não se baseia apenas em implantar e sim modificar a organização como
um todo dentro de regras promotoras de transparência, clareza e respeito mútuos nas relações
comerciais, assegurando o produtor de modo mais sustentável na gestão de seus negócios.
148
Para área acadêmica esta pesquisa possibilita o conhecimento de uma oportunidade alternativa
de negócios adotada por vários agricultores familiares em uma associação específica e outras
similares em contribuição ao desenvolvimento territorial sustentável e a prática do
associativismo.
Em termos pessoais, possibilitou a pesquisadora aprofundar seus conhecimentos técnicos
sobre as especificidades do tema, assim como as dificuldades na adoção do sistema de
comércio justo e os benefícios oriundos da sua implantação, além da contribuição ao comitê
de comércio justo formado na cidade. Tais conhecimentos contribuíram para a sua formação
na área de concentração do estudo escolhido, ou seja, na linha de pesquisa em
desenvolvimento sustentável de operações para sua formação enquanto mestre em
desenvolvimento sustentável e qualidade de vida.
Delimitações da pesquisa
Devido à associação estudada se encontrar localizada em uma área rural, com
aproximadamente 20 quilômetros do centro da cidade, algumas dificuldades que permearam
às limitações deste trabalho, foram:
Dificuldades de locomoção da pesquisadora para a realização do trabalho em algumas
propriedades dos associados, devido a distância ora informada e o acesso remoto, por
exemplo, a falta de identificação de estradas para o acesso em algumas propriedades
participantes como objeto de estudo deste trabalho e a ausência de pavimentação em
determinados locais.
Outro aspecto relevante a ser considerado foi o mau tempo em alguns dias, pois em dias de
chuva em horários mais tardios, a segurança da estrada de acesso local era pouco indicada
para pesquisa.
Para aplicação do levantamento e instrumento de coleta de dados, houve a necessidade da
pesquisadora participar de algumas reuniões dos associados, com duração em média de duas
horas cada uma, tanto para a compreensão do processo no que se refere ao caráter da pesquisa
149
de campo exploratória bem como aplicação do instrumento de coleta de dados (questionário).
Ao todo, foram realizadas 17 visitas ao estudo da associação e associados, em horários e dias
alternados para abrangência eficaz à coleta e compreensão das informações, inclusive para o
desfecho deste. Todavia, cada momento empenhado foi de valia enaltecedora rumo ao
enfoque do objetivo desta pesquisa, além de ser observada a receptividade recíproca e
atenciosa ofertada por todos os associados entrevistados participantes do processo e em
especial aos responsáveis pelo setor administrativo da associação, desde o início, meio e até o
fim deste estudo.
Sugestões para trabalhos futuros
Sem dúvidas essa é uma área onde muitas pesquisas ainda podem ser realizadas. Para
trabalhos futuros, no intuito de se fortalecer a divulgação da adesão às práticas do comércio
justo, divulgação da ideia a sociedade, a comunidade acadêmica, a outros interessados no
assunto ou ainda na extensão de um maior aprofundamento nos estudos, seguem algumas
considerações, a seguir:
Impulsionar estudos mais avançados a associação ASSO D’ANTAS na intenção de se analisar
e acompanhar as mudanças nas organizações que fizeram a adoção do sistema de comércio
justo em outras associações ou cooperativas na região, em estados brasileiros distintos e/ou
até em outros países, como modelo proposto para Fairtrade.
Fomento na implantação de um programa de gerenciamento de resíduos em cada propriedade
dos associados ASSOD´ANTAS em parceria com a Prefeitura Municipal da cidade e
estudantes acadêmicos por meio de um projeto social, além do incentivo a aquisição da
cozinha industrial para as mulheres dos associados e da própria comunidade local para
subsídio de renda independente a classe trabalhadora.
Estudos mais aprofundados na associação voltados ao fortalecimento e em como se tornar
uma cooperativa Fairtrade, levantando enquanto objetivo as seguintes questões: É mais
rentável se tornar uma cooperativa ou ser uma associação Fairtrade? Quais os critérios a
serem adotados para se estruturar uma cooperativa? Quais suas vantagens e desvantagens aos
produtores familiares? Essas dúvidas são comuns e pertinentes uma vez que os dois tipos de
150
organização se baseiam nos mesmos princípios doutrinários e, aparentemente, buscam os
mesmos objetivos.
Estudos em outras associações ou cooperativas Fairtrade, em comparação a associação
estudada (ou não), em fortalecimento a implantação em outras incipientes, em contribuição as
suas limitações.
Portanto, a autora acredita ainda que mediante as opções acima fomentadas, dar-se-iam bons
estudos para uma possível tese de doutorado na área estudada, com enfoque da divulgação das
práticas de Comércio Justo, considerando ainda a relevância de caráter social e
aprofundamento maior na concepção científica em qualidade de vida e sustentabilidade com
olhar intrínseco e extrínseco aos participantes do processo.
151
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157
APÊNDICES
APÊNDICE A – Questionário Produtor ASSOD’ANTAS
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE
ENSINO – FAE / São João da Boa Vista – SP
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
Mestrado Acadêmico em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida
QUESTIONÁRIO PRODUTOR ASSOD’ANTAS
Prezado(a) Senhor(a),
A entrevista proposta no questionário a seguir é um dos instrumentos de coleta de dados da
pesquisa intitulada “ASSOCIAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES DO CÓRREGO
D’ANTAS DE POÇOS DE CALDAS: um estudo voltado às implicações da certificação
Fairtrade, parte do projeto de mestrado em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida,
pelo UNIFAE de São João da Boa Vista /SP. Por esse motivo, gostaria de solicitar sua
participação e autorização neste estudo. Sua contribuição será significativa para o alcance dos
objetivos propostos do trabalho estudado.
Instruções para preenchimento:
Ao responder o questionário, preencha as lacunas em branco com os dados solicitados e assinale
com um “X” em escala de 1 a 5 (1= Discordo Muito, 2 = Discordo, 3 = Não Concordo nem
discordo, 4 = Concordo, 5 = Concordo Muito) na opção que você acredita ser a mais
adequada. A identificação pessoal e da sua propriedade no questionário será preservada (não
divulgada).
Desde já agradeço a contribuição e como contrapartida a sua colaboração compromete-me a
disponibilizar, ao final da pesquisa, os resultados obtidos.
Pesquisadora: Andreza Aparecida Barbosa.
Endereço: Largo Engenheiro Paulo Almeida Sandeville, nº 15, Bairro Santo André.
Tel.: 0800 173 022- CEP 13.870-377 – São João da Boa Vista/SP.
E-mail: [email protected]
Poços de Caldas, 19 de agosto de 2013.
Nome do associado: ______________________________________________________________
Idade: _________ anos
Sexo:
Masculino
Feminino
Escolaridade: ___________________________________________________________________
Quantas pessoas, da família, trabalham na propriedade: ___________________________ pessoas
Autorização de pesquisa (associado): ________________________________________________
1) Meio de subsistência para o agricultor Fairtrade ASSOD’ANTAS
1.1) Você, como produtor rural Fairtrade, consegue satisfazer as necessidades mensais de
consumo por intermédio da agricultura de subsistência?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




1.2) O aumento de ganhos por meio do comércio justo melhorou a qualidade de vida de sua
família?
158
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




1.3) Você conseguiu com a premiação nas vendas do café para o comércio justo investir na
propriedade rural com melhorias em instalações e uso de tecnologia?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




1.4) A prática de ações do comércio justo fez com que a fixação na terra e na agricultura
familiar fosse vista como uma oportunidade de negócios?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




2) Impactos socioeconômicos nas comunidades
2.1) O aumento de ganhos com o comércio justo beneficiou seu negócio, melhorando a
qualidade de vida de sua família?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




2.2) A Associação interferiu nas ações dos produtores da região às adequações do comércio justo?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




2.3) O nível de remuneração aos empregados, quando necessário contratação, esta de acordo com
o trabalho executado?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




2.4) Você está satisfeito com a vinda do comércio justo para com os seus negócios?
DISCORDO MUITO

3)
CONCORDO MUITO




Impacto na gestão dos negócios da empresa agrícola
3.1) A adequação ao comércio justo contribuiu com melhorias para a gestão da sua propriedade
com ganhos e retornos?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




159
3.2) A busca por novas ideias para a gestão da propriedade, como cursos diversos, treinamento
e/ou reuniões foi de grande importância para melhorar o negócio da sua propriedade rural?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




3.3) Houve melhorias significativas no nível de organização da sua propriedade rural?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




3.4) A qualidade do produto final, oferecida ao mercado passou a ter uma melhoria contínua
após a adequação ao comércio justo?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




4) Impactos ambientais
4.1) Sua propriedade após a certificação Fairtrade, passou a ter melhores condições de
limpeza/sanidade, nas áreas de produção?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




4.2) O lixo produzido na propriedade recebe seu descarte adequado?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




4.3) Existe plano de redução, reutilização e reciclagem de resíduos?
DISCORDO MUITO

CONCORDO MUITO




Muito obrigada pela colaboração!!
Andreza Aparecida Barbosa - Pesquisadora
160
APÊNDICE B - Termo de Autorização de Pesquisa
CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES ASSOCIADAS DE
ENSINO – FAE / São João da Boa Vista – SP
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu
Mestrado Acadêmico em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA
Eu, Andreza Aparecida Barbosa, CPF xxx.xxx.xxx-xx, venho por meio deste solicitar a vossa
senhoria autorização para realização da pesquisa do Projeto de Mestrado em Desenvolvimento
Sustentável e Qualidade de Vida, pelo UNIFAE de São João da Boa Vista /SP. Por esse motivo,
gostaria de solicitar sua autorização neste estudo para tratamento e divulgação das informações
obtidas por meio de documentos internos da ASSOCIAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES
DO CÓRREGO D’ANTAS DE POÇOS DE CALDAS e entrevistas com seus associados no ano de
2013.
Sua contribuição será significativa para o alcance dos objetivos propostos para se diagnosticar as
implicações do empoderamento da certificação Fairtrade dos agricultores familiares na região do
Córrego D’antas em Poços de Caldas.
Desde já agradeço a contribuição e como contrapartida a sua colaboração compromete-me a
disponibilizar, ao final da pesquisa, os resultados obtidos.
Pesquisadora: Andreza Aparecida Barbosa.
Endereço: Largo Engenheiro Paulo Almeida Sandeville, nº 15,Bairro Santo André.
Tel.: 0800 173 022- CEP 13.870-377 – São João da Boa Vista/SP.
E-mail: [email protected]
Poços de Caldas, 2 janeiro de 2013.
AUTORIZAÇÃO:
Nome: ___________________________________________________________________
CPF: ____________________________________________________________________
Presidente da Associação dos Agricultores Familiares do Córrego D’antas – ASSSOD’ANTAS de
Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil.
Assinatura (e carimbo ASSOD´ANTAS): _______________________________________________
Muito obrigada pela colaboração!!
Andreza Aparecida Barbosa – Pesquisadora
Download

ANDREZA APARECIDA BARBOSA, 2014