KPMG Business Magazine 33 Shutterstock/ Monkey Business Images Gestão Maioria dos empresários não está disposta a abdicar do controle das empresas familiares, o que pode dificultar a obtenção de investimentos 16 KPMG Business Magazine 33 Gestão Empresas familiares Estudo aponta como fomentar o crescimento das companhias por meio de investidores individuais A s empresas familiares brasileiras possuem características muito particulares de gestão e enfrentam uma série de desafios para ultrapassar gerações. Um deles é a pressão extra para crescer e aumentar os lucros constantemente, já que o número de pessoas que dependem do rendimento da empresa familiar costuma aumentar geração após geração. E como, de uma forma geral, os proprietários desse tipo de empresa priorizam manter o controle, as opções para obter a necessária injeção de capital ao longo do tempo podem se tornar limitadas. Uma alternativa viável para esse modelo é destaque de uma publicação produzida pela KPMG Global. O estudo “Questões sobre empresas familiares – fomentando o crescimento das empresas familiares através de investidores individuais” analisa as relações entre empresas familiares e investidores individuais de elevada riqueza (HNWIs, do inglês High Net Worth Individual). Os HNWIs costumam ser parceiros ideais para as empresas familiares, porque se mostram mais dispostos a aceitar uma participação minoritária no negócio. Além de representar uma fonte de financiamento, eles ainda podem colaborar com ideias e informações para beneficiar a empresa. O relatório sugere algumas medidas para uma relação duradoura e produtiva entre as duas partes. A atratividade das empresas, segundo a publicação, depende do estabelecimento de uma relação aberta com os HNWIs, de modo que os investidores possam intervir e contribuir sem contrariar a independência estratégica estimada da empresa familiar. Além disso, o investimento para construção e ampliação de redes de relacionamento, bem como o ato de reconhecer os horizontes a longo prazo em comum, para a maioria dos HNWIs, são fatores importantes dessa parceria. 17 KPMG Business Magazine 33 Gestão Outros aspectos facilitadores de uma aproximação com os HNWIs seriam, conforme o relatório, destacar os benefícios tangíveis ao investir no negócio; demonstrar que a empresa aceita dados externos e que existe um nível de estruturas formais de governança; além de considerar a oferta de uma posição no Conselho ao investidor. Por outro lado, o estudo também recomenda ao investidor algumas abordagens que o tornem atrativo para as empresas. Entre elas, a principal seria procurar conhecer as empresas familiares, de modo a identificar oportunidades de investimento. Ações como enfatizar o valor que ele pode agregar à empresa e, acima de tudo, direcionar o investimento para negócios que ele realmente conheça, facilitariam o monitoramento do investimento. O estudo também recomenda que o investidor ressalte sua perspectiva de longo prazo, seja sensível em relação à divulgação e à elaboração de relatórios e conheça bem a família. Buscar empresas familiares mais jovens é outro aspecto destacado no texto. A pesquisa afirma que, quanto mais jovem a empresa, maior a probabilidade de ela oferecer ao investidor uma participação no negócio. A versão em português do estudo estará disponível em breve no site Kpmg.com/br. Para consultar a íntegra do estudo, em inglês, acesse o QR Code: O que mostra a pesquisa Necessidade de recursos Atualmente, 58% dos entrevistados buscam financiamento externo para alavancar seus planos de desenvolvimento de negócios. Expandir é a prioridade para a maioria, seja a curto ou a longo prazo. 18 Quase metade (42%) das empresas familiares já obteve financiamento de HNWI. No entanto, as observações sugerem que a maioria dos investidores, nesses casos, são amigos próximos ou parentes dos proprietários de empresas familiares. Autogestão Governança corporativa Muitas empresas familiares reconhecem a importância da influência externa e o valor dos membros independentes do Conselho. Cinquenta por cento dos entrevistados dizem que seu Conselho de Governança é composto por membros não familiares. Investidores Conflitos Experiências Retorno familiares anteriores de capital Participação majoritária Mais de três quartos (76%) dos entrevistados dizem que os membros da família mantêm uma participação majoritária na empresa. E a grande maioria dos proprietários não está disposta a vender a empresa ou abdicar do controle. Investidores conhecidos Shutterstock/ Criaderia Empresas familiares Setenta e dois por cento dos HNWIs assumem a responsabilidade por metade ou mais de seus investimentos, e 61% dizem que seus investimentos são exclusivamente autogerenciados, ou, em sua maior parte, sob consulta de especialistas. A maioria (60%) dos HNWIs está à procura de investimentos com riscos e retornos razoáveis. Além disso, eles visam uma valorização do capital a longo prazo. Ambas as características coincidem com o fato de investirem em empresas familiares. Quase metade (44%) dos HNWIs já investiu em uma empresa familiar, e a grande maioria (95%) diz que foi uma experiência positiva em comparação a outros investimentos. O principal fator que impediria os HNWIs de investir em empresas familiares é a possibilidade de conflito entre membros da família. Outra razão para recusar o investimento seria a limitação de informações sobre as oportunidades na empresa.