De olho na qualidade Verificador independente assegura eficiência nos contratos de prestação de serviços à administração pública 42 KPMG Business Magazine O programa de desestatização iniciado na década de 1990, no Brasil, ajudou a criar uma cultura que se vem mostrando fundamental para o desenvolvimento do País, em todos os níveis da administração pública. As concessões, instrumentos usados nas privatizações, tiveram um papel-chave na expansão de setores estratégicos, como energia, telecomunicações e transportes. Desde então, o Brasil aperfeiçoa e multiplica, gradativamente, os modelos de participação da iniciativa privada como coadjuvante para atrair investimentos para obras e serviços. Dada a crônica insuficiência de recursos por parte dos Estados e diante dos excelentes resultados obtidos com as concessões, o país deu outro grande passo à frente com a Lei Federal 11.079, de 2004, que instituiu a parceria público-privada (PPP). “As PPPs tornaram-se uma importante alternativa para atrair a iniciativa privada na alocação de recursos para investimentos em infraestrutura. Elas são um relevante instrumento para viabilizar os projetos públicos que não podem prescindir do conhecimento, eficiência e agilidade das empresas” , analisa Felipe Gutierrez, diretor da KPMG no Brasil na área de Risk Consulting. Mas, para cumprir sua finalidade a contento, grande desafio das PPPs é assegurar que o que foi contratado está sendo efetivamente entregue. “É neste aspecto que o papel do verificador independente ganha maior força e importância, por ser imprescindível para a manutenção da qualidade dos contratos feitos em PPP” , explica o diretor. O verificador independente ajuda a determinar qual é a remuneração adequada dos serviços entregues frente aos contratos assinados. Isso é feito pelo acompanhamento dos indicadores-chave de desempenho, que podem levar à aplicação de deduções ou penalidades quando houver inconsistência entre o contratado e o realizado. Esse acompanhamento garante ao Estado que os objetos dos contratos estão sendo respeitados, ao mesmo tempo em que amplia a qualidade e eficiência dos serviços públicos. O que não é pouca coisa. KPMG Business Magazine 43 O bom exemplo de Minas Gerais Minas Gerais é um dos Estados mais adiantados na adoção de sistemas de fiscalização e medição de parcerias público-privadas. E, mais recentemente, inovou com a adoção dos acordos de nível de serviço (ANS) nos contratos assinados pela Intendência da Cidade Administrativa (CA) Tancredo Neves, a sede oficial do Governo. A CA tem 28 contratos de prestação de serviços essenciais ao funcionamento da máquina pública, como o de manutenção predial, que contam com verificação independente. Mensalmente, são mensurados 99 indicadores. Vale ressaltar que, neste caso, não se trata de contratos de PPP, o que mostra também a flexibilidade do instrumento de gestão, monitoramento e controle. O modelo de prestação de serviço da CA é inovador por colocar os diversos fornecedores em contato com os servidores, possibilitando que as solicitações de serviços de manutenção e reparo em equipamentos e instalações sejam feitos diretamente aos contratados. “Nessa modelagem, precisávamos de uma estratégia de avaliação da execução dos contratos que fosse além do simples acompanhamento por um gestor formal. Os ANS garantem o adequado atendimento às demandas, tanto da ótica do servidor, que necessita de 44 KPMG Business Magazine atenção tempestiva, quanto do Governo do Estado – que preza pela padronização e pela qualidade dos serviços prestados” , explica Kênnya Kreppel Dias Duarte, intendente da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves. Terceiro imparcial ampara as decisões técnicas “O escopo do nosso contrato de verificação independente com a CA é verificar em campo a execução dos contratos. Funcionamos como os ‘olhos’ da administração pública” , explica Felipe Gutierrez, com o aval de Kênnya Duarte: “A KPMG também atua como terceiro imparcial em eventuais conflitos entre usuários e fornecedores, amparando tecnicamente a equipe da Intendência para atestar se o serviço foi prestado a contento ou não” , acrescenta a gestora. Para ela, uma vez que os ANS geram impacto no pagamento do serviço, a verificação requer um terceiro imparcial, com conhecimento técnico e credibilidade atrelada à sua reputação. “A contratação do verificador independente dá à estratégia escolhida a legitimidade necessária ao sucesso da iniciativa” , diz. Do ponto de vista do Governo de Minas, o principal benefício esperado da atuação de uma empresa independente é o aumento da qualidade dos serviços prestados pelos fornecedores e maior eficiência da estrutura disponibilizada para os servidores. “A economia de recursos é uma externalidade positiva” , conclui Kênnya Duarte. A Cidade Administrativa A Cidade Administrativa (CA) Presidente Tancredo Neves é a sede oficial do Governo do Estado de Minas Gerais. Com 804 mil m2, sendo 265 mil m2 de área construída, o complexo conta, com cinco edificações principais, o Palácio Tiradentes, que abriga a sede do Governo, os prédios Minas e Gerais, o Centro de Convivência e o Auditório JK. O espaço abriga 57 instituições entre secretarias, fundações, autarquias e empresas públicas, com um total de 17 mil funcionários. Para fazer a gestão desse complexo, foi criada em janeiro de 2011 a Intendência da Cidade Administrativa, órgão responsável por gerir bens e serviços, planejar, coordenar, normatizar e executar atividades necessárias à operação do conjunto. Com uma equipe de 80 pessoas, entre gestores e técnicos, a Intendência gere os contratos terceirizados de obra e manutenção, tecnologia da informação e comunicação, transporte e trânsito, saúde e segurança, escritório, gestão de espaços, alimentação e comunicação. KPMG Business Magazine 45