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São Paulo, quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Política
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ntes mesmo que o termo
disrupção tivesse sido
criado pelo professor de
Harvard Clayton Christensen,
com o pretexto de tornar mais
palpáveis em conceito alguns
dos impactos causados pela
tecnologia, nós já sentíamos
alguns dos benefícios que a
inovação nos traria.
Foi difícil admitir no início
dos anos 90 que uma carta, com
toda a atenção, carinho e prazo
de entrega que demanda, se
tornaria obsoleta com o surgimento do e-mail, eficiente, frio
e rápido. E hoje, duas décadas
depois, embora as pessoas não
troquem mais tantas cartas,
sabemos que aquela caixa
de correio do nosso bairro
não será removida tão cedo.
A tecnologia não existe para
excluir, e sim complementar,
interligar.
É tempo de se reinventar. A
teoria de Chistensen muitas
vezes é confirmada na prática.
Um empreendedor tem um
insight, trabalha para construir
seu sonho e lança uma startup
que oferece um serviço eficiente, rápido e acessível, baseado
na tecnologia de um aplicativo.
A ideia é boa, o app tem uma
interface amigável e, pouco
tempo depois, milhões de
pessoas já usufruem dele. Não
é preciso de muito para captar
as polêmicas atuais: Uber x taxistas; Whatsapp x operadoras
de telefonias; Airbnb x redes
de hotelaria; Netflix x canais
de TV por assinatura.
Afinal, quantas brigas são
necessárias para que se perceba que a tecnologia não exclui
modelos de negócios consolidados, e sim complementa
ideias para proporcionar a
melhor experiência possível ao
consumidor em seu dia-a-dia?
Claro que tudo dentro de uma
regulamentação que atenda às
novas necessidades e hábitos
de uma sociedade que vive
conectada e cada vez mais
exigente.
É tempo de se reinventar
e perceber, ainda que tardiamente, que o poder está nas
mãos de quem compra. Estão
fadadas ao fracasso - ou dias
cada vez mais difíceis - as
empresas que optarem pela
A
cegueira à inovação. Recentemente, a nova ferramenta
de ligação do WhatsApp inflamou discussão no segmento
de telefonia móvel. Se com
as mensagens instantâneas, o
SMS praticamente caiu em um
silencioso esquecimento pelos
usuários, qual seria a reação
inicial das maiores operadoras
do país ao verem a ferramenta
de ligação surgir?
A princípio bastante adversa.
Passado o primeiro impacto, a
resposta veio. Por que não inovar se aproveitando da própria
disrupção do WhatsApp? E é
dessa forma que nascem os
primeiros planos das operadoras com benefícios exclusivos
voltados a quem usa o app, a
preços acessíveis.
Surfando a mesma onda,
Easy Taxi e 99 Taxis são outros dois ótimos exemplos de
empresas que já se mostram
abertas a usufruir da própria
disrupção para continuar
crescendo. Discretamente, as
duas maiores empresas que
oferecem aplicativos de taxi no
país se estruturam para absorver a disrupção do Uber e não
perdem tempo com um debate
que se arrasta há meses.
As pesquisas de satisfação
presentes ao término de cada
corrida não serão apenas
uma simples ferramenta que
muitas vezes é ignorada pelos
usuários, mas sim algo de
extrema utilidade. Em breve,
passageiros poderão avaliar e
dar notas aos veículos, serviço
e conforto. Os melhores avaliados no ranking formarão uma
elite. Tal aposta pode se tornar
uma grata surpresa estratégica
para competir com o Uber.
É preciso ser disruptivo dentro da disrupção. Os líderes de
mercado de ontem poderão ser
os mesmos de amanhã, mas devem hoje compreender que as
inovações acontecem de forma
muito mais rápida do que acontecia há 15 anos. O impacto
causado pelo e-mail não anulou
a carta e as transformações
comportamentais foram - e
ainda estão sendo - sentidas
gradualmente. Hoje, o efeito
de uma inovação é sentido com
maior velocidade.
Estar preparado para pensar
além deve ser o norte de todos
que pretendem continuar em
atividade. A tecnologia se
reinventa, mas não exclui,
e o consumidor é o grande
beneficiado.
(*) - É co-fundador da Seven PR
o RecargaPay.
Compra de armas
de fogo para
maiores de 21 anos
TV Câmara
Carvalho: a
proposta atende
aos brasileiros que
tiveram os direitos
sequestrados com a
edição do Estatuto do
Desarmamento,
em 2003.
A Comissão Especial da
Câmara que analisa mudanças
no Estatuto do Desarmamento
poderá votar no próximo dia
20, o substitutivo do relator
da matéria, deputado Laudivio Carvalho (PMDB-MG).
A proposta reduz de 25 para
21 anos a idade mínima para
a compra de armas no País;
estende o porte para outras
autoridades, como deputados
e senadores; e assegura a todos
os cidadãos que cumprirem os
requisitos mínimos exigidos em
lei o direito de possuir e portar
armas de fogo para legítima
defesa ou proteção do próprio
patrimônio.
O relator argumenta que a
proposta atende à vontade da
maioria dos brasileiros, que,
segundo ele, teve os direitos
sequestrados com a edição do
Estatuto do Desarmamento, em
2003. Para adquirir uma arma
de fogo de uso permitido pelo
novo estatuto o interessado
deverá ser maior de 21 anos;
apresentar a documentação
necessária; e atestar com documentos e laudos emitidos
por profissionais ou instituições
credenciadas ter capacidade
técnica e psicológica para o
manejo e uso da arma a ser
adquirida.
“Não pode o Estado se sobrepor à vontade do cidadão,
individual e coletivamente,
tornando-se o grande tutor. Na
verdade, um tirano”, diz Carvalho no parecer. “É como se
sucessivos governos, incapazes
de prover a segurança pessoal
e patrimonial dos homens de
bem, tivessem feito um pacto
com a criminalidade para tirar
dos cidadãos o último recurso para sua defesa pessoal e
patrimonial, a arma de fogo”,
completa (Ag.Câmara).
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, afirmou que a decisão liminar do ministro Teori Zavascki,
do STF, sobre a tramitação na Câmara de pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff não o
impede de deferir ou indeferir o pedido
“A
prerrogativa da decisão é constitucional.
Não muda nada”,
disse. Teori atendeu a um mandado de segurança do deputado
Wadih Damous (PT-RJ).
Cunha explicou que esclareceu o rito do impeachment
com base em decisão do então
presidente da Câmara, Michel
Temer, sobre requerimento do
PT de abertura de processo de
impeachment do ex-presidente
FHC. Cunha informou ter interrompido, atendendo à oposição,
a análise do pedido de impeachment de Dilma apresentado
pelos juristas Hélio Bicudo e
Miguel Reale Junior. Assim,
poderá ser acrescentada, ao
requerimento, a manifestação
de técnicos do TCU de que as
chamadas “pedaladas fiscais”
Cunha: “Não tomarei nenhuma decisão de ordem pessoal ou
política. Será uma decisão técnica”.
continuaram a ocorrer em
2015, no atual mandato da
presidente.
O deputado Wadih Damous,
que entrou com o mandado de
segurança no STF pedindo a
suspensão do rito de análise
Pracinhas
no Livro dos
Heróis da
Pátria
do pedido de impeachment
definido por Cunha, disse que
o presidente da Casa criou um
rito próprio, não previsto na lei
ou na Constituição. Questionado sobre o fato de Cunha ter se
baseado em uma decisão ante-
Impeachment não preocupa
Executivo, nem base aliada
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE),
negou que o Executivo e a
base aliada estejam preocupados com os pedidos de
impeachment. Para ele, diferentemente do que sinaliza a
oposição, a semana começa
“com muita estabilidade política na Câmara”. Segundo
o deputado, a instabilidade
está apenas no discurso da
oposição.
“Temos absoluta tranquilidade em observar que [em
relação aos pedidos de impeachment] não há fato, não há
fundamento, e muito menos
as justificativas que agora
querem aditar com a tal orientação do Tribunal de Contas
da União [TCu]”, afirmou, ao
destacar o pedido sobre a
mesa de Cunha que mais tem
apoio na Câmara – assinado
pelos juristas Hélio Bicudo e
Miguel Reale Júnior.
Segundo Guimarães, o
governo está estendendo
A Comissão de Educação
do Senado aprovou em turno
suplementar, substitutivo do
senador Dário Berger (PMDBSC) ao projeto do senador Paulo
Paim (PT-RS), que inclui os
pracinhas, ex-combatentes brasileiros na 2ª Guerra Mundial,
no Livro dos Heróis da Pátria.
Como tramitava em decisão terminativa na CE, a proposta será
enviada à Câmara para votação
pelo Plenário do Senado.
A Comissão rejeitou, porém, o
projeto do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), que regulamenta
a profissão de cientista. A rejeição da proposta foi recomendada pela relatora, senadora Maria
do Carmo Alves (DEM-SE), que
entendeu a regulamentação
como nociva e até onerosa, por
demandar alteração de planos
de carreira e regulamento em
diversas profissões ligadas
à atividade. O projeto ainda
segue para votação final na
Comissão de Assuntos Sociais
(Ag.Senado).
Não há fato, não há fundamento para impeachment,
afirma Guimarães.
a “bandeira da paz” para
dialogar com todas as forças
políticas, incluíndo o próprio
Cunha, mas negou que o governo vá interferir nesse caso.
“Isso é tarefa dos partidos.
Como líder do governo, tenho
responsabilidade de falar pelo
governo: o governo não pode,
nem deve. O governo não vai
se intrometer nisso. Não é
assunto de governo, que não
vai vai apoiar, nem desapoiar.
Renan: não é prudente analisar
vetos presidenciais esta semana
O presidente do Congresso Nacional, senador Renan
Calheiros (PMDB-AL), disse
ontem (13) que não é “prudente” fazer esta semana sessão
conjunta para analisar os vetos
da presidente Dilma Rousseff a
propostas que aumentam despesas do governo. Na semana
passada, por falta de quorum
na Câmara, por dois dias consecutivos, a sessão do Congresso
que analisaria os vetos não pode
ser realizada.
“Eu não decidi ainda com
relação à convocação [da sessão] do Congresso Nacional. O
melhor é fazer a convocação
do Congresso no tempo certo,
sem pressa. Tivemos alguns
problemas na apreciação de
vetos. Não podemos repetir
isso. Os vetos estão mantidos
enquanto não forem apreciados. E quando você tira quórum
de uma sessão deliberativa que
Presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros.
está apreciando vetos, você
geralmente o faz para impedir
a sua rejeição”, disse, ao chegar
ao Senado.
Entre os vetos que estão
pendentes, está o que concede reajuste médio de 56% aos
servidores do Judiciário. O
projeto, vetado pela presidenta
Dilma, prevê que as correções
sejam escalonadas até 2019.
De acordo com o Ministério
do Planejamento, se aprovada,
a proposta gerará despesa de
R$ 5,3 bilhões em 2016. Em
quatro anos, até 2019, o custo
total será, segundo o governo,
de R$ 36,2 bilhões (ABr).
Órgãos públicos poderão emitir
certidões pela internet
Órgãos da administração pública, autarquias,
empresas públicas e fundações da União, dos
estados e dos municípios poderão ser obrigados
a disponibilizar, em suas páginas na internet,
opções para requisição e expedição de certidões
por meio eletrônico. A medida consta de projeto
do senador Romero Jucá (PMDB-RR), aprovado
pela Comissão de Ciência e Tecnologia. A matéria
segue para decisão terminativa na Comissão de
Constituição e Justiça.
A iniciativa, conforme Jucá, busca modernizar o processo de emissão de documentos e
reduzir a burocracia no país. O relator, senador
Walter Pinheiro (PT-BA), observa que eventuais incertezas sobre os “documentos virtuais”
[email protected]
rior de Michel Temer, Damous
disse que Temer também agiu
em desacordo com a Constituição. “O Supremo aprecia se há
ou não atentado à Constituição
e não se há precedente”, argumentou.
O líder do DEM, deputado
Mendonça Filho (PE), afirmou
que vai recorrer da decisão do
Supremo, mas disse respeitar
a Corte. “O rito apresentado
na resposta à nossa questão de
ordem é apenas uma possibilidade. Existem outras, como a
própria prerrogativa constitucional”, afirmou, ao confirmoar
que fará o aditamento do pedido
de Hélio Bicudo e Miguel Reale
para incluir as informações
sobre ocorrência de pedaladas
fiscais também em 2015 (Ag.
Câmara).
Arquivo/ABr
São diferentes
segmentos, propostas,
divergências e
resoluções, mas todos
pertencem à mesma
discussão
Alex Ferreira/Ag.Câmara
Gustavo Victorica (*)
Cunha diz que liminar do
Supremo não muda sua decisão
Marcos Oliveira/Ag.Senado
A disrupção dentro
da disrupção
vêm sendo superadas pelos bons resultados na
adoção desses procedimentos e pelo alcance
social da medida.
“A despeito da incerteza inicialmente associada a um uso amplo e irrestrito de documentos virtuais com equivalência jurídica a seus
originais em papel, é preciso ter em mente
que o País vem dando passos nesse sentido
há mais de dez anos, em aplicações de grande
relevância e alcance sociais, sem que tenham
sido registradas falhas sistêmicas”, afirmou
Pinheiro no relatório sobre o projeto. Os órgãos
terão dois anos, a contar da publicação da lei
que resultar do projeto, para implementar a
medida (Ag.Senado).
Para veiculação de seus Balanços, Atas, Editais e Leilões neste jornal, consulte
sua agência de confiança, ou ligue para
TEL: 3106-4171
O governo pede dialogo”,
disse.
“Nossa perspectiva é imprimir um ritmo para votar
as matérias de interesse do
país. A Câmara não pode ficar
aprisionada a esse debate, que
muitas vezes é fantasioso e é
um discurso só da oposição.
Queremos votar e vamos apresentar com consenso as duas
medidas provisórias”, afirmou
Guimarães (ABr).
Comissão
proíbe corte de
mangabeiras
A Comissão de Agricultura
da Câmara aprovou o projeto do deputado João Daniel
(PT-SE), que proíbe o corte
e a derrubada da mangabeira
(Hancornia Speciosa Gomes),
em todo o território nacional. O
corte da mangabeira só poderá
ser efetuado por órgãos especializados da Administração
Pública (estadual, municipal
ou federal), por motivo de
“irremovível necessidade”, de
interesse público, previamente
justificado junto ao Ministério
do Meio Ambiente.
O parecer do relator, deputado Vicentinho Júnior (PSBTO), foi favorável à proposta e à
emenda aprovada na Comissão
de Meio Ambiente. A emenda
estabelece que o Conselho
Nacional do Meio Ambiente
(Conama) poderá prever outros casos em que será permitido o corte e a derrubada da
mangabeira. Ainda de acordo
com o texto aprovado, será
obrigatório o plantio de uma
percentagem de mangabeiras
na implantação de projetos de
reflorestamento em regiões
onde a espécie é nativa e onde
o seu fruto é utilizado como
meio de subsistência e como
alimentação.
A mangabeira é árvore rústica
que pode chegar a dez metros
de altura e é típica do bioma
Caatinga, mas também pode
ser encontrada no Cerrado.
Também bastante comum no
litoral do Nordeste, a mangaba
tem sofrido com o desmatamento da vegetação nativa para dar
lugar a plantações de cana-deaçúcar e a empreendimentos
imobiliários, correndo risco
de desaparecer dessa faixa de
terra. A proposta será analisada em caráter conclusivo pela
Comissão de Constituição e
Justiça (Ag.Câmara).
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Cunha diz que liminar do Supremo não muda sua decisão