] GERAL ] A ação que mudou o rumo do impeachment www.oimparcial.com.br 6 São Luís, domingo, 20 de dezembro de 2015 JUSTIÇA Julgamento que deu outro rumo ao processo de impeachment da presidente Dilma veio de uma ação do PCdoB, processo que sucedeu outro, mas que teve origem no requerimento de Rubens Jr. RAIMUNDO BORGES DIRETOR DE REDAÇÃO A ntigamente, crise como a atual se resolvia na bala, ou os canhões já estariam nas ruas. Hoje, não. Temos o Supremo Tribunal Federal cumprindo rigorosamente o seu papel de guardião da Constituição”. Foi o que declarou, a O Imparcial, o deputado federal Rubens Pereira, vice-líder do PCdoB na Câmara, partido que recorreu ao STF com uma ação, questionando os procedimentos do presidente Eduardo Cunha (PDB-RJ) sobre os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, feitos por partidos e juristas de oposição. O julgamento da ação do PCdoB mudou completamente o rumo do impeachment nos moldes que pretendia Eduardo Cunha. Foi um processo que sucedeu outro, do próprio Rubens Júnior. Ele fazia os mesmos questionamentos, mas foi arquivado no STF por não ser parte diretamente interessada na questão. Agora, o desfecho do imbróglio jurídico-político ficou para 2016, após o recesso parlamentar, que emenda com o carnaval. Segundo Rubens Júnior, a vitória maior foi do PCdoB, que montou um núcleo jurídico, em Brasília, de fora do governo federal, mas acompanhado de perto pelo governador Flávio Dino e pelo ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, amigo pessoal do governador de quando ambos eram deputados federais. “Era tudo articulado, analisado e revisto, se fosse o caso, dentro da uma visão política e jurídica, com suas repercussões no Congresso e também na sociedade”, explicou o deputado. Para ele, a vitória se deu em vários sentidos: no jurídico, com as mudanças da regra do jogo do impeachment pelo STF, e como barreira para impedir novas manobras da oposição, aliada com Eduardo Cunha e parte do PMDB, liderada pelo vice Michel Temer. Rubens Júnior destaca ainda outras repercussões na sociedade, entre grupos que se movimentam nas ruas pedindo o impeachment, e traz, ainda, certa calma ao setor econômico. 2016 Será o ano do desfecho do imbróglio jurídico-político Era tudo articulado, analisado e revisto, se fosse o caso, dentro da uma visão política e jurídica, com suas repercussões no Congresso e também na sociedade Rubens Pereira, vice-líder do PCdoB na Câmara, Cunha não mais assusta Segundo Rubens Jr., o deputado Eduardo Cunha não mais assusta nem o governo, nem sua bancada no Congresso. “Além disso, a decisão do STF valorizou a ação do PCdoB e reafirmou o sentido democrático do debate político”. Os ministros, em sua opinião, deram o tom de como deve funcionar a Justiça num regime de liberdade como a nossa. Todos agiram sem pressão e conscientes de suas convicções sobre uma questão fundamental para o Brasil. “As regras, agora, são claras e ninguém tem mais medo das manobras de Eduardo Cunha. Ele, ou quem vier, não nos assusta”. Para Rubens Jr., o plano de tomada do poder pelo impeachment da presidente deve ser deixado de lado, fazendo valer a soberania do voto popular. “Só é possível o impeachment mediante o consenso da sociedade. Os casos de insatisfação popular, quem deve decidir é a sociedade pelo voto, não por manobras casuísticas de poucos”, alerta. O núcleo jurídico que deu forma à ação que mudou o impeachment foi formado por Rubens Jr., que é advogado; Wady Tanus, que é maranhense; Claudio Pereira, secretário-geral da OAB nacional, e Ademar de Barros Filho, que é jurista independente de partido político. Só é possível o impeachment mediante o consenso da sociedade. Os casos de insatisfação popular, quem deve decidir é a sociedade pelo voto, não por manobras casuísticas de poucos Rubens Pereira, vice-líder do PCdoB na Câmara Próximos passos Os próximos passos do processo do impeachment serão dados a partir de amanhã. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, convocou os líderes partidários para uma reunião às 17h, um dia antes do recesso do Congresso. Assessores não descartam que ele já tenha iniciado algumas conversas, mas afirmam que nada será definido antes da reunião. Um dos acertos entre as lideranças será a lista de deputados indicados para compor a comissão especial que vai analisar o processo nas novas regras. No julgamento, os ministros do STF analisaram cada um dos mais de dez pontos questionados na ação proposta pelo PCdoB sobre o andamento do processo . O voto, nessa escolha, será aberto e não secreto, como foi feito pela Câmara. Quem vai indicar a composição da comissão serão os líderes, obedecendo a proporcionalidade de suas representações na Câmara. Por causa de decisão do líder, foi que o PMDB, presidido por Michel Temer, substituiu o seu, Leonardo Picciani, que poucos dias depois voltou por força da maioria da bancada. Ele é afinado com o Palácio do Planalto. SegundoRubensJúnior,oprocessofoiacompanhadoporFlávioDinoepeloministrodaJustiça,EduardoCardozo