Linguagens, Códigos e suas Tecnologias - Português Ensino Médio, 2ª Série. Texto argumentativo: carta do leitor e editorial. O texto dissertativoargumentativo O que é? É aquele usado para expor ideias e, ao mesmo tempo, tentar convencer o interlocutor da validade delas (1). Qual é a diferença entre dissertar e argumentar? Dissertar é explanar um tema e apresentar os diferentes pontos de vista a seu respeito, sem, no entanto, tomar partido. Encontramos esse tipo de texto em matérias jornalísticas não opinativas, como reportagens e textos de divulgação científica (2). Argumentar é posicionar-se criticamente diante de um tema. Quem argumenta não apenas explica as diferentes correntes de opinião sobre o assunto em tela, como manifesta clara preferência por uma delas e tenta convencer o interlocutor por meio de argumentos (3). Tipos de argumento A eficácia de um texto dissertativoargumentativo depende da correta seleção e articulação de argumentos. Existem, basicamente, oito tipos de argumento a que se pode recorrer (4): 1. argumento baseado no senso comum: fundamenta-se em valores reconhecidamente partilhados pela maioria das pessoas em uma sociedade; 2. argumento baseado em citação: cita a opinião de uma autoridade no assunto em pauta; 3. argumento baseado em evidências: apresenta fatos (dados estatísticos, pesquisas, informações científicas, exemplos reais ou hipotéticos etc) que comprovem a tese; 4. argumento baseado no raciocínio: estabelece relações lógicas entre as ideias. Essas relações podem ser de causa e consequência, de analogia, de oposição, entre outras; 5. argumento de comparação: estabelece o confronto entre duas realidades diferentes, seja no tempo, seja no espaço, seja quanto às características físicas etc; 6. argumento baseado em alusão histórica: o autor retoma acontecimentos do passado para explicar fatos do presente; 7. argumento de presença: consiste em ilustrar com histórias, lendas ou parábolas a tese que queremos defender (5); 8. argumento de retorção: o autor utiliza os próprios argumentos do interlocutor para destruí-los (6). Estrutura do texto dissertativoargumentativo. Introdução : normalmente traz a tese – tomada de posição diante de um tema (ideia – núcleo do texto) - , que será desenvolvida nos parágrafos seguintes. Na introdução, o autor do texto dissertativo( o argumentador) pode fazer uma pergunta para o leitor, que será respondida no desenvolvimento, ou apresentar um exemplo do assunto a ser analisado (7). Desenvolvimento: justifica essa tese por meio de argumentos. Faz-se uma seleção de aspectos ou detalhes particulares que ampliam e explicam a ideianúcleo do texto, de forma ordenada. No desenvolvimento, comprova-se o que foi abordado na introdução, incluem-se dados, informações e argumentos para expor o ponto de vista e converge-se para a conclusão. Geralmente, utiliza-se um parágrafo para cada argumento. No entanto, essa não é uma regra obrigatória. Podem ser desenvolvidos tantos parágrafos quantos forem necessários para que a tese seja apresentada (9). Conclusão: retoma as ideias principais do texto, acrescentando uma reflexão final ou apontando soluções. ATIVIDADE 1 Leia o editorial a seguir, discuta – o com seus colegas e identifique (em dupla) os tipos de argumentos utilizados em sua composição. O navio de Troia “ Foi bonita a festa, pá”, como disse Chico Buarque na música “Tanto Mar”. Em Suape, um mundo de gente, a claque pronta e ativa. Naquele ensolarado 7 de maio do ano passado, antevéspera das últimas eleições presidenciais, o petroleiro “João Cândido” seria, como foi, lançado ao mar. Não é sabido se no batismo o presidente da República quebrou uma garrafa de champanhe no casco ( do navio). Ele não havia prometido ressuscitar a indústria naval brasileira? Ali estava a prova. O povo delirava. Acabada a festa, como sempre acontece após toda festa, era hora da arrumação da casa. O navio voltou para o estaleiro, já que aquele “Titanic” de alpercatas e gibão fazia água. Desde então sua singradura é a imobilidade do estaleiro em que parece encalhado. Com a entrega repetidamente adiada, zarpará, como prometido, em dezembro? Pode parecer um despropósito, mas o “João Cândido” traz à lembrança a Guerra de Troia, aquela em que os gregos teriam mobilizado mais de mil navios. De antemão, entenda-se que o “João Cândido” não serve de paralelo com as embarcações gregas, já que aquelas navegavam. Serve, contudo, à lembrança do rapto por Paris da bela Helena, esposa do rei Menelau, embora, como é fácil inferir, a comparação também não seja pela formosura. A causa é, sim, um cavalo. Não um cavalo-marinho – já que se trata de mar - , mas um imenso cavalo de madeira com o ventre empanturrado de soldados, que os gregos usaram para entrar em Troia. No caso do João Cândido, seu bojo estava vazio, mas, como o abdome do cavalo de madeira, trazia nos seus 280 metros de comprimento e 25 mil toneladas de peso, soldados em forma de luta pela manutenção do poder, de proselitismo, do embuste. A Guerra de Troia, que teria acontecido entre 1.300 e 1.200 antes de Cristo, durou cerca de dez anos. A guerra pela zarpagem do petroleiro “João Cândido” completa, no primeiro semestre de 2012, dois anos. ( Diário de Pernambuco, Caderno Opinião, Novembro de 2011. ) ATIVIDADE 2 Produza um texto dissertativo-argumentativo, com no mínimo 20 linhas e no máximo 30, utilizando os tipos de argumentos estudados. Ao terminá-lo, você irá trocá-lo com um colega para que ele identifique os tipos de argumentos que você utilizou na composição do seu texto. Em seguida, entregue-o ao seu professor para correção