Apresentação: Lucas Maciel Lúcio Santa Ignêz Coordenadora: Drª Sueli Falcão Internato Pediatria - HRAS – 2010 Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)/SES/DF www.paulomargotto.com.br Brasília, 22 de fevereiro de 2010 É o acometimento infeccioso do endocárdio, causado por bactérias (>95% da vezes) ou fungos; Endocárdio valvar, endocárdio das comunicações interventriculares, aorta com coarctação e próteses valvares; Tempo de evolução Aguda: Quadro exuberante; Maior lesão tecidual; Complicações precoces Subaguda: Baixa virulência, Insidiosa Agente infectante Endocardite pelo Staphylococcus aureus; Endocardite pelo Streptoccocus viridans. EI é menos freqüente em crianças do que em adultos; Países desenvolvidos: Responsável por 1 em cada 1300-2000 internações pediátricas anualmente; Aumento da incidência em crianças com alteração da epidemiologia: melhora na sobrevida dos pacientes com cardiopatia congênita complexa; técnicas cirúrgicas cada vez mais inovadoras; a expansão da assistência neonatal para crianças mais jovens e menores; uso mais freqüente de cateteres venosos centrais; No Brasil: O maior percentual encontra-se na faixa etária entre 11 e 30 anos; A doença reumática é responsável pela maioria dos casos de endocardite bacteriana em crianças; As cardiopatias congênitas predominam em pacientes menores que 10 anos; Estreptococcus do grupo viridans: S. mutans, S. mitis, S. intermedius e S. sanguis; Mais comum na endocardite infecciosa (EI) comunitária em valvas nativas; Normalmente habita orofaringe; Instalação subaguda ou aguda. Staphylococcus aureus: Mais comum nas EI associadas ao uso de drogas endovenosas (60% dos casos); Apresenta febre elevada e progressão rápida da EI; Principal agente de endocardite aguda em valva nativa. Enterococos: 15% de todos os casos de Endocardite Infecciosa (EI); Estão relacionadas a infecções ou manipulação do trato urinário; Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium; Segundo agente causador de endocardite subaguda. Estafilococos coagulase-negativos: Mais importante na EI de prótese valvar; Apresentação geralmente subaguda. Grupo HACEK: Haemophilus, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e espécies de Kingella; Responsável por 5% dos casos de endocardite; Agente causador de EI subaguda em valvas nativas e EI em valvas protéticas; Podem ser necessários 14 a 21 dias para crescerem em hemoculturas. Fungos: Aspergillus e Candida spp; Uso de drogas intravenosas; Cirurgia cardíaca recente; Cateteres vasculares de uso prolongado. Outros estreptococos: Estreptococos do grupo A (raro), grupo B e grupo D (E. bovis) Outras bactérias Gram negativas: P. aeruginosa, E coli, Klebsiela-Enterobacter sp e Salmonella sp, Serratia marcescens, Neisseria gonorrhoeae. EVN EPV- precoce (< 2m) EPV - intermediária (2m a 12m) EPV - tardia (>12m) Streptococcus viridans Estafilococo coagulase negativo Estafilococo coagulase-negativo Estreptococo S. aureus S. aureus Enterococos S. aureus S. aureus Estafilococo coagulasenegativo Enterococos Enterococos HACEK Fungos Fungos EVN: Endocardite de Valva Nativa EPV: Endocardite de Prótese Valvar Enterococos Lesão endotelial (principalmente conseqüente à lesão de jato em valvopatias e cardiopatias congênitas) Deposição de plaquetas e fibrina Endocardite trombótica estéril Bacteremia Formação de vegetação infecciosa Crescimento da vegetação Febre – 95%; Sopro – 85% Sintomas inespecíficos: Fenômenos embólicos: Fraqueza, emagrecimento, mialgias, artralgias, artrites e dores lombares; Petéquias, nódulos de Osler, lesões de Janeway e hemorragias subungueais, manchas de Roth; Esplenomegalia; Anormalidades neurológicas; Sintomas de insuficiência cardíaca congestiva. Petéquias Nódulos de Osler Lesões de Janeway Hemorragia subungueal Manchas de Roth Clínico: Sopro cardíaco e Febre; Exames Laboratoriais de Rotina; Hemocultura; Eco cardiograma; Radiologia; Eletrocardiograma; Definitivo: encontro de microorganismos na vegetação ou estudo patológico. Drogas por via intravenosa; Doses altas (garantindo níveis séricos bastante superiores ao MIC); Terapia com duração prolongada; Início da antibioticoterapia: Endocardite Aguda: logo após as 3 primeiras amostras. Endocardite Subaguda: após o resultado das hemoculturas. Antibioticoterapia Empírica: Endocardite Aguda (não usuários de drogas IV): Endocardite Aguda (usuários de drogas IV): Vancomicina 1g 12/12h + Gentamicina 1mg/Kg 8/8h; Endocardite Subaguda: Oxacilina 2g de 4/4h + Gentamicina 1mg/Kg de 8/8h; Penicilina G cristalina 4 milhões UI de 4/4h + Gentamicina 1mg/Kg de 8/8h; Endocardite de Valva Protética (Precoce): Vancomicina 1g 12/12h + Gentamicina 1mg/Kg 8/8h; EI em válvula nativa, adquirida na comunidade ou pós operatório tardio (> 60 d) Droga Dose e Via de Administração Duração Penicilina Cristalina 12-18 milhões U/dia de 6/6h ou 4/4h IV 4 semanas 2g/ dia IV, dose única diária 4 semanas Gentamicina 3 mg/kg/dia IM ou IV dividido em 3 vezes/dia 2 semanas Oxacilina 200mg/kg/dia IV dividido em 4-6 doses 6 semanas OU Ceftrixona Adicionar Tratado de Pediatria,2007 EI nosocomial associado a cateter ou pós-operatório precoce: Droga Dose e Via de Administração Duração Vancomicina 30mg/kg/dia de 12/12h 6 semanas 3 mg/kg/dia IM ou IV dividido em 3 vezes/dia 2 semanas Adicionar Gentamicina Tratado de Pediatria,2007 Estreptococos sensíveis à penicilina (CIM < 0,1 mcg/ml): Droga Dose e Via de Administração Duração Penicilina G cristalina 300.000U/kg/dia de 4/4h IV 4-6 semanas Ceftriaxona* 100mg/kg/ dia IV, dose única diária 4 semanas 3 mg/kg/dia IM ou IV dividido 3 vezes/dia 2 semanas Pode adicionar Gentamicina * Ainda há pouca experiência na população pediátrica no esquema de dose única diária. Obs1.: no caso de CIM > 0,1 mcg/ml, sempre adicionar gentamicina. Obs2.: para alérgicos à penicilina, vancomicina + gentamicina. Tratado de Pediatria,2007 Enterococos: Droga Dose e Via de Admnistração Duração Ampicilina 300mg/kg/dia IV de 4/4h 4-6 semanas Vancomicina 40 mg/kg/dia de 12/12h 4-6 semanas ou 8/8h Se houver resistência, associar Gentamicina 3 mg/kg/dia IM ou IV de 8/8h 3-5 dias Estafilococos sensíveis à oxacilina: Droga Dose e Via de Administração Duração Oxacilina 200mg/kg/dia IV dividido em 4-6 doses 6 semanas Gentamicina* 3 mg/kg/dia IM ou IV dividido 3 vezes/dia Nos primeiros 3 a 5 dias * Com ou sem rifampicina. Tratado de Pediatria,2007 Estafilococos resistentes à oxacilina: Droga Dose e Via de Administração Duração Vancomicina 30mg/kd/dia de 12/12h 6-8 semanas 3 mg/kg/dia IM ou IV dividido 3 vezes/dia 3-5 dias Pode adicionar Gentamicina* * Com ou sem rifampicina. Tratado de Pediatria,2007 Metanálise tratamento clínico vs. cirúrgico: Monoterapia fúngica s/ associação com cirurgia Dois ou mais agentes fúngicos s/ cirurgia Intervenção cirúrgica adjuvante Nenhum estudo randomizado foi conduzido utilizando novos agentes antifúngicos. Candida Endocarditis, 2008. Outras bactérias Gram negativas (enterobactérias): Basear-se no antibiograma; tempo de tto > 6 semanas; Hemoculturas positivas após 1 semana de ATB; Abscesso na valva ou no miocárdio; Um ou mais eventos embólicos importantes durante as primeiras 2 semanas de tratamento; Ruptura dos folhetos ou cordas valvares, ruptura do seio da aorta e do septo interventricular, ou insuficiência valvar aguda com ICC intratável. Tratado de Pediatria,2007 Atividades cotidianas causam bacteremia numa proporção tão ou mais significativa que os procedimentos dentários Apenas 5% das endocardites seriam prevenidas com a profilaxia Higiene oral Lesões de alto risco que não merecem profilaxia segundo o Guideline 2007 Ducto arterioso patente; Regurgitação Aórtica; Estenose Aórtica; Regurgitação Mitral; Dupla lesão mitral; Comunicações interventriculares (CIV) Coarctação da aorta. Procedimentos com recomendação de profilaxia no Guideline 2007 Procedimentos odontológicos com grande manipulação do tecido gengival; Manipulação da região periapical dos dentes; Procedimento oral com perfuração da mucosa orofaríngea (cirurgias do trato respiratório alto). Outros procedimentos com indicação de profilaxia Cateterismo vesical na vigência de infecção* Parto vaginal complicado por infecção* Drenagem de tecido infectado* Procedimentos em que a profilaxia não é recomendada no Guideline 2007 Procedimentos dentários que não causem sangramento; Injeção intraoral ou anestesia local; Queda de dente descíduo; Timpanotomia, mesmo com tubo; Entubação endotraqueal; Cateterismo cardíaco; Procedimentos em que a profilaxia não é recomendada no Guideline 2007, mesmo em pacientes de alto risco Cesareana , parto vaginal não complicado, DIU e procedimentos de esterilização - desde que sem infecção* Cateterismo vesical na ausência de infecção* Broncoscopia com tubo flexível* Endoscopia gastrointestinal com ou sem biopsia* Regime "standart"de profilaxia Procedimentos dentários, orais e trato respiratório superior Amoxacilina, 2,0 g VO (adultos) 50mg/Kg (crianças) em dose única; Droga alternativa no caso de hipersensibilidade Cefalexina, 2,0 g VO (adultos) 50mg/Kg (crianças) em dose única; Clindamicina 600mg VO (adultos) 20mg/Kg (crianças) em dose única, Azitromicina ou Claritromicina 500mg VO (adultos) 15mg/Kg (crianças) em dose única 1 hora antes do procedimento. Regime de profilaxia "standart" parenteral Indicado quando a via oral não é disponivel Ampicilina, 50mg/kg IM ou IV; Droga alternativa no caso de hipersensibilidade Clindamicina 20mg/kg EV 30 minutos a 1 hora antes do procedimento; Cefazolina ou Ceftriaxone 50mg/kg IM ou IV. Administrar a dose a partir de 2 horas antes do procedimento ideal entre 30 minutos e 1 hora de antecedência; pode ser administrada até 2 horas após o procedimento. AHA. Prevention of Infective Endocarditis: Guidelines From the American Heart Association: A Guideline From the American Heart Association Rheumatic Fever, Endocarditis, and Kawasaki Disease Committee, Council on Cardiovascular Disease in the Young, and the Council on Clinical Cardiology, Council on Cardiovascular Surgery and Anesthesia, and the Quality of Care and Outcomes Research Interdisciplinary Working Group. Circulation 116(15):1736-1754, October 9, 2007. Fowler, VG, Bayer, A. Infective Endocarditis. In: Cecil – Medicine, 23rd ed. Philadelphia. Saunders. 2008, p. 537 – 548 Okoshi, K, Okoshi, MP, Matsubara, BB, Meira, DA. Endocardite Infecciosa. In: Antonio Carlos Lopes – Tratado de Medicina Interna. São Paulo. Roca, 2006, p. 4033 – 4041 Day, MD, Gauvreau, K, Shulman, S, Newburger, JW. Characteristics of Children Hospitalized With Infective Endocarditis. In: http://circ.ahajournals.org, 2009, 119:865-870 COSTA, Mário Augusto Cray da et al. Índice de risco de mortalidade por endocardite infecciosa: um modelo logístico multivariado. Rev Bras Cir Cardiovasc [online]. 2007, vol.22, n.2 ISSN 0102-7638. : SciELO Brasil. SCHIRMBECK T; RUIZ JUNIOR E & FIGUEIREDO LTM. Aspectos microbiológicos e resposta terapêutica de 180 pacientes com endocardite infecciosa ocorridos em Ribeirão Preto, entre 1992 e 1997. Medicina, Ribeirão Preto, 33: 129135 abr./jun. 2000 http://www.manuaisdecardiologia.med.br/Endocardite/Endocardite_Page520.ht m. Consultado em: 11/02/2010 - 21h26. Monografia-2008 (Apresentação): Endocardite infecciosa: relato de caso Autor(es): Germano da Silva de Souza Monografia-2008: Endocardite infecciosa: relato de caso Autor(es): Germano da Silva de Souza Ddo Lucas Maciel Ddo Lúcio