Título: Valor do Cliente no Contexto do Relacionamento entre o Cliente e a Empresa Autoria: Alexandra Almawi, Eric David Cohen Resumo: O ambiente competitivo e o desenvolvimento da economia baseada em serviços levaram à reformulação das estratégias empresariais, fazendo surgir neste contexto o conceito de Valor do Cliente no relacionamento comercial, ao postular que o cliente deve ser gerenciado como ativo intangível. A literatura que trata do tema tomou múltiplas direções e ainda hoje persistem diferenças conceituais. Este trabalho verifica a aplicação do construto numa empresa financeira utilizando Análise de Sobrevivência e Modelos Lineares Hierárquicos, obtendo resultados significativos na operacionalização da valoração de clientes e conferindo alto grau de relevância a ações gerenciais que previnem a perda de clientes de valor. 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, pesquisadores vêm discutindo as mudanças no ambiente competitivo e o desenvolvimento da economia baseada nos serviços. Um desdobramento destas tendências é a reformulação das estratégias empresariais que buscam a manutenção de clientes e a busca do relacionamento de longo prazo. Surge neste contexto o conceito de Valor do Cliente (Customer Equity) como critério para guiar as decisões gerenciais de Marketing através da avaliação do retorno que os clientes trazem ao longo do relacionamento comercial com a empresa (BLATTBERG; DEIGHTON, 1996). Segundo esta tendência, os clientes devem ser gerenciados como ativos financeiros e a empresa deve buscar o objetivo de longo prazo de maximização da lucratividade dos clientes. Ao propor o conceito de Valor do Cliente, Rust et al (2001b) notam a necessidade de segmentar a clientela visando concentrar recursos no atendimento a clientes de maior valor. Para Kumar e George (2007), a literatura que trata do tema tomou múltiplas direções, não restando evidentes as diferenças nos conceitos apresentados pelos diversos pesquisadores. O presente trabalho propõe verificar a aplicabilidade do conceito de valor do cliente, estimando o valor vitalício dos clientes de uma empresa que administra carteiras de investimentos. Panda (2003) defende o uso da metodologia de apuração do Valor do Cliente nas empresas financeiras e nota a necessidade de dar foco a este construto, sujeito a variações temporais. Ademais, os mercados atuais caracterizam-se pelo alto grau de competição, fazendo com que exista rápida movimentação de clientes entre concorrentes, conferindo assim um alto grau de relevância às ações gerenciais que evitam a perda de clientes. Utilizou-se neste trabalho o modelo de Blattberg et al (2001a) para calcular o valor de 211 clientes da empresa estudada. Utilizaram-se duas técnicas estatísticas distintas: o estimador de Kaplan-Meier para estudar a probabilidade de o cliente manter relacionamento com a empresa, e a técnica estatística de Modelos Lineares Hierárquicos para estimar a receita gerada pelos clientes da empresa. Esta técnica permite separar as variáveis analisadas em diferentes níveis, respeitando a dependência que estas eventualmente possuam entre si e organizando-as de maneira hierárquica. CONTEXTUALIZAÇÃO Blattberg, Getz e Thomas (2001a) conceituam a Gestão do Valor do Cliente como um sistema integrado de Marketing que utiliza técnicas de valoração, informações de clientes e modelos preditivos para a tomada de decisão em Marketing. O sistema busca a maximização do valor da relação cliente-empresa ao longo do relacionamento comercial. Para estes autores, a Gestão do Valor do Cliente é fundamentada nos seguintes pressupostos: A estratégia de Marketing é baseada no ciclo de vida dos clientes e reconhece-se que o relacionamento entre o cliente e a empresa muda ao longo do tempo. Dessa forma, o ciclo de vida dos clientes substitui o ciclo de vida dos produtos na lista de prioridades das estratégias de Marketing (JAIN; SINGH, 2002). Para explicar e prever as mudanças no relacionamento com os clientes, as empresas precisam de dados longitudinais que possibilitem a construção de modelos preditivos (LIBAI; NARAYANDAS; HUMBY, 2002; REINARTZ; KUMAR, 2000). A eficiência dos preditivos está relacionada ao cálculo do Valor do Cliente. O Valor do Cliente pode ser decomposto a partir dos investimentos em aquisição, retenção e rentabilidade dos clientes, permitindo a distribuição eficaz de recursos nestes processos e a maximização do Valor do Cliente. 2 Inicialmente, o trabalho se propõe a aprofundar as teorias e conceitos de Valor Vitalício do Cliente, para aplicá-lo a uma empresa brasileira administradora de fundos de investimento de clientes gestores de recursos. Define-se fundo de investimento como um agrupamento de indivíduos e empresas que reúne recursos provenientes destes investidores, com o objetivo de obter receitas a partir da aquisição de títulos e valores mobiliários (OLIVEIRA; 2005). O agrupamento se dá por conveniência econômica dos cotistas através da redução de custos e maximização de retornos para cada classe de riscos, minimizando a assimetria de informação. Segundo ANBIMA (2012), o Brasil está entre os dez maiores mercados mundiais, contabilizando um total administrado de cerca de R$ 1,8 trilhões distribuídos em mais de cinco mil fundos de investimento. Inserida nessa indústria encontra-se a administradora “X” DTVM (nome omitido em virtude da necessidade de confidencialidade dos dados), que viu sua base de clientes expandir a taxas anuais de 100% quanto ao patrimônio administrado. PROBLEMA DE PESQUISA O tema da mensuração do valor do cliente gera grande interesse por parte da comunidade científica e dos praticantes de Marketing. Sendo um tema emergente, encontra-se na literatura diferentes correntes de pensamento teórico. Neste trabalho apresentamos os diferentes conceitos encontrados na literatura, oferecendo uma discussão acerca de sua utilidade na definição de estratégias corporativas voltadas à geração de valor. Assim, uma questão importante deste trabalho diz respeito à aplicabilidade dos modelos apresentados, conferindo relevância ao entendimento dos modelos teóricos, as premissas subjacentes e as relacionadas à operacionalização do conceito através da revisão teórica e proposição de estudo de caso para verificar a sua aplicabilidade. De maneira resumida, o trabalho se propõe a responder as seguintes perguntas de pesquisa: É possível definir um modelo de valor vitalício de clientes aplicado gerencialmente de forma a auxiliar a empresa nas suas decisões estratégicas? É possível aplicar o modelo escolhido a uma empresa brasileira gestora de fundos? A técnica de Análise de Sobrevivência (KAPLAN; MEIER, 1958) pode ser útil para a estimação do valor vitalício dos clientes da empresa estudada? A técnica de modelos lineares hierárquicos pode ser utilizada para explicar o comportamento dos clientes da empresa estudada? Em termos de delimitações deste trabalho, considera-se primeiramente que as teorias relacionadas ao tema são recentes. Encontram-se poucos autores que abordam o conceito de valor do cliente, sendo que o primeiro estudo foi realizado por Robert Blattberg em 1996. Consequentemente, espera-se que o conceito de valor do cliente passe por sucessivas evoluções e validações por parte da comunidade acadêmica. Nota-se ainda existir divergência nas interpretações e lacunas teóricas que dificultam a operacionalização do conceito. Uma segunda delimitação reside na escolha metodológica – estudo de caso - que enfatiza a análise contextual dos dados da empresa estudada e a aplicação do modelo de valor vitalício. Embora não se tenha a pretensão de alcançar resultados generalizáveis decorrentes da condição intrínseca do método escolhido, considera-se que será útil para ganhar conhecimento teórico e oferecer hipóteses úteis para estudos posteriores, ao mesmo tempo em que se endereçam lacunas teóricas relacionadas à operacionalização do construto. Em termos de contribuição teórica e gerencial, a utilização de modelos preditivos para trazer à realidade das empresas as estratégias definidas pelas escolas de Marketing ganha cada vez mais importância, conferindo alto grau de relevância teórica e prática a esta pesquisa. 3 REFERENCIAL TEÓRICO A American Marketing Association (AMA, 2007) define Marketing como a atividade realizada pelas instituições para planejar, executar e comunicar trocas que geram valor a consumidores, clientes, parceiros e à sociedade em geral. Na mesma linha, Churchill e Peter (2007) afirmam que a essência do Marketing é o desenvolvimento de trocas voluntárias entre organizações e clientes de transações destinadas a trazer benefícios para ambos. Sucessivas evoluções levaram a algumas proposições acadêmicas fundamentais (Hunt, 1983): • O principal objeto de estudo da área de Marketing são as relações de troca. • O Marketing contempla as atividades com fins lucrativos ou não lucrativos. • Os problemas, teorias e pesquisas de Marketing podem ser analisados através da busca da lucratividade, da visão micro/macro e do caráter positivo/normativo. Tradicionalmente, as empresas enfatizaram a aquisição de clientes através de estratégias focadas nas transações de compra e no crescimento da base de clientes. Mais recentemente, observa-se uma orientação de serviços ao cliente contrapondo-se à gestão de produtos, que tende a ser orientada a transações (RUST et al, 2000; PEPPERS; ROGERS, 2005; BLATTBERG; MALTHOUSE, 2005; BECHWATI; ESHGHI, 2005). Subsequentes evoluções na área enfatizaram a necessidade de desenvolver estratégias de relacionamento de longo prazo com o cliente, trazendo com isso novas perspectivas relacionadas à visão do lucro da organização (PEPPERS; ROGERS, 2005; BLATTBERG; DEIGHTON, 1996; RUST et al 2004). Nesta linha, Rust et al (2000) e Blattberg et al (2001a) propuseram que as estratégias de Marketing fossem apoiadas na gestão orientada pelo Valor do Cliente, que mantém relação com o retorno financeiro trazido ao longo do relacionamento que o cliente mantém com a empresa. Para estes autores, os clientes podem ser considerados ativos financeiros e devem ser gerenciados como tal, sendo a busca da maximização do valor dos clientes o objetivo de longo prazo da organização. Rust et al (2000) entendem que estas tendências amplas e inter-relacionadas que moldam os mercados desenvolvidos são inevitáveis. À medida que as economias transitam de bens para serviços, as transações diminuem de relevância e privilegia-se o desenvolvimento de relacionamentos. Blattberg et al (2001a) enfatizam seis mudanças básicas nas estratégias de Marketing: • As estratégias, táticas e aplicações de Marketing passam a ser orientadas aos clientes, mas não necessariamente aos produtos; • As empresas começam a gerenciar o ciclo de vida dos clientes, através do qual adaptam seu composto de Marketing; • As empresas passam a gerenciar seus recursos frente aos processos de aquisição, retenção e vendas casadas, adaptando a organização em função destes processos; • A contribuição das ações de Marketing deve ser mensurável e acompanhada de ações gerenciais, cujos custos devem ser analisados frente aos retornos financeiros; • As mudanças no valor do cliente passam a ser comunicadas pelas empresas através de fluxos financeiros correspondentes medidos de acordo com seu ciclo de vida. O gerenciamento do valor do cliente oferece uma visão crítica das decisões de Marketing e da geração de valor para a empresa. 4 Ao desenvolver a capacidade de acompanhamento do valor do cliente, a empresa torna-se capaz de mensurar o valor de sua base de clientes e da eficácia dos processos de aquisição e retenção. Posto de outra maneira, o valor fornecido pelos clientes atuais serve para projetar o valor da empresa. O conceito de Valor do Cliente (Customer Equity) tomou múltiplas direções, não sendo evidentes as diferenças encontradas na literatura (por exemplo, Pfeiffer e Bang (2005) citam um termo alternativo: Lucratividade do Cliente ou Customer Profitability). O Valor do Cliente busca estimar o valor vitalício dos clientes da empresa para alocar recursos e atender interesses dos clientes da empresa (JAIN; SINGH, 2002). Dentro dessa categoria encontra-se o modelo estrutural básico de Blattberg e Deighthon (1996), que orienta as decisões de alocação de investimentos através da definição de ações que buscam a atração de novos clientes e a retenção de clientes. Bringham, Gapenski e Ehrhardt (2001) definem margem de contribuição unitária como sendo a diferença entre a receita e o custo variável de um produto. A margem também pode ser entendida como o valor que cada unidade comercializada traz à empresa de sobra entre a receita e o custo decorrente, considerados apenas os custos variáveis. Berger e Nasr (1998) definem Valor Vitalício do Cliente (Customer Lifetime Value) como a resultante do fluxo de caixa gerado pelo cliente ao longo do relacionamento com a empresa. O valor dos ativos em clientes é a soma do valor vitalício de todos os clientes de uma empresa (KUMAR; GEORGE, 2007). Para Blattberg, Getz e Thomas (2001a), a gestão do valor do cliente deve ser acompanhada por uma visão dinâmica e integrada do sistema de Marketing que integra as estratégias e define a estrutura organizacional. Os autores elencam as atividades relacionadas à utilização do valor do cliente no sistema de Marketing: • Computar o valor de cada cliente e gerar decisões baseadas em informações; • Balancear o nível do investimento de Marketing fundamentado nas alterações do ciclo de vida dos clientes; • Organizar processos e estruturas centrados nos processos de aquisição, retenção e vendas casadas, maximizando a lucratividade ao redor do ciclo de vida do cliente; • Atingir o cliente em todas as suas necessidades, visualizando-o como potencial consumidor da cesta de produtos e serviços da empresa; • Utilizar as interações para reforçar relacionamentos e adquirir novos clientes. Ainda persistem diferentes perspectivas quanto à definição do conceito de contribuição do cliente ao longo do tempo (FERREIRA; 2007; ROOMER, 2007). Na esteira das contribuições destes autores, a produção científica relacionada ao tema apresentou considerável desenvolvimento, surgindo novos modelos e adequações ao modelo inicial na intenção de aproximá-lo ao universo gerencial e torná-lo aplicável às empresas. Os modelos apresentados na Tabela 1 representam as principais correntes de pesquisa, de acordo com as categorias propostas por Jain e Singh (2002). 5 Categoria Estudo Modelos de Estrutural básico cálculo do valor vitalício Modelo de migração de clientes do cliente Natureza do Estudo Observações Berger e Nasr (1998) Modelos baseados no VPL Dwyer (1997) Considera a natureza probabilística do comportamento de compra do cliente Modelo para alocação Blattberg e Deighton de recursos (1996) Calcula a distribuição de recursos que otimiza o valor do cliente da empresa Relacionamento com Pfeiffer e Carraway o cliente (2000) Usa Cadeia de Markov Modelos para Pareto / NBD análise da base de Aplicação expandida clientes de Pareto Shimittlein, Morrison Calcula a probabilidade de um e Colombo (1987) cliente na base ainda estar ativo Reinartz e Kumar (2000) Calcula o tempo de relacionamento que traz lucro para a empresa onde não há contato formal Modelos Modelo de valor do Blattberg e Thomas Distribuição de recursos que normativos de cliente (2000) otimiza o valor do cliente valor vitalício Modelo de Blattberg e Thomas Indicado para estratégia de do cliente precificação dinâmica (1997) preços Tabela 1 – Estudos sobre o Valor do Cliente Fonte: Jain e Singh (2002). Para Blattberg, Getz e Thomas (2001a), existem cinco estágios de relacionamento com os clientes. Conhecer os clientes e diferenciá-los de acordo com seu estágio pode favorecer a alocação efetiva dos recursos de Marketing. • Prospects: ainda não são consumidores, porém a empresa deve visualizar este grupo como consumidores iniciais, com o cuidado de estabelecer comunicações relevantes; • Compradores iniciais: realizaram a primeira compra, entretanto ainda se apresentam no estágio de análise e precisam avaliar o nível de serviço recebido. Caso suas expectativas não sejam atendidas, interromperão a relação com a empresa; • Compradores novos que compram novamente: estes compradores tendem a estabelecer relação de longo prazo e estão adquirindo confiança na companhia. Entretanto, se a empresa falhar é provável que desistam do relacionamento; • Compradores principais: clientes entram neste estágio após repetirem regularmente compras com a empresa. Ao menos que ocorra algum problema grave, estes clientes não reavaliarão o nível de serviço recebido. Estes consumidores apresentam o maior nível de fidelização; curiosamente, as empresas ignoram este grupo (que é o mais importante para a empresa); • Desistentes: Diversos fatores podem fazer os clientes desistirem da empresa. Para gerenciar as mudanças ao nível do cliente, são necessários bancos de dados que permitam quantificar o valor do cliente. Blattberg, Getz e Thomas (2001a) postulam abaixo a fórmula de cálculo do valor do cliente. I 8 i=0 k=1 CE (t)= Σ [N i,t α i,t (S i,t – c i,t ) - N i,t B i, α t + Σ N i,t α i, t ρ i, y+k (S i,t+k – c i,t+k - B i, r,t+k - B i,AO,t+k ) (1/1+d) K] 6 Onde: CE (t) é o valor do cliente adquirido no período t N i,t é o número de potenciais clientes no período t para o segmento i α i,t é a probabilidade de aquisição no período t para o segmento i ρ i,t é a probabilidade de retenção no período t para o segmento i B i, α t é o custo por cliente potencial com ações de Marketing cujo objetivo era a aquisição de clientes no período t para o segmento i B i,r,t é o custo com ações de Marketing cujo objetivo era a retenção de clientes no período t para o segmento i B i,AO,t é o custo com ações de Marketing cujo objetivo era a venda casada de clientes no período t para o segmento i Si,t é a receita com vendas de produtos e serviços no período t para o segmento i c i,t é o custo dos produtos vendidos no período t para o segmento i I é o número de segmentos i é a designação do segmento k é o número de períodos decorridos desde a aquisição Para Ferreira (2007), a principal limitação dos modelos reside na operacionalização das variáveis apresentadas pelos autores, que não são definidas claramente. Na mesma linha, Gupta e Lehman (2005) propuseram a simplificação do modelo de valor do cliente, apontando para as dificuldades na implantação do conceito. Para facilitar o entendimento e favorecer a aplicação gerencial da teoria, utilizaram como premissas básicas uma margem de lucro constante, taxas de retenção constantes e tempo de vida do cliente num horizonte infinito. Rust, Lemon e Zeithaml (2000) postulam que o valor do cliente da empresa corresponde ao total dos valores de consumo do cliente ao longo do relacionamento, e nova contribuição de Peppers e Rogers (2005) apresenta o Método de Retorno sobre Clientes baseado na quantificação do efetivo valor das ações de Marketing da empresa. O método calcula o fluxo de caixa adicionado das possíveis variações no valor do cliente, dividido pelo ativo total em clientes no começo do período; nota-se, entretanto, persistirem as dificuldades operacionais. Ferreira (2007) desenvolveu um modelo aderente às recomendações de Blattberg, Getz e Thomas (2001a) utilizando a técnica de modelos lineares hierárquicos (MLH) de estimação da margem de contribuição e o modelo de Cox para a análise de sobrevivência para a análise do ciclo de vida dos clientes. O modelo proposto pode ser aplicado a empresas que possuam banco de dados longitudinais e que se relacionam através de contratos que definem o início e fim do relacionamento comercial. Enquanto que nos modelos clássicos de regressão o intercepto e o coeficiente de inclinação são parâmetros fixos, a técnica de modelos lineares hierárquicos considera que estes são parâmetros aleatórios e dependentes da influência do nível hierárquico mais alto. Com isso, evita-se subestimar estímulos semelhantes em indivíduos no mesmo nível, que levariam a erros de estimativa em razão da ausência de condição de independência (BRYK; RAUNDENBUSH; 2002). Na definição dos níveis do modelo utiliza-se a notação abaixo da margem de contribuição do cliente. Assume-se variação linear da margem em função do tempo decorrido desde o início do relacionamento comercial. Dessa forma, a equação da regressão para os dados no nível 1 é: M i 0 1 * T ei 7 Onde: O intercepto β0 é definido como a margem de contribuição esperada no mês de início do relacionamento. A inclinação β1 é definida como a mudança esperada na margem de contribuição do cliente a cada mês transcorrido do seu relacionamento com a empresa. O termo e representa o único efeito associado ao cliente. O próximo passo no MLH é explicar a variação nos coeficientes β 0i e β 1i através da introdução de variáveis explicativas no nível do indivíduo, utilizando as características de cada produto (por exemplo: benefícios oferecidos, taxas, tarifas, etc.). Nível 2: 0 j 00 01 * W j u 0 j 1 j 10 11 * W j u1 j Onde: γ00 é a média atingida pelos produtos que oferecem benefício de posse; γ01 é a diferença na média entre produtos com benefício de posse e benefício de uso; em outras palavras, é a vantagem atingida pelos produtos com benefício de posse; γ10 é a média das inclinações da reta margem de contribuição – idade do produto para os produtos com benefício de posse; γ11 é a diferença média entre as inclinações das retas margem de contribuição – idade do produto com benefício de posse e de uso; u0j é o efeito na média do produto J associado à variável Wj; u1j é o efeito na inclinação na reta margem de contribuição - idade do produto do produto J associado à variável Wj. Além da estimação da margem, é necessário estimar o tempo de relacionamento do cliente com a empresa. A análise de sobrevivência é utilizada para se calcular a distribuição de probabilidade associada à longevidade do relacionamento cliente-empresa. De acordo com Kleinbaum (1995), a técnica analisa o tempo relacionado à ocorrência de um evento – no caso desta pesquisa, a perda do cliente. A técnica é bastante utilizada nas áreas de medicina e engenharia, mas ainda tem pouca aplicação na área de Marketing (COHEN, 2004). Seja T o tempo decorrido até a ocorrência do evento. A Análise de Sobrevivência explica o comportamento da variável aleatória (T) do cliente que não tenha rompido o seu relacionamento com a empresa no período t. O modelo de riscos proporcionais de Cox considera as observações censuradas e variáveis explicativas que preveem a variável T. De acordo com Kleinbaum (1995), a censura ocorre quando existem informações sobre um indivíduo durante o período de análise de estudo. O modelo de Cox é considerado robusto pelo fato de que os resultados obtidos com esse modelo se aproximam muito dos obtidos através dos modelos paramétricos; é geralmente expresso a partir da função de risco abaixo: hi (t,X) = h0 (t) * e β 1 * X1 + β2 * X 2 + ...+ βp * Xp 8 Onde: X (X1, X2, ... , XP) é o vetor das p variáveis explicativas h0 (t, X) é o risco referencial para o tempo t p é o número de covariáveis β (j) é o valor do j ésimo coeficiente da regressão Xij é o valor do i ésimo caso da j ésima covariável PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A coleta de dados consistiu do levantamento de informações internas da companhia, descritas formalmente e que visavam responder às perguntas de pesquisa. O estudo se reveste de caráter descritivo, posto que objetive quantificar o valor dos clientes da empresa X DTVM utilizando um estudo de caso. Cooper e Schindler (2003) enfatizam a análise contextual do método de estudo de caso através do levantamento de fatos e condições para a solução de problemas. Embora o estudo de caso seja limitado em relação à sua generalização, ele tem um papel científico importante na medida em que oferece a oportunidade de verificação de proposições teóricas, podendo ajudar a validá-las ou levantar novas hipóteses. A unidade de análise, definida como o objeto ou entidade sobre a qual se procura obter informações, são os gestores de fundos de investimento. Como um gestor pode possuir mais de um fundo com a X DTVM, agruparam-se as empresas e utilizou-se toda a população de gestores de investimento que possuíram relacionamento com a administradora. Foram observados ao longo de 60 meses 835 fundos de investimento, distribuídos em um total de 211 gestores independentes. As variáveis observadas foram compiladas e organizadas para que os dados relativos a cada produto e cliente pudessem capturar as informações necessárias para estimar o ciclo de vida, margem, expectativa de vida e comportamento das receitas de cada cliente. Para estimar o custo de aquisição, foram levantadas as despesas mensais de cinco anos do Departamento Comercial da empresa quando objetivaram obter novos clientes ou negociar termos comerciais com clientes atuais. Estes dados foram obtidos internamente através de relatórios de Vendas no ano de 2010, acrescidos aos custos com salários e benefícios para os processos de aquisição e manutenção de clientes da empresa. A variável “Patrimônio Líquido” dos fundos de investimento do estudo é de suma importância para a construção do modelo, uma vez que a receita gerada pelo fundo de investimento é diretamente proporcional ao patrimônio em função da remuneração da X DTVM. A receita é obtida através da taxa de administração e é apresentada através de um percentual anual que incide sobre o patrimônio líquido de cada fundo, sendo possível também definir uma remuneração mínima mensal além desta taxa de administração do fundo. O patrimônio líquido do fundo pode ser afetado pela valorização ou desvalorização da cota, bem como pela aplicação ou resgate de recursos no fundo, sendo decompostos nestas duas variáveis na estimação da receita no presente estudo. Além disso, foi calculada a rentabilidade mensal gerada pela série de cotas do fundo. A série de rentabilidade possui n-1 observações, uma vez que no primeiro mês ainda não houve geração de renda para o fundo. O objetivo era estimar se as oscilações na rentabilidade mantinham alguma relação com o fluxo de captações de fundos (OLIVEIRA; 2005). 9 Blattberg, Getz e Thomas (2001b) definem o custo de retenção como aquele que decorre das ações de retenção dos clientes atuais. Consideramos neste caso os custos relacionados na renegociação dos termos comerciais envidados pela empresa para evitar a perda de clientes. O Valor Presente Líquido (VPL) corresponde aos fluxos futuros de caixa, descontados do valor presente dos custos de investimento e trazidos a valor presente pela taxa de desconto ou custo de oportunidade (MYERS; BREALEY, 2003). Peppers e Rogers (2005) postulam que a taxa de desconto deve levar em conta o custo de capital da empresa, as tendências gerais da economia e a inflação esperada. Em linha com esta recomendação, foram realizadas consultas para avaliar a taxa de retorno praticada pela companhia. Consultados os principais executivos da empresa X DTVM – entre eles o Presidente e o Diretor Financeiro -, decidiu-se utilizar a taxa de 21% ao ano neste estudo. Durante a pesquisa houve censura das informações dos clientes, que correspondem aos fundos que permaneceram ativos após o término do período de observação. Para a análise descritiva dos dados, transformação das variáveis e desenvolvimento da análise de sobrevivência utilizou-se o SPSS v. 13. Para o desenvolvimento do modelo linear hierárquico, utilizou-se o software WSTATA. RESULTADOS Análise de Sobrevivência Como os clientes passam por ciclos de relacionamento com a empresa, um objetivo empresarial é a busca do prolongamento deste relacionamento ao longo do tempo. Tradicionalmente, as pesquisas na área colocaram ênfase no conceito de retenção de clientes ao longo de um período arbitrário – por exemplo, mês ou ano. Entretanto, considera-se que a manutenção em atividade do cliente não se restringe a um período específico e sim no contexto do relacionamento total entre o cliente e a empresa, sendo neste caso fundamental considerar os distintos ciclos de vida do cliente. Conforme apresentado por Kleinbaum (1995), existem diversos modelos e ferramentas para analisar a função de sobrevivência. Ferreira (2007) utilizou o modelo de riscos proporcionais de Cox que considera as variáveis explicativas da variável dependente (tempo) para estimar a função de sobrevivência. Em razão das variáveis relevantes terem sido descritas longitudinalmente, no presente estudo utilizou-se o estimador de Kaplan-Meier (1958). A Figura 1 ilustra a função de sobrevivência dos clientes da X DTVM SA e a probabilidade do cliente manter o relacionamento comercial ao longo do tempo. Figura 1 – Probabilidade de Sobrevivência ao longo de 60 meses Fonte: Elaboração dos autores 10 Valor Vitalício do Cliente e Valor do Cliente O Modelo Linear Hierárquico foi utilizado para analisar o comportamento da receita gerada por cada cliente. O MLH permite que a variância do construto analisado seja explicada através de variáveis preditoras incluídas em diferentes níveis, sendo possível identificar a proporção em que cada nível explica a variância total. Para quantificar o Valor Vitalício de cada cliente, utilizou-se a função de sobrevivência associada que fornece a probabilidade do cliente ter relacionamento comercial naquela unidade de tempo, combinado com o modelo linear hierárquico utilizado para a previsão da receita e com a taxa de desconto aplicada. A equação do Valor Vitalício do Cliente até o período t é a seguinte: T VVC k (T) = Σ S t * Rec k * (1+r) -1 t=0 Onde, VVC k = É o Valor Vitalício do Gestor k. S (t) = Função de sobrevivência para o tempo t. Rec k = É a receita estimada pelo Modelo Linear Hierárquico do gestor k. r = Taxa de desconto da empresa X DTVM. A Tabela 1 apresenta os resultados do MLH. Parte fixa 000 Parte aleatória Gestor Fundo Tempo Coeficiente Erro padrão 4.194,4 Variância 0,4143 1,1510 0,5148 71,4 % 19,9% 55,3% 24,8% Tabela 1 – Coeficientes Fonte: Elaboração dos autores De acordo com os resultados da tabela acima, os três níveis do MLH são representativos para explicar a variabilidade da receita da empresa. As diferenças entre gestores explicam 19,9% da variância total. As diferenças entre fundos respondem por 55,3% da variância e 24,8% da variância é explicada pelo efeito do tempo. A receita média por cliente é R$ 4.194/mês. Valor Vitalício dos Clientes A partir do Valor Vitalício de cada cliente (VVC k) é possível obter o Valor dos Clientes da empresa X DTVM (VC), que consiste na soma de todos os valores vitalícios dos clientes, conforme dispõe a fórmula abaixo: N VC = Σ VVC k k=0 11 Aplicamos o modelo de Valor Vitalício do Cliente para todos os gestores observados e encontramos os valores da Tabela 2 abaixo: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 679342 636417 494227 487014 421247 407945 375208 357624 313732 308829 303608 301658 299964 233090 228998 225852 212724 174502 171764 166579 161518 160873 149417 143210 140759 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 139629 136654 135124 134600 133570 132376 124521 117382 115562 112789 110945 102709 102200 100554 100281 99221 98797 96611 95287 94963 87000 85870 54580 82629 82196 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 81832 79515 78829 78501 76202 76147 75259 74715 739263 73471 72511 72463 68929 65928 65489 64918 63379 60977 60872 60329 57963 57711 56613 55879 55619 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 54327 53449 53402 53039 52279 50236 50013 48627 47781 43853 46665 46636 46333 46303 46184 44998 44287 44112 43896 42054 41865 41285 39970 39952 39313 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 38288 38002 37412 36730 35962 35533 36165 34443 34337 33954 33766 33510 33465 31174 30676 30191 30186 28834 28668 27872 27666 27404 26789 26178 26120 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 25940 25760 25696 25525 25524 25117 23767 23763 23713 22646 22607 22284 21890 21587 21290 20894 20540 20256 20075 19975 19301 18417 18390 18363 18268 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 16038 15990 15932 15735 14053 13933 13833 13612 13512 13495 13394 13181 13091 12971 12966 12954 12917 12765 12760 12558 12450 12371 12050 Tabela 2 – Valor Vitalício dos Clientes da X DTVM SA Fonte: Elaboração dos autores Avaliação do Poder de Previsão do Modelo Para avaliar o poder de previsão do modelo, foram comparados os valores estimados no modelo linear hierárquico com os valores reais das receitas dos clientes. Para tanto, os valores observados foram divididos em cinco quintis. Segundo Ferreira (2007), se o modelo não tiver poder de previsão, os valores da diagonal principal deverão se aproximar de 20%. De acordo com os resultados obtidos, pode-se notar pela Tabela 3 que 28,9% dos clientes no primeiro quintil da receita foram corretamente classificados. Da mesma forma, no quinto quintil 30,1% dos clientes com as maiores receitas foram classificados adequadamente. Este resultado sugere que — a despeito de alguma limitação da previsibilidade do modelo construído no que se refere a indicadores relativos à explicação da variância - observa-se que os valores extremos de margem estão direcionalmente corretos. Este resultado é relevante quando se considera a importância nas estratégias de Marketing de distinção entre os clientes mais representativos e os menos representativos. 12 Margem Calculada 600 601,00 1.317,00 1.318,00 2.200,00 2.201,00 4.993,00 4.994,00 Total Margem Observada 1.076,00 - 1.402,00 1.403,00 – 1.758,00 1.759,00 - 2.302,00 1.075,00 2.303,00 Total # Registros 644 528 404 367 289 2.232 Percentual 28,9% 23,7% 18,1% 16,4% 12,9% 100% 20,5% % do Total 5,9 4,9% 3,7% 3,4% 2,7% # Registros 536 525 451 367 240 2.119 Percentual 25,3% 24,8% 21,3% 17,3% 11,3% 100% % do Total 4,9% 4,8% 4,1% 3,4% 2,2% 20% # Registros 382 445 437 535 376 2.175 100% Percentual 17,6% 20,5% 20,1% 24,6% 17,3% % do Total 3,5% 4,1% 4% 4,9% 3,5% 20% # Registros 296 401 405 468 606 2.176 100% Percentual 13,6% 18,4% 18,6% 21,5% 27,8% % do Total 2,7% 3,7% 3,7% 4,3% 5,6% 20% # Registros 331 319 423 447 654 2.174 100% Percentual 15,2% 14,7% 19,5% 20,6% 30,1% % do Total 3% 2,9% 3,9% 4,1% 6% 20% # Registros 2.189 2.218 2.12 2.184 2.165 10.876 Percentual 20,1% 20,4% 19,5% 20,1% 19,9% 100% % do Total 20,1% 20,4% 19,5% 20,1% 19,9% 100% Tabela 3 - Avaliação do Poder de Previsão do Modelo Linear Hierárquico Fonte: Elaboração dos autores CONCLUSÕES Considerados os objetivos iniciais, o presente trabalho aplicou empiricamente o modelo de Valor Vitalício a uma instituição financeira. A função de sobrevivência apresentou-se útil no cálculo da probabilidade dos clientes manterem relacionamento e foi utilizado o modelo linear hierárquico para previsão de receitas dos clientes. Cabe destacar que podem ocorrer dois tipos de erro no cálculo do valor vitalício do cliente utilizando o comportamento passado dos clientes para previsão de comportamento (BLATTBERG; MATHOUSE, 2005). O primeiro tipo de erro é o chamado falso positivo, no qual o cliente médio é apontado como de grande valor. O segundo é chamado de falso negativo, que corresponde ao cliente de grande valor que é considerado um cliente médio. Para estes autores, no caso do falso positivo a empresa perderá os investimentos feitos; no caso do falso negativo os prejuízos serão maiores em função da perda do cliente. Posto de outra maneira, segundo regra utilizada pelos praticantes de mercado, a maioria dos melhores clientes está mal classificada e não recebe o tratamento devido (falso negativo) e uma pequena parte dos clientes normais recebe tratamento especial (falso positivo). Os autores reforçam a importância de identificar estes efeitos e usar com cautela as previsões baseadas no comportamento histórico de clientes, evitando investir recursos significativos em clientes com contribuição baixa. É importante destacar que a previsibilidade do modelo foi limitada pela ausência de variáveis independentes que pudessem explicar o comportamento da receita. Novos estudos poderiam utilizar os métodos aqui discutidos com outras variáveis na busca de melhores resultados. IMPLICAÇÕES GERENCIAIS Ferreira (2007) afirma que é comum verificar nas empresas a tendência de dar foco a uma visão de curto prazo. Um efeito indesejado desta visão é que ela possivelmente leva a 13 decisões que podem comprometer os resultados e a sustentabilidade da empresa no longo prazo. Dessa forma, obter a visão do Valor do Cliente constitui um diferencial competitivo para a organização, por permitir o acompanhamento da estratégia de Marketing. Para tanto, é necessário assegurar que o cálculo do Valor Vitalício e do Valor do Cliente seja calculado rotineiramente. É relevante notar a importância deste conceito tanto para a atuação gerencial quanto para os investidores, que podem utilizar estas técnicas de valoração para administrar o relacionamento da empresa com seus clientes, o ativo mais importante da companhia. Uma importante implicação gerencial dos resultados apontados neste trabalho diz respeito às estratégias de segmentação dos clientes da companhia em diferentes níveis. Por exemplo, Cohen (2004) defende que a segmentação da base de clientes seja realizada segundo a lucratividade e a probabilidade de perda do cliente. A alta propensão de cancelamento de clientes de alta rentabilidade deve receber toda a atenção e justifica investimentos de marketing em ações de retenção. Analogamente, a empresa deve utilizar ações de manutenção de clientes com baixa propensão ao cancelamento e alta lucratividade. Por outro lado, devem-se considerar ações de rentabilização (como por exemplo, oferta de vendas casadas e renegociação dos termos) aos clientes com baixa propensão ao cancelamento e baixa lucratividade. Por fim, clientes com baixa lucratividade e propensão ao cancelamento podem ser administrados, não justificando necessariamente ações de retenção por parte da empresa. DIRECIONAMENTO PARA PESQUISAS FUTURAS Conforme observado ao longo do estudo, não há consenso sobre a teoria do valor vitalício do cliente e valor do cliente; muitos são os autores que propõem modelos para mensurar estes construtos, sendo necessário o desenvolvimento da teoria para que o conceito possa ser mais facilmente entendido pela comunidade acadêmica e pelos praticantes. Isto posto, um importante direcionamento futuro é a avaliação profunda das diferenças entre as teorias existentes e uma discussão sobre os caminhos comuns para o alinhamento entre estas vertentes. Convém destacar que alguns estudos já iniciaram esforços de desenvolvimento teórico nesta direção (KUMAR; GEORGE, 2007; PFEIFER; BANG, 2005; JAIN; SINGH, 2002). Entretanto, muito ainda precisa ser explorado antes que o tema alcance status de teoria estabelecida. Os modelos propostos de cálculo do Valor Vitalício do Cliente apresentam lacunas operacionais, como por exemplo, a previsão de frequência e valor das transações futuras. Por fim, autores como Roomer (2007) e Adam (2004) consideram que os fluxos de caixa futuros da técnica de Valor Presente Líquido (VPL) não contemplam o ambiente de risco futuro, postulando o uso do conceito de Opções Reais no cálculo do Valor Vitalício e Valor do Cliente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS American Marketing Association. Marketing Definition. Disponível em: <http://www.marketingpower.com/AboutAMA/Pages/DefinitionofMarketing.aspx>. Acesso em: 18 de Fevereiro de 2012 às 18h14min. ANBIMA (2012) Estatísticas Fundos de Investimento. Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais. Disponível em: http://portal.anbima.com.br/informacoes-tecnicas/estatisticas/ind-defundos/Pages/default.aspx. Acesso em: 21 de Abril de 2012 às 17h00min. 14 BECHWATI, R.; ESHGHI, P.. 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