POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: CONCEITOS E MENSURAÇÃO Frederico Poley Martins Ferreira Introdução Poucos estudos e levantamentos no Brasil; Trabalhos realizados pelas Secretarias de Assistência Social dos maiores municípios; Divergência de conceitos e metodologias, estudos que realizaram contagens, amostras, pesquisas qualitativas; Dificuldades tanto de conceituar como de mensurar esta população, aspecto não restrito ao Brasil. Quem são os moradores de rua Uma população “flutuante” que por muitos motivos acabam pernoitando em logradouros públicos, e que, em muitos sentidos, são considerados moradores em situação de rua; Diversidade, muito grande de pessoas que pernoitam nas ruas; Até que ponto pessoas que residem em domicílios muito precários poderiam ser consideradas moradoras de rua? Ex. habitações lindeiras a rodovias. Comumente, a moradia e, muitas vezes, o emprego são apontados como os grandes determinantes da flutuação no número de moradores de rua ; “Por que” um individuo ou mesmo uma família acabam por se encontrar numa “situação de rua”? Quatro grandes grupos de fatores A violência : todos os casos, por exemplo, relativos à violência doméstica (em suas várias formas, psicológica, física, preconceitos...) em relação, principalmente, às mulheres, idosos, jovens e crianças de baixa renda. As drogas, muitos dependentes químicos e ou dependentes do álcool encontram nos logradouros públicos as formas e a liberdade necessária para manter o vício; O desemprego. Existe a situação daqueles que não conseguem gerar renda suficiente para atender à suas necessidades básicas de moradia. Papel dos que temporariamente migram e não são bem sucedidos. Papel dos exdetentos; A saúde. Neste grupo inclui-se uma gama considerável de doenças e deficiências que acabam por ser determinantes para a permanência das pessoas nas ruas. Sem dúvida, o maior número de indivíduos com problemas de saúde nas ruas são aqueles que apresentam algum tipo de sofrimento mental; Porém são comuns problemas com o preconceito: Deficientes, Hanseníase, Aids por parte da família que muitas vezes também não tem condições de cuidar destas pessoas; Conceito de População de Rua “Grupo populacional heterogêneo constituído por pessoas que possuem em comum a garantia da sobrevivência por meio de atividades produtivas desenvolvidas nas ruas, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a não referência de moradia regular” MDS (2005) Dificuldades na realização de Censos - A falta de um endereço fixo; - Pessoas que possuem endereço, porém permanecem a maior parte de seu tempo nos logradouros públicos ; - Diversidade de grupos e suas distintas localizações; - Tempo nas instituições e albergues; - Necessidade de diferenciar os moradores efetivos (ocupações consolidadas) de construções abandonadas, daqueles temporários (ocupações não consolidadas); - Pessoas que circulam pelo município a maior parte do dia, mas que são abrigados ou freqüentam instituições em outros municípios; - Época do ano em que a pesquisa é realizada; - Como lidar com as crianças de rua? Experiência de Belo Horizonte 1º Censo de População de Rua em 1998; - A metodologia de campo; - Questionários com 33 perguntas; - A última questão aberta; 2º Censo de População de Rua em 2005. - Necessidade da ótica do processo; Alguns Resultados Tabela 2 - Distribuição da População em situação de rua por grupos de idade Belo Horizonte 1998 –2005* Grupo Etário/anos Até 01 ano 1 a 5 anos 6 a 9 anos 10 a 13 anos 14 a 17 anos Sem informação Subtotal (menores) 18 a 24 anos 25 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 40 anos 41 a 45 anos 46 a 50 anos 51 a 60 anos 61 a 70 anos 71 ou mais anos Sem informação Subtotal (adultos) Total 1998 31 69 45 32 26 1 204 180 171 133 137 96 49 67 17 1 65 916 1.120 *Dados preliminares Fonte:Censos de População de Rua, 1998 e 2005. (% 1998) 2,77 6,16 4,02 2,86 2,32 0,09 18,21 16,07 15,27 11,88 12,23 8,57 4,38 5,98 1,52 0,09 5,80 81,79 100,00 2005 6 20 18 13 16 2 75 130 154 147 133 125 117 111 42 10 195 1164 1.239 (% 2005) 0,48 1,61 1,45 1,05 1,29 0,16 6,05 10,49 12,43 11,86 10,73 10,09 9,44 8,96 3,39 0,81 15,74 93,95 100,00 Conclusões Necessidade de analisar a população de rua a partir de uma ótica multisetorial; Nesse sentido, as políticas públicas para este segmento também não podem ser encardas de forma específica, dificultando sua implementação; Necessidade de analisar este segmento social também através de uma ótica de processo, utilizando outros instrumentos de pesquisa. FIM, OBRIGADO