CENTRO DE ACOLHIMENTO PARA ADULTOS: IMPACTO NA SOCIEDADE
Pâmela Maria Moreira Fonseca1, Adaice Noronha1, Ana Maria Costa
Carneiro1, Esmeraldina Carlos Peixoto Neri1
1
Unicastelo, Endereço: Rua: Carolina Fonseca, 727 CEP: 08230-03 São Paulo
[email protected]; [email protected],[email protected]; [email protected]
Resumo- A população em situação de rua é considerada um fenômeno urbano, os centros de acolhida são
locais criados e destinados para esta população na cidade de São Paulo. Este estudo objetivou caracterizar
o perfil sócio demográfico, identificar se os indivíduos possuem doença crônica, e informar sobre a
discriminação aos moradores, quando utilizados os equipamentos de saúde. Foi realizada uma pesquisa de
campo, de caráter exploratório, com abordagem quantitativa dos dados. Os resultados apontam que os
sujeitos pesquisados, apresentam necessidades humanas básicas e que a assistência de saúde a esta
população contemplaria esses indivíduos melhorando as suas condições de vida.
Palavras-chave: vulnerabilidade; rua; enfermeiro
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde
Introdução
A urbanização desordenada, o aumento do
desemprego e a extrema desigualdade social são
alguns dos efeitos negativos que afetam a cidade
de São Paulo (LOPES, BORBA, REIS, 2003).
A população em situação de rua é um
fenômeno urbano, caracterizado pela inserção de
cidadão vulnerável e em condições sociais
precárias nas ruas principalmente, dos grandes
centros, incluindo o município de São Paulo.
A implantação de políticas efetivas através de
um serviço de resgate e reinserção desses
indivíduos seria útil para se integrarem a
sociedade com retorno digno e humano
(ALVARES, 2009).
O presente estudo teve o objetivo de
caracterizar o perfil sócio demográfico, identificar a
presença de doenças crônicas, e informar sobre a
discriminação aos indivíduos moradores de rua
quando utilizados os equipamentos de saúde.
Materiais e Métodos
Estudo transversal, descritivo, de campo,
exploratório, com abordagem quantitativa dos
dados coletados. A pesquisa foi realizada em um
Centro de Acolhida para adultos, localizado na
Zona Leste de São Paulo que se destina a acolher
pessoas em situação de rua.
O referido abrigo possui 500 acolhidos
cadastrados. Com base no cálculo de amostragem
para população finita, adotando uma prevalência
do fenômeno de 50%, a amostra final deste estudo
constituiu-se
por
57
pessoas
adultas
alfabetizadas, do gênero masculino e feminino.
A coleta de dados ocorreu entre os meses de
Julho e Agosto de 2012, no período noturno, os
mesmos foram informados sobre os objetivos da
pesquisa e sua forma de participação e os que
concordaram
em
participar da pesquisa,
assinaram do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
Após a assinatura, os participantes foram
direcionados para uma sala, onde foi entregue o
questionário, contendo 24 questões. A pesquisa
foi realizada após aprovação do Comitê de Ética
(CAAE 02758612.7.00005494) da Universidade
Camilo Castelo Branco.
A análise dos dados foi realizada mediante
estatística descritiva, permitida pelo sistema
Statical Package for the Social Sciences (SPSS
11.0).
Resultados
A amostra foi constituída por 57 sujeitos, dos
quais 68,3% possuem entre 20 e 49 anos, 21,5%
50 a 59 anos, 8,7% 60 anos ou mais. Em se
tratando de gênero 77,1% são do sexo masculino
e 22,8% do sexo feminino. Entre os estudados
94,7% são solteiros e 5,3% casados.
No tocante à doença crônica, 14% declararam
ter diabetes, 12,2% hipertensão arterial 3,5%
tuberculose, 3,5% câncer, 1,7% problemas
cardíacos. Portanto, 35,1% possuem algum tipo
de doença, entre elas a tuberculose.
Quando identificado sobre a discriminação por
ser moradores de centros de acolhidas, quando
frequentado os equipamentos de saúde, 28%
demonstraram ter sido vítimas de discriminação
em algum equipamento de saúde; 10,5%
apontaram o posto de saúde – UBS, como sendo
o local mais evidente em discriminação; 8,7% em
hospitais, 7% nos AMAs, e 7% em outros locais
públicos.
O presente estudo também identificou que
57,8% declararam serem fumantes, 29,7% fazem
uso de drogas ilícitas, entre elas, destaca-se a
cocaína, maconha e crack. Quanto ao uso de
Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco
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bebida alcoólica, 40,3% fazem uso de bebidas
alcoólicas.
Identificou-se sobre a procedência regional dos
pesquisados, 56,1% são oriundos da região
Sudeste, formada pelos estados (MG, SP, RJ e
ES) da Federação Brasileira, em seguida destacase a região Nordeste (29,8%), fazem parte desta
região os estados (MA, PI, CE, BA, SE e AL),
5,2% da região Centro- Oeste e 3,5% vieram das
regiões Sul e Norte, fazem parte da região Norte,
os estados (RO, AC, AM e TO); região Sul (PA,
SC e RS). Não respondeu a pesquisa 5,2% dos
estudados.
Questionou-se sobre a possibilidade de
familiares na cidade de São Paulo, 66,6% têm
familiares na cidade de São Paulo, enquanto que
31,5% relataram não ter familiares nesta cidade.
Os motivos pelos quais essas pessoas estão
no centro de acolhida (albergue) são diversos,
sendo apontados com maior freqüência, brigas
com familiares (45,6%), desemprego (28%),
envolvimento com álcool (21%) e drogas (28%),
problemas mentais (5,26%). No que se refere ao
tempo de permanência nesta instituição, 47,7%
estão neste local há menos de um mês, 22,8%
entre um e três meses, 10,5% entre quatro e seis
meses, 15,7% mais de seis meses e 3,5% não
responderam.
Discussão
Segundo censo da população de rua da
cidade de São Paulo realizado no ano de 2011, o
número de pessoas do gênero masculino continua
superior ao feminino, haja vista que no estudo
identificou-se 86% dos participantes como sendo
masculinos e apenas 14% sendo do gênero
feminino. Em se tratando de estado civil observouse também que a população em maior número são
solteiros (DIAS, 2009).
O enfrentamento do desemprego por
períodos longos, a dificuldade de acesso a bens
materiais, está diretamente ligado ao fato das
pessoas encontrarem-se em situação de rua, que
por sua vez os expõem a carências e riscos em
todos os sentidos, o que os tornam mais
vulneráveis (ROSA, SECCO, BRETAS, 2006).
Os equipamentos de saúde estão preparados
para prestar assistência a essa população. O
problema está em quem realiza o atendimento, no
despreparo
dos
colaboradores,
além
da
qualificação inadequada, pois muitos, não estão
preparados para atender esses indivíduos em
suas necessidades básicas (GHIRARDI, et al,
2009).
O principal problema de saúde enfrentado por
essa população continua sendo a drogadição e o
alcoolismo, motivos pelos os quais essas pessoas
foram e se mantêm nas ruas (ROSA;
CAVIOCCHIOLI; BRÊTAS, 2005)..
Pessoas que atualmente se encontram nas
ruas da cidade, em sua maioria desde a infância
tiveram contato com as ruas, passaram por
instituições tais como: Fundações Casas e
Orfanatos, muitos deles, quando chegam à fase
adulta não conseguem mais conviver com
familiares devido ao envolvimento com álcool e
outras drogas, o que os leva ao rompimento de
laços familiares (LOPES, BORBA, REIS, 2003).
O rompimento de vínculo com os familiares
faz com que, esses indivíduos migrem para as
ruas, o envolvimento com álcool e outras drogas
também aparecem bem exacerbadas quando se
fala em quebra de vínculos familiares, outro
problema social é a falta de emprego que também
leva ao rompimento desses mesmos vínculos; pois
estando nas ruas, vêm no álcool e nas drogas a
busca de solução para seus problemas.
Conclusão
A partir da análise dos dados coletados foi
possível observar que os sujeitos pesquisados
apresentam necessidades humanas básicas e que
a assistência de saúde a esta população
contemplaria esses indivíduos melhorando as
suas condições de vida.
Enquanto essa situação não for encarada
como um problema de saúde publica, a tendência
é que o problema ganhe maiores proporções.
Referências
- Alvarez, M.A.S.; Alvarenga, A.T.; Della, S.C.S.A.
Histórias de vida de moradores de rua, situações
de exclusão social e encontros transformadores.
Saude soc. ,18(2), 161-16, 2009.
- Dias, J.S. (2009). Pastoral em Situação de Rua:
Análise das Ações Pastorais da Comunidade
Metodista do Povo de rua na cidade de São Paulo19922009.
Dissertação
de
Mestrado.
Universidade Metodista de São Paulo, São
Bernardo do Campo, São Paulo: Programa de Pós
Graduação em Ciências da Religião
- Ghirardi, M.I.G.; Lopes, R.; Barros, D.; Galvani,
D. Vida na rua e cooperativismo: transitando pela
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Saude, Educ. 9(18): 601-10.2005
- Lopes, R.E.; Borba, P.L.O.; Reis, T.A.M. Um
olhar sobre as trajetórias, percursos e histórias de
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Ocupacional. 11(1): 159-204. 2003.
- Rosa, A.S.; Caviocchioli, G.S.; Brêtas, C.P. O
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- Rosa, A. S; Secco, M. G; Brêtas, A. C. P. (2006).
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Brasileira de Enfermagem 59(3): 331-6.2006.
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