É preciso exigir: ? A manutenção da EGF na esfera pública, condição essencial para garantir uma política de resíduos, determinada pelo interesse das populações e por razões ambientais e não pela procura do lucro. ? A defesa dos serviços públicos municipais e da cooperação intermunicipal exigindo os meios financeiros, humanos e técnicos, para dar resposta às necessidades e anseios das populações. ? A proximidade dos serviços como factor de coesão económica e social do território. ? A defesa dos postos de trabalho, dos salários, dos direitos, da melhoria das condições de trabalho e da valorização social destes trabalhadores. ? O controlo democrático, a transparência e a participação das populações na organização e gestão dos serviços públicos de resíduos. Portugal à venda! Os grupos económicos nacionais e as multinacionais, insaciáveis na procura de negócios lucrativos e sem risco, posicionam-se para abocanhar mais um sector estratégico nacional. De acordo com a imprensa, a Sound Global, empresa chinesa especializada no abastecimento de água e tratamento de águas residuais cotada na bolsa de Hong Kong prepara-se para concorrer à privatização da EGF, em conjunto com a Teixeira Duarte. Para além dos chineses, também as multinacionais brasileiras estão de olho na privatização, como são os casos da Odebrecht e da Solvi. A Mota-Engil, através da SUMA, também já manifestou interesse. Tal como o grupo DST, de Braga, que já anunciou o desejo de entrar na corrida. Privatizar para quê? O governo quer privatizar a EGF (Empresa Geral do Fomento), empresa do grupo Águas de Portugal para o sector dos resíduos. Esta medida, incluída no memorando da troika assinado pelo PS, PSD e CDS, ao ser imposta terá consequências políticas, económicas, sociais e ambientais desastrosas, altamente lesivas dos interesses do país, dos municípios e das populações: ? A EGF é uma empresa rentável, com lucros acumulados nos últimos 3 anos de 62 milhões de euros. ? A EGF controla 11 empresas de recolha, tratamento e valorização de resíduos, criadas em conjunto com os municípios, que abrangem cerca de 63% da população e empregam directamente mais de 2000 trabalhadores, movimentando anualmente cerca de 170 milhões de euros. ? A EGF tem um património avaliado em cerca de 1000 milhões de euros. Só em 2012 investiu perto de 45 milhões de euros. ? A EGF dispõe de modernas tecnologias, infra-estruturas e possui trabalhadores qualificados. Porquê privatizar? Há uma razão: transformar num negócio para alguns mais um serviço público essencial às populações e assim beneficiar os grandes grupos privados! Lucro À custa de quem Lute contra a privatização deste sector! Assine a petição! Divulgue a campanha! www.stal.pt DIS|N.º 3|Fevereiro 2014 Em defesa dos serviços públicos de resíduos Um sector fundamental para o país! Um serviço público essencial! A gestão de resíduos é fundamental ao desenvolvimento equilibrado do País e essencial à preservação e conservação do ambiente, à coesão social e económica, à saúde pública e à qualidade de vida das populações. Este é um sector que deve manter-se na esfera pública e não deve ser transformado num negócio! As consequências políticas, económicas, sociais e ambientais serão desastrosas. Este sector é composto por duas grandes áreas de intervenção: a recolha de resíduos e o seu tratamento e valorização. O sector público de resíduos permitiu a melhoria da qualidade ambiental e proporcionou mais qualidade de vida às populações, não havendo razão que justifique a sua privatização. Pelo contrário, só a sua dinamização e fortalecimento assente na cooperação entre o Estado e os municípios pode dar resposta aos graves problemas sociais e aos enormes desafios ambientais. Em defesa dos serviços públicos de resíduos assine já a petição! www.stal.pt Fruto do investimento público efectuado, o País registou nas últimas décadas enormes avanços: ? Foram encerradas mais de 300 lixeiras. ? 100% da popula- ção portuguesa é servida por sistemas de recolha de resíduos. ? A maioria dos sistemas possui infra-estruturas de tratamento de resíduos urbanos de forma a reduzir a deposição directa. ? O aumento da recolha selectiva tem permitido o desvio de resíduos da deposição em aterro. Um negócio ruinoso! A venda da EGF, correspondendo na prática à privatização das 11 empresas multimunicipais, nas quais a EGF detém 51% ou mais do capital, é um excelente negócio para as grandes multinacionais e para os banqueiros. Ao assumirem o controlo das empresas multimunicipais, os privados passarão igualmente a deter poder sobre os municípios que nelas participam, abrindo caminho a todo o tipo de promiscuidades e negociatas. Um negócio cuja rentabilidade está assegurada mediante a atribuição pelo governo à ERSAR (a entidade reguladora), de poderes para impor preços cada vez mais altos nos serviços Para o País e para as populações de recolha e tratamento de resíduos. trata-se de um negócio ruinoso! Uma venda cujo encaixe previsto é de 200 milhões de euros. Um montante irrisório face aos 1000 milhões de euros já investidos no sector e que irá direitinho para os bolsos dos credores porque os resultados das privatizações tem de ir obrigatoriamente para o pagamento da dívida. A transformação do lixo em mercadoria aliena a sua natureza e, consequentemente o princípio da Redução que constitui um dos pilares importantes dos 3 R (Reduzir – Reciclar - Reutilizar) fica posto em causa, com consequências nefastas para a sustentabilidade ambiental. Na lógica do privado, passando o lixo a ser matéria-prima, é a sua existência em quantidade que assegura condições para o lucro, o qual atinge a sua optimização Os privados passarão a controlar com a permanente transferência um sector estratégico que funciode capitais públicos para o na em regime de verdadeiro privado. monopólio natural, com todas as consequências comprovadas onde tal se verifica: subida brutal dos preços, perda de controlo democrático, aumento da corrupção, degradação ambiental e da qualidade dos serviços prestados, destruição de postos assine já a petição! de trabalho. www.stal.pt A troco de uns quantos milhões, cujo impacto na dívida é uma gota de água, hipotecam-se para sempre as receitas públicas. Contra a privatização da EGF As consequências da privatização A privatização da EGF significará um retrocesso enorme com consequências desastrosas: ? Menos receitas para o Estado e mais lucros para os privados. ? Perda de coesão nacional e de gestão de conjunto do sector. ? Os municípios verão ainda mais reduzido o seu papel na gestão destes serviços. ? Subida brutal dos preços que passarão a ser determinados em função da lógica do lucro. ? A degradação da qualidade dos serviços prestados à população. ? A destruição da actividade económica regional e local. ? O agravamento da exploração laboral num sector onde predominam os baixos salários, violação de direitos, precariedade, destruição de postos de trabalho. ? A perda do controlo do sistema de tratamento e valorização dos resíduos. ? Sobreposição dos interesses privados ao objectivo de redução da produção de resíduos que deve conduzir a política ambiental. Lucra? QUEM As multinacionais e os banqueiros Banqueiros, grandes escritórios de advogados, os intermediários do costume, ganham milhões para «assessorar» o Estado a vender o que é de todos! Desta vez, o negócio foi entregue ao Banco BIG, Citigroup e ao escritório de Morais Leitão. A escolha do Citigroup, feita por um seu antigo funcionário, Joaquim Pais Jorge, à data, gestor da Parpública, e envolvido na tentativa de venda ao Estado de contratos especulativos (swaps), torna este negócio ainda mais chocante! Impedir a privatização dos serviços municipais de resíduos A recolha de resíduos e a limpeza urbana são uma responsabilidade das autarquias e são elas que no essencial asseguram directamente a sua gestão. A gestão dos municípios nesta área é superior em quaqlidade e eficiência à dos operadores privados. Constata-se que ao nível da limpeza, recolha e nalguns fluxos de resíduos no tratamento, o sector encontra-se, já hoje, “povoado” por empresas privadas, que procuram assegurar para Estes são serviços de proximida- si a parte mais lucrativa do negócio de de que todos os cidadãos – o tratamento e valorização. necessitam e a todos devem ser assegurados, serviços essenciais Procuram também assegurar a para a protecção da saúde pública área da recolha por sistema de e do ambiente. É insubstituível a prestação de serviços/concessão. intervenção pública ao nível da Alguns autarcas, privatizaram as sensibilização e prevenção para a actividades de limpeza e recolha redução, reutilização e reciclagem de resíduos, resultado na maioria dos resíduos, a par da dinamiza- dos casos em gestões ruinosas, ção de capacidades que permitam abandono e degradação da a sua valorização, como acontece qualidade dos serviços. com qualquer outro recurso Serviços que vão ficando nas público, para gerar receitas, mãos de um punhado de grandes emprego e desenvolvimento. empresas que ditam as regras, Por tudo isto é necessário que os impõem preços fazendo da municípios mantenham a sua redução da qualidade e da intervenção em todo o sistema de desvalorização do trabalho a sua gestão dos resíduos. base concorrencial. A GESTÃO PÚBLICA DOS RESÍDUOS É ESSENCIAL diga não à privatização!