Assembleias dos municípios servidos pela Valorsul unidas contra privatização da EGF MARISA SOARES (HTTP://WWW.PUBLICO.PT/AUTOR/MARISA-SOARES) 30/04/2014 - 13:47 Presidentes das assembleias municipais de Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira pediram reunião com ministro do Ambiente para mostrarem discordância com este processo. (http://imagens1.publico.pt/imagens.aspx/785421?tp=UH&db=IMAGENS) Valorsul é responsável pelo tratamento e pela valorização dos resíduos de 19 municípios da região de Lisboa e Oeste JOÃO HENRIQUES Os presidentes das assembleias municipais de Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira pediram nesta quartafeira uma reunião com o ministro do Ambiente para mostrarem que estão contra a privatização da Empresa Geral do Fomento (EGF) e a consequente privatização da Valorsul, por considerarem que esta pode levantar problemas ambientais. “Queremos ter a certeza absoluta de que a entidade que vai tratar dos resíduos dos nossos municípios é pública, controlada pelo poder político público e democrático, porque sabemos que isto pode ser um grande negócio mas que pode levar à diminuição das regras de segurança e das exigências ambientais”, disse a presidente da Assembleia Municipal (AM) de Lisboa, Helena Roseta, à saída do ministério. A autarca considera que pode estar em causa “um problema de saúde pública”. Segundo a presidente da AM de Loures, Fernanda Santos, a comitiva que esteve hoje no Ministério do Ambiente foi “mandatada pela maioria das assembleias municipais que fazem parte do sistema da Valorsul” – a empresa é responsável pelo tratamento e valorização de resíduos de 19 concelhos da região de Lisboa e Oeste –, numa reunião “inédita” realizada a 21 de Abril para debater uma posição comum sobre o assunto. “Não conseguimos reunir-nos com todas as assembleias, porque são órgãos deliberativos que não ocupam o cargo a tempo inteiro, mas sabemos que a esmagadora maioria já aprovou posições contra esta privatização”, afirmou. Para Fernanda Santos, “a forma como os municípios foram ignorados é absolutamente inadmissível”. “Neste momento, aquilo a que se assiste é a uma campanha dizendo que os municípios podem lucrar muito com a venda”, criticou, numa alusão aos dados recentemente divulgados sobre quanto é que as câmaras, accionistas minoritárias da Valorsul, poderão lucrar (http://www.publico.pt/economia/noticia/municipiospodem-lucrar-entre-40-a-218-com-a-privatizacaoda-egf-1633604)com a venda das suas acções: entre 40% e 218%. “Os municípios não querem vender, querem que a EGF se mantenha na esfera pública”, insistiu a presidente da AM de Loures. Os autarcas consideram que, com a privatização da Valorsul, os municípios deixarão de poder defender os interesses das populações, em termos de qualidade ambiental e do aumento do tarifário. "Passando a empresa para a esfera privada, não sei se essas garantias poderão ser dadas à população", sublinhou João Quítalo, presidente da AM de Vila Franca de Xira. A privatização da EGF envolve a venda da totalidade do capital da empresa, que pertence à holding estatal Águas de Portugal, da qual é o braço para o sector dos resíduos. Mas o futuro comprador tem de adquirir também as participações dos municípios – caso estes as queiram vender – nas empresas que gerem os 11 sistemas multimunicipais de gestão de lixos urbanos. A EGF é accionista maioritária destas empresas. Os representantes das assembleias municipais vão ser ouvidos pelos grupos parlamentares do PS, Bloco de Esquerda e PCP, e estarão também na audição pública sobre a EGF na Assembleia da República na sextafeira. Nesta sessão será discutido o projecto de lei entregue no Parlamento pelo grupo parlamentar Os Verdes, que prevê a revogação do processo de privatização. A iniciativa dos representantes das assembleias municipais segue-se a outra da associação ambientalista Quercus, que na terça-feira enviou ao ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, uma carta aberta sobre o processo “pouco transparente” da privatização da EGF, na qual levanta questões sobre os riscos ambientais e o funcionamento do sector dos resíduos.