FORUM SOBRE O EMPREGO DOCENTE A QUALIFICAÇÃO EM PORTUGAL: números que falam por si EUGÉNIO ROSA Economista [email protected] GABINETE DE ESTUDOS DA CGTP LISBOA, 30 JANEIRO 2008 A MELHORIA DA ESCOLARIDADE EM PORTUGAL ENTRE 1991-2005 INFERIOR À MÉDIA DA OCDE 1991 2005 POPULAÇÃO POPULAÇÃO 20051991 PAÍSES Inf.12º 12º superior Inf.12º 12º superior Inf. 12 Portugal 86% 8% 7% 74% 13% 13% -12 pp Grécia 49% 37% 14% 40% 39% 21% -9 pp Espanha 78% 12% 10% 51% 20% 28% -26 pp Itália 72% 22% 6% 49% 38% 13% -23 pp Irlanda 53% 27% 20% 35% 36% 29% -18 pp França 49% 36% 15% 33% 42% 25% -16 pp Suécia 31% 44% 25% 16% 54% 30% -15 pp OCDE 45% 37% 18% 29% 41%(*) 26% -16 pp OUTROS INDICADORES DO NIVEL DE ESCOLARIDADE DE PORTUGAL E MÉDIA DA UE27 RUBRICAS PORTUGAL UE27 2004 2006 2004 2006 População de 20-24 anos - com secundário ou mais 49,6% 49,6% 77,1% 77,8% Pop.18-24 anos -abandono escolar 39,4% 39,2% 16,0% 15,3% Pop.25-64 anos-terminou secundário 25,2% 27,6% 68,3% 70,0% Jovens no secundário profissional 10,4% 14,5% 57,9% 58,1% 9,3% 9,6% 25-64 anos em acções de formação e educação FONTE: Eurostat 4,3% 3,8% ENTRE 1985 E 2005, A % DE PROFISSIONAIS QUALIFICADOS E ALTAMENTE QUALIFICADOS DIMINUIU (1995:46%; 2005: 44,1%) QUALIFICAÇÕES 1985 1991 1995 2000 Quadros superiores 2,2% 2,3% 3,3% 4,9% 5,6% 10,5% Quadros médios 1,7% 2,1% 3,1% 3,2% 4,0% 5,1% Encarregados, contramestres 4,5% 4,5% 4,2% 4,1% 3,7% 3,6% Altamente qualificados 4,1% 4,6% 5,7% 6,7% 6,5% 6,6% Profissionais qualificados 41,9% 41,4% 45,3% 44,8% 42,4% 37,5% Profissionais semi-qualificados 19,9% 18,3% 17,5% 16,3% 16,1% 14,7% Profissionais não qualificados 9,9% 9,5% 10,4% 11,0% 13,1% 12,5% Praticantes e aprendizes 10,1% 12,0% 8,5% 7,2% 5,8% 4,6% Residual ignorado 5,7% 5,3% 1,9% 2,0% 2,9% 4,9% 100% 100% 100% 100% 100% TOTAL FONTE: Quadros de Pessoal, DGEEP/MSST 2003 2005 100% BAIXO NIVEL DE ESCOLARIDADE DOS EMPREGADOS, OBSTÁCULO AO AUMENTO DA QUALIFICAÇÃO E AO CRESCIMENTO ECONÓMICO ( ao ritmo actual seriam necessários 35 anos para Portugal atingir a média OCDE-2005) PERIODO EMPREGADOS 2ºTrimestre 2004 2ºTrimestre 2005 2ºTrimestre 2006 2º Trimestre 2007 2ºTrim.2007-2ºTrim.2004 MÉDIA ANUAL VARIAÇÃO 3º Trimestre 2007 Básico % Total 74,5% 72,2% 71,2% 70,6% -3,9% -1,3% 71,2% Secundário % Total 13,8% 14,4% 15,1% 15,2% 1,4% 0,5% 15,0% FONTE: Estatísticas Emprego -3ºTrim.2005,3ºTrim.2006-3ºTrim.2007-INE Superior % Total 11,7% 13,4% 13,7% 14,2% 2,5% 0,8% 13,8% 2001-2004: A CRIAÇÃO DE EMPREGO MAIS QUALIFICADO SUPERIOR À DESTRUIÇÃO, VERIFICANDO-SE O INVERSO COM O EMPREGO MENOS QUALIFICADO Estatísticas de Emprego - INE 4ºT-2001 4ºT-2004 4T01-4T04 Quadros superiores e dirigentes Ad.Pub e empresas 348,3 453,5 + 105,2 Especialistas das profissões intelectuais e cientificas 351,1 446,7 + 95,6 Técnicos e profissionais de nÍvel intermédio 362,2 422,7 + 60,5 1.061,6 1.322,9 + 261,3 Pessoal administrativo e similares 476,9 531,9 + 55,0 Pessoal dos serviços e vendedores 701,3 673,1 -28,2 1.178,2 1.205,0 + 26,8 557,6 559,5 + 1,9 1.087,2 950,9 -136,3 Operadores de instalações, maquinas e Montagem 418,0 417,9 -0,1 Trabalhadores não qualificados 673,5 639,2 -34,3 2.736,3 2.567,5 -168,8 4.976,1 5.095,4 119,3 GRUPOS PROFISSIONAIS QUALIFICAÇÃO E ESCOLARIDADE ELEVADA QUALIFICAÇÃO E ESCOLARIDADE MÉDIA Agricultores e trabalhadores qualif. Agricultura, pescas Operários, artífices e trabalhadores e similares BAIXA ESCOLARIDADE E QUALIFICAÇÃO DE BANDA ESTREITA TOTAL 2005-2007: A DESTRUIÇÃO DE EMPREGO MAIS QUALIFICADO SUPERIOR À CRIAÇÃO, VERIFICANDO-SE O INVERSO COM O EMPREGO MENOS QUALIFICADO 2º Trim. 2005 Mil 2º Trim. 2007 Mil VARIAÇÃO Mil Quadros superiores e dirigentes Administração Publica e empresas 494,8 360,7 -134,1 Especialistas das profissões intelectuais e cientificas 433,2 435,7 2,5 Técnicos e profissionais de nível intermédio 435,5 451,2 15,7 1.363,5 1.247,6 -115,9 Pessoal administrativo e similares 508,7 490,4 -18,3 Pessoal dos serviços e vendedores 680,6 758,6 78 1.189,3 1.249,0 + 59,7 Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura, pescas 559,7 562,4 2,7 Operários, artífices e trabalhadores e similares 940,3 1.003,60 63,3 Operadores de instalações, maquinas e trabalhadores. montagem 415,8 406,8 -9 Trabalhadores não qualificados 636,5 651,6 15,1 2.552,30 2.624,40 + 72,1 5.105,10 5.121,00 + 15,9 GRUPOS PROFISSIONAIS QUALIFICAÇÃO E ESCOL. MAIS ELEVADA QUALIFICAÇÃO E ESCOLARIDADE MÉDIA QUALIFICAÇÃO E ESCOL. MAIS BAIXA TOTAL DESEMPREGO QUE MAIS CRESCE É O DE MAIS ELEVADA ESCOLARIDADE 1º Trim. 2005 1ºTrim. 2007 3º Trim. 2007 VARIAÇÃO % Mil Mil Mil 1ºT07/1ºT05 Até ao básico 313.200 340.500 312.700 8,7% Secundário 59.300 73.500 67.100 23,9% Superior 40.100 55.900 64.700 39,4% ESCOLARIDADE FONTE: Estatísticas de Emprego - INE A MAIORIA DAS EMPRESAS PORTUGUESAS NÃO TÊM UMA CULTURA DE FORMAÇÃO NEM CUMPRE A LEI (artº 125 e 137 do Código do Trabalho e o governo isenta-as do cumprimento da obrigação do artº 166 por não ter ainda emitido a Portaria com o modelo de relatório) DESIGNAÇÃO Nº % 10.022 100,0% EMPRESAS COM FORMAÇÃO 1.180 11,8% EMPRESAS SEM FORMAÇÃO 7.271 72,6% Trabalhadores têm qualificação suficiente 3.883 53,4% Não faz parte actividade empresa 2.945 40,5% 902 12,4% EMPRESAS INQUIRIDAS RAZÕES DADAS PELAS EMPRESAS: Falta de informação sobre formação FONTE: Praticas de Financiamento da Formação em Portugal - IQF - 2004 REDUZIDA IMPORTÂNCIA DO ENSINO SECUNDÁRIO PROFISSIONAL EM PORTUGAL SECUNDÁRIO Ano lectivo 2006-2007 Alunos % TOTAL 239.223 67,1% Científicos Humanísticos 182.780 51,3% Cursos Gerais (12º) 13.767 3,9% Cursos Tecnológicos (*) 40.320 11,3% Cursos Tecnológicos (12º) 2.356 0,7% ARTISTICO 2.256 0,6% 47.460 13,3% 5.083 1,4% 62.564 356.586 17,5% 100,0% REGULAR PROFISSIONAL CEF RECORRENTE TOTAL (*) Portaria 550-A/2004 FONTE: Recenseamento Escolar-2006/07-GIASE-ME O Nº DE DIPLOMADOS NAS ÁREAS “TECONOLOGICAS” PERIODO 1997/98 – 2005/06 INFERIOR A 20% AREA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO Diplomados % TOTAL Educação 97.068 17,4% Artes e Humanidades 48.454 8,7% Ciências Sociais, Comércio e Direito 174.197 31,3% Ciências, Matemática e Informática Engenharia, Indústrias e Construção 34.302 6,2% 74.052 13,3% Agricultura 11.668 2,1% Saúde e Protecção Social 87.880 15,8% Serviços 28.680 5,2% 556.301 100,0% TOTAL FONTE : Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia DIPLOMADOS POR ÁREAS – 2000/01-2004/05 AREAS – Anuário 2005- INE Ciências educação, Artes, Humanidades, Sociologia, Jornalismo, direito PERIODO 2000/01-2004/05 DIPLOMADOS % total 135 739 40,8% 52 459 15,8% Ciências da vida 4.950 1,5% Física, Matemática e Estatística 9.828 3,0% 29.598 8,9% Industria e Agricultura 10.054 3,0% Arquitectura 15.223 4,6% 1.116 0,3% Saúde 48.548 14,6% Serviços sociais e pessoais 18.361 5,5% 6.564 2,0% Ciências de empresa Informática e engenharia Veterinária Outros TOTAL 332.440 100,0% COMO A OCDE MEDE OS EFEITOS DA EDUCAÇÃO EM TERMOS INDIVIDUAIS: com base na TRIPIE (Taxa de Rendimento Interna Privada do Investimento na Educação) Mede o beneficio (aumento de rendimento ) obtido por um individuo pelo investimento inicial feito na educação A TRIPIE é calculada tendo como base o período de vida dos indivíduos com diferentes níveis de escolaridade A TRIPIE é exprimida em percentagem semelhante à taxa de juro CORRELAÇÃO POSITIVA ENTRE O RENDIMENTO INDIVIDUAL E NIVEL DE ESCOLARIDADE - 2004 FONTE: Education at a glance – OCDE- 2007 ENSINO PORTUGAL ESPANHA ITALIA UK SUECIA SUPERIOR 179 144 160 169 137 SECUNDÁRIO 100 100 100 100 100 BASICO 57 85 79 69 87 SECUNDÁRIO/ BASICO 1,8 1,2 1,3 1,5 1,1 SUPERIOR/ BASICO 3,1 1,7 2,0 2,4 1,6 SUPERIOR/ SECUNDÁRIO 1,8 1,4 1,6 1,7 1,4 CORRELAÇÃO ENTRE NIVEL DE ESCOLARIDADE E REMUNERAÇÃO EM PORTUGAL - T.C.O. NIVEL ESCOLARIDADE COMPLETO 1998 2004 2006 Ate básico-3ºC – Euros 422 530 565 Secundário e pós – Euros 598 734 758 Superior – Euros 1.052 1.294 1.355 Secundário/Básico 1,42 1,38 1,34 Superior /Básico 2,49 2,44 2,40 Superior/Secundário 1,76 1,76 1,79 FONTE: Estatísticas do Emprego - 2º Trim.2007-INE COMO A OCDE MEDE OS EFEITOS DO AUMENTO DA ESCOLARIDADE NO CRESCIMENTO ECONOMICO: através da TRISE (Taxa de Rendimento Interna Social do Investimento na Educação) A TIRSIE mede os custos e os benefícios para a sociedade do investimento realizado na educação Segundo a OCDE , o efeito a longo prazo de um ano de escolaridade é calculada entre 3% a 6% de acréscimo de produção AS DESPESAS POR ESTUDANTE EM PORTUGAL ERAM EM 2004 JÁ INFERIORES À MÉDIA COMUNITÁRIA PAISES 2004-DESPESAS /ESTUDANTE Primário Secundário Superior UE27-Euros 4.358,5 5.579,7 7.865,8 Zona Euro - Euros 4.587,1 6.317,3 8.369,5 PORTUGAL(PT) -Euros 3.598,5 4.784,5 4.669,8 %PT/UE27 82,6% 85,7% 59,4% %PT/ Zona euro 78,4% 75,7% 55,8% FONTE: Eurostat DESINVESTIMENTO DO ESTADO COM A FUNÇÃO “EDUCAÇÃO” EM PORTUGAL NOS ÚLTIMOS ANOS ANO PIB Milhões € “EDUCAÇÃO” Milhões € “ED.”/PIB % “ED.” % do OE 2004 144.222,9 7.132,1 4,9% 17,5% 2005 148.927,8 7.136,1 4,8% 17,3% 2006 155.131,1 7.263,4 4,7% 16,9% 2007 162.577,4 7.233,2 4,4% 16,2% 2008 170.706,3 7.093,8 4,2% 15,5% FONTE. Relatório OE 2007 e 2008, e Boletim DGO -Dez2007 DESINVESTIMENTO NO ENSINO BÁSICO E SECUNDÁRIO NOS ÚLTIMOS ANOS EM PORTUGAL ANOS Básico + Secundário - Milhões € Preços correntes Preços 2005 2005 5.262,2 5.262,2 2006 5.260,7 5.100,0 2007 5.149,4 4.876,3 2008 5.109,5 4.689,8 2008-05 -152,7 -572,4 Variação 2008-05 em % -2,9% -10,9% FONTE. Relatório OE 2007 e 2008, e Boletim DGO -Dez2007 DESINVESTIMENTO NO ENSINO SUPERIOR NOS ÚLTIMOS ANOS EM PORTUGAL RUBRICAS 2005 2006 2007 2008 1.046,2 1.099,4 987,4 1.008,7 73,5 53,9 1.060,9 1.062,6 385,6 391,5 363,9 359,2 21,5 13,2 2008-05 UNIVERSIDADES e SAS Funcionamento 1.104,5 1.145,7 Funcionamento - CGA Investimento SOMA 83,4 1.187,9 75,4 1.221,1 -10,5% POLITECNICOS e SAS Funcionamento 423,7 422,2 Funcionamento - CGA Investimento 21,4 26,1 SOMA 445,1 448,3 385,4 372,4 -16,3% TOTAL 1.633,0 1.669,4 1.446,3 1.435,0 -12,1% FONTE: Relatórios do OE2005, 2006, 2007 e 2008 FUNDOS COMUNITÁRIOS QUE NÃO FORAM UTILIZADOS NO PERIODO EM QUE PODIAM SER, TRANSITANDO A SUA UTILIZAÇÃO PARA ANOS POSTERIORES RÚBRICAS QCA III -TOTAL 1-Elevar nível Qual. Portugueses 2-Alterar perfil produtivo 3-Afirmar valia do País 4-Promover desenv. e coesão social FUNDOS COMUNITÁRIOS NÃO UTILIZADOS Milhões € Até ao fim de 2004 Até ao fim de 2005 Até ao fim de 2006 4.344,3 4.602,9 5.162,8 867,5 950,9 1.090,8 1.028,8 1.080,1 1.305,7 573,6 554,8 422,5 1.846,0 1.994,4 2.323,7 FONTE: Reuniões do 3º QCA em 2005, 2006 e 2007 NOVE REFLEXÕES FINAIS QUE SÃO APENAS CONTRIBUTOS PARA O DEBATE (I) 1- Os resultados do Sistema de Ensino em Portugal não têm correspondido às necessidades de desenvolvimento do País sendo a baixa escolaridade um obstáculo ao aumento da qualificação e uma das causas do atraso e um obstáculo ao desenvolvimento futuro. 2-Existe uma correlação positiva grande entre nível de escolaridade e rendimento pessoal, e entre nível de escolaridade e taxa de crescimento económico: maior escolaridade => mais rendimento e mais crescimento 3- Actualmente a destruição de emprego qualificado é superior à criação de emprego qualificado, enquanto se verifica o inverso a nível de emprego menos qualificado. 4-O modelo de economia dominante em Portugal não está a absorver a totalidade das saídas do ensino secundário e superior => um aumento mais rápido do desemprego de escolaridade elevada. O Estado que era o principal empregador de níveis elevados de escolaridade transformou-se num destruidor de emprego qualificado. NOVE REFLEXÕES FINAIS QUE SÃO APENAS CONTRIBUTOS PARA O DEBATE (II) 5-Saídas do ensino profissional secundário e tecnológico superior continuam a ser minoritárias em Portugal e a formação nas empresas é reduzida o que constitui mais um obstáculo à recuperação económica do País. 6-Tem-se verificado nos últimos anos em Portugal um claro desinvestimento em todos os níveis do ensino o que está a por em perigo o desenvolvimento futuro do País. 7-”Novas oportunidades” não resolve baixa escolaridade 8- A mudança no conhecimento é agora tão rápida que mesmo um individuo com escolaridade elevada tem dificuldade ou mesmo não consegue acompanhar. Greenspan considera que é um problema mesmo para EUA 9- A reforma de todo o sistema de ensino é necessária e fundamental, e é necessário que seja feita com a participação dos profissionais da educação, e não contra eles como se está a verificar, com os estudantes e também com os representantes da comunidade.