PROFª. Rose Cléa
Universidade Castelo Branco
A variação é vista como um fenômeno cultural
motivado por dois fatores:
Linguísticos – lexical, fonético, morfológico,
sintático.
Extralinguísticos – idade, sexo, grau de
formalidade, nível sócioeconômico, grau de
escolaridade, contexto interacional.
A variação pode ocorrer em vários níveis da língua:
Lexical: jerimum (BA) e abóbora (RJ); guri (RS) e menino (RJ)
Fonético-fonológico: o ‘r’ em final de sílaba pronunciado
pelos cariocas e paulistas. Ou morena (ó) e morena (ô), ou
ainda framengo e flamengo.
Morfológico: ‘elas brincam’ x ‘elas brinca’; os pais x os pai;
Sintático: Gosto da menina cujos olhos são verdes. (padrão)
Gosto da menina que os olhos dela são verdes.
Gosto da menina cujos olhos dela são verdes.
Variação diafásica: fenômenos ligados a registro
(formal ou informal), o meio usado (oral, e-mail,
jornal)
Variação diacrônica: fenômenos ligados ao tempo
(espaço temporal – épocas históricas diferentes).
Variação diatópica: fenômenos ligados a aspectos
geográficos. (variação geográfica; distância
espacial)
Variação diastrática: fenômenos ligados a
aspectos socioeconômicos, grau de escolaridade,
faixa etária. (variação social)
 Variação diatópica no nível lexical
Ex.: abóbora - jerimum (São Paulo x Bahia)
 Variação diatópica no nível fonético
Ex.: pronúncia do “-r” final de sílaba (Rio de
janeiro x São Paulo)
Duas hipóteses de análise para o mesmo
fenômeno
Ex.: andar – andá; fazer- fazê; sair-saí
1-Ocorre na fala (situações informais), mas
não ocorre na escrita (situação formal)
→Variação diafásica no nível morfológico;
2- O falante pronuncia o “–r” do infinitivo de
acordo com o grau de escolaridade
→Variação social no nível morfológico
1- Essa é a pessoa em cuja casa fiquei.
2- Essa é a pessoa que eu fiquei na casa.
3- Essa é a pessoa que eu fiquei na casa dela.
Três variantes intercambiáveis que fariam um
variacionista questionar, por exemplo:
Em que situação cada uma é usada?
•Qual o grau de escolaridade daquele que
usa?
•Há diferença no uso de crianças, jovens e
adultos?
No caso da variável <r>
oVariável dependente
Retroflexo
Velar
Zero
oVariável independente
Classe de palavra (verbo, substantivo)
Se verbo (infinitivo, subjuntivo)
Vogal temática (-a, -e, -i)
Faixa etária (criança, adulto)
Língua escrita com largo
poder de comunicação
intercâmbio entre falantes
rompendo as fronteiras,
as fronteiras locais,
e fronteiras nacionais.
ou
Língua escrita próxima
da fala espontânea
mais fácil de aprender pelos
alfabetizandos
Portugal e Brasil fizeram a primeira opção para a ortografia.
É o que mais dificulta a vida do aprendiz.
Ficam as perguntas:
1- Por que temos formas diversas para representar o
mesmo som?
2- Por que o ‘x’ representa vários sons diferentes?
Há dois porquês:
• O linguístico, pois há unidades de som que algumas letras
representavam em épocas passadas diferentes das atuais;
•O social, pois seria impossível mudar a convenção
ortográfica cada vez que mudanças de pronúncia fossem
ocorrendo na língua falada.
•Há formas linguísticas que são valorizadas positiva ou negativamente;
Ex.: nós fala, os pessoal, a gente fomos (-)
•A forma prestigiada se impõe através do falante;
Ex.: A variante das pessoas mais cultas (socialmente prestigiadas)
•A norma culta nacional é representada por formas aceitas socialmente
em todo território nacional;
Ex.: O Jornal Nacional impõe o registro mais próximo do carioca.
As variações não ocorrem autonomamente, elas normalmente interagem:
Uma inovação linguística começa numa determinada região (regional),
mas é própria de um determinado grupo socioeconômico (social), e
passa a ser usada por grupo socialmente mais favorecido (social) em
momentos informais (registro).
Ex.: ‘tu’ x ‘você’ com verbo na 3ª pessoa do singular (tu fez / tu quer)
No Rio de Janeiro usa-se tanto ‘você’ quanto o ‘tu’ (regional); aponta-se
que os jovens preferem o uso do ‘tu’ (social); além disso associou-se o
uso aos menos escolarizados (social) e verificou-se tal uso ocorre em
momentos mais informais (registro).
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