2.2. INOVAÇÃO, DIMENSÃO DA EMPRESA
E ESTRUTURA DE MERCADO
HIPÓTESES DE SCHUMPETER
Inovação = f (dimensão da empresa)
Inovação = f (concentração do mercado)
• Inúmeros estudos teóricos e empíricos sobre estas hipóteses desde
anos 60
• Resultados inconclusivos
• Relações • Relações +
• Curvas em U invertido
2
2.2.1. Estrutura de Mercado e Inovação:
Perspectivas teóricas
- Tópicos principais
- Modelo de Arrow
- Modelo de Scherer
- Modelo de Needham
- Modelo Stoneman/Leech/Hughes
- Modelo de Dasgupta e Stiglitz
3
Ideias principais / tópicos referidos nos modelos a abordar
• relação entre I&D/invenção/inovação e estruturas mercado
• lado do mercado
• tempo
• informação completa vs. incerteza
• regimes de protecção (“apropriabilidade”)
• tipo de inovação:
i) I&D Æ inovação isolada ou "inovação contínua"
ii) produto ou processo
4
MODELO DE ARROW (1962)
t0) Tecnologia convencional
t1) Nova tecnologia
Monopólio
Concorrência
$
$
$
_
C’=C
Pm
Pc
D
qc
R’
q
qm
P*
D
q
q* R’
_
C’=C
D
q
5
Conclusões:
1) Estrutura de mercado e invenção
2) Bem-estar
Críticas : Não há incerteza; Adopção instantânea; Tempo; Não se
consideraram custos do inventor (DI&D); ...
6
MODELO DE SCHERER (1970): "Patent races"
Dados
- custos D para produzir inovação
- benefícios potenciais V
- possíveis reacções concorrentes
Questão:
qual o timing óptimo T* para introduzir a inovação
(sabendo-se que mais DI&D reduz tempo para introduzir )
V? D?
max(V - D)
7
Com diminuição da concentração do lado da oferta:
V desce e torna-se mais inclinada
2 movimentos:
V´ ---- bom
V´´ ---- mau
Conclusão:
grau de concentração mínimo desejável
8
NEEDHAM (1975)
Versões a) e b), ambas com:
Æ “Inovação contínua”
Æ Inovação de produto
Needham a)
Q = f(p,D)
C = c(Q) + D
D/pQ = eD/ep
[1]
[2]
[3]
com δQ/δp<0 e δQ/δD>0
sendo:
Æ eD = (δQ/δD)(D/Q)
(esta expressão revela grau de “oportunidade de mercado”)
Æ ep = (δQ/δp)(p/Q)
9
Needham b)
Procura depende igualmente de d gasto por rivais
Q = f (p,D,d)
[1´]
δQ/δd < 0,
D/pQ = (eD + ked) / ep
[3´]
com :
Æ ed = (δQ/δd)/(d/Q) < 0
Æ k = (δd/δD)/(D/d) , provavelmente ≥ 0
Se k = 0, tem-se Needham a)
Se k = 1, grande concorrência
10
Conclusões possíveis
- em monopólio (k=0)
apenas admitindo que mercado pode ser expandido se tem eD > 0
- em indústrias mais competitivas
ep é maior, o que reduz rácio D/pQ;
(por outro lado, eD e ed , ambos de sinal oposto,
tendem a ter valores
aproximadamente iguais,
anulando-se e fazendo aproximar o numerador de 3’ de 0,
o que faz com que D/pQ ---> 0)
- eD é tanto maior quanto maior
a capacidade da empresa proteger as suas inovações
(situações de nicho de mercado Æ monopólio)
11
STONEMAN & LEECH (1980) e HUGHES (1986)
inovações de produto + inovações de processo
Abstraindo reacções dos rivais
(foco não é na estrutura de mercado)
D/pQ = [eD - ecD(ep - 1)]/ep
com ecD < 0
elasticidade custos-DI&D
ecD = (δC/δD)(D/C) é negativa
quanto maiorecD, maior será D.
(ecD revela “oportunidade tecnológica”
de inovar no respeitante a tecnologias de processo )
12
DASGUPTA/STIGLITZ (1980)
Apenas inovação de processo
Quota de mercado Qi Å Di
πi = pQi - ciQi – Di
[1] ci=f(Di)
Intensidade óptima:
Di/pQi = [-ecD(ep- Qi/Q)]/ep [2]
Para definir Qi óptimo: p - ci = (Qi/Q)(p/ep)
[3]
[ [3] ==> Qi = (1 - ci/p)Q.ep,
em que p e ep
são dados para a empresa,
com Qi tanto maior
quanto menor for ci ]
Vamos ver duas situações, ambas em ambiente competitivo:
a) Entrada livre
b) Barreiras à entrada
13
a) entrada livre
Mercado simétrico:
----> Qi/Q = 1/n
----> custos iguais ci=c
Neste caso πi = 0,
vindo [1], para o conjunto da indústria, como
(p - c) Q = D
ou,
D/Q = p - c
D/pQ = (p - c)/p =
...
= 1/(nep)
confirmaria hipótese schumpeteriana, admitindo que, para
um dado ep, n é medida inversa da concentração.
14
Só que tanto D como n são endógenos ao sistema,
não havendo causalidade clara. Ambos dependem de ecD, ep e c.
É possível demonstrar que
e
D/pQ = - ecD / (1 - ecD)
n = (1 - ecD) / epecD
Principal conclusão é que intensidade de
investigação e o nº n de empresas são sensíveis
à variação do parâmetro ecD e também de ep.
Designadamente quando ep mais rígida, pode-se ter
muitas empresas com pequenos orçamentos de I&D e com
repetição de esforços.
15
b) barreiras à entrada
Condição [1] [π = 0] já não aplica
Contudo [2] e [3] verificam-se
com ep e ecD fixos, tal como dantes
• D agregado aumenta com n, mas menos que proporcionalmente
(cada Di é menor)
• proporção em que custo c diminui é menor
• há repetição de esforços na I&D feita
16
Principais resultados de D&S
- Estrutura de mercado e D:
determinados conjuntamente, não há causalidade
unívoca
- sistema de mercado
como alternativa a uma economia gerida de acordo
com princípio de maximização do bem-estar social --
pode implicar duplicações doutro modo evitáveis
17
Ideias a Reter Modelos Teóricos
• Nenhum dos modelos é “óptimo”
• Sensibilidade dos modelos aos pressupostos de base (“arte” da
construção de modelos)
• Têm interesse porque cada um dá acesso a determinado
conceito/perspectiva sobre o objecto de análise
18
2.2.2. ESTUDOS EMPÍRICOS
Variáveis dependentes
• DI&D
[DI&D/VV]
• Patentes
• Inovações
Resultados dos testes põem em destaque:
• Diferenças de acordo com sectores
• Diferenças de acordo com países
• Diferenças de acordo com momento da observação
• Diferenças de acordo com tipo de inovação (processo ou produto)
• Diferenças de acordo com unidade de observação (empresa ou
estabelecimento)
• Diferenças de acordo com fase do ciclo de vida (do produto, da
tecnologia, da indústria)
Aspectos importantes dos Estudos:
• Apropriabilidade
• Oportunidade tecnológica
19
LEVIN, COHEN & MOWERY (1985)
Variância (inter-industrial, intra-industrial) da intensidade em I&D
significativamente associada com:
( + ) dependência da ciência básica
( - ) dependência da tecnologia fornecida por fornecedores de materiais e
equipamentos
( + ) eficácia dos mecanismos de impedimento de imitação da inovação
(capacidade de apropriar benefícios)
não se encontra significativamente com:
Variáveis relacionadas com dimensão das empresas e estrutura de mercado
20
COMPARAÇÃO DO NÍVEL DE COMPOSIÇÃO DAS ACTIVIDADES
TECNOLÓGICAS DE EMPRESAS INOVADORAS DE DIFERENTES DIMENSÕES
Dimensão: (Nº de Empregados)
%
da I&DE (1975)
% de inovações
significativas
SPRU, 4000, 1970-79
Principais fontes internas
das inovações
1 – 999
1000 – 9999
+ de 10000
Total
3.3
16.4
80.3
100.0
34.9
18.1
47.1
100.0
Projecto 27.5 %
Desenv. 42.1 % Desenv. 40.3% Desenv. 39.0%
Desenv. 27.5%
Projecto 30.3% Investi. 36.3% Invest. 26.0%
(fonte=anterior)
Pessoal/Quadros 15.7% Investim. 14.5% Projecto 17.0% Projecto 23.0%
Três sectores principais
EM 40.1%
EM 28.9%
EE 29.9%
EM 27.2%
das empresas inovadoras
IN 11.7%
PQ 15.0%
PQ 14.1%
EE 18.7%
(% do total)
EE 10.7%
EE 11.8%
EM 11.8%
PQ 10.2%
(fonte=anterior)
Fonte: Pavitt (1989)
EM – Engenharia Mecânica
IN - Instrumentos
EE – Engenharia Electrónica
PQ – Produtos Químicos
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ESTUDOS EMPÍRICOS MAIS RECENTES
REVERTEM OU QUESTIONAM O SENTIDO DE CAUSALIDADE IMPLÍCITA NAS
HIPÓTESES SCHUMPETERIANAS
Dimensão
Dimensão
Concentração
f (Inovação)
ou
Inovação
Concentração
• Estudos com incidência sectorial
• Sublinhado papel do PIONEIRO, sua estratégia
• Explorar economias de aprendizagem
• Boa previsão do desenvolvimento da tecnologia
• Timing da tomada de decisão
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PARA ESTUDOS EMPÍRICOS
VER SURVEY G. SYMEONIDIS (1996)
PARA ESTUDOS TEÓRICOS
VER SURVEY S. DAVIES (1992) in DAVIES & LYONS (eds.), pp. 192 – 218
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