INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO FACULDADE DE CIÊNCIAS E SAÚDE SOCIAIS CURSO DE FONOAUDIOLOGIA A FONOAUDIOLOGIA NA PRÉ-ESCOLA RIO DE JANEIRO 2001 1 INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO FACULDADE DE CIÊNCIAS E SAÚDE SOCIAIS CURSO DE FONOAUDIOLOGIA A FONOAUDIOLOGIA NA PRÉ-ESCOLA MÁRCIA LEODY SILVA CORRÊA RIO DE JANEIRO 2001 2 INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO FACULDADE DE CIÊNCIAS E SAÚDE SOCIAIS CURSO DE FONOAUDIOLOGIA A FONOAUDIOLOGIA NA PRÉ-ESCOLA Monografia exigida como requisito básico para conclusão do curso de graduação em Fonoaudiologia, ministrado pela professora Heloísa Mello de Brasileiro Souza, de no Medicina Reabilitação no ano de 2001. 3 Instituto de Dedico este trabalho em especial à minha mãe, Mestre em Enfermagem, Professora Universitária, que durante anos e grande parte de sua vida, dedicou a sua paixão pelo desafio de estudar, ensinar e pesquisar. Projetou essa vontade em mim, mostrando a cada passo em sua profissão os desafios de sua coragem e determinação pela vontade de exercê-la. 4 AGRADECIMENTOS À professora Heloísa Mello pela orientação, paciência em todos os momentos que precisei para iniciar, direcionar e concretizar a minha monografia. À professora Leila Nogueira pela dedicação, orientação e por sempre se mostrar disponível a ajudar e à professora Francisca ao contribuir indicando a colega de profissão, Fgª Ziléa para esclarecimentos e orientações da avaliação feita em escolas. A Fgª Mônica Cobalea por contribuir com orientações referente à atuação da fonoaudiologia nas escolas. Agradeço de forma especial a uma pessoa que tem participado dos momentos mais importantes da minha vida, ao meu marido Antonio Nascimento. Que tanto acreditou e me apóia para chegar onde estou, e com muita paciência, dedicação e amor, soube compreender este momento tão único, que é a minha realização profissional. Obrigado(a) meu pai, minha avó, meus irmãos Marcel e Marcos, Eunice, meu sogro e sogra Paulo, Aglair e família. À tia Marlene Serruya, por contribuir de uma maneira especial ajudando na revisão e material bibliográfico. As amigas Thaisa, Ana Beatriz, Anne Rose e que colaboraram com o meu material bibliográfico e a todos que de alguma forma colaboraram para a concretização da minha monografia. 5 “O que as crianças dizem e fazem pode contar muito a respeito de seu pensamento e de sua inteligência; o que não fazem ou não conseguem fazer também pode contar muito a respeito de suas capacidades”. Cavalheiro 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................8 2 CONCEITOS..............................................................................11 2.1 Saúde Escolar ...............................................................................11 2.2 Fonoaudiologia Clínica e Fonoaudiologia Escolar ......................12 2.3 Linguagem....................................................................................14 2.4 Comunicação ................................................................................16 2.5 Na Educação Infantil, Creche à Pré-escola..................................17 2.5.1 Creches.........................................................................................18 2.5.2 Pré-Escola ....................................................................................19 2.5.3 Níveis Escolares ...........................................................................23 3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E APRENDIZAGEM DO PRÉ-ESCOLAR (4 À 6 ANOS) .........................................24 3.1 Concepção Neopiagetiana............................................................28 3.1.1 A Criança de 1 Ano ......................................................................29 3.1.2 A Criança de 2 Anos.....................................................................30 3.1.3 A Criança de 3 Anos.....................................................................31 3.1.4 A Criança de 4 à 6 Anos ..............................................................31 3.1.5 A Criança à partir dos 7 Anos .....................................................32 7 3.2 Concepção de Autores Construtivistas ........................................34 3.2.1 Estágios do Desenvolvimento de Piaget ......................................38 3.3 Sinais Observáveis em Crianças com Distúrbios na Fase PréEscolar........... ...............................................................................40 3.3.1 Características Patológicas .........................................................41 4 ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ÁREA ESCOLAR E/OU EDUCACIONAL.............................................................45 5 CONCLUSÃO ............................................................................60 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................61 ANEXOS................................................................................................65 8 1 INTRODUÇÃO Este trabalho é voltado para a área da linguagem e seu desenvolvimento, cujo objetivo é ressaltar a importância da atuação da fonoaudiologia nas escolas. A Atuação Fonoaudiológica previne e propicia melhores condições da comunicação humana, em especial à criança pré-escolar, no que se refere ao aparecimento de dificuldades na linguagem oral, escrita, audição e motricidade oral. Tem por finalidade minimizar desvios eventuais nesse período inicial da educação infantil, na área da linguagem, possibilitando soluções para o seu aprendizado, dentro da própria escola. Tanto a atuação quanto integração da fonoaudiologia em escolas, ainda é pouco explorada, devido à necessidade de conscientização de sua atuação. Ainda assim, é rica e pertinente de conhecimentos nesse campo e vem se apresentando com um crescimento considerável, cada vez mais acusando a necessidade de sua integração junto à equipe escolar. Com a Resolução do CFFª, nº 232 regulamentada em 1º de agosto de 1999, Art. 1º, ficou bem clara a abrangência do campo de atuação do fonoaudiólogo, em todos os setores da escola, considerando a 8 necessidade de prevenir e orientar as alterações de audição, linguagem, motricidade oral e voz em professores. É comum se observar que na etapa do ensino pré-escolar, as crianças, aparecem com alterações na linguagem de ordem fisiológica consideradas normais ao processo de aquisição no desenvolvimento da linguagem infantil. Tais alterações tornam-se um dos fatores desencadeantes do processo atípico, quando os desvios persistem em etapas seguintes, e ainda, quando há falta de intervenção do fonoaudiólogo sinalizando medidas a serem desenvolvidas em sala de aula. Em etapas seguintes, podem ser desencadeados problemas de linguagem oral e escrita; pedagógico caracterizado pelo insucesso, descontentamento e por conseqüência a evasão escolar. É, portanto da competência do profissional da Fonoaudiologia Escolar, desenvolver uma função de assessoria que se destina a todos ligados a direção da equipe escolar, visando sempre atingir objetivos de caráter preventivo e de orientação em relação ao desenvolvimento da comunicação oral e escrita, assim como outros aspectos que estejam relacionados; percepção auditiva; respiração; motricidade oral (OFas). A Atuação Preventiva do Fonoaudiólogo, em uma equipe de planejamento escolar, requer inserir ações preventivas ligadas a aspectos fonoaudiológicos, seja na orientação aos pais, corpo docente e equipe 9 técnica; como em relação a problemas na comunicação em conseqüência às patologias existentes, que afetam a linguagem do pré-escolar, buscando soluções junto à equipe integrante. Através dessa orientação, o fonoaudiólogo proporciona uma atuação abrangendo uma variedade de aspectos interligados a comunicação, viabilizando benefícios sociais e ampliando o alcance da prevenção e multiplicadores da Fonoaudiologia Escolar. Portanto, o perfil do profissional da Fonoaudiologia Escolar é definido, quer nos aspectos legais, quer nos aspectos científicos, por compartilhar e socializar com o educador, cada profissional em seus conhecimentos específicos, visando a multidisciplinaridade necessária para um bom rendimento e saúde escolar do educando. 10 2 CONCEITOS 2.1 Saúde Escolar “Saúde Escolar corresponde ao conjunto de ações destinadas a promover, proteger e recuperar a saúde das coletividades integrantes do sistema educacional”. (Conceição, 1994) Tal medida preventiva privilegia o direito e a participação de todos da comunidade escolar; a criação de ambientes favoráveis à saúde, para melhoria de condições de vida saudável e a qualidade do ensino, sendo realizada, através de ações no próprio espaço escolar. A comunidade escolar depende, portanto da saúde como visão global, seja em seu aspecto físico, psicológico, emocional, social e ambiental, para alcançar sucesso com as atividades diárias e relacionamento social na escola. A escola privilegia a saúde no momento em que visa o equilíbrio saúde & educação, com medidas preventivas no que diz respeito aos aspectos da comunicação humana voltada para alunos, pais, professores e equipe técnica, onde mais uma vez, observa-se a importância da participação do fonoaudiólogo, no planejamento escolar. 11 2.2 Fonoaudiologia Clínica e Fonoaudiologia Escolar O Fonoaudiólogo, diz a lei 6965, de 09 de dezembro de 1981, “é o profissional com graduação plena em Fonoaudiologia, que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológicas na área da comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em aperfeiçoamento dos padrões de fala e da voz”. Como podemos observar, tal perfil profissional configura, com clareza, atividades e áreas de atuação que definem o campo da prática fonoaudiológica. No que diz respeito à atuação do fonoaudiólogo, quando acompanhamos sua história, vemos que, inicialmente, as maiores tendências foram no sentido da avaliação e da terapia fonoaudiológica. Tal fato é compreensível porque nossa profissão surgiu em resposta a uma necessidade de atendimento a pessoas apresentando uma série de problemas ligados à comunicação humana, aos quais os profissionais de outras áreas não conseguiam dar respostas necessárias. Para tanto, cursos de Fonoaudiologia começaram a surgir na década de 60 com o propósito de formar pessoas habilitadas para atender a tal demanda. Como poderia até mesmo ser previsto, ganha corpo, desta forma, a denominada Fonoaudiologia Clínica, com o atendimento a portadores de distúrbios da comunicação em ambulatórios ou outros serviços e, principalmente, em consultórios particulares. 12 Temos desse modo, esboçado a forte influência clínica em nosso perfil de atuação definindo os papéis complementares de terapeutas e pacientes. Que tem recebido fortes influências, direcionado o seu “fazer clínico” para uma prática a serviço da “doença”, caracterizando-se no sentido da avaliação e terapia fonoaudiológica que buscam a normatização da comunicação oral e escrita. Tal fato é compreensível à necessidade a uma série de problemas ligados à comunicação humana mais uma vez, que vem se interligando com a fonoaudiologia educacional, através de pesquisas e atuações que enfocam os aspectos preventivos em suas áreas relacionadas, a comunicação. A Fonoaudiologia Escolar tem sua ação em uma determinada escola como agente facilitador dos processos de aquisição e desenvolvimento da linguagem, oral e escrita, aos alunos desta entidade educacional. Sua principal preocupação, portanto, é promover ações de apoio à prevenção, objetivando um desenvolvimento pleno da linguagem. É importante salientar que os alunos que apresentam problemas específicos de linguagem, exigindo uma ação clínicaterapêutica, são avaliados e encaminhados aos fonoaudiólogos clínicos. Portanto, não é função do fonoaudiólogo escolar tratar os problemas de linguagem nesta instituição. 13 Collaço, 1991 salienta essa diferença referindo que na fonoaudiologia escolar o enfoque é preventivo e a atuação é planejada em equipe e desenvolvida pelo professor em sala de aula. Já o fonoaudiólogo clínico trata o indivíduo com distúrbios da comunicação, individualmente ou em grupo. 2.3 Linguagem A linguagem é a forma básica de comunicação. Ela pode ser oral, gestual ou escrita e está intimamente relacionada ao pensamento. Gerber, 1996 descreve que a linguagem é um sistema finito de princípios e regras que permitem que um falante codifique significado em sons e que um ouvinte decodifique sons em significado. O relacionamento dos sons com seus significados não são limitados por estímulos e são essencialmente arbitrários. Este sistema da linguagem governado por regras é necessariamente finito, pois deve ser passível de ser armazenado no cérebro. Contudo, este sistema finito possui a propriedade de ser infinitamente criativo, no sentido que permite ao falante/ouvinte criar e entender um conjunto infinito de sentenças gramaticais novas. 14 Na aquisição da linguagem, vale ressaltar que Vigotsky destina-se o qual a linguagem intervém no processo de desenvolvimento intelectual da criança desde o nascimento. Para ele, no seu curso de desenvolvimento, o pensamento vai do social para o individual, sendo, pois pensamento e linguagem processos interdependentes e de desenvolvimento interligado, onde a interação tem o interlocutor com fonte primordial para a comunicação. Das questões fundamentais nas pesquisas referentes da aquisição da linguagem, não é tanto o que a criança produz, mas muito mais como ela constitui a linguagem que se torna fator importante para se entender o fenômeno e fornecer subsídios para compreender outras questões que coloquem a linguagem ao mesmo tempo como fator de mediação e de construção entre a criança e a integração com o meio. Desse ponto de vista a linguagem é um produto da interação com seu meio e sua formação é ativa e não apenas receptiva como uma resposta a um estímulo recebido. Quanto ao desenvolvimento da linguagem, no que se refere ao período, antes da produção completa da fala, a criança passa por um período denominado Pré-linguístico ou Pré-linguagem. O termo pré-linguagem situa-se antes da linguagem propriamente dita e se estende até aproximadamente o décimo mês. Essa fase é caracterizada por vocalizações e balbucios onde não há relações diretas 15 entre sons e conceitos. Porém, este início comunicativo daria conta dos primeiros esquemas interativos e significativos que se organizam entre a criança e o adulto (meio, relação com o outro). Pode-se dizer que nesta fase inicial a criança já está exercitando os seus órgãos fonoarticulatórios, e ainda não utiliza o feedback auditivo por total, como fonte motivadora, pois seus órgãos ainda estão em fase de amadurecimento. Mais a sua voz também, já apresenta variações na entonação, tomando forma de conversação. Portanto, quando a linguagem se desenvolve adequadamente, o desejo de conhecer cresce, o desenvolvimento da linguagem facilita a compreensão, assim o desejo da comunicação aumenta, ocorrendo o mesmo com a troca de experiências da relação com o meio. 2.4 Comunicação A comunicação é uma característica humana que desenvolve padrões desde muito cedo, que não só inclui o ato de falar, ouvir, ler, escrever, de emissões não verbais, expressões, gestos, hesitações, como o silêncio tem grande significação. Sua qualidade é muito importante e permite sensações de segurança, autoconfiança, firmeza, felicidade e enriquecimento interno. Tanto para as crianças e adultos, as diferenças 16 nas habilidades em comunicar-se são determinantes do grau de envolvimento com a comunicação intrapessoal e interpessoal, adquirindo a importância fundamental para a saúde e bem estar geral do seu desenvolvimento, enquanto integrante ser humano e social. A efetividade comunicativa dá-se de forma harmoniosa e contínua, embora o sistema envolvido seja dos mais complexos. Os sistemas da comunicação são usados diariamente, automaticamente, sem que se pense sobre eles. As habilidades envolvidas são naturais e conseqüentemente executá-las parece fácil. Tanto a comunicação como a fluência, se desenvolvem de forma gradativa, ainda assim, a criança necessita de um somatório de experiências e estimulações com o meio, viabilizando o desenvolvimento maturacional. A maturação e a aprendizagem são processos diferentes, porém intimamente ligados, pois a maturação é que cria condições para que as aprendizagens ocorram. 2.5 Na Educação Infantil, Creche à Pré-escola Segundo a reforma do ensino, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, ART. 30. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 17 (seis) anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A educação infantil será oferecida em: I. Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 (três) anos de idade; II. Pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 6 (seis) anos de idade; A avaliação, na educação infantil, far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para acesso ao ensino fundamental. 2.5.1 Creches O campo de atuação do Fonoaudiólogo, em creches, tem o caráter preventivo, buscando atuar de forma integrada com todos os envolvidos: profissionais, crianças e familiares. A contribuição da creche vinculada ao caráter assistencialista à infância vem transformando-se a cada ano, ampliando dessa forma a atenção voltada a essa parcela da população escolar, promovendo a conscientização de que a responsabilidade do desenvolvimento infantil cabe não só à família como a todos envolvidos com ela. 18 2.5.2 Pré-Escola Configura-se, portanto como um espaço intencional e sistemático ordenado para a educação entre 4 e 6 anos de idade. O nome já os define, fase que antecede o Ensino Fundamental (antigo período escolar). É o período de preparação da criança em seu aspecto global. Seu potencial afetivo, social, cognitivo, emocional, motor da criança será estimulado, sob fundamentação pedagógica da realidade e conhecimento infantil, como ponto de partida. Também não deverá ser rotulada como período de brincadeiras, de conforto, bem estar e passatempo escolar. É na Escola que realmente a criança ingressará com o intuito de brincar, mas o enfoque principal não o é, e sim para aprender com esta interação. A partir dos 3 (três) anos de idade ocorrem mudanças nos tipos de brincadeiras, principalmente no que se refere às atividades com outras crianças, daí a importância de brincar nesta fase fundamental de desenvolvimento em construção e aquisição da linguagem, fase da interação com o outro e possibilidade de manipular o concreto, é a linguagem interior que precisa ser sedimentada, na visão fonoaudiológica e concepção Piaget. A criança está se adaptando ao meio, ela absorve nessa fase comparando-a a uma “esponja”, onde a facilidade de absorção atinge uma velocidade indescritível, que dependerá de todo um contexto 19 global. O envolvimento emocional, social, psicomotor, audibilização e cognitivos devem estar atuando em ação conjunta, permitindo o desenvolvimento a cada troca nesse aprendizado. Nessa idade as brincadeiras passam a ser mais cooperativas, onde as crianças se ajudam mutuamente, e associativas desempenham juntas as mesmas atividades. É freqüente nessa fase confundir a fantasia com a realidade. Durante suas brincadeiras imitativas, imaginativas e de dramatização, revela uma das atividades dominantes e mais características do préescolar, havendo preferência por roupas de fantasia, bonecas, utensílios domésticos, casa de bonecas, lojas de brinquedo, telefones, animais e equipamento de fazenda, trens, caminhões, carros, aviões, fantoches e kits de médico. Desempenhando também brincadeiras de super-heróis até o momento de guardá-los e tirar a fantasia, também é importante atitude da criança distribuir atenção a uma coisa só e ter hora para parar e organizá-los no local onde se deve guardar. O objetivo da pré-escola é bem mais amplo. No que se refere a aspectos como a aquisição da linguagem, construção e desenvolvimento social, cognitivo, motor e audição em um comportamento como um todo, onde cada criança é analisada diferentemente. 20 O que se pretende é potencializá-los, respeitar a sua idade cronológica, utilizando nesta conduta orientações necessárias e interessantes para que a criança se desenvolva até sentir segurança para aquisição das etapas seguintes. Buscando o seu alicerce, e o conhecimento que se obtém através das etapas da linguagem. Daí a necessidade do questionamento interdisciplinar. Através desta inter-relação com a função pedagógica que requer um objetivo e significado concreto para a vida da criança. Com esse paralelo, simultaneamente irão assegurar a aquisição de outros novos valores a serem conquistados. É certo que para este desenvolvimento ocorrer de maneira correta e gradativo, é necessário que a criança esteja de prontidão. Pois qualquer aquisição não acontece por acaso. Quando falamos em prontidão, não nos referimos a apenas uma habilidade, mas a um conjunto de habilidades que a criança deverá desenvolver até se tornar pronto para novas aquisições. A criança em fase pré-escolar aos quatro anos, seguramente já terá desenvolvido essas capacidades e habilidades, e demonstrado suas dificuldades em sala de aula. Ao contrário, da criança que não recebeu educação pré-escolar, cabe ao professor antes de qualquer tentativa de 21 ensino, definir os tipos de testes de prontidão a realizar e estabelecer metas caso persista o problema, sem a orientação fonoaudiológica. Uma aprendizagem para desenvolver-se requer pré-requisitos para a fase seguinte. “A tendência é investir cada vez mais em formação. As crianças recebem muita informação fora da sala de aula”. (Sylvio Gomide, presidente da associação de escolas particulares). “Escola forte ou fraca não existe. O que existe são escolas que priorizam o conteúdo e escolas que privilegiam atividades que estimulam o pensamento autônomo”. (Glaura Fernandes, psicopedagoga). “Guiar-se pela objetividade e praticidade do mundo moderno e escolher uma escola pela localização é um equívoco”. (Rosely Sayão, psicóloga e colunista da Folha de São Paulo). 22 2.5.3 Níveis Escolares (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) ART. 21, Lei Darcy Ribeiro - Da composição dos níveis escolares: I. Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II. Educação superior. A educação infantil abrange o período da creche à pré-escola; o ensino fundamental é caracterizado pelo antigo 1º grau tendo duração de 8 (oito) anos; e o ensino médio corresponde ao antigo 2º grau. 23 3 DESENVOLVIMENTO INFANTIL E APRENDIZAGEM DO PRÉ-ESCOLAR (4 A 6 ANOS) Segundo pesquisas feitas em escolas, observa-se que o método que vem sendo mais aplicado pelos educadores prevalece o método da teoria construtivista, cuja equipe escolar junto à orientação pedagógica que vem a decidir sobre o método a ser utilizado. DOIS TIPOS DE MÉTODOS UTILIZADOS EM ESCOLAS O ENSINO TRADICIONAL E O CONSTRUTIVISTA Ensino Tradicional Método: Transmissão de informações, via oral, na sala de aula, sem intercâmbio externo ou experimentação ativa.(O professor fala, o aluno escuta, decora e não contribui com sua experiência de vida. A leitura de Mundo do aluno não é valorizada). Resultado: Espera-se que o aluno reproduza aquilo que é transmitido e assim ele é avaliado. Erros: Os erros recebem punição, há até certo tempo, inclusive física; hoje, com notas baixas e reprovações. Aluno: É visto como depositário e alvo das informações. Professor: Cumpre o papel de transmissor do conhecimento. Escola: É o lugar onde se reproduz a herança cultural. 24 Ensino Construtivista Método: Integração com o mundo externo e com o mundo interno do aluno.(O professor orienta para que o aluno chegue a sua conclusão. O professor leva o aluno à descoberta da resposta, aproveitando sua leitura de Mundo, sua experiência de vida e o que acontece ao seu redor). Resultado: Incentivar a vontade de aprender, construir e a auto-suficiência na busca de respostas. Erros: Indicam o estágio em que a criança está. A avaliação valoriza o que o aluno transforma e elabora.(A avaliação é feita a todo momento e também indica, se for o caso, a defasagem referente à idade cronológica a corrigir). Aluno: É tomado como um ser pensante, com desenvolvimento próprio. Professor: Procura ser um orientador/mediador que facilita a aprendizagem, criando situações estimulantes e motivadoras de respostas. Escola: É o espaço de busca do saber e integração do indivíduo à sociedade e à cultura. Piaget submeteu o ensino à necessidade do aluno. Rompeu com a escola tradicional, que considerava que o conhecimento vinha de fora para dentro. A partir das escolas inspiradas nos conceitos piagetianos, surgiram às chamadas escolas construtivistas, aquelas que partem da noção de que a criança forma seu intelecto aos poucos, em interação com o mundo. Para os construtivistas o importante é formar indivíduos independentes que busquem o conhecimento do seu próprio modo. Conheça alguns métodos pedagógicos: Construtivismo O construtivismo surgiu a partir das idéias do filósofo Jean Piaget (1896-1980). Chegou ao Brasil na década de 70, quando foram criadas algumas escolas conhecidas como experimentais ou alternativas. Elas procuravam dar prioridade à maneira pela qual o aluno compreende o mundo. Todas valorizavam o modo como o estudante descobre suas habilidades. Assim, o desenvolvimento intelectual passou a ser tratado como a capacidade que a criança tem de se adaptar ao meio. E as aulas se desenvolviam guiadas pela curiosidade dos alunos. 25 A experiência acabou se transformando, pois logo ficou evidente que era difícil estabelecer metas, que ficavam condicionadas ao interesse do aluno por algum assunto. A aplicação do construtivismo, no entanto, possibilitou a formação de crianças capazes de ir além do mero conhecimento assimilado. Elas se tornaram mais críticas, opinativas e investigáveis. Esse resultado fez com que muitas escolas passassem a adotar o construtivismo associado a outras técnicas pedagógicas. Hoje, a principal associação está vinculada ao conteúdo, que nada mais é do que a informação transmitida. Verifica-se, portanto, o aumento na oferta de atividades extra classe, de cursos de línguas e de informática. Essa tendência agrada a alguns pais, que desejam preparar os filhos para a crescente competitividade no mercado de trabalho. Outros acabam ficando preocupados com uma possível sobrecarga à qual os filhos serão submetidos. Construtivismo pós-piagetiano Aluna de Jean Piaget, a Emilia Ferreiro aplicou as idéias de seu professor também no campo da escrita e da leitura. Seus estudos a levaram a concluir que a criança é capaz de se alfabetizar sozinha, desde que imersa em ambiente propício. Antes mesmo de ir à escola, a maioria das crianças descobre as regras da língua escrita: sabe que a leitura se dá 26 da esquerda para a direita e entende que as letras reproduzem os sons da fala. Emilia Ferreiro, em estudos realizados com Ana Teberosky, perceberam que todas as crianças, ao aprender a ler e escrever passam pelas mesmas fases. Essas fases determinam o tipo de erro que cometem. Tais descobertas levaram a uma revolução nas formas mais tradicionais de alfabetização, ou seja, aquelas que utilizavam cartilhas, nas quais apareciam apenas fragmentos da língua escrita. Atualmente, o material didático e também a organização das aulas, estão completamente mudados na maioria das escolas brasileiras. Isso, graças à teoria do construtivismo e às idéias dos teóricos pós-piagetianos. Segundo Emília Ferreiro, a alfabetização inicial é considerada em função da relação entre o método utilizado e o estado de "maturidade" ou de "prontidão" da criança. Os dois pólos do processo de aprendizagem (quem ensina e quem aprende) têm sido caracterizados sem que se leve em conta o terceiro elemento da relação: a natureza do objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem. Montessori Maria Montessori (1870-1952), elaborou uma teoria científica do desenvolvimento infantil e dirigiu seu trabalho rumo a uma proposta pedagógica. De acordo com sua visão, a criança desenvolve um senso de 27 responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. Sua pedagogia enfatiza a manipulação de objetos para se obter a concentração individual. Assim, a atenção do aluno é desviada do professor para as tarefas a serem cumpridas. O professor é apenas um guia que remove obstáculos à aprendizagem e isola as dificuldades da criança. As inovações introduzidas pelo método montessoriano estão presentes, até hoje, nas escolas: a disposição circular dos alunos, os jogos pedagógicos sempre disponíveis e os cubos lógicos de madeira para o ensino de matemática. 3.1 Concepção Neopiagetiana Segundo Piaget (1983), conclui que do nascimento aos 2 anos de idade, as capacidades motoras se desenvolvem ao máximo. Entre a idade de 1 ano e meio e 2 a 3 anos, é a linguagem que dá um avanço. Finalmente, entre 3 anos e 7 anos e meio, desenvolvem-se totalmente as capacidades perceptivas da criança seguidas, daí por diante, do desenvolvimento do pensamento. O sucesso do desenvolvimento depende, na sua maioria, dos progressos obtidos nesta fase inicial, ou anterior, que precede ao longo do desenvolvimento, ou fase de construção e ainda adaptativa. Logo, 28 uma boa percepção depende em grande parte de um desenvolvimento satisfatório da fase sensória motora e o desenvolvimento das percepções que dá origem a uma interpretação correta da linguagem. É por isso que os mecanismos do pensamento sustentam em parte sobre as capacidades perceptivas adquiridas anteriormente. A criança segue um ritmo diferente na maturidade perceptiva. Na fase pré-escolar é comum a criança já estar desenvolvendo algumas habilidades, buscando significado e interpretação a intenção do que quer focalizar. Antes de iniciarmos o desenvolvimento do pré-escolar, observaremos a seguir, a divisão de forma didática apenas, e como referência para entender melhor, o desenvolvimento da criança sob perspectiva da integração com o meio, segundo (Sanguedo, C. D., 1980). 3.1.1 A Criança de 1 Ano A criança de 1 ano já adquiriu um vocabulário de aproximadamente 10 palavras. Usa gestos indicativos, compreende ordens simples e as executa, nomeia alguns objetos e mostra-se muito interessada pelo meio. Pode fazer perguntas do tipo “o quê?”, 29 acompanhar música vocalmente e usar a terceira pessoa para designar a fala. Na alimentação, começa a comer sozinha e recusa a mamadeira, preferindo a colher e os copinhos com canudinhos. Aproximadamente com 14 meses a criança já exprime palavras e pequenas frases, onde se notam características próprias da fala, como a generalização, como “au-au” para todos os animais com 4 patas. 3.1.2 A Criança de 2 Anos Apresenta vocabulário mais intenso e usa frase de duas palavras ou mais. É capaz de dizer seu próprio nome, contar algumas experiências e cantar pequenos trechos musicais. Está entrando na fase da dramatização, onde fala e dá vida aos brinquedos (Animismo) e imita atitudes de adultos. Essa é a fase da fantasia, a criança começa a se desprender do aspecto oral e passa a observar seu corpo diferentemente, percebendo o xixi e o cocô, iniciando o controle dos esfíncteres e o abandonar das fraldas. É muito importante os pais incentivarem a criança a verbalizar suas vontades e estimular a independência, a ida ao banheiro. Para que isso ocorra é necessário que a criança já tenha saído das primeiras palavras e seja capaz de expressar-se mais claramente. 30 3.1.3 A Criança de 3 Anos Aos 3 anos o seu vocabulário é amplo, utilizando as palavras usuais de seu cotidiano. Já usa o plural, relata experiências, canta e faz muitas perguntas. Nessa fase a fantasia ainda é bastante presente. Ela inventa e cria brincadeira e histórias e começa a se interessar pelas brincadeiras de grupo. 3.1.4 A Criança de 4 a 6 Anos De 4 a 6 anos a sua fala apresenta-se correta e poucas são as trocas ou omissões de sons. O vocabulário se amplia e a criança se comunica de forma efetiva, nomeando cores, usando frases completas e fazendo muitas perguntas (é a fase do “por quê?). Ela conta histórias, compreende bem regras de jogos e apresenta espontaneidade e iniciativa de comunicação bastante presente. 31 3.1.5 A Criança a partir dos 7 Anos Não deverá ocorrer nenhuma falha de nível fonético (de sons). Sua fala deverá ser correta e as frases deverão ter estrutura gramatical próxima à dos adultos. Nessa fase, ela já consegue entender relatos e recontá-los, bem como inventar histórias com começo, meio e fim. Seu pensamento, entretanto, ainda se baseia no concreto, necessitando de experiências práticas para melhor compreensão de fatores abstratos. Segundo Piaget e Concepção Sócio-interacional afirma que faz parte do desenvolvimento cognitivo do ser humano passar por estágios a fim de chegar ao pensamento mais elaborado e abstrato. Observa-se que, relacionado às fases nem todos nós alcançamos os níveis mais elevados, dependendo para isso de seu meio sócio-cultural, e não apenas da maturação. Ambos de escolas cognitivistas privilegiam a questão simbólica como componente principal na construção do desenvolvimento da criança. Dessa forma “é possível conceber que a cognição é um processo mental ativo encarregado da construção de conhecimentos que ocorrem ao longo da vida, constituída e constitutiva de uma intensa atividade 32 simbólica, a partir da tensão entre valores sócio-culturais e possibilidades pessoais”. (Assumpção Jr. e Cols, 1994). Piaget (1983) preocupado com as questões de como a criança desenvolveu seu conhecimento, elaborou uma teoria sobre o desenvolvimento cognitivo que pela primeira vez coloca a criança como ser ativo na aprendizagem, ou seja, como construtor de seu conhecimento. Esta teoria contribuiu para muitos questionamentos surgissem entre muitos teóricos. O sucesso do desenvolvimento depende, na sua maioria, dos progressos obtidos nesta fase inicial, ou anterior, que precede ao longo do desenvolvimento, ou fase de construção e ainda adaptativa. Logo, uma boa percepção depende em grande parte de um desenvolvimento satisfatório da fase sensória motora e o desenvolvimento das percepções que dá origem a uma interpretação correta da linguagem. É por isso que os mecanismos do pensamento sustentam em parte sobre as capacidades perceptivas adquiridas anteriormente. A criança segue um ritmo diferente na maturidade perceptiva. Na fase pré-escolar é comum à criança já estar desenvolvendo algumas habilidades, buscando significado e interpretação a intenção do que quer focalizar. Antes de iniciarmos o desenvolvimento do pré-escolar, observaremos a seguir, a divisão de forma didática apenas, e como 33 referência para entender melhor, o desenvolvimento da criança sob perspectiva da integração com o meio, segundo (Sanguedo, C. D., 1980). 3.2 Concepção de Autores Construtivistas Segundo Donaldson, M., 1994, p.139, discorda e relata que temos quatro estágios principais, com algumas subdivisões entre eles, que seguem uma mesma ordem para todas as crianças. Entretanto isso não se deve exclusivamente às questões maturacionais, mas sim porque se constroem um sobre o outro. Apesar da ordem dos estágios ser comum para todos, a velocidade em que isso ocorre não é; tendo as idades apresentadas por Piaget apenas um referencial médio de quando eles ocorrem. Piaget teoriza a inteligência muitas vezes como uma questão adaptativa ao meio, e utiliza-se de alguns termos específicos para explicar como isso ocorre. Esquemas e Ações Consistem num conjunto de ações interligadas que formam uma totalidade organizada. Todos nós possuímos esquemas já presentes (hereditários, de sobrevivência e reprodução), que atuam para satisfazer 34 nossas necessidades imediatas. Os esquemas atuam para garantir as novas interações que o indivíduo fará com o objeto-meio. Quando um fator novo surge, alguns componentes precisam entrar em ação e se adaptarem aos esquemas já existentes. Esses componentes são a organização e a adaptação. Organização Componente que pressupõe qualquer ação adaptativa. É o ponto de partida para a ação do indivíduo sobre os objetos do conhecimento. Por meio da organização do pensamento que se expressa sobre as estruturas cognitivas da adaptação, é que o indivíduo poderá organizar sua realidade. Por essa razão é que cada estágio do desenvolvimento cognitivo o indivíduo aborda e se apropria da realidade de modo diferente. (Coutinho e Moreira, p.59). Adaptação Piaget sempre enfatiza que um ser vivo não apenas reage ao ambiente, mas também age. A adaptação não ocorre apenas quando se tem pressão para mudar, mas por haver uma organização a se preservar. (Donaldson, M., 1994, p.137). A adaptação seria o equilíbrio entre assimilação e acomodação, onde assimilação seria a incorporação da realidade exterior aos 35 esquemas, trabalhando no sentido de preservar as estruturas e a acomodação sendo o esforço de moldar o comportamento do organismo dos esquemas a cada elemento assimilado. São dois processos opostos, porém, complementares. Não é possível separarmos os dois durante o processo. Eles ocorrem simultaneamente e de forma indissolúvel. (Donaldson, 1994, p.138.). Maturação É o aspecto do crescimento fisiológico, principalmente do Sistema Nervoso Central. Na teoria de Piaget a maturação não ocupa idéia central. Experiência Ocorre na interação da criança com o meio-objeto por maio da ação. Piaget coloca que existem dois tipos: a física (das propriedades do objeto, peso, cor) e a lógico-matemática (dá relação entre os objetos). Interação social Seria o conhecimento e tradições transmitidas por meio do contato com outras pessoas. Piaget não aborda profundamente esse aspecto, privilegiando sempre a ação sobre o objeto como questão primordial para o desenvolvimento cognitivo, porém admite que a troca de 36 informações e os estímulos externos auxiliam para o desenvolvimento dos estágios. Operações São ações executadas mentalmente, componentes necessários para o pensamento racional. Os requisito das operações incluem: I. Conservação: capacidade de reconhecer que, apesar das mudanças de posição, forma ou grupos, o objeto permanece o mesmo (quantidade, massa, número). II. Reversibilidade: capacidade de reconhecer que a mudança de forma, grupos, poderá ser reversível e voltar à forma anterior. Equilibração Conjunto de todos os fatores acima reunidos de modo a construir e reconstruir as estruturas mentais. Piaget destaca que esse seria o componente fundamental para a estruturação da inteligência. Com a utilização desses dados, Piaget propõe como complemento os estágios do desenvolvimento a seguir. Estes estágios evoluem como um espiral, de modo que cada estágio engloba o anterior e o amplia. Piaget não define idades rígidas para os estágios, mas sim que esses se apresentam em uma seqüência constante. 37 3.2.1 Estágios do Desenvolvimento de Piaget Sensório-motor (0 a 2 anos) Baseia-se na experiência motora-sensorial para aquisição do conhecimento. A principal característica desse período é a função semiótica, isto é, a criança não representa mentalmente os objetos. Sua ação é direta sobre eles. Este é o estágio em que a criança começa a fazer as primeiras associações e dissociações entre sujeito e objeto. Essas atividades serão o fundamento da atividade intelectual futura e a estimulação ambiental interferirá na passagem de um estágio para outro. Pré-Operacional (2 a 6 anos) A criança neste estágio adquire a fase simbólica, onde o pensamento é intuitivo, pré-causal, mágico, artificialista. Não existe o pensamento lógico. Nessa fase “já não depende de unicamente de suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (objeto ausente), o significado”. 38 A criança encontra dificuldades em expressar ordem dos eventos, explicar relações de causa e efeito, compreender e lembrar regras e compreender a reversibilidade. Operacional Concreto (7 a 11 anos) A criança já se enquadra no período escolar (Ensino Fundamental), seguindo a referência no estágio em idade cronológica. Já possui uma organização mental integrada, é capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos, conclui e consolida as conservações do número, da substância e do peso. Ainda precisa dos objetos reais (concreto) para executar o pensamento e tem dificuldades na abstração. Operacional Formal (a partir de 12 anos) Pensamento lógico-abstrato. A criança já formula teorias e é capaz de pensar sobre qualquer coisa distinta do real. Dá-se a formação do pensamento mais elaborado, do adulto inteligente. Torna-se capaz de raciocinar corretamente sobre proposições em que não acredita, ou que ainda não acredita, que considera puras hipóteses. É capaz de inferir as conseqüências. Têm início os processos de pensamento hipotéticosdedutivos. 39 3.3 Sinais Observáveis em Crianças com Distúrbios na Fase PréEscolar São as dificuldades que afetam a capacidade do indivíduo em se comunicar, através da linguagem oral e/ou escrita. Esses pequenos problemas costumam surgir na idade pré-escolar, onde geralmente são identificados pelos professores. A pré-escola é o período mais adequado para a identificação das dificuldades de aprendizagem, e assim, garantimos uma intervenção preventiva nessa fase de desenvolvimento. Dependendo da queixa do aluno e/ou quando houver suspeitas do aparecimento de um distúrbio da comunicação na fase pré-escolar, o primeiro passo será o encaminhamento fonoaudiológica, sugerido na própria escola. a uma avaliação O tratamento poderá necessitar ainda de uma equipe especializada. (Otorrinolaringologista, Neurologista, Psicólogo, Ortodontista). 40 3.3.1 Características Patológicas Distúrbio Articulatório Neste distúrbio são encontrados, alterações na emissão de sons, podendo a mesma ser em forma de omissões, substituições e inversão, distorções de fonemas (sons). Pode ocorrer por um ou mais fatores relacionados como: audição, fatores neurológicos, alterações na motricidade oral (Ofas) ou mesmo na parte óssea. Gagueira É uma interrupção no ritmo da fala caracterizada por repetições e/ou hesitações causando uma "quebra" na fluência da fala ou impedindo a mesma. É importante saber que uma criança por volta de 4 (quatro) anos pode ou não apresentar o que chamamos de disfluência fisiológica, o que é normal na sua idade. Nessa idade, a criança atravessa uma fase de ampliação do seu vocabulário, sua gramática, sintaxe, passando por um momento de maior hesitação para falar. Essa fase deve ser encarada com naturalidade pelos pais e professores, que devem dar tempo à criança, permitindo que ela fale como quiser, mesmo que para isso tenham que lhe dedicar alguns minutos a mais. Convém nesse período transitório, procurar não corrigi-la. 41 A família tem um papel muito importante no componente emocional da criança, podendo ser responsável pela criação de um clima inadequado à formação de sua personalidade. Um problema de gagueira apresentado por uma criança pré-escolar pode ser resolvido com uma boa orientação feita por um profissional aos pais e professores. Isso geralmente é suficiente para restabelecer a segurança emocional da criança e fazer com que ela readquira a fala normal. Nos casos mais graves, a criança deverá ser submetida a um tratamento fonoaudiológico. Surdez (Deficiência Auditiva) A criança que possui algum grau de perda auditiva necessita de terapia fonoaudiológica tanto para a adaptação do AASI aparelho de amplificação sonora individual), como a maturação das etapas do comportamento auditivo da criança. Ou seja, o fonoaudiólogo irá atuar desde os processos de condução do som, percepção, detecção até a integração do som detectado com a linguagem oral. A audição está implicitamente relacionada com a fala, sendo necessária para o aprendizado da mesma. É comum, pois em crianças com déficits de audição a ocorrência de alterações fonêmicas variadas. 42 Não existem “métodos milagrosos” para que uma criança com uma determinada perda auditiva aprenda a falar. Existe sim, uma prática de reabilitação, realizada por profissionais da comunicação humana, o Fonoaudiólogo, capacitado a realizar através de seus conhecimentos científicos atuar em aspectos na área da fisiologia da audição, no desenvolvimento de linguagem, visando desenvolver o real potencial de comunicação da criança. O tratamento reabilitacional deve contar sempre com a participação e o envolvimento dos familiares da criança. A audição e a fala são componentes de uma capacidade maior, a linguagem, é através dela que o ser humano expressa suas idéias, pensamentos e emoções. Atraso de Linguagem É um atraso ou desenvolvimento lento da linguagem oral (fala). Há crianças que adquirem mais tarde a capacidade de falar (aos 3 ou 4 anos). E quando começam a falar, ainda conservam por muito tempo as características da linguagem infantil. Os fatores causais são variados: desde fatores orgânicos (alterações neurológicas, auditivas) até fatores comportamentais, emocionais, ambientais. Alterações no Sistema Sensório Motor oral (Distúrbios Miofuncionais) São relativas a alterações de tônus, mobilidade e/ou postura da musculatura orofacial que compõe os órgãos fonoarticulatórios (lábios, língua, dentes, arcada dentária, musculatura da face, palato). Tais alterações podem comprometer funções como deglutição, sucção, mastigação, além de prejudicar a fala (comprometendo a emissão de fonemas). Muitas vezes, tais alterações são desencadeadas pela 43 respiração bucal (podendo ocasionar alergias respiratórias, hipertrofia de adenóides), hábitos de sucção inadequados (como uso prolongado de chupetas, mamadeiras, dedo), pressão da língua entre os dentes, causando um desequilíbrio nas funções musculares (OFas). Distúrbios de Leitura e Escrita São as dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita, sem prejuízo da inteligência. Tais alterações podem ter como sintomas dificuldade na decodificação de palavras, frases, compreensão de textos, na codificação, na elaboração de textos, substituições, inversões de grafemas, sílabas ou mesmo palavras. Pode surgir antes da idade escolar. Os fatores etiológicos variam. Porém, na maioria dos casos o componente auditivo e/ou visual está presente. Tais falhas não equivalem necessariamente a um déficit, mas a uma falta de domínio nas habilidades visuais e/ ou auditivas. 44 4 ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ÁREA ESCOLAR E/OU EDUCACIONAL Para Zorzi em publicação recente no CEFAC (2001), essa atuação do Fonoaudiólogo não é educacional, ela é clínica, predominantemente. È o conhecimento clínico voltado para atender problemas encontrados dentro da escola. E pontua que obviamente o Fonoaudiólogo não fica atuando terapeuticamente com cada aluno que apresentar dificuldades. O Fonoaudiólogo irá atingi-los por meio de programas de desenvolvimento de linguagem dos quais ele pode participar da elaboração. E sua ação deverá beneficiar não só para aquele que eventualmente possa ter um problema, mas para todos, ainda mais, suas habilidades em linguagem oral e escrita. Segundo Zorzi (1999), menciona que a atuação fonoaudiológica na área educacional, objetiva não somente detectar as alterações da linguagem oral e escrita, mas sim, de dar possibilidades para otimização do desenvolvimento, ou seja, “criar condições favoráveis e eficazes para que as capacidades de cada um possam ser exploradas ao máximo, não no sentido de eliminar problemas, mas sim baseado na crença de que determinadas situações e experiências possam facilitar e incrementar o desenvolvimento e a aprendizagem”. 45 Foi através da comunicação que o homem começou a transmitir e interpretar sentimentos e pensamentos. Assim como interage com as pessoas a sua volta, através da troca dessas interações e experiências que lhe vai enriquecendo cada vez mais. O processo de comunicação realiza-se à medida que a interação criança-meio se aprofunda e que a linguagem se desenvolve. O ambiente social e as condições de vida da criança desempenham papel importante nesse processo, uma vez que a criança recebe do meio os mais variados estímulos que vão promover o seu desenvolvimento. É por ser a escola uma fonte riquíssima de estímulos, e constantemente influindo na criança numa faixa de idade onde o seu desenvolvimento está num crescente patamar, que damos um destaque para a intercessão deste papel do fonoaudiólogo na escola. A atuação desse profissional é ampla e de fundamental importância, embora ainda pouco explorada, pois seu campo de trabalho nesta área é ainda relativamente novo. O compromisso de uma escola é o de dar a melhor educação possível para cada criança. Para isso é necessário conhecê-la integralmente, considerando cuidadosamente todos os seus aspectos perceptuais e cognitivos. Para que se execute um plano de trabalho, é fundamental que haja coordenação e unidade no trabalho de toda uma equipe. É justamente 46 nessa equipe que observamos a importância da participação do Fonoaudiólogo. Segundo Bitar (1991), relata que esses aspectos estarão subjacentes à ação do profissional fonoaudiólogo que trabalham em Instituição Educacional, de qualquer natureza, seja pré-escola, escola e creche. I. Promoção do desenvolvimento da linguagem oral e escrita audição e funções alimentares; II. Proteção específica da linguagem oral e escrita, audição e funções alimentares; III. Detecção precoce dos distúrbios da comunicação e funções alimentares; IV. Formação dos agentes multiplicadores; V. Orientar os pais quanto ao desenvolvimento normal e aos desvios deste. Segundo Pacheco & Caraça (1985), descreve que a atuação nesta prática compreende 3 (três) funções: I. Participação na equipe; II. Triagem; III. Terapia. 47 I. Participação na equipe A equipe escolar é normalmente formada pelos seguintes profissionais: Orientador Educacional, Orientador Pedagógico, Professor e Psicólogo. É a partir desta equipe que o Fonoaudiólogo irá se integrar e participar como atuante, desempenhando papéis de Acessor e Consultor. Como Acessor, o fonoaudiólogo na escola deverá transmitir conhecimentos específicos de sua área, para os demais profissionais componentes da equipe atuante do planejamento anual. A função como mediador destes conhecimentos pode ser realizada através de Programas de Treinamento; Leituras; Cursos e/ou Palestras. Podendo abranger, entre outros aspectos: ? Noções gerais de todo o processo de aquisição de linguagem na criança normal, em todos os níveis: fonêmico, sintático e semântico; ? Visão geral a respeito de problemas de linguagem que podem ocorrer em crianças na fase pré-escolar e escolar, como: os distúrbios articulatórios, distúrbios de leitura e escrita, gagueira, problemas relacionados à voz; ? Relação entre os distúrbios da comunicação oral e dificuldades de aprendizagem dentro do processo educacional. 48 Estes são os aspectos mais freqüentes e abrangentes que podem ser questionados e avaliados em uma equipe educacional, multidisciplinar. Cabe ao Fonoaudiólogo investigar as reais necessidades do grupo a que pertence e direcionar abordagens mais específicas atendendo-as dentro das possibilidades do momento, além de oferecer sugestões técnicas aos professores. Sugere-se nesta prática a atuação diferenciada para classes préescolares, alfabetização e turmas já alfabetizadas neste período de aquisições de aprendizagem e desenvolvimento escolar. A orientação às classes de alfabetização será sugerida à orientação pedagógica para que reflita sobre a escolha do método a ser utilizado. Como Consultor, o fonoaudiólogo deverá orientar os professores sobre os problemas que forem detectados em “Triagens” ou em outras situações de observação. Para Léslie Piccolloto, cabe ao Fonoaudiólogo ainda, a participação na Equipe Técnica: a. Junto ao setor de Orientação Educacional Nas palestras aos pais e professores fica a critério da direção da escola diferenciar o público, quer seja para pais, específica para professores ou ainda, palestra conjunta. 49 Sugere-se em palestras alguns itens fundamentais, como: ? Definir a atuação da Fonoaudiologia: ? Detalhar os campos de atuação do Fonoaudiólogo; ? Diferenciar a Fonoaudiologia Escolar da Fonoaudiologia Clínica; ? E elaborar um planejamento específico para as dificuldades encontradas não só na aquisição da linguagem, como no aprendizado da leitura e escrita; psicomotricidade; comportamento emocional e ainda patologias observáveis em crianças nessa fase da educação infantil, como a gagueira, atraso da linguagem, distúrbios da articulação. b. Junto ao setor de Orientação Pedagógica Treinamento e orientação para professores a atuação do Fonoaudiólogo junto ao setor de Orientação é, na verdade, um assessoramento junto à equipe de direção a aos professores visando perceber e acompanhar os momentos de descobertas e aquisições de cada criança e do grupo em que ela está inserida. É nesse momento que o Fonoaudiólogo entra com sua formação eclética e com técnica adequada a todo esse processo de aquisição e desenvolvimento, no que 50 se refere à participação na elaboração de apostilas para orientação dos professores; participação na elaboração estrutura curricular; participação no planejamento da área de linguagem oral e escrita e áreas correlatas onde a audição e funções alimentares serão abordadas; participação na indicação e elaboração do material didático; criando, implantando e implementando programas educacionais. Análise/Orientações e Encaminhamentos após as triagens da Comunicação oral e escrita e conseqüentemente levantamento de dados de cada criança e do grupo-classe, faz-se uma listagem das crianças que apresentam dificuldades ou alterações relativas a cada testagem. Previamente, deverá ser feita uma análise para sabermos se a dificuldade é específica de determinada criança ou se abrange uma porcentagem significativa perante a classe. Caso o segundo item prevaleça, é necessário repassá-lo junto à Orientação pedagógica visando uma análise pormenorizada do planejamento. As orientações e/ou encaminhamentos aos pais deverão ser feitas individualmente. É necessário frisar quanto ao encaminhamento e/ou orientação, é a diferença de uma testagem e de uma avaliação. Isto porque muitos pais, nesse momento, questionam e em algumas vezes pressionam a obter dados maiores e mais precisos, que somente uma avaliação pode fornecer. 51 Como Administrador segundo, Profoe: “Programa de Profilaxia Fonoaudiológica na Educação (1998)”, também pode desempenhar esta função, através de trabalho em equipes multidisciplinares com o objetivo de criar, implantar e implementar programas educacionais. II. Triagem A triagem é a avaliação aplicada na fase inicial da pré-escola, onde a atuação fonoaudiológica se faz quase que individualmente, ou seja, independente da equipe educacional. Piccolloto, subdivide em: Triagem Comunicação oral é um teste de varredura (screening) que pode ser aplicado individualmente e/ou através de observações em sala aula, no início da fase pré-escolar. A fim de detectar possíveis dificuldades ou alterações que possam de alguma maneira dificultar o processo de aprendizagem. Observando também outros aspectos que são pertinentes ao desenvolvimento: voz, respiração e arcadas. Triagem da Comunicação gráfica ou escrita é feita através de testes específicos e observações feitas em sala de aula com análise do material de cada criança. Ressaltando que deve-se levar em conta o método e/ou forma de alfabetização utilizado em cada escola. A triagem é composta por uma bateria de testes, elaborados pelo fonoaudiólogo, cujo objetivo na educação infantil, tem como enfoque a 52 linguagem, a fala, a audibilização e a motricidade oral em seu aspecto global. Segundo Léslie Piccolloto (1991), o professor na Classe PréEscolar é orientado no sentido de realizar em classe exercícios que propiciem o desenvolvimento da audibilização (discriminação, memória e análise e síntese auditiva), motricidade oral, fala e linguagem, em todos os níveis, ou seja, sistema fonêmico, sintático e semântico. É nesse momento que deve-se dar uma orientação aos professores, pois eles, atuando diariamente e diretamente com estas crianças, têm necessidades quanto às atitudes a serem seguidas. Essas atividades têm um caráter lúdico e são realizadas no sentido de estimular as crianças, criando situações, em classe, que propiciem o desenvolvimento da linguagem oral espontânea e da criatividade através de dramatizações, conversas e jogos. Dependendo do método de alfabetização adotado pela escola, deveremos ressaltar determinadas áreas que visem a preencher os prérequisitos estabelecidos para esse método de alfabetização. Como também, o fonoaudiólogo já terá condições de orientar os pais das crianças que apresentam problemas, e quanto às medidas a serem tomadas. 53 Léslie Piccolloto, subdivide em: Início da Educação Infantil - o objetivo da triagem, sobre o ponto de vista fonoaudiológico, é verificar como se encontra o desenvolvimento da linguagem oral em todos os seus níveis, (fonêmico, sintático e semântico) assim como audibilização e motricidade oral. Para isso, é necessário que as crianças sejam testadas individualmente. Fim do período da Educação Infantil - as crianças que apresentaram problemas na etapa inicial da educação infantil, principalmente nas áreas de audibilização e linguagem oral, devem novamente ser testadas (triadas), certificar-se, se ainda persistem desvios, para tais medidas e encaminhamentos. E continuar presente o aspecto profilático, já ressaltado anteriormente. Levantando-se precocemente as dificuldades da criança, podendo prevenir o surgimento de dificuldades em novas etapas de aquisições em desenvolvimento. III. Terapia Na terapia é vedado ao fonoaudiólogo realizar atendimento clínico / terapêutico dentro das escolas de ensino regular. Como também, fornecer apenas “uma” indicação profissional, quando do encaminhamento a um fonoaudiólogo. 54 Nas Escolas Especiais o fonoaudiólogo poderá desenvolver todas as funções acima relatadas, e no caso da necessidade de atendimento clínico, na própria escola, esse deverá obedecer a horários e local adequado para a terapia fonoaudiológica, segundo o Código de Ética Profissional. A Atuação Fonoaudiológica em escolas especiais, além de desempenharem atividades desenvolvidas na escola comum, o fonoaudiólogo terá que se preocupar com as particularidades da população atendida, sugerindo técnicas que facilitem a alfabetização e orientando os pais sobre as dificuldades específicas das crianças. Encaminhamento A atividade do fonoaudiólogo no contexto escolar propõe avaliar crianças com queixa de algum distúrbio e sugerir atendimento dentro da própria escola. Devemos fazer uma distinção entre Escolas Especiais que se caracterizam com instituições voltadas para a educação a atendimento clínico de alunos com deficiências, “as crianças especiais” e à escolas comuns, com objetivos unicamente pedagógicos. Faz parte da proposta pedagógica em escolas especiais, o atendimento, uma vez que sua clientela está caracterizada como uma 55 clientela com necessidades especiais, é claro respeitando as normas e horários escolares, proposto pela mesma. A proposta às escolas comuns que têm como propósito educar, ensinar e não tratar dentro da instituição. Convém ao profissional, ao estar inserido no trabalho em escolas, quando ao detectar problemas na fase do desenvolvimento da criança, ter a postura como convém a ética profissional, de encaminhar o aluno para o atendimento fora do âmbito escolar. A opção pode ser a indicação de clínicas ou centros de atendimento que, embora possam vir a realizar um trabalho integrado com a escola, do ponto de vista das necessidades do paciente, não mantenha vínculos ou interesses comerciais com a mesma. Como já foi esclarecida esta atuação objetiva triar, avaliar, encaminhar e intervir como medidas de prevenção à saúde escolar. Porém, este deverá acompanhar as avaliações e terapia fonoaudiológica, da própria escola, visando desempenhar melhores condições à criança ao seu acompanhamento a sua classe e detectar o mais precocemente o desvio, para a sua reintegração, e as novas aquisições serem melhor assimiladas. Segundo Sacaloski (2000), descreve que os objetivos desta atuação sempre foram: Orientar professores, detectar alunos com dificuldades de linguagem e orientar os pais. 56 I. Orientar os professores em relação ao conteúdo trabalhado em comunicação e expressão É da competência do Fonoaudiólogo realizar trabalhos preventivos para os professores e/ou educadores, como: ? Realizar um planejamento de trabalho de saúde vocal para professores através de palestras sobre higiene vocal e treino de impostação, visando a prevenção e melhoria dos padrões de: voz, fala e linguagem; ? Propostas para uma melhor qualidade de ensino, orientando para o conhecimento do desenvolvimento infantil, a fim do desempenho qualificado e respostas satisfatórias, principalmente nas áreas relacionadas ao aprendizado das habilidades para a linguagem oral, leitura, escrita e cálculo. II. Detectar alunos com dificuldades de linguagem e orientar quanto ao seu acompanhamento III. Orientar os pais quanto ao seu desenvolvimento normal e aos desvios deste. Este trabalho deve ser realizado através do planejamento integrado a equipe escolar. O que se prioriza através dessa prática é um trabalho 57 inicial nesta área para ser realizado através de palestras ou reuniões onde são abordados temas relacionados à aquisição da linguagem e sua evolução, a aspectos que possam interferir no processo de comunicação ou temas mais específicos, relacionados a distúrbios da comunicação como leitura, escrita, distúrbios articulatórios. É importante também esclarecer os pais quanto à função do fonoaudiólogo enquanto membro da equipe e equipe e enquanto terapeuta, pois isto irá proporcionar-lhes condições de perceber, dentre os problemas que as crianças possam apresentar, aqueles que sejam da competência fonoaudiológica. Porém, uma das atividades a que mais se destaca que devemos dar é a da orientação direta aos pais de criança com problemas na área da comunicação. É através deste contato que estabelecemos a relação paisprofissionais, com o objetivo esclarecer e orientar as dificuldades encontradas nestas crianças. Este trabalho é realizado individualmente, pois tratará de problemas específicos de cada criança. É da competência do Fonoaudiólogo realizar trabalhos preventivos junto aos pais, como: ? Orientação aos pais quanto aos encaminhamentos e atividades que poderiam ser realizadas em casa; ? Orientar aos pais quanto ao desenvolvimento normal e aos desvios que possam vir a ocorrer; 58 ? Realizar palestras com os pais; ? Treinamentos, reciclagens; ? Reuniões periódicas com os professores e participação dos fonoaudiólogos no planejamento anual. 59 5 CONCLUSÃO Conclui-se que a atuação da Fonoaudiologia na Pré-escola é de fundamental importância para o educando. Proporciona condições favoráveis para facilitar o desempenho escolar do aluno, atuando preventivamente na área da linguagem e desenvolvendo o seu potencial para novas conquistas. Ao contrário, da criança que não recebeu educação pré-escolar, cabe ao professor antes de qualquer tentativa de ensino, definir os tipos de testes de prontidão a realizar e estabelecer metas caso persista o problema. A intervenção é conseqüência de uma identificação dos sinais que funcionam como alerta para alguma coisa de “errado” que está acontecendo com a criança. Vale ressaltar que a atuação de uma equipe multidisciplinar é fundamental para o planejamento escolar, onde poderão ser discutidos em reuniões freqüentes assuntos correlatos ao desempenho do educando. Entretanto devem ser respeitados, a visão holística intervindo na educação, e entender que essa realidade é nova e relativamente atual, pela falta de conscientização. É necessária, mas não o é fundamental na visão de educadores. 60 BIBLIOGRAFIA A REFORMA DO ENSINO: Nova Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional: Lei Darcy Ribeiro. Rio de Janeiro. Editora Auriverde. 1996. ANDRADE, Claudia Regina Furquim. Fonoaudiologia Preventiva – Teoria e Vocabulário Técnico-Científico. São Paulo. Editora Lovise 1996. BARROS, Aidil de Jesus, LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis –RJ: Editora vozes. 2000. COLLAÇO, N. L. 1991 – Fonoaudiologia Escolar: as origens de uma proposta. O fonoaudiólogo e a escola. São Paulo, Summus, 1991. COUTINHO, M. T. e MOREIRA, M. – Psicologia da educação, Minas Gerais. 61 DONALDSON, M. 1994 – A Mente da criança. São Paulo, Martins Fontes. DROUET, Ruth Caribé da Rocha. Distúrbios de Aprendizagem. São Paulo: Editora Ática. 2000. FARIA, Anália Rodrigues. O Pensamento e a Linguagem de Piaget. São Paulo, Editora Ática. 1997. FERREIRA, Léslie Piccolotto (org). O Fonoaudiólogo e a escola. São Paulo: Summus Editorial Ltda. 1990. FONSECA, Vitor. Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1995. GARDNER, Howard. A criança Pré-Escolar: Como Pensa e como a Escola pode ensiná-la. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. GIROTO, Claudia Regina Mosca (org.). Perspectivas atuais da fonoaudiologia na escola. São Paulo: Plexus Editora, 2001. 62 GOLDFELD, Márcia. Fundamentos em Fonoaudiologia-Linguagem. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A, 1998. LAGROTA, M. G. M., CORDEIRO, M. C. & CAVALHEIRO, M. T. P. – Discutindo a Fonoaudiologia na escola. In: O fonoaudiólogo e a escola, São Paulo: Summus, 1991. LAGROTA, Márcia Gomes Mota, CÉSAR, Carla Patrícia Hernandez Alves Ribeiro. A Fonoaudiologia nas Instituições. São Paulo: Editora Lovise, 1997. PACHECO, Eunice Caldeira de Freitas Chaves. Temas de Fonoaudiologia: Fonoaudiologia Escolar. São Paulo. Edições Loyola, 1996. PIAGET J., A Linguagem e o Pensamento da Criança. Rio de Janeiro. Zahar, 1983. PROFOE – Programa de Profilaxia Fonoaudiológica na educação. Conselho Regional de Fonoaudiologia – 1ª Região, 1998. 63 SACALOSKI, Marisa; ALAVARSI, Edna; e GUERRA, Gleids R. Fonoaudiologia na Escola. São Paulo: Editora Lovise Ltda, 2000. SANGUEDO, D.C., Ajude o seu filho a Falar Melhor. Ediouro, 1980. SOUZA, Susana Bueno. A Fonoaudiologia no Âmbito Escolar: Um encontro em construção. 2. ed. Jundiaí, Lilivros, 1998. VIGOTSKY, L. S. – Pensamento e Linguagem, São Paulo, Martins Fontes, 1987. ZORZI, Jaime Luiz. A Intervenção Fonoaudiológica nas alterações da Linguagem Infantil, Revinter. Rio de Janeiro, 1999. 64 ANEXOS RESOLUÇÃO CFFa nº 232, de 1º de agosto de 1999. "Dispõe sobre a atuação do Fonoaudiólogo em escolas e dá outras providências”. O Conselho Federal de Fonoaudiologia, no uso das atribuições legais e regimentais, Considerando a necessidade de normatizar a atuação do fonoaudiólogo em escolas, Considerando a necessidade de desencadear, em todos os setores da escola, a consciência do valor do trabalho fonoaudiológico, Considerando a necessidade de prevenir e orientar as alterações de audição, linguagem, motricidade oral e voz em professores e alunos, R E S O L V E: Art. 1º - Cabe ao Fonoaudiólogo, na escola, transmitir conhecimentos específicos da área para os indivíduos envolvidos no processo de desenvolvimento da criança, o que poderá ser feito em palestras, orientações e estudo de casos, da seguinte forma: Prestando consultoria e assessoria, através de esclarecimentos aos professores e equipe técnica, no que diz respeito aos problemas fonoaudiológicos; 65 realizando triagens fonoaudiológicas nos aspectos da audição, linguagem, motricidade oral e voz; Realizando devolutiva e orientação aos pais, professores e equipe técnica da escola, nos aspectos da audição, linguagem, motricidade oral e voz; Orientando os professores quanto à estimulação de linguagem em sala de aula; Realizando pesquisas, através de levantamentos de dados fonoaudiológicos quantitativos e qualitativos, e orientando sobre as condições favoráveis que o ambiente físico deve ter para promover o que processo de aprendizagem. Art. 2º - Cabe ao Fonoaudiólogo orientar o professor e o aluno sobre o uso adequado da voz e criar situações que evitem o abuso vocal, e desenvolver programas de treinamento vocal, assim como técnicas de apresentação. Art. 3º - É vedado ao fonoaudiólogo realizar atendimento clínico/terapêutico dentro das escolas de ensino regular. Art. 4º - É vedado ao fonoaudiólogo fornecer apenas uma indicação profissional, quando do encaminhamento a um fonoaudiólogo. Art. 5º - Nas escolas especiais o fonoaudiólogo poderá desenvolver todas as funções acima relatadas, e no caso da necessidade de atendimento clínico, na própria escola, esse deverá obedecer a 66 horários e local adequados para a terapia fonoaudiológica, conforme o Código de Ética Profissional. Art. 6º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União, revogadas todas as disposições em contrário. 67 DADOS PESSOAIS Nome:______________________________________________________________ Data do Nascimento:_______________________ Cor: _______________________ Nacionalidade:____________________________ Naturalidade:________________ Escola:______________________________________________________________ Série:_____________________________ Turma: ___________ Turno:__________ Filiação:_____________________________________________________________ Endereço:___________________________________________________________ Bairro:___________________________________ Telefone:___________________ Responsável:_________________________________________________________ Q.P.:_______________________________________________________________ Encaminhado por:_____________________________________________________ Triagem Fonoaudiológica 1 – Linguagem Oral: ? conversa informal: ____________________________________________________________________ ? leitura: ____________________________________________________________________ ? articulação: /k/ /g/ /R/ /p / /b/ /m/ /s/ /z/ /l/ /r/ /t/ /d/ /n/ /f/ /v/ /?/ / ? / / ? / / s/ / pr / / pl / / aR / / Kr / / tr / / gl / / tl / / oR/ / as / / is / ? voz: ____________________________________________________________________ Obs: ____________________________________________________________________ 2 – Linguagem Escrita: ? desenho: ____________________________________________________________________ ? ditado: ____________________________________________________________________ ? escrita espontânea: ____________________________________________________________________ Obs: ____________________________________________________________________ 68 3 – Psicomotricidade: ? Equilíbrio estático: - pés juntos ( ) - pé só ( ) - fazer o 4 ( ) olhos abertos olhos fechados ? Equilíbrio dinâmico: - pé só: - salto: - marcha: ? Coordenação geral / coordenação fina: ? Lateralidade: - mão: - pé: - ouvido: - olho: obs: ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 4 – Comportamento: ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 5 – Orientação do responsável: ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 6 – Encaminhamento: ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 7– Síntese: ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Data da Triagem: Organizado pela Fonoaudióloga: Maria Regina Gonçalves Martins 69