Atuação fonoaudiológica no Programa Saúde na Escola (PSE) Autores: RENATA CORREIA DA SILVA, APARECIDO JOSÉ COUTO SOARES, MARIA SILVIA CÁRNIO, Introdução Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) são equipes compostas por profissionais de diferentes profissões ou especialidades que devem atuar de forma integrada e apoiando os profissionais das Equipes de Saúde da Família (ESF), objetivando auxiliá-las no manejo ou resolução de problemas clínicos e sanitários1. A inserção do fonoaudiólogo no NASF favorece a ampliação do acesso da população à saúde integral da comunicação humana, desenvolvendo ações de apoiador da gestão e de atenção à saúde2. O fonoaudiólogo pode se inserir em diversos espaços da rede de atenção à saúde (RAS), que é um arranjo organizativo de ações e serviços de saúde que buscam garantir a integralidade do cuidado1. Um dos pontos da RAS é a escola, que segundo o Ministério da Saúde, o NASF pode realizar ações de educação em saúde e apoiar as ações do Programa Saúde na Escola (PSE)1. O PSE resulta do trabalho integrado entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, no intuito de ampliar as ações específicas de saúde a comunidade escolar da rede pública de ensino3. O programa possui três componentes que estruturam suas ações: componente I – objetiva avaliar a saúde dos educandos e possibilitar que aqueles que apresentem alterações sejam encaminhados para outros serviços da RAS; componente II – preconiza o desenvolvimento de ações de promoção da saúde e que explorem seus determinantes; componente III – objetiva a realização de formações para os professores, gestores e outros profissionais que atuam no PSE4. Diante disso, verifica-se que o PSE é uma estratégia importante para a inserção e fortalecimento da Fonoaudiologia Educacional, visto que as práticas fonoaudiológicas em escolas são antigas, mas esta especialidade só foi regulamentada pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa) em 2010 5. Nesse sentido, a atuação do fonoaudiólogo no PSE pode ampliar o acesso do profissional na RAS e consolidar as práticas nas escolas, fundamentando – consequentemente – a relação Fonoaudiologia e Educação. Objetivos Analisar as práticas fonoaudiológicas no Programa Saúde na Escola, desenvolvidas em um município paraibano. Métodos Este estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma Instituição de Ensino Superior da Paraíba, sob o protocolo de número 0245/13 e foi desenvolvido em um município localizado na Zona da Mata paraibana, a partir das ações fonoaudiológicas de um profissional do NASF do município. Para a realização deste, foi obtida a autorização da Coordenação do PSE municipal e as ações realizadas foram pactuadas com as direções de cinco escolas. As ações realizadas foram: triagem dos alunos (Componente I), atividades de promoção da saúde da comunicação e do letramento (Componente II), e formação de professores (Componente III). Na triagem, foi realizada uma avaliação da audição e da linguagem, oral e escrita, dos alunos do Ensino Infantil e Fundamental I. Já nas atividades de promoção, foram desenvolvidos projetos e oficinas de letramento, como: projeto de formação leitora, construção de gêneros textuais escritos, oficinas de estimulação da linguagem oral e construção de jogos educativos. E foram realizados encontros de formação de professores do ensino regular e do atendimento educacional especializado, com ênfase do desenvolvimento e distúrbios da linguagem oral e escrita, assim como no processo de inclusão. Resultados 581 alunos passaram pela triagem fonoaudiológica e 86 (14%) apresentaram sinais de alteração: 15 (17,4%) apresentaram sinais de alterações audiológicas, 36 (41,9%) de déficits na linguagem oral, 14 (16,3%) de disfonia, e 21 (24,4%) de distúrbios de aprendizagem. Após a triagem, as crianças foram encaminhadas para o serviço de atendimento fonoaudiológico do município. Ressalta-se que, com a triagem, foram identificados os alunos que possuíam uma maior prioridade de cuidado fonoaudiológico para que fossem acompanhados no serviço especializado na RAS. E as atividades dos componentes II e III do PSE favoreceriam a atenção fonoaudiológica para os demais estudantes. As ações fonoaudiológicas dos componente II e III possibilitaram uma maior integração entre as escolas e o fonoaudiólogo. Participaram destas todos os membros da comunidade educacional: alunos, professores, funcionários, pais. A partir dessas ações, houve: a promoção de conhecimentos fonoaudiológicos para os profissionais da Educação, facilitando a atenção aos alunos com alterações no desenvolvimento da comunicação e a promoção de uma melhor atenção à saúde escolar; o desenvolvimento de vivências e práticas com os alunos que possibilitaram sua socialização, interação com diversos gêneros discursivos, inserção em práticas de letramentos, reflexões acerca da comunicação, entre outros, favorecendo uma melhor atenção e cuidado fonoaudiológico a essa população. Conclusão Observou-se que o fonoaudiólogo pode desenvolver práticas preventivas e de promoção da saúde no PSE, ampliando o leque de possibilidades de atuação do profissional, aumentando a demanda de público e espaços que pudesse atuar e favoreceu a atenção à saúde da comunicação humana no ambiente escolar. Descritores: Fonoaudiologia, Saúde Coletiva, Educação Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Núcleo de Apoio à Saúde da Família / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde; 2014. 2. Molini-Avejonas DR, Mendes VLF, Amato CAH. Fonoaudiologia e Núcleos de Apoio à Saúde da Família: conceitos e referências. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(3):465-74. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na escola / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde; 2009. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Caderno do gestor do PSE / Ministério da Saúde, Ministério da Educação. – Brasília: Ministério da Saúde; 2015. 5. Conselho Federal de Fonoaudiologia. Resolução Nº 387, 18 de setembro de 2010. Dispõe sobre as atribuições e competências do profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional reconhecido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, alterar a redação do artigo 1º da Resolução CFFa nº 382/2010, e dá outras providências. Brasília; 2010.