FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL – INFÂNCIA
Departamento de Fonoaudiologia Educacional da SBFa
Luciana Mendonça Alves, Renata Mousinho e Ana Luiza Navas
Quais são os principais desafios da fonoaudiologia educacional na infância?
Atualmente temos enfrentado sérios problemas na área da educação em nosso país.
Tanto na esfera pública como privada, problemas relacionados ao acesso às filosofias e
estratégias eficientes para a alfabetização e à implementação do letramento têm feito com
que diversos problemas referentes à aprendizagem (ou melhor, "ensinagem") surjam,
assim como tem potencializado o impacto de transtornos patológicos na vida destes
escolares.
A expectativa que se cria diante destas situações, ao se apresentar como fonoaudiólogo a
uma escola, é a de diagnóstico e intervenção, o que não é a forma adequada nestes
casos. A legislação vigente preconiza que os atendimentos clínicos não sejam realizados
no âmbito escolar, mas que sejam encaminhados para os espaços clínicos adequados.
As escolas, enquanto ambientes educacionais, são amplos espaços para a atuação
fonoaudiológica, com função de assessoria, consultoria e treinamento. Tem sido um
grande desafio conscientizar a população quanto a esta função, o que tem sido feito por
meio de boas práticas dentro da escola.
Em parceria com a equipe educacional, o fonoaudiólogo deve desenvolver o
desenvolvimento infantil a fim de que se possa atingir o máximo de seu potencial de
comunicação.
Estimular a linguagem oral e escrita favorecendo o aprendizado dos
escolares. Neste contexto, o olhar mais cuidadoso sobre estes aspectos mostra-se útil
para todos, mas é indispensável para aqueles que apresentam dificuldades.
No entanto, a entrada de mais um profissional na escola pode enfrentar algumas
resistências. Uma delas deve-se ao aspecto econômico, tanto ao pensar em escolas da
rede privada como da rede pública. No entanto, os benefícios desta prática podem
representar economia em um segundo momento, já que a prevenção custa menos do que
a remediação dos mesmos, e isso deve ser apresentado aos gestores. Outra, diz respeito
à falta de conhecimento do papel do fonoaudiólogo no contexto educacional. Esse
desconhecimento gera uma desconfiança da entrada de mais um profissional na equipe
como uma forma de intromissão, e não de parceria.
Esclarecer sobre o lugar do
fonoaudiólogo educacional na equipe, então, torna-se uma necessidade.
Qual a importância da fonoaudiologia educacional na infância?
O fonoaudiólogo na escola é em primeiro lugar um agente de capacitação que
complementa a formação de educadores, no que se refere a termos fundamentais, como:
- desenvolvimento típico e indicadores de risco para a linguagem expressiva e receptiva;
- conceitos sobre a relação entre competências de linguagem e a alfabetização;
- desenvolvimento de competências de linguagem específicas para o ambiente educativo
como a escuta ativa, como tomar notas e como participar de atividades de aprendizagem
cooperativa.
Além de ser disseminador do conhecimento, o Fonoaudiólogo Educacional é um
consultor, que orienta a equipe de especialistas e os professores na produção do melhor
ambiente de aprendizagem na sala de aula. Orienta processos de inclusão e capacitam
professores para que possam dar suporte a alunos que apresentam transtornos da fala e
da linguagem.
Como prestador direto de serviços, o Fonoaudiólogo Educacional colabora na coleta de
dados sobre competências de linguagem com valor preditivo no sucesso escolar e
indicador de risco para dificuldades escolares.
Este trabalho é recente? Porque se fez importante essa especialidade?
Não, na verdade, trata-se de uma das práticas que fundamentaram as ações
fonoaudiológicas. A Fonoaudiologia praticamente nasceu nas escolas, e muitas práticas
foram desenvolvidas neste ambiente. O escopo do trabalho fonoaudiológico neste âmbito
se tornou mais amplo, a partir da concepção da Fonoaudiologia enquanto ciência
responsável pelos processos de comunicação humana, e não mais somente voltada aos
distúrbios, sua detecção e tratamento.
O trabalho do fonoaudiólogo neste campo demanda conhecimento não somente dos
processos envolvidos na comunicação e seus transtornos, mas também um profundo
conhecimento do campo da educação, suas políticas, práticas, filosofias e legislação
vigente.
Diante deste perfil diferenciado, notou-se a necessidade de se reconhecer uma área de
especialidade, que na realidade já existe desde o nascimento da Fonoaudiologia, mas
que cresceu, amadureceu e demanda um perfil diferenciado para a atuação.
A Fonoaudiologia sempre teve uma interface muito importante com a educação,
sobretudo, no que diz respeito às questões de aprendizagem. Durante muito tempo o
fonoaudiólogo teve em sua formação subsídios para a atuação terapêutica em uma
perspectiva clínica, de reabilitação. Hoje, há reconhecimento da importância da promoção
e prevenção dos distúrbios e das inúmeras vantagens de que a escola ajude e acolha
essas crianças o quanto antes.
Em virtude disto tudo, uma nova perspectiva surge para o profissional fonoaudiólogo. A
especialidade da Fonoaudiologia Educacional foi reconhecida já que há a necessidade
deste profissional entender e se capacitar para uma atuação que deveria abranger desde
a prevenção até a intervenção de alterações de linguagem para auxiliar a criança a atingir
o seu potencial de aprendizagem.
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