REMOÇÃO DE CONTAMINANTES SUPERFICIAIS DE PARTÍCULAS PIBIC/CNPq CERÂMICAS Laís Bavaresco (PIBIC/CNPQ), Jaíne Webber, Robinson C. D. Cruz, Janete E. Zorzi (Orientadora) [email protected] INSTITUTO DE MATERIAIS CERÂMICOS, UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, BOM PRINCÍPIO - RS Resultados e discussão Introdução Devido à elevada reatividade superficial, o óxido de alumínio (Al2O3), ou alumina, é um material cerâmico utilizado em diversas aplicações, como catalisadores, peças técnicas de engenharia, refratários, abrasivos e sistemas modelos de superfícies para estudar fenômenos de adsorção e dessorção. A alumina é obtida através do processo Bayer, a partir do minério de bauxita. A alumina produzida contém cerca de 99,5% de Al2O3 e a principal impureza são os íons de sódio (Na+). Este nível de pureza é suficiente para muitas aplicações. Entretanto, essas impurezas podem comprometer algumas propriedades em determinadas aplicações específicas, como por exemplo, reduzir o desempenho mecânico devido à formação de fase vítrea. As impurezas também podem prejudicar propriedades ópticas, diminuindo a transmissão de luz, devido às impurezas inclusas na microestrutura. Além disso, quando se deseja estudar processos de adsorção, é importante que a superfície em questão apresente homogeneidade em sua composição e em suas propriedades físico-químicas. As impurezas adsorvem nos sítios superficiais característicos da alumina (hidroxilas, OH) e a presença destas impurezas compromete a adsorção de outas espécies. Por isso é importante realizar a limpeza superficial das partículas e remover os íons contaminantes antes de utilizálas nos processos de adsorção. Uma das formas de remover esses íons é através de um processo chamado diálise combinada, onde é utilizado um sistema de troca iônica, que remove os íons contaminantes da superfície e libera íons H+ e OH-. Desta forma, a superfície da alumina passa a ser composta predominantemente por hidroxilas. A condutividade elétrica de uma suspensão aquosa é afetada pela quantidade e tipos de íons presentes no meio. Conforme evidenciado pela gráfico na Figura 3, a condutividade elétrica da suspensão aquosa de alumina diminuiu com o tempo de diálise, devido a remoção dos íons contaminantes das partículas, estabilizando em um valor mínimo de 50 μS/cm. Figura 3: Variação da condutividade elétrica da suspensão aquosa de alumina durante o processo de diálise combinada. Metodologia O resultado da limpeza superficial também pode ser evidenciado nos espectros DRIFTS na Figura 4, cujos quais indicam os tipos de grupos funcionais presentes nas partículas. Observa-se que a alumina dialisada apresentou uma quantidade maior de grupos hidroxilas OH (região de 3800 a 3200 cm-1) em sua superfície quando comparado com a alumina não dialisada. Neste trabalho foi utilizada como matéria-prima alumina (α-Al2O3) A-1000SG (Almatis, 99,8 % de pureza), com tamanho médio de partícula de 0,4 μm. Uma suspensão aquosa de 1500 mL composta por 30 %vol. de pó cerâmico foi desaglomerada em moinho de bolas por 24 horas, a uma rotação de 200 rpm. Foi adicionado 25 g de ácido clorídrico (2,98 mol/L) para ajustar o pH da suspensão para um valor de 6,0. Após a desaglomeração, essa suspensão aquosa foi submetida a um processo de troca iônica através da diálise combinada, para realizar a limpeza superficial das partículas. Neste procedimento, uma membrana de celulose macroporosa (Spectral/For Dialysis) preenchida com 50 g de resina polimérica de troca iônica mista (Purolite MB 478) foi imersa no béquer contendo a suspensão desaglomerada. A suspensão foi mantida em temperatura ambiente, sob agitação magnética a 650 rpm durante todo o processo de 50 dias, onde foi monitorado o pH e condutividade elétrica. Quando a condutividade elétrica estabilizou, a água foi evaporada em estufa, a 120 °C por 24 horas. O pó seco foi desaglomerado manualmente. Foram realizadas análises de espectroscopia na região do infravermelho por DRIFTS da alumina dialisada e da alumina não dialisada, com o objetivo de investigar os grupos superficiais presentes nas partículas. Figura 4: Análise DRIFTS do pó das partículas de alumina dialisadas e não dialisadas. Figura 1: Diagrama que representa as etapas de preparação do pó. Moinho de bolas • 24 horas; • 200 rpm. Secagem em estufa • 24 horas; • 120°C. Desaglomeração manual Diálise • 50 dias; • 650 rpm. Secagem em estufa • 24 horas; • 120°C. Considerações finais O processo de troca iônica através da diálise combinada mostrou ser um procedimento eficiente para remoção de íons contaminantes e limpeza superficial de partículas de alumina, podendo ser monitorado por medidas de condutividade elétrica. Adicionalmente, por meio desse procedimento foi possível obter partículas de alumina com maior teor de pureza e maior quantidade de sítios ativos (hidroxilas, OH) em sua superfície quando comparado com a alumina na forma como recebida (não dialisada). Desaglomeração manual Figura 2: Sistema para diálise combinada. Referências bibliográficas • • WEBBER, J.. Identificação e caracterização dos sítios superficiais de partículas de alumina e interações de adsorção com o ácido esteárico. Dissertação de mestrado. PGMAT-UCS, 2014. CRUZ, R. C. D., REINSHAGENM, J., OBERACKER, R., SEGADÃES, A. M., HOFFMANN, M. J., Electrical conductivity and stability of concentrated aqueous alumina suspensions., Journal of Colloid and Interface Science, Vol. 286, pp. 579-588, 2005. Agradecimentos