LEWIS CARROLL E A EDUCAÇÃO VITORIANA EM
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Autora: Caroline Garcia de Souza*
Professora responsável: Sandra Maggio
RESUMO: Alice no País das Maravilhas é muito mais do que um simples livro para crianças. Ao longo
desta obra, Lewis Carroll constrói uma crítica social bastante contundente, atacando diversas esferas da
sociedade inglesa da Era Vitoriana, entre as quais se destaca a da educação infantil. O presente trabalho,
consequentemente, tem por objetivo analisar a maneira como Carroll aborda a questão da educação que as
crianças recebiam no século XIX, através da apresentação de diversos métodos educacionais utilizados pelas
escolas ou professors/governesses e da citação e análise de trechos do livro em que tal problemática é
expressa de forma mais evidente. Desta maneira, tentar-se-á entender a que modelo de educação o autor se
refere ao longo da obra, bem como apontar os aspectos desse modelo que são mais fortemente criticados.
PALAVRAS-CHAVE: Alice no País das Maravilhas, educação infantil, crítica social.
ABSTRACT: Alice’s Adventures in Wonderland is much more than a simple children’s book. Throughout
the story, Lewis Carroll develops a very emphatic social criticism, attacking different spheres of the
Victorian society, including children’s education. Hence, the present article aims at analyzing Carroll’s
approach to the kind education to which children were exposed during the XIX century, in England, through
the presentation of the educational methods employed by the schools or profesors/governesses as well as the
citation and analysis of different passages from the book. Finally, we will try to depict the educational model
that the author is referring to, and also to point out the aspects of this model that are more emphatically
criticized by him.
KEY-WORDS: Alice’s adventures in Wonderland, children’s education, social criticism
1 Introdução
Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido por seu pseudônimo Lewis Carroll,
nasceu em 27 de janeiro de 1832, em Guildford, Inglaterra, e faleceu em 14 de janeiro de
1898. Ele foi um grande romancista, poeta e matemático, e tornou-se mundialmente
conhecido através de sua obra principal, Alice no País das Maravilhas. Esse livro narra a
história de uma menininha que, em um monótono dia de verão, viu um coelho passando
com um relógio no bolso e resolveu segui-lo, posteriormente caindo em um grande buraco
e adentrando o País das Maravilhas. É uma obra destinada não apenas a crianças, mas
também a adultos, e seu enredo teria surgido durante uma tarde dourada, em um barco,
enquanto as três irmãs Lidell imploravam a Carroll que lhes contasse uma história.
*
Estudante de Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail:
[email protected] Contudo, Alice no País das Maravilhas representa muito mais do que um simples
livro de literatura infantil. Além dos inúmeros jogos lógicos e matemáticos que ele
apresenta, ele também constrói uma crítica social bastante interessante, inserindo a
sociedade Vitoriana em um mundo de nonsense e figuras caricatas. Um dos principais
pontos, que perpassa diversos trechos do livro, diz respeito à insatisfação do autor com
relação à educação das crianças no período Vitoriano. O presente artigo, portanto, tem por
objetivo analisar a crítica de Lewis Carroll aos conteúdos que eram lecionados nas escolas,
à maneira como essas instituições funcionavam e ao próprio modo como a educação
infantil como um todo era concebida na época.
2 As Public Schools inglesas
Quando nos debruçamos sobre as críticas construídas por Lewis Carroll no que diz
respeito à educação vitoriana, somos obrigados a lidar com diversas dificuldades que
surgem já no princípio. Em primeiro lugar, ao longo de toda obra Alice no país das
Maravilhas, em nenhum momento o autor especifica o tipo de educação que de fato ele
está atacando. Estaria ele tratando das escolas particulares, das Public Schools inglesas ou
das lições recebidas em casa, por professores e governantes? Cada um desses modelos
educacionais é essencialmente diferente e apresenta características bastante singulares. E
aqui estamos considerando apenas as crianças das classes mais abastadas. Se fôssemos
mergulhar de fato no tema, também teríamos de lidar com as escolas direcionadas à
população pobre, as quais são completamente diferentes em todos os aspectos.
Contudo, devemos sempre ter em mente o fato de que Carroll era descendente de
uma família rica e tradicional. Ele teve professores ensinando-o em casa até os doze anos
de idade. Então, em 1844, ele foi enviado a uma Public School bastante reconhecida na
época, chamada Richmond Grammar School, na qual ele permaneceu por dois anos. Em
seguida, em 1846, Carroll transferiu-se para a Rugby School, escola onde fora
evidentemente infeliz, de acordo com Martin Gardner (2000). Portanto, se suas críticas
tiveram por base a educação elementar a que ele próprio fora exposto, nossa análise
poderia, então, focar-se nos métodos aplicados pelas Public Schools e professores
domésticos em geral.
Por outro lado, também há a possibilidade de o autor estar tratando do modelo
educacional a que a própria Alice Lidell fora exposta. Já que ela se trata da menina que
inspirou a personagem principal da obra, seria relativamente natural concluir que Carroll,
também nesse aspecto, estaria fazendo uma referência à ‘Alice real’. Se este for o caso, a
questão torna-se bastante complicada, visto que não temos como ter certeza se Alice Lidell
de fato frequentara uma Public School, ou se a educação que recebera restringira-se a suas
professoras particulares. Apenas sabemos que não era tão comum a presença de meninas
neste tipo de instituição. Algumas escolas possuíam alunas do sexo feminino, é verdade,
mas a quantidade de estudantes meninos era incomparavelmente maior.
Portanto, decidimos fazer um breve resumo da educação inglesa no século XIX,
focando-nos, obviamente, no modelo educacional das classes mais abastadas, visto que
este parece ser o alvo das críticas de Lewis Carroll.
Ao longo de todo o século, na Inglaterra, a educação estivera intimamente ligada à
caridade. O Estado reconhecia a importância de crianças devidamente ensinadas nas
escolas, bem como fizera algumas doações para a construção de novas instituições, mas
não havia nenhum sistema nacional no início da Era Vitoriana, de acordo com Daniel Pool
(1993). Foi apenas em 1880 que o governo estabeleceu um sistema compulsório de
educação. Segundo Curtis e Boultwood (1967, p. 69),
as escolas elementares eram classificadas como Públicas, i.e., supervisionadas
por sociedades filantrópicas como a Sociedade Nacional, a Sociedade Britânica e
Estrangeira e a Sociedade Católica de Escolas Pobres, as quais não visavam à
obtenção de lucro; e escolas particulares conduzidas por indivíduos como um
meio de sustento. No geral, até mesmo nas escolas públicas, a frequência dos
alunos era irregular, sendo que a duração média da educação escolar era de mais
ou menos quatro anos, e apenas uma criança em 7.7 frequentava as escolas. 1
De acordo com Vivian Olgive (1957), as escolas particulares eram caracterizadas
por sua natureza efêmera, apesar de algumas delas terem funcionado até fins do século
XVIII e início do XIX. Seus nomes, e aqueles de seus proprietários, foram igualmente
esquecidos com rapidez, permanecendo somente na esfera da história local. A insatisfação
em relação a tais estabelecimentos crescia gradualmente, e a necessidade de melhores
instituições, que fossem capazes de durar por mais tempo, foi se tornando cada vez mais
evidente com o passar do tempo. Além disso, as escolas particulares podiam ser pagas
apenas por famílias muito ricas, parcela que correspondia a uma minoria da população.
Esse não parece, portanto, ser o tipo de escola a que Lewis Carroll se refere,
principalmente devido a sua limitação em termos de número de alunos.
1
Tradução do inglês feita pela autora do presente artigo. É importante salientar, contudo, que as Public Schools inglesas diferiam
profundamente daquelas estabelecidas na América, por exemplo. As escolas inglesas não
eram sustentadas pelo Estado, com o objetivo de estender a educação a um grande número
de alunos. Na verdade, o que ocorria era exatamente o oposto: estas instituições eram
voltadas para filhos de ‘gentlemen’ e, portanto, seus custos anuais eram bastante altos,
sendo ainda acrescidos de inúmeros ‘extras’ em cada pagamento. As principais disciplinas
ensinadas nessas instituições eram escrita e leitura e os clássicos (latim e grego), e havia
uma forte ênfase nas questões religiosas.
Houve uma escola, da mesma forma, que se tornou um modelo para as outras
Public Schools inglesas e, de acordo com alguns autores, influenciou-as profundamente.
Trata-se da Rugby School, a qual ganhou bastante visibilidade, principalmente, devido a
um de seus grandes diretores, Thomas Arnold. Este se constituiu de uma figura bastante
importante, pois instaurou diversas reformas, transformando sua escola, de acordo com
Gathorne-Hardy (1979), em um local para treinar e aperfeiçoar o próprio caráter dos
estudantes – um conceito totalmente novo até então. A escola, portanto, não poderia se
restringir apenas ao ensino dos clássicos e outros conteúdos, mas deveria ir além,
tornando-se parte da vida dos alunos e guiando eles nas suas ações dentro e fora de seus
muros. O fervor religioso de Arnold era incomensurável, e sua obsessão pelo pecado,
maior ainda. Em uma carta de 20 de junho de 1830, ele escreveu, sobre sua vida: “... ela
tem todo o interesse de um grande jogo de xadrez, com criaturas vivas servindo de peões e
peças, e o seu adversário, em bom e claro inglês, o Diabo... É surpreendente ver a
perversidade de jovens garotos...” (GATHORNE-HARDY, 1979, p. 80) 2.
O próprio Lewis Carroll estudou na Rugby School pós-Arnold, já profundamente
mergulhada nos ideais de seu antigo diretor e moldada por seus princípios. Ele, quando
menino, portanto, teve de viver neste ambiente intrinsicamente religioso, onde os
professores preocupavam-se, sobretudo, com a evangelização dos alunos e a transmissão
de morais, relegando o conhecimento por si só e o desenvolvimento intelectual a um
segundo plano.
3 Crítica à educação vitoriana em Alice no País das Maravilhas
2
Tradução do inglês feita pela autora do presente artigo. Em Alice no País das Maravilhas, a primeira crítica explícita à educação se
encontra já no Capítulo I, quando Alice está caindo pelo buraco do coelho. Depois de
muito tempo apenas caindo sem alcançar o chão, a menina começa a se perguntar sobre o
que haveria do outro lado da Terra, e o que ela iria fazer se chegasse a tal local:
“I wonder if I shall fall right through the earth. How funny it will seem
to come out among the people that walk with their heads downwards! The
antipathies, I think – ” (she was rather happy there was no one listening, this
time, as it didn’t sound at all the right word) “ – but I shall have to ask them what
the name of the country is, you know. Please, Ma’am, is this New Zealand? Or
Australia? […] “And what an ignorant little girl she will think me for asking!
No, it’ll never do to ask: perhaps I shall see it written up somewhere.”
(CARROLL, 2006, p.7)
Neste trecho, há alguns aspectos interessantes para os quais devemos atentar.
Durante o período vitoriano, a prática de repetir as lições era bastante recorrente nas aulas.
De acordo com Martin Gardner (2000), os alunos costumavam cruzar as mãos e repetir
poemas – ou qualquer outro texto que estivessem estudando – com o objetivo de
memorizar o conteúdo. As escolas e professores, portanto, não tinham interesse em guiar
as crianças no processo de aprendizagem, nem elas precisavam realmente entender o que
estavam estudando. As aulas caracterizavam-se por uma repetição mecânica das lições, o
que resultava na inabilidade dos estudantes de pensar sobre elas. Além do mais, este tipo
de prática não instigava, mas prejudicava, aquilo que Carroll considerava o maior tesouro
da infância: a imaginação.
Outro ponto que merece análise é o fato de Alice ter medo de perguntar a alguém
em que país ela se encontra. Ela levanta essa possibilidade, mas logo a refuta, visto que a
suposta mulher a consideraria ‘an ignorant little girl’. Em escolas e mesmo nas aulas em
casa, do mesmo modo, as crianças eram ensinadas a permanecerem caladas e nunca
questionar o professor. Se em algum momento elas o fizessem, seriam provavelmente
punidas. Castigos e punições, a propósito, eram bastante comuns, e os instrutores
costumavam manter os alunos sempre sob o efeito do medo e da resignação, como
podemos notar neste trecho que descreve a experiência de Carroll na Richmond Grammar
School, retirado da obra de Moses (1910, p. 17):
“Os castigos corporais eram considerados o caminho mais garantido para o
conhecimento; professores bondosos, honestos e possuidores de uma mente
liberal sempre mantinham uma vara e uma palmatória a curta distância, e o aluno
médio assim tratado como uma pequena besta podia, então, ser perdoado por se
3
comportar como tal.”
Há também um momento em que o autor critica as aulas de história
especificamente, como podemos ver na seguinte passagem. O texto pronunciado pelo Rato
(Mouse) foi, na verdade, retirado de um livro de história intitulado Short Course of
History, de Havilland Chepmell, o qual fora utilizado pelas irmãs Lidell nas suas aulas, de
acordo com Martin Gardner (2000). O Rato, segundo ele, é provavelmente uma
representação da Sra. Pricket, a governante das meninas.
“Ahem!” said the Mouse with an important air. “Are you all ready? This is the
driest thing I know. […] William the Conqueror, whose cause was favoured by
the pope, was soon submitted too by the English, who wanted leaders, and had
been of late much accostomed to usurpation and conquest. Edwin and Morcar,
the earls of Mercia and Northumbria –” (CARROLL, 2006, p. 25)
Este discurso foi proferido pelo Rato com o objetivo de fazer com que os presentes
se secassem, visto que estavam todos encharcados, depois de um longo tempo nadando na
piscina de lágrimas da Alice. Obviamente, este é mais um dos jogos de palavras de Carroll,
visto que o Rato confundiu o sentido de ‘dry thing’ (coisa seca) que estava sendo proposto,
referindo-se a uma representação metafórica de algo seco, ao invés de uma ideia prática
que pudesse, finalmente, solucionar o problema. Entretanto, esse trecho nos possibilita ter
uma ideia clara de como as crianças aprendiam história na época: não havia esforço
nenhum – nem por parte dos professores, nem por parte dos livros didáticos, como
podemos perceber – para contextualizar os eventos históricos, explicando sua real
importância, suas consequências mais amplas e relações com outros acontecimentos
históricos. As crianças eram incentivadas, por outro lado, a memorizar datas e nomes
‘secos’, áridos, o que resultava em um conhecimento sem utilidade alguma na vida delas.
Esse tipo de educação está intrinsicamente ligado aos ideais de Arnold, como ele mesmo
pontuou em uma de suas cartas, reproduzida na obra de Vivian Ogilvie (1957, p. 145): “em
primeiro lugar, princípio moral e religioso; em segundo, conduta cavalheiresca; e em
terceiro, habilidade intelectual.’” Nem os professores, nem os pais, consideravam
‘habilidade intelectual’, quer dizer, o conhecimento por si só, uma das prioridades da
escola.
No Capítulo IX, podemos encontrar outra referência à educação vitoriana. Contudo,
esse trecho corresponde mais a um jogo de palavras do que a uma crítica social
3
Tradução do inglês feita pela autora do presente artigo. propriamente dita. Logo após a partida de cricket, Alice dirige-se até a Mock Turtle,
acompanhada do Grifo, para ouvir sua triste história. No início, o animal tem grande
dificuldade em pronunciar qualquer palavra, visto que não consegue parar de chorar.
Depois de um breve momento, contudo, ela conta que costumava frequentar a escola no
mar, e Alice responde:
“I’ve been to a day-school, too,” said Alice. “You needn’t be so proud
as all that.”
“With extras?” asked the Mock Turtle, a little anxiously.
“Yes,” said Alice: “we learned French and music.”
“And washing?” said the Mock Turtle.
“Certainly not!” said Alice indignantly.
“Ah! Then yours wasn’t a really good school,” said the Mock Turtle in a
tone of great relief. “Now, at ours, they had, at the end of the bill, ‘French, music
and washing – extra.’” (CARROLL, 2006, p. 98)
As últimas observações feitas pela Mock Turtle (“Agora, na nossa, eles tinham, ao
final da conta, ‘francês, música e banho – extra” 4) refletem uma realidade das Public
Schools inglesas. Como já mencionamos anteriormente, as matérias mais importantes
costumavam ser escrita e leitura, latim e grego e religião (os currículos variavam de escola
para escola). No entanto, o conhecimento de francês e música, por exemplo, era
considerado secundário e, se os pais quisessem que seus filhos frequentassem tais aulas,
tinham de pagar uma taxa extra.
O último trecho que vamos analisar corresponde ao momento em que Alice e a
Duquesa estão caminhando lado a lado, e a última finalmente diz:
[…] “You are thinking about something, my dear, and that makes you forget to
talk. I can’t tell you just now what the moral of that is, but I shall remember it in
a bit.”
“Perhaps it hasn’t one.” Alice ventured to remark.
“Tut, tut, child!” said the Duchess. “Every thing’s got a moral, if you only can
find it.” (CARROLL, 2006, p. 90)
Carroll parecia sentir-se bastante insatisfeito com relação à educação infantil na
época vitoriana, entre outras razões, por ela consistir basicamente de máximas e morais
sobre obediência e segurança. Vivian Ogilvie (1957) afirma, sobre Thomas Arnold, que
seus motivos e objetivos eram sempre religiosos. Ele queria que os garotos pensassem e, de
certa forma, os incentivava a fazê-lo, mas o resultado de seus raciocínios era previamente
determinado. Arnold, do mesmo modo, era fascinado por história e, de fato, escreveu sua
4
Tradução do inglês feita pela autora do presente artigo. própria história romana. Contudo, sua obra, bem como todos os seus discursos, é
perpassada por grandes morais, e nela prevalece um forte tom religioso.
Consequentemente, Carroll é bastante satírico na caracterização da Duquesa, cuja
absurdidade arranca risadas de qualquer leitor. Como tal personagem estaria representando
aquele tipo de conhecimento unicamente baseado em morais, que simplifica tudo e faz a
vida parecer muito menos complexa do que realmente é, o autor acaba por transformar, aos
olhos do leitor, esse hábito obstinado de moralização em um motivo de piada, também
absurdo em sua essência.
4 Conclusão
Podemos concluir, com base nos trechos analisados e na própria experiência escolar
de Lewis Carroll, que o autor demonstrava uma profunda insatisfação com relação à
maneira como as crianças eram educadas na Inglaterra vitoriana. As aulas não tinham por
objetivo prover os alunos de conhecimento, nem instigar sua reflexão ou performance
criativa. Sua verdadeira finalidade, por outro lado, era a de apresentar dados e conteúdos
‘secos’ e factuais, desprovidos de qualquer contextualização ou intertextualidade, os quais
destruíam a capacidade de reflexão das crianças, transformando-as em bons cavalheiros
(gentlemen) cristãos e donas de casa resignadas. Eram estes, exatamente, os tipos de
cidadãos desejados pelo Estado e pela Igreja. Entretanto, tal educação tinha um preço (não
apenas financeiro), e que para Lewis Carroll era incomensurável: o preço da imaginação e
da capacidade de invenção, ambas consideradas, pelo autor, os maiores tesouros que uma
criança pode ter.
REFERÊNCIAS
CARROLL, LEWIS. Alice’s adventures in Wonderland. London: Penguin Books, 2006,
130 p.;
GARDNER, MARTIN. The annotated Alice: the definitive edition. New York: Norton and
Company, 2000, 312 p.;
CURTIS, S., BOULTWOOD, M. An introductory history of English education since 1800.
Reino Unido: University Tutorial Press, 1967, 456 p.;
GATHORNE-HARDY, JONATHAN. The public school phenomenon. Londres: Penguin
Books, 1979, 512 p.;
OGILVIE, VIVIAN. The English public school. New York: The Macmillan Company,
1957, 228 p.;
POOL, DANIEL. What Jane Austen ate and Charles Dickens knew. New York: Simon and
Shuster, 1993, 416 p.;
MOSES, BELLE. Lewis Carroll in Wonderland and at home: the story of his life. New
York: D. Appleton and Company, 1910, 316 p.
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