ALCA ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS Prof. Joel Brogio Alca em números • Chance de se transformar no maior bloco comercial do planeta; • 800 milhões de consumidores; • 34 países; • PIB total de 18 trilhões de dólares. • Para cada país que negocia seu ingresso no grupo, está em jogo o destino de sua economia: o resultado do acordo pode fazer seu setor produtivo naufragar ou detonar um ciclo de desenvolvimento jamais visto. 2 Países Antigua e Barbuda Argentina Bahamas Barbados Belize Bolívia Brasil Canadá Chile Colômbia Costa Rica Dominica El Salvador Equador Estados Unidos Grenada Guatemala Guiana Haiti 3 Países Honduras Jamaica México Nicarágua Panamá Paraguai Peru Rep. Dominicana Santa Lúcia S. Cristóvão e Névis São Vicente e Granadinas Suriname Trinidad e Tobago Uruguai Venezuela 4 Cronologia • Em 1990, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, lança a idéia de estabelecer um bloco de livre comércio nas Américas - do Alasca à Patagônia, com exceção de Cuba - para integrar seus países e estimular o crescimento econômico. • Na época, americanos, canadenses e mexicanos já acertavam o lançamento do Nafta, o mercado comum da América do Norte (tratado envolvendo Canadá, México e Estados Unidos da América e tendo o Chile como associado, numa atmosfera de livre comércio, com custo reduzido para troca de mercadorias entre os três países. O NAFTA entrou em vigor em 1º de janeiro de 1994). 5 Alca: 1994. • Com o Nafta já em vigência, o sucessor de Bush, Bill Clinton, reúne os líderes de 34 países americanos num encontro de cúpula em Miami e formaliza o projeto da Alca. • Os americanos propõem que os países do continente derrubem todas as suas barreiras alfandegárias até 2005. 6 Alca (1994/1998) • Durante a fase preparatória (1994-1998), os 34 Ministros Responsáveis por Comércio estabeleceram doze grupos de trabalho para identificar e examinar as medidas relacionadas com o comércio em suas respectivas áreas com vistas a definir os possíveis enfoques das negociações. • Os resultados do trabalho preparatório dos referidos grupos foram disponibilizados para o público. • Quatro reuniões ministeriais foram realizadas nesta fase preparatória: a primeira, em junho de 1995, em Denver, Estados Unidos; a segunda, em março de 1996, em Cartagena, Colômbia; a terceira, em maio de 1997, em Belo Horizonte, Brasil; e a quarta, em março de 1998, em São José, Costa Rica. 7 Avanços nas negociações • A Quinta Reunião Ministerial - a primeira desde o lançamento oficial das negociações - foi realizada em Toronto, Canadá, em novembro de 1999. Nessa reunião, os Ministros instruíram os Grupos de Negociação a preparar uma minuta dos respectivos capítulos a ser apresentada na Sexta Reunião Ministerial. • Foi solicitado aos grupos responsáveis por acesso a mercados que discutissem as modalidades e procedimentos para as negociações nas suas respectivas áreas. 8 Temas negociados: • Agricultura • Compras do Setor Público • Investimentos • Acesso a Mercados • Subsídios, Antidumping e Direitos Compensatórios • Solução de Controvérsias • Serviços • Direitos de Propriedade Intelectual • Defesa da Concorrência 9 O Brasil e a Alca A decisão sobre a Alca será mais importante para o futuro do país do que qualquer medida que o governo possa adotar internamente. É justamente esse o argumento usado pelos negociadores brasileiros na hora de explicar por que o país vem travando uma disputa tão acirrada com os Estados Unidos, os principais interessados no acordo - e, por conseqüência, assumindo o papel de peça chave na montagem da Alca. 10 Divergências A questão que trava a Alca é bastante simples: - Os Estados Unidos querem acabar logo com todas as tarifas alfandegárias no continente, mas não abrem mão de suas barreiras não alfandegárias (cotas, subsídios e restrições fitossanitárias), que protegem os produtores locais da concorrência externa. Ou seja: a maior economia do planeta quer ampliar o mercado consumidor para seus produtos, mas não aceita acabar com a proteção aos seus produtores. O Brasil tem como objetivo mudar essa posição. 11 Riscos O Projeto Benchmarking da Fiesp comparou setores industriais brasileiros aos seus congêneres em outros países. Resultado: se todas as tarifas alfandegárias caíssem a zero imediatamente, o país perderia cerca de 1 bilhão de dólares no saldo comercial. Esse é o tamanho do risco se o Brasil entrar num acordo em que os Estados Unidos não derrubam suas medidas protecionistas, como cotas e subsídios. 12 Oportunidades Um estudo feito em2003 pela Unicamp em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior simulou os efeitos da entrada no país na Alca nos prazos e condições previstas atualmente. O levantamento revelou que quanto mais competitivo o setor mais suas empresas teriam a lucrar com o acordo. Em setores fortes como café, papel e celulose, cítricos, couro e calçados, têxtil e confecções e siderurgia - que representam mais de um quarto das exportações brasileiras, haveria mais investimentos e um salto de qualidade e quantidade... 13 Oportunidades… Em áreas como cosméticos, cerâmicas e madeira e móveis, há perigos e oportunidades - se melhorarem, a produção brasileira cresce; se não se modernizarem, o mercado será inundado por importados. Por fim, o estudo mostrou quais são os setores que devem sair perdendo: bens de capital, química e petroquímica, plásticos e estaleiros, que somam 3% das vendas externas, correm o risco de perder espaço ou até desaparecer. Isso ocorrerá se não resolverem seus problemas de falta de infra-estrutura e mão-de-obra adequadas. 14 Alca: Indecisões Uma estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, sem um avanço maior nas negociações da Alca, o Brasil teria um acréscimo de apenas 6,09% nas exportações para os EUA e 5,3% para o Canadá, as duas maiores economias do bloco. O ganho nas exportações seria de pouco mais de 1% do total vendido pelo Brasil sem a Alca. Segundo o Ipea, o acordo não vale a pena para o Brasil se não forem negociadas outras barreiras além do fim das tarifas. Cerca de 60% dos produtos que o país exporta para os EUA sofrem algum tipo de restrição na entrada do território americano. 15 Dificuldades de Implementação • Os Estados Unidos estão na liderança da implementação da Alca, por se tratar da maior economia da América. • Interessados na abertura total dos mercados, encontram resistências de países em desenvolvimento, temerosos da implantação da Alca. • Este medo vem justamente de fraquezas econômicas e pouco desenvolvimento em áreas industriais. • Uma abertura geral poderia provocar a ruína de parques industriais nestes países. • O Brasil tem defendido a idéia de uma abertura gradual e de negociações feitas em blocos. Desta forma, o Brasil ganharia mais força para negociar com os Estados Unidos. 16 Caminho inevitável • Com a globalização da economia mundial, a formação de blocos econômicos é inevitável para as economias dos países. • Estes blocos proporcionam redução nas tarifas alfandegárias, facilitam a circulação de mercadorias e pessoas, alem de fomentar o desenvolvimento de infra-estrutura nos países participantes. • Porém, o ideal é que estes blocos funcionem de tal forma que todos os países ganhem com este processo. 17 Negociações entre Blocos • No futuro, economistas dizem que as relações comerciais não mais acontecerão entre países, mas sim entre blocos econômicos. • Ficar fora deles não será a via mais inteligente para países que pretendem o crescimento industrial, melhorias sociais e aumento do nível de empregos. 18 O que acontecerá se a Alca for criada? • As tarifas alfandegárias impostas aos produtos de outros países serão derrubadas, dando origem a um grande mercado aberto no continente americano. • Os brasileiros poderão vender seus produtos sem impostos adicionais em qualquer um dos outros 33 países participantes. • Da mesma forma, o país receberá produtos estrangeiros mais baratos, já que não haverá alíquotas de importação. • A queda das tarifas, contudo, pode não ser imediata nem total - o temor de quebra de empresas nos países menos desenvolvidos deverá fazer com que o processo seja gradual. 19 O Brasil está preparado para entrar na Alca? • Em termos. Por um lado, seu parque industrial e suas atividades agropecuária e siderúrgica, entre outros setores, estão prontos para enfrentar - e derrotar - a concorrência em outros países, inclusive nos Estados Unidos. • Em contrapartida, o país ainda oferece obstáculos perigosos aos seus produtores, através do chamado custo Brasil: – falta infra-estrutura e mão-de-obra adequadas, – crédito é escasso e os juros são altíssimos. 20 Por que os americanos insistem tanto em formar a Alca o mais rápido possível? • Porque sua cadeia produtiva está absolutamente pronta para enfrentar a concorrência - o parque industrial é avançado, a mercadoria americana é bem aceita, os exportadores tem enorme apoio do governo e, nos setores menos competitivos, há mecanismos protecionistas. O país é líder disparado no comércio no continente. • Em resumo, os americanos estão ansiosos para abrir as portas para um mercado gigantesco, com cerca de 800 milhões de consumidores, aumentando suas exportações e importando mercadorias que não produz a contento - como algumas matérias-primas e alimentos - por preços bem menores. 21 A Alca acabaria com o Mercosul e o Nafta? • Não. Os blocos regionais continuarão em vigor mesmo durante a negociação e a implantação da Alca. • E mais: esses blocos permitem que os vizinhos negociem a adesão ao acordo continental em posição mais vantajosa. • Um exemplo é a criação do Consenso de Buenos Aires, em que Brasil e Argentina declararam apoio ao Mercosul e prometeram negociar a Alca juntos, numa posição unificada. 22 A Alca é só um bloco comercial ou terá também medidas de integração política e social, como está ocorrendo na União Européia? • O acordo é somente de livre comércio, e não prevê o livre trânsito de pessoas pelo continente ou a criação de um parlamento e uma moeda comuns, como ocorreu na Europa. • Apesar disso, sua adoção pode ter grande influência na área social dos países integrantes - afinal, um país poderá crescer ou afundar ao entrar no bloco. • Outra possível conseqüência é a adoção de políticas de apoio aos países menos desenvolvidos, que receberiam financiamento para melhorar sua infra-estrutura - ou seja, na prática o acordo comercial também terá desdobramentos políticos e sociais nos países. 23