Acordos minilaterais de integração e de liberalização do comércio: desafios ao multilateralismo Paulo Roberto de Almeida Doutor em Ciências Sociais, diplomata (www.pralmeida.org) Seminário: Negociações Internacionais: mais do que produzir, é preciso saber negociar American Chamber of Commerce São Paulo, 28 de novembro de 2005 Painel 2: “A Profusão de Acordos Bilaterais de Comércio: Ameaça para o Multilateralismo?” (11:00-12:15hs) Esquema geral da apresentação O problema dos acordos minilateralistas Histórico do sistema comercial mundial Regras aplicadas aos acordos regionais Evolução do minilateralismo no mundo Problemas comerciais e implicações econômicas do minilateralismo O caso do Mercosul e da América do Sul A grande questão: A profusão de acordos bilaterais de comércio representa uma ameaça ao multilateralismo? SIM: eles são, nitidamente, a second best solution, perhaps a third, even a fourth best solution. Hélas!, c’est inévitable! Et, ça va continuer... Thus: relax and enjoy: Acalme-se, não há nada a ser feito de imediato; esses acordos continuarão a se disseminar no futuro previsível. Portanto, acalme-se e comece a pensar, você também, no seu mini-acordo preferencial. Histórico do sistema de comércio multilateral velho GATT-1947: Artigo 24 (ZLCs e UAs) – – – – Única experiência existente: Benelux (1944-47) Tratado da CECA (1951) e tratados de Roma (1957) Emulação na América Latina: Alalc (1960) Poucos exemplos depois, a não ser a própria CEE Sucesso do sistema de comércio multilateral – – – – Cobertura quase completa do comércio mundial Ampliação do número de participantes (PEDs) Industrialização na periferia e unificação planetária Disseminação dos princípios, tendências centrífugas Regras aplicadas aos acordos regionais Nada contra as ZLCs e as UAs, desde que (Provided that): Proteção ulterior resultante não seja maior do que a existente anteriormente; Seja feita num prazo determinado (within a reasonable length of time) Cobrindo a maior parte do comércio (substantially all the trade) Evolução do minilateralismo no mundo Comércio multilateral trouxe prosperidade, mas tem quem não concorde com isso... – Relação coeficiente de abertura/renda per capita é absolutamente inquestionável – Adam Smith venceu no terreno das idéias, mas perdeu no campo das práticas estatais – Protecionismo à la List ainda é considerado útil Desastres do entre-guerras construíram as bases do tratamento discriminatório posterior – Experiência histórica européia como a “mãe de todas as discriminações minilateralistas... Bases do minilateralismo contemporâneo Paradoxalmente, a globalização é, em parte, responsável pelos avanços do minilateralismo... – Núcleos duros do protecionismo, sobretudo na área agrícola; – Rodada Tóquio: cláusula de habilitação para as Partes Contratantes menos desenvolvidas; – Ausência de liberalização para os investimentos. Problema do Hegemon (ou da falta de um...) – Novo protecionismo nos anos 1970; – Sucesso do GATT e aumento dos aderentes. Estratégias nacionais em políticas comerciais Grandes atores (EUA, EU) usam menu completo: – Políticas comerciais unilateralistas, bilateralistas, minilateralistas ou, até mesmo, multilaterais; – VERs, OMAs, subsídios, defesa comercial, etc.; – Liberalização apenas nos acordos preferenciais. Atores secundários (Brasil, Índia) aderem... – Desde meados dos anos 1980, o Brasil tem demonstrado nítida opção pela abertura lenta e gradual em escala regional; – México e Chile têm impulsionado uma estratégia de liberalização mais ampla. Problemas comerciais e implicações econômicas do minilateralismo Eterno debate entre criação e desvio de comércio – Problema não resolvido na teoria ou na prática; – Preferências podem estimular ambos os efeitos; – Teste do pudim só vem no ato de comer... Experiência da América Latina não ajuda muito: – Desde a conferência de 1889, se tenta uma Alca; – O “regionalismo aberto” vem sendo derrotado pelo “prato de espaguete”; – A experiência do Mercosul permite algum tipo de conclusão a esse respeito?: dificilmente... Mercosul: um minilateralismo à la carte (ou a política por outros meios) Alguém se lembra do Artigo 1º do TA? – Onde foi parar o mercado comum? – Nem ZLC, nem UA, um animal híbrido... – Assimetrias dentro do bloco podem ser a desculpa; Era uma vez um inimigo externo: a Alca... – – – – – No começo, todos eram mini-multilateralistas... Depois de Québec e do TPA, EUA mudam de tática; Da teoria da anexação para a correção de assimetrias; Ofertas diferenciadas para os diferentes parceiros; Mercosul retaliates sur mesure: Alca à la carte... Resumindo... Alca e UE-Mercosul competem com o Sul; A nova geopolítica regional do Brasil: a Comunidade Sul-Americana de Nações; Tribulações do multilateralismo moderno: Minilateralismo vai continuar, como um novo Frankenstein, disforme, disfuncional e assustador, mas no fundo todos gostam dele... Obrigado... Outros trabalhos do palestrante disponíveis no site: http://www.pralmeida.org/ Paulo Roberto de Almeida Brasília, 25 de novembro de 2005