crea RJ Política habitacional: o caso de sucesso de Americana (SP) f Soluções municipais, uma urgência U m relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o Brasil terá 55 milhões de pessoas vivendo em favelas até 2020 – o equivalente a cerca 25% da população projetada para o país. No entanto, o documento também aponta que a taxa de crescimento das favelas praticamente se estabilizou em 0,34% ao ano. Em 2005, por exemplo, 52,3 milhões viviam em favelas brasileiras – 28% da população do país. Portanto, embora a previsão para os próximos anos seja de aumento do número absoluto de moradores de favelas, eles têm representado um percentual cada vez menor em relação à população do Brasil. Os dados constam do documento O Estado das Cidades do Mundo 20062007, elaborado pelo programa Habitat, da ONU. Ele mostra como os moradores de favelas sofrem mais com a falta de direitos sociais, especialmente nas áreas da saúde, educação e emprego. Contudo, fez-se menção ao Brasil como um país com bons modelos de políticas de habitação e de saneamento básico – entre outras –, que têm forte aporte da área tecnológica. Como muitas dessas experiências bem-sucedidas são desconhecidas e localizadas, e o processo eleitoral municipal se aproxima, o Crea-RJ está não só mapeando políticas públicas de suces- so como também formulou uma Agenda Tecnológica que está sendo entregue aos candidatos a Prefeito dos municípios fluminenses. Diz o documento, que contém 15 compromissos, “que os municípios não têm mais como negligenciar o papel estratégico dos profissionais da área tecnológica no suporte da administração pública municipal”. Um exemplo é a experiência de Americana (SP), relatada nesta edição da Revista. Com ações coordenadas e ininterruptas, que envolveu autoconstrução, financiamento público e soluções tecnológicas adequadas à realidade brasileira, a cidade praticamente aboliu a sub-habitação em áreas sem infra-estrutura urbana. O que mais impressiona é que, desde o início da experiência, há 30 anos, não houve descontinuidades, muito em razão da aliança entre iniciativas locais pela reforma urbana e segmentos profissionais comprometidos com o direito constitucional à moradia digna. Essa sinergia levou à criação de uma Cooperativa Nacional da Habitação e Construção (Cooperteto) e, mais recentemente, de uma Fábrica de Casas Ecológicas – que usa tecnologia inovadora com economia de 30% em relação ao método tradicional. As experiências locais bem-sucedidas precisam ser difundidas e conheci- das pelos gestores das cidades e, principalmente, pelos candidatos a Prefeito nas próximas eleições. Mais do que nunca, eles precisam coordenar ações de caráter geral – como a luta pela revalorização dos municípios, castrados em sua autonomia por descabida centralização federativa – com outras que lhes dizem respeito no dia-a-dia e são potencialmente transformadoras. Reynaldo Barros Presidente do Crea-RJ Diretoria Presidente Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho Reynaldo Barros 1º Vice-presidente Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho e Engenheiro de Operação-Mecânica Luiz Carlos Roma Paumgartten 2º Vice-presidente Engenheira de Operação-Construção Civil Teneuza Maria Cavalcanti Ferreira 1º Diretor Administrativo Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho Mariano de Oliveira Moreira 2º Diretor Administrativo Técnico Industrial em Eletrotécnica Eduardo França Ribeiro 3º Diretor Administrativo Arquiteto e Urbanista Artur José Macedo de Oliveira 1º Diretor Financeiro Meteorologista Alfredo Silveira da Silva 2º Diretor Financeiro Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho Aloísio Celso de Araújo 3º Diretor Financeiro Arquiteto e Urbanista Sydnei Dias Menezes Sumário Comissão Editorial Coordenador Arquiteto e Urbanista Artur José Macedo de Oliveira Coordenador-Adjunto Técnico Industrial em Eletrotécnica Eduardo França Ribeiro Membros Geógrafo Sérgio da Costa Velho Crea-RJ entrega agenda tecnológica aos candidatos à prefeitura Propriedade industrial atrai cada vez mais engenheiros Descentralização: os ganhos para o profissional e empresas PAC da Mobilidade Urbana promete melhorar fluxo de veículos nas cidades Senai fomenta inovação no estado Um mutirão de casas: o caso de Americana (SP) Engenheiro Eletricista e Técnico em Eletrônica Ricardo Nascimento Técnico em Química Jorge Fernandes Filho Suplentes Eng.de Seg.do Trabalho e de Química Luiz Mosca Cunha; Eng.Eletricista Regina Moniz Ribeiro; Arq e Urbanista e Téc.em Edificações Mauri Vieira da Silva; Eng.Florestal Denise Baptista; Arq. Jerônimo de Moraes Neto Assessores de Marketing e Comunicação Rodrigo Machado e Maria Dolores Bahia Editor Coryntho Baldez (MT: 25489) Redação Coryntho Baldez, Viviane Maia, André Sant´Anna e Lucianna Menegassi Colaboradores Roberta Diniz, Uallace Lima, Vera Monteiro e Luciana Soares Redação Monte Castelo Textos: Helena Roballo, Dânae Mazzini, Gisele Macedo, Jackeline Mota Projeto Gráfico Paula Barrenne Diagramação Wagner Ulisses Liberdade de Expressão Impressão Gráfica Ediouro Tiragem 120 mil exemplares Crea-RJ (21) 2179-2000 Telecrea (21) 2179-2007 Anúncios (21) 2179-2834 www.crea-rj.org.br F crea RJ Professora da Universidade de Cincinnati (EUA), em entrevista exclusiva, fala sobre planejamento urbano A disputa dos estados pelos royalties do petróleo Rede Digital Wi-fi gratuita no Rio e na Baixada A. Salles. completa 70 anos como exemplo de empreendedorismo Conheça o projeto Porto do Rio – Século XXI Começa inventário das fazendas do Vale do Paraíba Escola Agrícola Antonio Sarlo forma técnicos qualificados Revista 71 Fábrica de Carvão Vegetal A matéria principal da edição nº Na página 28 da edição nº 69 da CREA RJ em Revista, encontra-se o artigo “Um marco da produção limpa”. Embora o INEE sinta-se honrado em verificar o interesse que o projeto (...) acreditamos oportuno detalhar como ele surgiu e se desenvolveu. 71 abordando a gestão do engenheiro Wagner Victer à frente da Cedae está ótima. Acompanho o trabalho do Victer desde que era secretário de Minas e Energia e fiquei satisfeito de saber que ele está tocando a revitalização da Cedae a “todo o vapor”, assim como fez com a indústria naval do estado. Sou arquiteto e acompanhei a onda de oportunidades gerada com a reativação da indústria naval do estado. Portanto, tenho certeza de que os arquitetos e engenheiros da Cedae também terão a valorização merecida na gestão deste grande administrador. Arquiteto Daniel Mendes Matéria Inovar para Crescer Primeiramente, gostaríamos de agradecer a fantástica matéria sobre a Robô-In, desenvolvida por vocês, que saiu na revista do Crea número 70, em junho do corrente ano, na reportagem “Inovar para crescer”. Neste sentido, transmitimos os nossos sinceros agradecimentos a todos os que estiveram direta ou indiretamente envolvidos. Finalmente, acreditamos que todo o trabalho é fruto de muito esforço, empenho, dedicação e competência e gostaríamos de lembrar um pensamento do poeta Fernando Pessoa, que resume o empreendedor: “Se Deus quer, o homem sonha e a obra acontece”. Um grande abraço a todos. Equipe da Robô-In crea RJ Este trabalho pioneiro nasceu de contatos entre o Instituto Estadual de Floresta (IEF), o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) e a Secretaria de Energia (hoje denominada Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Industria e Serviços). Esta última, na época, destinou uma verba para que o INEE gerenciasse a implementação do projeto. A Bioware, empresa incubada na Unicamp, detentora da tecnologia de transformação do capim napier em carvão vegetal, foi escolhida pelo INEE para realizar a implementação correspondente. Entretanto, os recursos destinados ao gerenciamento eram insuficientes para a contratação da BIOWARE. O objetivo do Estado era gerar uma possibilidade de produção de carvão vegetal tecnológica e economicamente viável que viesse a substituir o uso do carvão artesanalmente obtido às custas da destruição paulatina da Mata Atlântica, da Floresta Amazônica e da vegetação do cerrado (...) e criar uma produção viável ao nível do conhecimento e da capacidade dos Assentados da Cooperativa Fazenda São Domingos, capaz de enraizar a população em seu local de origem. Diante da insuficiência de recursos (...), a Cooperativa tomou a iniciativa de buscar financiamento a fundo perdido junto ao PRONAF (Programa Nacional de Agricultura Familiar), administrado pela Caixa Econômica Federal. Como a Cooperativa não preenchia as condições impostas pela Caixa Econômica Federal, estabeleceu-se uma parceria entre a Cooperativa e a Prefeitura Municipal de Conceição de Macabu, cujo Prefeito, Cláudio Linhares, ao aprová-la, permitiu que a Prefeitura assumisse diretamente este financiamento e atendesse, com recursos próprios, a exigência da Caixa (...) em disponibilizar parte dos recursos necessários; completou-se, assim, o valor proposto pela BIOWARE, R$ 180.000,00, para a implementação do Projeto: R$ 150.000,00 com os recursos do PRONAF e R$ 30.000,00 com recursos da própria Prefeitura Municipal de Conceição de Macabu. Dois contratos estão sendo responsáveis pela implementação do projeto: um entre a TermoRio e o INEE, que prevê, além do gerenciamento propriamente dito, o projeto agrícola do cultivo do capim, as obras civis necessárias ao abrigo da unidade industrial e a operação assistida desta unidade (...). O outro de fornecimento e de instalação da unidade industrial firmado entre a Prefeitura Municipal de Conceição de Macabu e a Bioware, utilizando-se dos recursos provenientes da CEF e da Prefeitura. (...) Este é o histórico completo do projeto. Mantemo-nos à disposição para outros detalhes, já que o INEE tem o interesse de demonstrar a viabilidade deste empreendimento como forma de reduzir e anular o emprego do carvão artesanal no Brasil, daninho ao meio ambiente, usuário tanto de trabalho infantil quanto escravo, além de outros males. Engenheiro Jayme Buarque de Hollanda Diretor Geral do INEE Sua opinião é muito importante. Acompanhe as ações do Crea-RJ e envie idéias, sugestões ou críticas para o e-mail [email protected] f Compromisso Tecnológico Crea-RJ formula Carta Compromisso contendo Agenda Tecnológica para ser entregue aos candidatos às prefeituras fluminenses C om o objetivo de formular propostas para serem encaminhadas como sugestões aos candidatos às eleições municipais de 2008, foi realizado nos dias 18 e 19 de julho, em Mangaratiba, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, o evento “Agenda Tecnológica de Políticas Públicas Municipais - Contribuição do Crea-RJ/ Eleições 2008”. Em um momento em que o Rio de Janeiro vive uma retomada econômica, através de investimentos de vulto, como o COMPERJ, o PAC da Habitação, o Arco Metropolitano, a instalação de novas indústrias siderúrgicas e a ampliação dos portos fluminenses, o Crea-RJ promoveu um encontro de seus inspetores – como representantes políticos de seus municípios – para a organização de uma agenda de assuntos tecnológicos prioritários para as áreas do Sistema Confea/Crea no estado. Para o presidente do Conselho, Reynaldo Barros, o Crea-RJ tem a obrigação de se envolver e influir no destino político do estado. “Precisamos sair apenas da concepção e passarmos para a ação”, afirmou. O encontro foi dividido em duas partes. O primeiro dia foi dedicado à capacitação dos mais de 110 profissionais presentes, entre eles inspetores dos municípios fluminenses, a diretoria e os coordenadores regionais do Crea-RJ. Foram organizadas três mesas redondas e 10 palestras, que abor- daram temas que influenciam diretamente no desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro, como o Impacto da era Pré-Sal no Desenvolvimento do Estado, Gestão Pública dos Megaempreendimentos nos próximos anos, como o PAC da Habitação e seus Impactos nos Municípios da área de Influencia e Identificação de Políticas Públicas e Programas de Financiamento. No segundo dia, os participantes reuniram-se em grupos, conforme as Coordenações Regionais (Sul, Leste, Norte, Metropolitana, Leste Metropolitana e Serrana), para definirem os pontos importantes de suas regiões a serem incluídos na Carta Compromisso. Nela, está inserida a Agenda Tecnológica, que é o conjunto de assuntos prioritários para as áreas do Sistema Confea/Crea a serem observados pelos candidatos fluminenses. A Carta será enviada a todos os candidatos às prefeituras do estado, visando a fortalecer o aspecto da formação da equipe técnica dos municípios e garantir a qualidade dos serviços prestados nas áreas de projetos de arquitetura e engenharia públicas. F (V.M. e L.M.) Conheça alguns itens da Carta • Políticas Públicas Urbanas com a visão metropolitana principalmente em programas de saneamento, transporte e meio ambiente. • Implementação de política de habitação, em articulação com demais políticas públicas e instituições voltadas para o desenvolvimento urbano, com o objetivo de promover a universalização do acesso à moradia. • Implementação de política de saneamento para todos, em articulação com demais políticas, voltada para a promoção da melhoria das condições de habitabilidade de assentamentos urbanos – em especial aos assentamentos humanos precários – reduzindo riscos, mediante sua urbanização e regularização fundiária, integrando-os ao tecido urbano da cidade. • Ampliação da visão dos problemas de circulação, implementando uma política de transporte e mobilidade que incorpore dimensões econômicas e sociais, normalmente não consideradas, e proporcione o acesso amplo e democrático ao espaço urbano. Priorizar os transportes coletivos de massa e não motorizado, de forma socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável, tendo no centro das atenções o deslocamento de pessoas e não de veículos, privilegiando as que possuem restrição de mobilidade (Acessibilidade). f Descentralizar para melhor atender f N o final de 2006, o Crea-RJ inaugurou a Coordenação Regional Leste, uma experiência piloto do projeto de Descentralização Administrativa. O projeto, uma meta institucional da administração, previa uma nova estrutura de organização e funcionamento, pensada de forma a dar maior agilidade aos serviços prestados pelo Conselho aos profissionais e empresas. Com atribuições para executar atividades como fiscalização, atendimento, registro e cadastro, análise e instrução de processos diversos referentes ao exercício profissional, a descentralização foi pensada, segundo o presidente do Crea-RJ, Reynado Barros, como forma de atender ao crescimento da demanda pelos serviços e de diminuir os prazos para a realização dos trâmites e procedimentos. Hoje, o projeto está implantado e é uma realidade, com as outras cinco Coordenações Regionais em pleno funcionamento. A atual coordenadora da Regional Serrana, arquiteta Jussara Lemos, foi quem esteve à frente da Regional Leste na “fase de teste”. Jussara conta que foram inúmeras dificuldades a serem superadas, tanto para ela quanto para a equipe. “Não sabíamos direito como seriam os procedimentos e quais seriam as principais necessidades locais. À medida que as demandas iam acontecendo, é que conseguíamos buscar as soluções e criar as melhores rotinas para o trabalho”, lembra. Além do engajamento da equipe no espírito da descentralização, Jussara ressalta como elemento de grande relevância para o sucesso da experiência piloto, a aproximação que foi possível construir com profissionais e empresas das cidades abrangidas pela Regional Leste. “Estar, fisicamente, na região, poder visitar as empresas e ouvir os profissionais foi a oportunidade de entrar em contato direto com as dúvidas e necessidades deles. Pudemos entender o porquê de muitos erros ou desconhecimen- tos sobre a importância do Crea-RJ em suas relações profissionais. Esta aproximação foi um procedimento que ficou determinado para todas as Regionais e sem dúvida é uma ação que continuo praticando na Regional Serrana”, afirma. Descentralização é rapidez O gerente das Coordenações Regionais, José Roberto Fonteles, confirma que essa prática é mesmo uma instrução para todos os coordenadores regionais e garante que as empresas e os profissionais têm apresentado reações de surpresa e entusiasmo frente aos resultados positivos da descentralização administrativa. “Nos últimos meses, pude estar por um dia, em cada uma das regionais, e percebi a satisfação dos profissionais com a rapidez dos serviços. Procedimentos que antes podiam levar de 15 a 60 dias estão sendo resolvidos em um, dois ou três”, observa. Outra característica importante da descentralização, na opinião de Fonteles, é a aproximação com os Inspetores. “A relação direta dos coordenadores com os Inspetores dos locais gera uma importante troca de informações, com as necessidades de profissionais e empresas chegando mais rapidamente a uma solução. É um grande ganho institucional”, avalia. Embora continue representando o maior contingente de profissionais e empresas, a Coordenação Metropolitana, que funciona na sede, teve uma redução de 30% a 40% na demanda com a implantação das coordenações regionais. A emissão da certidão de acervo técnico com averbação de atestado é um dos poucos serviços que ainda não está acontecendo nas Regionais. F (V.M.) Saiba quais são as Coordenações Regionais Regional Sul Local Volta Redonda Serrana Petrópolis Norte Campos Leste Macaé Leste Metropolitana Niterói Metropolitana Sede Abrangência Inspetorias: Angra dos Reis, Barra do Piraí, Paraty, Resende, Valença e Volta Redonda. Postos de Relacionamento: Barra Mansa, Eletronuclear, Piraí e Vassouras. Inspetorias: Cantagalo, Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e Três Rios. Posto de Relacionamento: Paraíba do Sul. Inspetorias: Campos dos Goytacazes, Itaperuna, Itaocara e Santo Antônio de Pádua. Inspetorias: Araruama, Armação dos Búzios, Cabo Frio, Macaé e Rio das Ostras. Postos de Relacionamento: Casimiro de Abreu, São Pedro D´Aldeia e Saquarema Inspetorias: Itaboraí, Magé, Marica, Niterói e São Gonçalo. Posto de Relacionamento: Piratininga. Inspetorias: Barra da Tijuca, Campo Grande, Duque de Caxias, Ilha do Governador, Miguel Pereira, Nova Iguaçu e Rio de Janeiro. Posto de Relacionamento: (capital) Barra da Tijuca, Botafogo, Jacarepaguá, Madureira, Petrobras, Tijuca e Recreio. Itaguaí e São João de Meriti. f Travessia para o futuro Caravanas Tecnológicas da Firjan ajudam micro e pequenas empresas a obter recursos para inovação f E m sintonia com uma fase de grandes investimentos – calculados em R$ 107,3 bilhões entre 2008 e 2010 –, que aumentará a demanda por novos produtos e serviços, o Rio de Janeiro começa a dar mais atenção à inovação como estratégia para a competitividade industrial. Em fins de 2007, por exemplo, foi lançado o Rio Inovação – Pappe (Programa de Apoio à Pequena e Média Empresa), com R$ 30 milhões em recursos nãoreembolsáveis para financiar inovações em empresas de base tecnológica do estado – com participação de R$ 18 milhões da Financiadora e Estudos e Projetos (Finep) e de R$ 12 milhões da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa, do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Preocupada em tornar o mercado fluminense cada vez mais amigável à inovação, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) está organizando Caravanas Tecnológicas, desde 2006, em diversas regiões do estado. O objetivo é orientar os empresários sobre como elaborar projetos para captar recursos junto às linhas de financiamento para a inovação. Foram realizadas, até hoje, 16 Caravanas e atendidas 249 indústrias de pequeno e médio porte. Neste ano, o projeto já foi levado a 98 empresas, nas cidades de Itaperuna, Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias e Nova Friburgo, informa o engenheiro de produção Fabiano Gallindo, da Gerência de Desenvolvimento e Inovação da Firjan e coordenador das Caravanas Tecnológicas. Considerando o alto grau de desinformação ainda existente entre pequenas e médias empresas, os resultados obtidos são mais do que satis- fatórios. Em 2007, por exemplo, 10 projetos inovadores foram aprovados no Edital 17 da Faperj, beneficiando diversas cadeias produtivas. “Os setores mais relevantes são o metalmecânico, têxtil, naval, tecnologia da informação, alimentos, agronegócios, fruticultura e fármacos”, enfatiza Gallindo, mestre em Inovação pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). Capacitação local A gerente de Desenvolvimento e Inovação da Firjan, Ana Arroio, afirma que as Caravanas Tecnológicas são uma das ações mais eficazes para difundir informações junto à indústria, especialmente sobre o sistema regulatório e os incentivos financeiros à capacitação tecnológica. “As Caravanas vêm promovendo reuniões com empresários das oito áreas regionais do Sistema Firjan, sendo um meio importante de apoio ao desenvolvimento local”, observa. Ciente de que o volume de dinheiro disponível para inovação no estado cresceu, Ana Arroio frisa que os maiores problema das micro e pequenas empresas estão ligados à burocracia no processo de obtenção de recursos e à baixa capacitação de recursos humanos para desenvolver projetos de pesquisa. “Por isso, a Caravana oferece ao empresário essa capacitação, ajudando-o a compreender e a preencher um Edital de Inovação”, conta. Doutora em Política de Ciência e Tecnologia pela Universidade de Sussex, Ana Arroio também destaca o papel desempenhado pelo Conselho Empresarial de Tecnologia da Firjan, que se reúne uma vez por mês, para o aperfeiçoamento e a criação de leis que beneficiem as empresas de base tecnológica do estado. Uma das principais funções da Gerência de Desenvolvimento e Inovação é assessorar o Conselho, constituído por representantes da indústria, das universidades e de agências de fomento, como a Faperj e a Finep. “O Conselho deu uma forte contribuição, por exemplo, para a Lei de Inovação, aprovada em 2004. E tem ajudado bastante na elaboração dos editais de subvenção econômica à inovação das agências de fomento”, conclui Arroio. F (C.B.) Cadernos de Tecnologia, base para ações públicas Produzidos pela Gerência de Desenvolvimento e Inovação da Firjan, os Cadernos de Tecnologia têm difundido importantes informações a respeito de políticas para o setor no Rio de Janeiro. O fascículo 3, por exemplo tratou de Incentivos à Inovação Tecnológica sob vários ângulos, como infra-estrutura, laboratórios, programas de incentivo da Petrobras e da Embrapa, entre outros. “Esses Cadernos são formados por uma coletânea de artigos de especialistas de várias áreas”, diz a gerente de Desenvolvimento e Inovação da Firjan, Ana Arroio. Como exemplo, cita o texto sobre como o poder de compra do setor público pode alavancar a indústria farmacêutica. Esse artigo serviu de base para a elaboração do chamado PAC da Saúde, lançado há dois meses. f Protegendo a invenção Engenheiros descobrem o prazer de trabalhar em prol da propriedade industrial f C omputador, telefone, medicamentos e material de construção recicláveis. O que seria do mundo, hoje, sem as famosas invenções? A pesquisa e a elaboração de novos produtos requerem, na maioria das vezes, grandes investimentos. Proteger os inventores e suas criações através de uma legislação significa prevenir que competidores copiem e vendam os novos produtos a um preço mais baixo. Por isso, a propriedade intelectual – que é dividida em direito autoral e propriedade industrial - é um dos ativos mais importantes e valiosos das empresas atualmente. Por estarem diretamente envolvidos com a tecnologia, os engenheiros são peças fundamentais no setor, especificamente na área de propriedade industrial, responsável pelas patentes. Mas o que, na verdade, eles têm a ver com esse mercado? Antes que qualquer direito seja dado ao inventor, é preciso decidir se a invenção merece ser objeto de patente. Existem muitos critérios a serem preenchidos, mas a exigência principal é que a invenção seja nova (ainda inédita e não publicada) e que não seja óbvia. Tais avaliações só podem ser feitas por indivíduos que entendam bem a tecnologia da invenção. É aí que entra a engenharia, que pode formar especialistas de diferentes áreas, que serão responsáveis por redigir ou examinar os pedidos de patente. A engenheira química Tatiana Souza descobriu a área há dez anos, quando foi indicada para trabalhar como agente de propriedade intelectual na Momsen, Leonardos & Cia, um dos maiores escritórios do país especializados no setor. Ela diz que só passou a entender a importância de um engenheiro na área depois que começou a atuar analisando os pedidos de patente. “O agente que trabalha num escritório de propriedade intelectual deve entender a parte técnica da invenção e saber conversar com os criadores para preparar os documentos necessários e fazer um relatório descritivo. Além disso, é preciso pesquisar as patentes já existentes para saber se aquela é realmente inédita e inventiva. Na verdade, nós fazemos a interface do inventor com a parte burocrática do processo”, explica. Os engenheiros podem atuar em três frentes na área de propriedade industrial: como agente, em escritórios especializados, redigindo e revisando pedidos de patente; ainda como agente, mas dentro de uma empresa que desenvolve uma tecnologia qualquer, fazendo pesquisa ou representação de patente; ou ainda no serviço público, mais precisamente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) orgão brasileiro responsável pela concessão de patentes -, como examinador de pedidos. Tatiana Souza garante que existe oportunidade para todos os tipos de engenheiro no mercado. “A propriedade industrial no setor tecnológico é multidisciplinar, por isso tem espaço para os profissionais das diferentes áreas: mecânica, elétrica, de telecomunicação, química, civil e entre outras”, garante. Para ela, o mercado é promissor, mas o desconhecimento entre os engenheiros tem dificultado a busca por profissionais com experiência na área. Área ainda desconhecida O escritório Dannemann, Siemsen, Bigler & Ipanema Moreira, o maior do país no setor da propriedade intelectual, é um dos que enfrenta essa dificuldade no mercado. Segundo o advogado e engenheiro Markus Wolf - que está há nove anos no escritório -, 95% dos profissionais que trabalham na emRoberto Bellonia Tatiana Souza: “Fazemos a interface do inventor com a burocracia do processo de registro” f Roberto Bellonia presa, hoje, começaram como estagiários. “A tarefa de encontrar profissionais experientes no mercado é quase impossível. Nosso escritório tem quase toda a sua mão-de-obra recrutada dentro das universidades. Nós começamos a treinar os estudantes quando estão por volta do quarto período”, explica o engenheiro. Ele diz ainda que uma das principais responsáveis por esse cenário são as próprias universidades. “Na maioria das vezes, a matéria de propriedade intelectual não é ensinada nas faculdades. Quando existe, normalmente, é uma cadeira eletiva”, completa. O engenheiro químico Wellington Campos é um exemplo dessa falta de conhecimento. Foi o acaso que o fez conhecer uma nova área da sua profissão e encarar um desafio que nunca tinha imaginado. Assim que se formou, conseguiu seu primeiro emprego na Momsen, Leonardos & Cia., depois de receber um e-mail com uma oportunidade. Por curiosidade, ele resolveu candidatar-se à vaga e a experiência positiva já dura um ano. Markus Wolf: “O mercado de propriedade industrial é de qualidade” “Antes de surgir uma oportunidade, só tinha ouvido falar, vagamente, da área de propriedade intelectual e nunca tinha pensado em trabalhar Em benefício do desenvolvimento A propriedade intelectual é o meio capaz de atribuir títulos de propriedade sobre marcas e patentes, entre outros, impedindo que concorrentes os utilizem de maneira indevida. Se esses processos forem bem planejados e administrados, geram valor e negócios adicionais para os grandes, micro e pequenos empresários e contribuem para o desenvolvimento de diferentes setores da indústria e da economia. Por isso, esse é um dos ativos mais importantes nas empresas hoje. A propriedade intelectual pode ser dividida em duas categorias: direito autoral, que cuida das obras literárias e artísticas, programas de computador, domínios na internet e cultura imaterial; e propriedade industrial, área de atuação dos engenheiros, que cuida das patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas e proteção de cultivares. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é o orgão brasileiro responsável por registros de marcas, concessão de patentes, averbação de contratos de transferência de tecnologia e de franquia empresarial, além de registros de programas de computador, desenho industrial e indicações geográficas, de acordo com a Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96) e a Lei de Software (Lei nº 9.609/98). com isso. Nós, engenheiros, quando saímos da faculdade, normalmente, temos o sonho de trabalhar em uma grande empresa na nossa área específica. A gente até sabe que existe patente e como funciona, mas não sabe o que a nossa área de formação tem a ver com todo o processo. Poucos sabem que podem tornar-se profissionais especializados por entender uma inovação e protegê-la para que ninguém copie a idéia. Acho que não só os alunos, mas também os professores poderiam difundir mais o setor”, diz. Na área de propriedade industrial, a engenheira química Tamara Barlem conhece o outro lado da moeda. Desde 2001 trabalhando na Braskem - petroquímica brasileira de classe mundial -, no Rio Grande do Sul, ela é responsável pela redação e pelo controle de todas as patentes depositadas da empresa, além do relatório de pesquisa. Atualmente, com 201 patentes em diferentes áreas, a empresa possui o maior e f mais moderno complexo de pesquisa do setor na América Latina, o Centro de Tecnologia e Inovação Braskem. O CTI conta com unidades em Triunfo, no Rio Grande do Sul, Camaçari, na Bahia, e em São Paulo, nas quais são desenvolvidos produtos, processos, aplicações e novos mercados em parceria com os clientes, os transformadores de plástico, que compõem a terceira geração. Para quem está interessado em ingressar na área de propriedade industrial, Tamara recomenda que, independentemente da frente em que o profissional atuar, é preciso capacitar-se. “A área exige profissionais qualificados. É preciso estudar as leis específicas, ler sobre o assunto, fazer pesquisas sobre patentes, procurar cursos no INPI ou em outro órgão apropriado e, principalmente, fazer o concurso do INPI para adquirir o título de agente de propriedade intelectual”, recomenda. Exigências do mercado Os engenheiros que pretendem ingressar no setor de propriedade intelectual como autônomos para assinar petições devem fazer um concurso de habilitação, promovido regularmente pelo INPI, para adquirir o título e a carteira de agente de propriedade industrial. A Associação Brasileira dos Agentes da Propriedade Intelectual (Abapi) promove cursos de formação básica para os profissionais que vão fazer a prova. Segundo Markus Wolf, para os engenheiros que trabalham em escritórios ou empresas apenas como consultores técnicos, o concurso não é obrigatório. Wolf diz ainda que não é necessário um perfil específico para atuar na área. Mas o profissional deve ter uma boa base de conhecimentos gerais, já que vai lidar com diferentes pedidos, e, principalmente, ter inglês fluente. “O mercado de propriedade intelectual não é de volume, e sim de qualidade. Como é um setor amplo, tem vagas para engenheiros de todas as áreas. O conhecimento de línguas é necessário, já que temos que lidar com muitas patentes vindas do exterior ou precisamos proteger as patentes nacionais em outros países. Para se ter uma idéia, já exigimos dos estagiários um nível de inglês fluente”, observa. O engenheiro considera o mercado profissional ainda pequeno, mas garante que a rotativi- dade de mão-de-obra é muito baixa. “Existem apenas cerca de dez escritórios especializados. Mas um engenheiro que começa como estagiário pode ficar mais de 20 ou 30 anos na mesma empresa”, revela. Para os interessados em saber um pouco mais sobre o setor, a Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (ABPI) vai promover o Seminário Nacional da Propriedade Intelectual, em São Paulo, entre os dias 24 e 26 de agosto. F (D.M.) Entendendo uma patente Patente é uma concessão, conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a propriedade de explorar comercialmente a sua criação. Após cumprir três requisitos básicos (novidade, atividade inventiva e aplicação industrial) e ter verificado se a invenção não está classificada naquelas que a lei brasileira proíbe a proteção por patente, é preparado um relatório para descrever a invenção, com todas as suas características e procedimentos técnicos. No relatório do pedido é feita uma comparação entre as vantagens da tecnologia desenvolvida com a dos produtos já existentes, elaborando-se um quadro reivindicatório que vai definir as características técnicas da invenção e fazer um breve resumo. É preciso apresentar tudo ao INPI, órgão que aplica as leis da propriedade intelectual, e, dentro de três a cinco anos, a patente será dada ou negada. A concessão da patente se dá por um tempo limitado (normalmente 20 anos a contar da data de depósito). No fim desse período, a tecnologia descrita e reivindicada na patente cai em domínio público e pode ser usada por todos sem restrição. f O PAC da mobilidade A má qualidade do transporte coletivo e o aumento do uso de carros são alguns dos problemas que os Governos federal e estadual prometem diminuir com investimentos do PAC no Rio de Janeiro A inda está escuro quando o carioca Guilherme Machado sai da garagem com o seu automóvel. Ele vai de carro da Zona Sul do Rio de Janeiro, onde mora, para Irajá, subúrbio do Rio, onde trabalha. A solução pelo carro só chegou depois de o administrador de empresas testar diferentes opções de transporte. Antes, ele precisava pegar um ônibus no Humaitá, saltar em Botafogo e, de metrô, passar por 20 estações até chegar ao destino mais próximo do trabalho e seguir a pé. O trajeto, que levava mais de uma hora, hoje, quando a Linha Vermelha, via expressa que liga a Zona Sul do Rio à Baixada Fluminense, não está engarrafada, leva menos de 30 minutos, de carro. Atraídos pela chance de fugir da má qualidade do transporte coletivo e pelo crédito fácil, Guilherme e mais 2 milhões de brasileiros compraram carros novos nos últimos 14 meses. Em 2007, foram 2,5 milhões de unidades vendidas no Brasil, um recorde na indústria automobilística. “Optei pelo carro, mas, se eu tivesse mais facilidaDivulgação Luiz Bueno: “Priorizamos a integração de modais” de no ir e vir usando transporte coletivo, deixaria o automóvel na garagem”, argumenta. Essa “facilidade” que Guilherme sugere é uma das propostas do PAC da Mobilidade Urbana, que envolve projetos para melhoria do transporte coletivo, construção de vias expressas, ciclovias e metrôs. O programa, que está sob a coordenação do Ministério das Cidades, do Governo Federal e pode sair do papel ainda neste semestre, após as eleições, pretende dar maior fluidez aos veículos nos maiores municípios do país e pode injetar até R$ 6 bilhões nos próximos três anos para a execução de projetos que melhorem o trânsito nas regiões metropolitanas. “Esse projeto tem uma significativa importância para o desenvolvimento do país, uma vez que ele tem como objetivo investimentos em obras estruturantes, como corredores de transporte por ônibus e metroferroviários, priorizando a integração dos diversos modais”, afirma Luiz Carlos Bueno de Lima, secretário Nacional de Transporte e de Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades. Para o secretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, Júlio Lopes, a falta de planejamento de transporte de massa, como metrô e trens, é uma deficiência ainda a ser vencida nas grandes cidades brasileiras e um problema que tem levado cada vez mais carros para as ruas. “Infelizmente, o número de automóveis que circulam nas vias não pára de crescer. Basta analisarmos o número de registros de veículos emplacados no estado. Em 1998, tínhamos uma frota de aproximadamente 2,1 milhões de veículos. Hoje, a frota do Rio já é superior a 3 milhões de unidades”, exemplifica o secretário. Diariamente, 12 milhões de viagens motorizadas ocorrem somente na Região Metropolitana do Rio. Dessas, 74% são realizadas pelos meios de transporte coletivos (ônibus, trens, metrô e barcas), 24% por meios de transporte individuais (automóveis, motocicletas e ciclomotores) e 2% por transportes não-motorizados. Para o secretário Júlio Lopes, esse cenário deverá agravar-se ainda mais, já que o estado tem previsão de receber R$ 100 bilhões em investimentos nos próximos três anos. “Todo esse incremento na economia demandará milhares de novos postos de trabalho. E, com mais renda no bolso, a tendência é que mais pessoas comprem mais carros”, prevê. Segundo estudos da Secretaria Estadual publicados no Plano Diretor de Transportes Urbanos – PDTU –, a Região Metropolitana do Rio contará com mais de 100 km de vias congestionadas diariamente por volta do ano de 2013. “Em outras palavras, caso não façamos algo agora, a São Paulo de hoje será o Rio de amanhã”, compara o secretário. Para Fernando MacDowell, engenheiro de transportes e assessor da presidência do Crea-RJ, ainda faltam competência, responsabilidade e vontade política para que a mobilidade do estado chegue ao ideal. “O Rio de Janeiro precisa ser tratado como uma cidade grande. Temos um sistema ferroviário fantástico, uma configuração de metrô que é referência e que possilita, com muito menos extensão de linhas já que estamos em uma região linear -, o transporte de muito mais passageiros do que São Paulo, por exemplo. Hoje temos projetos importantes para melhorar a mobilidade da população, mas que ainda não saíram do papel”, pondera. Segundo o engenheiro, para diminuir os carros nas ruas, não adianta investir em rodízios e pedágios, já que os motoristas driblam a restrição, até mesmo com a compra de um segundo carro. O investimento deve ser, em primeiro lugar, em infra-estrutura. Ele cita o exemplo do PAC das favelas, que no Rio provocou uma intervenção urbanística para, entre outras coisas, melhorar a mobilidade da população. “O primeiro passo que o Governo federal deu foi criar condições econômicas de mobilidade, para tornar o país competitivo. Essa mobilidade é traduzida em dar condições dignas para a população, em gerar emprego e renda”, afirma. Para MacDowell, morar em favelas é uma solução, e não uma opção. As pessoas só estão lá porque o direito de ir e ir está abalado. “Durante mais de 20 anos, o Rio de Janeiro manteve um sistema tarifário de ônibus absolutamente absurdo. Ele chegava a ter tarifas 200% mais caras, dependendo da localidade. Esse sistema induziu a formação de favelas”, opina. Rio transitável O PAC da Mobilidade Urbana poderá ser um dos reforços necessários para a melhoria da estrutura viária do estado, o aumento da fluidez do trânsito e a mobilidade dos moradores. Um desses projetos estruturantes é a a ligação metroviária para a Barra da Tijuca e, do outro lado da Baía de Guanabara, entre Niterói e São Gonçalo. No sistema metroviário, a secretaria estadual já anunciou urgência no aumento do número de carros, para oferecer mais conforto ao passageiros. No Programa de Expansão e Investimentos, que a concessionária Metrô Rio firmou com o Governo do estado do Rio de Janeiro em troca da ampliação do prazo de concessão em mais 20 anos, estão investimentos que somam R$ 1,15 bilhão em melhorias no sistema. A concessionária prevê uma nova linha ligando a Estação São Cristóvão, da Linha 2, à Estação Central, da Linha 1, para acabar com a transferência na Estação Estácio, hoje, o maior gargalo do sistema. O restante dos investimentos será feito na aquisição de 114 novos carros, Divulgação f Júlio Lopes: “A atual frota do metrô será aumentada em 66%” aumentando o total da frota em 66%. “São algumas medidas que vão permitir dobrar a capacidade do metrô carioca, que poderá transportar 1,1 milhão de passageiros/dia, atendendo à procura cada vez maior pelo transporte”, explica Júlio Lopes. Para a Linha 3, que vai ligar Niterói a Itaboraí, o Governo do estado já tem garantidos pelo governo federal R$ 60 milhões para início das obras. Hoje, cerca de 300 mil pessoas utilizam os ônibus diariamente para circular entre as duas cidades. Pelos cálculos da secretaria estadual, a nova linha de metrô atenderia a 450 mil pessoas por dia, facilitando a vida da população e reduzindo o fluxo de veículos nas ruas da região. “Além disso, hoje, Itaboraí é uma área estratégica para o Governo, onde está sendo construído o Comperj, o maior pólo petroquímico brasileiro. Serão mais de 100 mil trabalhadores que demandarão uma infra-estrutura de transportes compatível”, lembra o secretário. Assim como a Linha 3, Júlio Lopes reforça que a Linha 4, que ligará o metrô até a Barra da Tijuca, também é estratégica. “Não só porque vai atender a uma parte da cidade que não pára de crescer e tem o mercado imobiliário mais dinâmico do Rio, mas, sobretudo, devido à disputa olímpica em que o Rio de Janeiro é finalista”, explica. O Governo federal já reservou no Orçamento de 2008 R$ 15 milhões para a Linha 4. O governador Sérgio Cabral pretende iniciar as obras do metrô para a Barra da Tijuca nos próximos dois anos. Outra obra fundamental, cuja licitação, segundo a secretaria estadual, será apresentada ainda este ano, é a ampliação da Via Light, que inclui também a criação de um corredor expresso de ônibus desde a Baixada Fluminense até a Avenida Brasil, a reurbanização das proximidades de Madureira e a extensão da avenida até o bairro. Com as obras, a Via Light, hoje com 11 quilômetros de extensão, passará a ter 19,5 quilômetros e receberá cerca de 35 mil veículos por dia. O fluxo atual é de 15 mil. “Temos convicção de que a nova Via Light dará uma outra mobilidade e trará uma perspectiva de solução para o nó do trânsito que existe naquela região”, afirma Júlio Lopes. Segundo ele, outra obra importante para a mobilidade da população fluminense é a duplicação da BR-101 no trecho Itaguaí, que está sendo realizada em parceria com o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit). “Além de todos esses investimentos, estamos com uma impor- tante negociação de investimentos com a Supervia, a concessionária da rede de trens urbanos. A Secretaria estadual de Fazenda, por determinação do governador, já disponibilizou os recursos necessários para que façamos uma licitação internacional para a compra de 30 novos trens ainda este ano”, adianta o secretário estadual. Soluções a curto prazo Entre os projetos incluídos no PAC da Mobilidade, os corredores expressos de ônibus são os que podem trazer solução a curto prazo. Uma alternativa que pode melhorar o desempenho dos transportes coletivos, por permitir um deslocamento rápido, acessível e distinto de outros serviços de ônibus. “Já estamos trabalhando em sua implanta- ção por meio de um grupo de pesquisa formado por técnicos da Secretaria de Transportes e por consultores do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Esses corredores já funcionam com sucesso em Curitiba e Bogotá. São ótimos exemplos das soluções que podem ser desenhadas para a operação baseada em ônibus. Será ótimo também para o Rio”, reforça Júlio. No momento, a equipe está estudando a implantação do primeiro corredor na Avenida Brasil, o maior corredor rodoviário da América Latina, que vai ligar o terminal Américo Fontenelle, na Central do Brasil, ao km zero da Dutra. Para isso, já conseguiram um financiamento de US$ 1,5 milhão no Banco Inter-americano para estudar a viabilidade do projeto. E agora estão definindo questões técnicas e de modelagem. A idéia é construir o corredor de forma que ele possa ser interligado a outros corredores que estão em elaboração, como o T5 (Barra-Penha) e o corredor da Via Light. “Precisamos investir em projetos que ampliem o raio de ação dos sistemas de alta capacidade, que são os transportes sobre trilhos – trem e metrô. Fora isso, é fundamental incentivar as integrações, construir vias e faixas segregadas para os ônibus, difundir e incentivar o uso da bicicleta em pequenos trajetos. De fato, precisamos de um novo modelo que privilegie o uso do transporte coletivo e incentive o uso dos meios não-poluentes em detrimento do transporte individual e poluente”, diz o secretário . F (H.R.) Tecnologia e soluções alternativas A mobilidade promete chegar também com mais tecnologia. O trem de alta velocidade, que unirá as cidades do Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas, com ligações para os aeroportos internacionais Tom Jobim (Rio), Guarulhos (São Paulo) e Viracopos (Campinas), deverá ser licitado ainda em outubro deste ano, segundo anúncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ferrovia, que terá cerca de 550 quilômetros de extensão, faz parte do PAC e está orçada em US$ 9 bilhões. “Esse projeto certamente irá mudar radicalmente a realidade das duas capitais. Acredito que essa ligação criará uma megalópole, proporcionando o aumento da freqüência das pessoas entre as duas cidades, agregando demanda e trazendo mais desenvolvimento para as duas regiões”, prevê Júlio Lopes. Considerado o veículo de maior eficiência energética, a bicicleta também figura entre os protagonistas das soluções para o sistema viário do estado. “Queremos estimular o uso da bicicleta como meio de transporte urbano em todo o estado, integrando-a aos outros modais de transportes, permitindo aos usuários o deslocamento entre dois modais. A bicicleta tem a vantagem de ter um foco de distância de até cinco quilômetros, eliminando uma das etapas do transporte; ou seja, ela pode substituir o primeiro ônibus ou trem, tornando a vida das pessoas muito mais saudável”, observa o secretário. Já Fernando McDowell é mais cético quanto ao uso das bicicletas a curto prazo. “Temos experiências bem-sucedidas no mundo, mas não adianta estimularmos a cultura do uso da bicicleta se o estado não está planejado para isso, sem ciclovias e sem estrutura para transportar essas bicicletas nos veículos públicos”, diz. Com tantas ações previstas para os próximos anos, certamente muitas realidades no cenário urbano terão de ser revistas para garantir a melhoria das condições de mobilidade da população. Mas o mais importante é que todas essas mudanças envolvem uma questão absolutamente essencial para a vida cotidiana do cidadão: o direito de ir e vir. “Vamos incluir todos os projetos necessários para garantir a integração dos diversos modais e, com investimento em projetos estruturantes, otimizar o tempo com a conseqüente redução da permanência das pessoas em congestionamentos. A idéia, uma vez que nos corredores as velocidades permanecem constantes durante períodos de tempo significativos, é que ocorra também a redução na emissão de poluentes, melhorando, assim, a qualidade de vida das pessoas”, reforça o secretário Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiz Carlos Bueno. A disputa pelos royalties Estados divergem sobre lei que regulamenta partilha de recursos do petróleo A descoberta de enormes campos de petróleo no Brasil recentemente, principalmente no chamado pré-sal, e a forte elevação do preço do produto no mercado internacional acirraram ainda mais a discussão entre estados e municípios brasileiros em torno da distribuição dos royalties pagos pelas concessionárias do setor petrolífero, que, no ano passado, superaram o valor de R$ 14 bilhões. De acordo com o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Floriano José Godinho, na verdade, existem duas questões polêmicas em torno do assunto: a distribuição das receitas, que, segundo alguns governantes, está concentrada em poucos estados e municípios; e a falta de transparência na administração dos recursos recebidos. Para entender melhor o que está por trás dessa intensa disputa, basta lembrar que, há dez anos, as receitas totais com os royalties, distribuídas entre a União, os estados e os municípios, somavam apenas R$ 283,7 milhões. Desde então, essas receitas tiveram um crescimento quase exponencial até 2007, de 5.069% em relação ao valor de 1998. Estimativas preliminares realizadas por técnicos especializados do setor de petróleo indicam que as receitas de royalties e participações especiais deverão atingir, no mínimo, R$ 30 bilhões anuais até 2010, com a produção dos campos do pré-sal, apenas na fase inicial de produção. Recentemente, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) defendeu mudanças na repartição dos royalties do petróleo e sugeriu que os recursos possam ser utilizados como fonte de receita fiscal do governo, incluindo o seu uso para a pesquisa de fontes alternativas de energia, ações na área do meio ambiente e para abater o déficit da Previdência. O senador, que também é presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, defende ainda a modificação na metodologia usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para identificar os beneficiários dos recursos. Segundo Mercadante, a repartição é injusta, pois cerca de 96% da arrecadação se concentra no estado do Rio de Janeiro, especialmente em nove municípios, que recebem 72% dos recursos. Ele acredita que é preciso estabelecer critérios de distribuição baseados no princípio da justiça intergeracional, pois são rendas provenientes de recursos finitos. A CAE do Senado aprovou, em abril deste ano, a proposta do senador Renato Casagrande (PSB-ES) sobre a necessidade de estudos mais detalhados no Legislativo para redefinir a distribuição dos royalties provenientes da exploração de petróleo. Para Casagrande, a alteração é necessária para adequar a legislação de 1997, quando se vivia outra realidade em relação ao petróleo. A Comissão também criou uma subcomissão para fazer um estudo sobre a repartição dos recursos. Segundo Godinho, apesar de parecer injusto por beneficiar o estado do Rio de Janeiro, a divisão cartográfica feita pelo IBGE não é questionável, já que segue padrões internacionais, segundo uma metodologia que se aplica a todo o Brasil. Rio de Janeiro é o maior beneficiado A deputada federal e presidente da Frente Parlamentar de Defesa dos Estados e Municípios Produtores de Petróleo, Solange Amaral, contesta o projeto de Mercadante e considera justa a distribuição dos recursos. “No Rio de Janeiro é produzido mais de 80% do petróleo brasileiro. Por dia, cerca de 2 milhões de barris do óleo são extraídos nos campos do Estado; o que resultou, em 2007, no pagamento de mais de R$ 1,8 bilhão aos municípios fluminenses Ricardo Stutcker/PR e R$ 1,5 bilhão ao Estado em royalties. Uma justa retribuição pelo passivo ambiental e social gerado pela atividade petrolífera”, diz a deputada. Solange diz ainda que está na luta para que os benefícios continuem no Estado. “Há um ano, criei e presido a Frente, que conta com o apoio de mais de 200 parlamentares de vários estados e de todos os partidos. Estamos lutando para impedir a inconseqüente pulverização desses benefícios. É grave a ameaça embutida na intenção daqueles que querem a mudança da legislação”, garante. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que, no ano passado, o Rio de Janeiro ficou com 84,5% do total dos royalties distribuídos diretamente aos estados. Ao mesmo tempo, os municípios fluminenses ficaram com 74,7% do total destinado a todos os municípios. Apenas 906 prefeituras são recebedoras diretas de royalties, de um total de 5.563 municípios, sendo que 11 prefeituras do Rio absorvem 60,5% do total distribuído aos municípios. Só no primeiro semestre de 2008, o estado do Rio de Janeiro recebeu pouco mais de R$ 1 bilhão dos recursos, de um total de R$1,5 bilhão destinado a todos os estados. Para Francis Bogossian, coordenador da Frente Pró-Rio, a modificação da lei é inaceitável, já que o Rio de Janeiro é o principal estado produtor de petróleo. “A Frente não vai aceitar isso. Já tivemos duas reuniões e estamos na briga para impedir que os recursos saiam do estado. A cidade está abandonada desde que deixou de ser a capital. Esse projeto é antidemocrático. Não podemos preterir um estado em benefício de outro. Temos que beneficiar o produtor”, defende. A Frente Pró-Rio é formada por mais de 30 asso- ciações de diversas áreas e tem como objetivo defender os interesses soberanos da população do Rio de Janeiro. O superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Alfredo Renault, defende que, se o Congresso decidir por outra forma de distribuição, é preciso ter muito cuidado para não prejudicar os atuais beneficiados de uma hora para outra. “Mercadante não é o primeiro a questionar a legislação. Vários outros projetos surgiram contra a atual distribuição. As propostas não insinuam a eliminação da parcela dos estados produtores, mas um reequilíbrio dos recursos. Mas, qualquer mudança deve exigir cautela. Tanto para o Governo como para alguns municípios, esse recurso é fundamental para o orçamento. É necessário que se faça uma reflexão sobre como isso pode ser feito pelo Congresso”, comenta. Divulgação Petrobras Plataforma P-50 Gestão dos recursos Para Godinho, a questão central não deve ser a distribuição, e sim a forma como os recursos estão sendo utilizados. “A proposta do senador Aloízio Mercadante defende a distribuição em novas bases, mas, na verdade, o que deve ser questionado é a forma como esse dinheiro é gasto, principalmente, por alguns municípios fluminenses, que atualmente recebem valores exorbitantes”, explica. De acordo com a legislação brasileira, o dinheiro dos royalties deve ser utilizado para a melhoria da qualidade de vida da população dos estados ou municípios produtores. Contudo, pesquisas demonstram que nem sempre esse incremento dos orçamentos municipais significa a elevação dos indicadores sociais e econômicos. Na Bahia, por exemplo, do total de royalties arrecadados em 2007 e 2008, cerca de 60% ficaram com o governo estadual e 40% foram repassados a 269 municípios, sendo que do montante destinado às administrações municipais, 94% engordaram as contas de apenas 17 municípios. Dados levantados pela Universidade Cândido Mendes (Ucam) e pelo Centro Federal de Educação Tecnoló- gica (Cefet) de Campos (RJ) mostram que, dos 12 municípios que têm mais de 40% das receitas vindas da exploração de petróleo, apenas dois investem mais da metade dos recursos. O professor da Uerj alerta que o grande perigo é a falência de alguns municípios quando esses recursos acabarem. Segundo Godinho, o problema é que falta uma legislação para controlar os gastos. “A única exigência da Constituição é que esse dinheiro não pode ser usado como gasto permanente. Por isso, as prefeituras fazem o que querem. Rio das Ostras, por exemplo, fez um calçamento nas ruas da praia com pedras ornamentais. Já Macaé, município que recebe os maiores recursos dos royalties, tem altos índices de favelização. Os recursos são finitos, por isso não podem ser destinados a coisas desnecessárias. O dinheiro deveria ser investido em atividades estruturantes para desenvolvimento dos municípios”, explica. Renault acredita que todos os recursos públicos devem ser usados com transparência, e não apenas os royalties. Para ele, assim como o dinheiro de outras fontes, existem projetos bons e ruins para a utilização. “O controle e a eficiência devem ser exigidos em qualquer recurso público. Os royalties são para municípios, estados e União. Temos que exigir transparência nas três esferas. Devemos exigir que se mantenha algum retorno para os estados e municípios afetados pela atividade petrolífera”, diz. Algumas das soluções apontadas por Godinho são regular o uso dos recursos, estabelecer um limite para o uso dos municípios e, principalmente, condicionar o dinheiro a investimentos em infra-estrutura econômica e desenvolvimento social. “Algumas cidades passaram a receber valores exorbitantes. Macaé recebeu, só no primeiro semestre de 2008, R$ 21,8 milhões. Acho que o volume que se dedica a determinados municípios hoje é injusto. Seria interessante que os recursos não ficassem concentrados em algumas cidades, mas que fossem distribuídos para todas e liberados mediante um projeto claro de infra-estrutura”, argumenta. Ele defende ainda a criação de um fundo de investimento para melhor distribuição entre os municípios. Segundo ele, os recursos devem permanecer no Rio, já que podem garantir a retomada do desenvolvimento econômico e industrial do estado, se forem bem aplicados. F (D.M.) Um pouco de história Os royalties são uma das formas mais antigas de pagamento de direitos. No caso brasileiro, os royalties do petróleo são uma compensação financeira devida ao Estado pelas empresas que exploram e produzem petróleo e gás natural. É uma remuneração à sociedade pela exploração desses recursos, que são escassos e não renováveis. De 1953, com a entrada em vigor da Lei nº 2.004, até 1995, a União exercia um monopólio, exclusivamente pela Petrobras, na exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. A Emenda Constitucional nº 9, de 1995, alterou o artigo 177 da Constituição de 1988, mantendo o monopólio da União, mas permitindo que empresas privadas pudessem executar as atividades de exploração e produção. Os royalties, que incidem sobre a produção mensal do campo produtor, são recolhidos mensalmente pelas empresas concessionárias por meio de pagamentos efetuados para a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, que repassa os recursos aos beneficiários, de acordo com o novo modelo de cálculo, estabelecido pela Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, conhecida como Lei do Petróleo, que também criou a ANP. Porto do Rio Projeto de Revitalização garantirá melhorias urbanas e estruturais Divulgação IPP Divulgação IPP I naugurado no dia 20 de julho de 1910, o Porto do Rio de Janeiro está localizado na costa oeste da baía de Guanabara, ocupando uma área total de 137.536 m2. Com uma posição privilegiada, o Porto passou a ter relevância nacional, seja pelo alto volume de cargas que processa – ocupa a sexta posição em tonelagem no ranking brasileiro – seja pelo montante do comércio internacional, com operações de importação e exportação da ordem de US$ 11 bilhões por ano. Atualmente, é o quarto maior porto do país e deverá chegar ao segundo lugar com o projeto de revitalização. Prestes a completar um século de existência, o Porto do Rio enfrenta os mesmos problemas que a maior parte dos existentes nos grandes centros: deterioração em função do crescimento desordenado da cidade do Rio de Janeiro. Para minimizar esses efeitos negativos, o Governo Federal anunciou que a liberação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para, em parceria com o Instituto Pereira Passos (IPP), Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria Estadual de Transportes, Prefeitura Municipal e Companhia Docas executar um grande projeto de revitalização, denominado “Projeto Porto do Rio – Século XXI”. De acordo com levantamentos oficiais, o Estado do Rio de Janeiro deverá receber cerca de R$ 60 bilhões em investimentos produtivos até 2010. Nesse montante, está incluída uma série de novos grandes projetos siderúrgicos, que elevarão a produção de aço para mais de 18 milhões de toneladas/ ano nos próximos cinco anos, gerando um aumento significativo na movimentação de cargas no Porto do Rio. O Projeto tem o objetivo de potencializar ainda mais as atividades econômicas portuárias, fazendo com que o Porto duplique sua movimentação e Perspectiva dos armazéns da Companhia Docas proporcionando o reaproveitamento das áreas ao seu redor. Segundo o diretor de Urbanismo do IPP, arquiteto Antonio Correia, o Plano de Revitalização e Reestruturação da Zona Portuária é a base sobre a qual se desenvolvem, de forma integrada, projetos que têm por fim a valorização do patrimônio cultural da área, a requalificação de seus espaços urbanos, a melhoria de sua acessibilidade e sua reativação econômica. Integração Porto–Cidade Essa é a primeira vez que o setor público aborda a região portuária do Rio de Janeiro através de um Plano Diretor. O estudo contempla o incremento da função residencial, com a ocupação de terrenos vazios e a recuperação de prédios históricos para fins residenciais; a reestruturação da circulação viária, criando condições de melhoria da acessibilidade local e melhoria dos padrões ambientais; recuperação dos espaços públicos, através de propostas de intervenção em praças, largos e trechos de ruas; parcerias públicas e privadas, nacionais e internacionais, voltadas para a revitalização; revisão da legislação urbanística, com propostas de mudança no zoneamento e nos projetos de alinhamento, visando adequar a área a um novo perfil de desenvolvimento, além de desenvolvimento de programas de geração de emprego e renda, especialmente para moradores e empresários locais. O arquiteto Antonio Correia destaca que, além de toda a importância econômica do Porto, a revitalização da área irá fortalecer o turismo náutico, aumentando a chegada de embarcações de passageiros na cidade. “Com o projeto todo executado, o Rio de Janeiro passará a ter as condições ideais para a recepção dos turistas e irá se tornar uma referência mundial”. A integração Porto-Cidade compreende intervenções que visam o desenvolvimento harmonioso do porto em conjunto com os espaços urbanos que o circundam. Isso inclui os armazéns de 1 a 5, com o alargamento de calçadas, a remoção dos prédios anexos entre armazéns, a substituição dos muros atuais por novo desenho, garantindo-se a visibilidade do mar, as atividades de water front e o novo Terminal de Passageiros. “Além da construção de passagem subterrânea para facilitar o deslocamento das pessoas do water front até a área remota para veículos e ônibus, o projeto de urbanização terá significativos impactos na região, incluindo os bairros da Gamboa e Santo Cristo”, afirma o secretário de transportes, Júlio Lopes. Ainda de acordo a Secretaria de Estado de Transportes, as obras de aprofundamento e a regularização dos canais de acesso e acostagem de navios permitirão a entrada de embarcações com maior calado. Em médio prazo, tal intervenção possibilitará ao porto dispor de canal de acesso com 240 metros de largura, em pista dupla. “A etapa seguinte é a disponibilização de maior número de berços para atracação de navios de turismo. A área física do píer Mauá é uma destas áreas, que pode receber até quatro novos locais de atracação. Para grandes eventos, como a Copa do Mundo em 2014 e, talvez, a Olimpíada de 2016, podese prever a utilização do porto para a permanência de navios-hotéis, que, assim como em outros portos do mundo, complementam a oferta de vagas para turistas quando a rede hoteleira das respectivas cidades não comporta os mega-eventos”, explica o secretário. No projeto ainda há quatro ações que contribuirão para revitalizar a Zona Portuária. O Terminal de Passageiros será transferido para o Armazém 4, liberando os Armazéns 1, 2 e 3 e o antigo prédio do Touring Club para a realização de feiras e eventos. As fachadas dos armazéns antigos serão restauradas e os anexos demolidos. O muro externo do porto será remodelado, com menor altura, arejando e iluminando a avenida. Rodrigues Alves. Na fachada do Armazém 18, respeitadas as características arquitetônicas e mantida a operação do Órgão Gestor de Mão-deObra (OGMO), responsável pela escalação de pessoal para o trabalho portuário, serão instaladas lojas em substituição ao comércio informal que lá existe, oferecendo maior conforto aos usuários das linhas de ônibus que servem o local. Aumento Das expectativas A Secretaria de Transportes do Rio de Janeiro tem atuado como coordenadora do processo de articulação institucional, envolvendo as três esferas de governo – federal, estadual e municipal – e a iniciativa privada. Inicialmente, as obras estão orçadas em R$330 milhões e o projeto tem duas vertentes: a melhoria dos acessos marítimo, ferroviário e rodoviário e a integração do porto com a cidade. Atualmente, o Porto possui cerca de 20 berços de atracação, e apresenta boa infra-estrutura marítima e portuária, possuindo um canal de acesso profundo e relativamente curto, que, em alguns berços, acolhe navios com calados operacionais acima de 12 meDivulgação IPP tros. Anualmente, o Porto do Rio movimenta 35% dos produtos siderúrgicos acabados, 25% dos veículos, 11% do granito (sendo a maioria de produtos beneficiados) e 13% do café. Quanto ao fluxo de passageiros de cruzeiros marítimos, o Porto do Rio é o segundo em movimentação geral e o primeiro do país na movimentação de passageiros internacionais, sendo considerado o “home port” nacional, um poderoso atrativo para o segmento turístico brasileiro. De acordo com o secretário Estadual de Transportes, Julio Lopes, o projeto “Porto do Rio – Século XXI” se insere na estratégia de revigoramento e aumento da competitividade dos portos brasileiros que apresentam capacidade ociosa. Tal estratégia se concretizou com a criação da Secretaria Especial de Portos, diretamente vinculada à Presidência da República, numa evidente manifestação da importância dos portos nas políticas de inserção competitiva do país nos mercados internacionais. Havia também o receio de que se configurasse um ponto de estrangulamento, um “apagão” portuário no país. “Para o Rio de Janeiro, em função do seu potencial de crescimento com as ações previstas, este projeto representará um impacto extraordinário no que se refere à logística de cargas e de passageiros, à recuperação do espaço urbano e ao desenvolvimento sócio-econômico do Estado”, destaca o secretário. Melhoria dos acessos A partir do Projeto de Revitalização do Porto do Rio Janeiro, os acessos à cidade serão aperfeiçoados, ampliando as condições do recebimento de embarcações e mercadorias. O acesso marítimo terá melhoria e aprofundamento dos canais de acesso, bacias de evolução e berços de atracação, permitindo a operação de navios Com o projeto, a Praça Mauá ganhará novo visual de maior capacidade. Com a dragagem, os berços terão profundidade variando entre 10 e 13,5 metros, exceto nos terminais de contêineres, em que a profundidade alcançará 15 metros. O canal de acesso principal será alargado para permitir mão dupla no tráfego de embarcações. Para o acesso ferroviário prevêse a interligação de bitolas, com implantação de trechos em bitola mista e construção de novo pátio ferroviário. Essas mudanças permitirão maior eficiência do sistema e menor interferência nos centros urbanos, triplicando a capacidade ferroviária do porto, passando dos atuais 150 vagões/dia para 450 vagões/dia. Quanto ao acesso rodoviário, estão previstos dois novos na área do Caju. Um deles, a “Avenida Alternativa”, levará atividade econômica a uma região em processo de favelização e permitirá criar áreas de apoio logístico (pátios de estocagem e estacionamento de caminhões), concentrando operações que hoje estão dispersas por vários bairros. O outro, a “Avenida Portuária”, será um acesso novo e totalmente in- dependente da circulação viária local, ligando diretamente a Avenida Brasil ao Porto. Participação do IAB-RJ O Instituto dos Arquitetos do Brasil no Rio de Janeiro (IAB-RJ) vem acompanhando de perto o amadurecimento do projeto de revitalização da área portuária do Rio. De acordo com a presidente do Instituto, arquiteta Dayse Góis, o Projeto é uma iniciativa que vai otimizar as potencialidades do Porto, seja na recepção de navios de passageiros, com ampliação do terminal, seja na movimentação de cargas, com ampliação da retro-área para movimentação de containers. “Todos os esforços feitos em prol da revitalização de áreas centrais da cidade se constituem em grandes benefícios para a sociedade, pois representam uma melhor utilização de espaços públicos ricos em infra-estrutura e patrimônio cultural”, afirma. Segundo Dayse, “o importante é calibrar o modelo proposto ao perfil social existente, de maneira que os novos investimentos não acabem por expul- Arquivo IPP Diretor de Urbanismo do Instituto Pereira Passos (IPP), Antônio Correia sar a população residente, predominantemente de classe média e popular, em virtude da valorização imobiliária. E sim que ajude na fixação desta, dando novas oportunidades de emprego, geração de renda e maior segurança”, conclui. F (A.S.) O porto do Rio em números • O porto é, atualmente, o metro quadrado que mais gera receita de tributos em todo o estado. Supera o terceiro maior município em arrecadação de impostos (Campos); • Destaca-se o alto valor agregado das cargas: US$ 812,00 por tonelada – a maior do país. A média nacional, entre os seis maiores portos, é de US$ 235,00 / t; • Sua vitalidade econômica se traduz pelos 10.000 empregos diretos e 25.000 indiretos que gera; • Num raio de 500 quilômetros em torno do Porto, estão localizados 32% da população do País, 65% do volume de comércio e serviços, 25% da população agrícola, 70% da movimentação de carga e 67% do PIB brasileiro; • Somente considerando-se as exportações brasileiras, anualmente o Porto do Rio movimenta 35% dos produtos siderúrgicos acabados, 25% dos veículos, 11% do granito e 13% do café; • O Porto do Rio é o primeiro do país na movimentação de passageiros em cruzeiros internacionais e o segundo em movimentação geral, sendo considerado o “home port” nacional; • No momento em que o país atravessa grave crise no setor portuário, com inúmeros entraves às exportações e importações, o projeto Porto do Rio vem como uma excelente alternativa para ampliar a movimentação de carga. Fonte: www.portodorio.org.br Recuperando O Arco do a história Desenvolvimento Inventário de 130 fazendas do Vale do Café abre mercado para o restauro arquitetônico de imóveis rurais e fomenta turismo cultural no interior fluminense Divulgação INEPAC Fazenda Florença, em Valença (RJ) H á mais oportunidades para arquitetos e engenheiros no interior fluminense do que sonha nossa vã desinformação. Pelo menos é assim no Vale do Paraíba, conforme conta o Diretor Geral do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural e Presidente do Conselho Estadual de Tombamento, arquiteto Marcus Antonio Monteiro Nogueira. Por conta da realização do Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense, em parceria com o Instituto Cultural Cidade Viva e financiamento do Instituto Light, o INEPAC intensificou sua atuação na região, através da implantação de Escritórios Técnicos Avançados em alguns municípios. Isso para atender à demanda de consultas para reformas, reparos ou obras de restauro em imóveis tombados ou que fazem parte de áreas de preservação do patrimônio histórico e cultural. “Os arquitetos e também os engenheiros têm fundamental importância para as obras nesse tipo de local. O INEPAC só analisa as solicitações que apresentam o projeto bem definido e um profissional responsável”, afirma. Circuito cultural O Inventário faz parte de um programa de educação, valorização, conhecimento e proteção do patrimônio histórico do INEPAC, voltado para a população desses locais e para os proprietários dos imóveis. Nogueira conta que o inventário das 130 fazendas realizado até agora é só parte do processo, já que este é o primeiro passo para a avaliação do que merece ser tombado ou não. “Além de todo o material que levantamos, temos também os pedidos de tombamento por conta dos próprios proprietários. É que por fazerem parte de um circuito cultural e turístico, que só tende a crescer, eles precisam ter suas propriedades em boas condições. E, hoje, eles entendem que podem recorrer às leis de incentivo fiscal para restauração e conservação”, revela. O inventário pretende divulgar e fomentar o turismo cultural na região, através de estudos da arquitetura rural fluminense do ciclo do café e do reconhecimento de sua importância histórica e sócio-econômica na ocupação do território e na conformação da paisagem cultural local. Para Francis Miszputen, coorde- nadora de projetos do Instituto Cidade Viva, um dos mais importantes benefícios do Inventário foi a compilação dos dados sobre a história das fazendas e do próprio Vale do Paraíba. “As informações que já existiam estavam pulverizadas em uma extensa bibliografia. A sistematização e a consolidação no Inventário é importante tanto para a instrumentalização de pesquisadores como para o estabelecimento de políticas de produção de projetos e planos de financiamento turístico e de restauração”, diz. F (V.M.) Caderno de Preservação Arquitetônica Todo o material produzido pelo Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense, (fichas de inventário, referências bibliográficas, iconográficas e arquivísticas) está publicado no site www.institutocidadeviva. org.br/inventarios. Acesse o Caderno de Conservação Preventiva e Preservação Arquitetônica e saiba como contribuir para a compreensão e a aplicação prática de procedimentos considerados fundamentais na relação de usuários e proprietários de imóveis de interesse histórico, neste caso, as edificações remanescentes das antigas fazendas de café situadas no Vale do Paraíba Fluminense. No campo também tem técnico Escola Técnica Estadual Agrícola Antonio Sarlo forma profissionais qualificados, que conseguem trabalho até mesmo em outros estados O ensino técnico, atualmente, tem sido a escolha de muitos alunos que ingressam no ensino médio e de pessoas que já terminaram os estudos, mas que buscam se qualificar profissionalmente. Mas não é apenas para o setor industrial que existe a formação técnica. As escolas de ensino técnico agrícola, nas regiões rurais do estado, são um exemplo. Embora sejam muito pouco conhecidas nos grandes centros urbanos, é esse tipo de instituição que dá conta das demandas de uma população que precisa aprender e se especializar para incrementar a atividade rural. A Escola Técnica Estadual Agrícola Antonio Sarlo é uma delas. Criada em 1955, como a Escola Agrotécnica de Campos, ela está localizada à margem da BR-356, que liga Campos a Itaperuna, e ocupa uma área de 150 hectares. Vinculada à Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) e coordenada pelo Centro de Educação Tecnológica e Profissionalizante (Cetep Campos), a Antonio Sarlo oferece os cursos técnicos em Agropecuária e Florestal, além do ensino fundamental, ensino médio, funcionando sob regime de internato e semi-internato. O concurso de admissão para o curso técnico é realizado, anualmente, em janeiro e o edital é liberado em novembro ou dezembro. Para o ensino médio, o ingresso é aberto a alunos vindos da rede Faetec. De acordo com o diretor adjunto administrativo e co-gestor da Antonio Sarlo, Orlando Siqueira Miranda, o público-alvo era formado, prioritariamente, por filhos de pequenos e médios produtores rurais, oriundos de regiões vizinhas. Entretanto, com a vinculação à FAETEC, hoje a escola absorve alunos das cidades do entorno e de outros locais mais distantes. Mas, segundo o diretor, não há tantas empresas na região para absorver toda a mão-de-obra formada. “Aqui na área de Campos, as grandes indústrias que temos são, basicamente, as de açúcar. Nossos alunos precisam, assim, sair e procurar outros mercados. Já temos profissionais formados aqui trabalhando no Amazonas e no Mato Grosso, por exemplo”, afirma. A escola mantém convênios com instituições como a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ) e Prefeitura de Campos dos Goytacazes, com as quais desenvolve alguns projetos ligados à agropecuária e estágios para os alunos concluintes. A Antonio Sarlo prevê para 2009 a implantação do curso de fruticultura. F (V.M.) Divulgação ABr As atividades dos técnicos em Agropecuária e Florestal O técnico em agropecuária atua no auxilio de agrônomos, veterinários e zootecnistas, orientando tecnicamente agricultores e pecuaristas no desempenho de suas atividades. Entre suas atividades, estão cálculo e dosagem de defensivos e fertilizantes; o levantamento topográfico e a prática conservacionista de solo; o projeto de construções e instalações rurais; a regulagem de implementos e preparo de área; e atividades ligadas à pesquisa. O técnico florestal trabalha auxiliando o engenheiro florestal e o agrônomo, na orientação técnica de silvicultores, paisagistas, viveiristas, secretarias de meio ambiente e institutos florestais. Entre as suas competências estão os conhecimentos em ecologia florestal, legislação ambiental, prevenção e combate a incêndios florestais e uso de equipamentos de prevenção; o conhecimento de topografia e a utilização de GPS; o conhecimento de projeto de arborização urbana e jardins; de técnicas de medição de árvores; plantio, manejo e exploração de florestas plantadas e sistemas agroflorestais; e o uso de implementos e máquinas agrícolas. f Um mutirão de casas O caso de Americana (SP) mostra que profissional da área tecnológica ganha peso cada vez maior na elaboração de programas públicos municipais f N um país em que o déficit habitacional é estimado em 7,9 milhões de residências, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (2006), a solução para equacionar de uma vez por todas o problema de moradia deve privilegiar diferentes classes econômicas. No entanto, como algumas famílias conseguem buscar crédito imobiliário no mercado e, para estas, o cenário vem melhorando com a diminuição das taxas de juros, as ações do Estado têm-se concentrado nas que precisam de financiamento parcial subsidiado e (muitas) outras, abaixo da linha da pobreza, que necessitam de subsídio completo. E são as iniciativas criadas para atender esses dois segmentos que mostram que, paralelamente aos programas federais, o caminho para solucionar a carência de lares brasileiros encontra-se na conjunção de forças do Estado e da comunidade. Ganhadora do Selo de Mérito 2007 da Associação Brasileira de Cohabs e Órgãos Assemelhados (ABC), a cidade de Americana, no interior paulista, tornouse referência na gestão pública do déficit habitacional. A experiência do município não é recente: teve início há quase 30 anos e tem resultados inquestionáveis. Nos anos 70, o cenário de Americana, cidade com forte característica industrial e destino dos migrantes do êxodo rural paulista, já era de favelização. Naquela época, cerca de 1,5 mil famílias moravam em favelas. E, mais preocupante, a tendência era de crescimento. História O primeiro investimento em habitação popular na cidade veio através de um programa do Banco Nacional de Habitação (BNH) e das Cohabs, cujo agente promotor era a Prefeitura. Enquanto em outras cidades, como Campinas, as Cohabs financiavam construções que não atendiam a população de mais baixa renda, como casas e apartamentos, em Americana, o BNH criou o Profilurb – Programa de Financiamento de Lotes Urbanizados. O programa visava à produção de unidades habitacionais mais baratas que casas, e tratava-se, basicamente, de um lote com unidade sanitária ou painel hidráulico. A idéia era que as famílias favelizadas ocupassem os lotes e, depois, constru- íssem as casas através de programas alternativos. O investimento do BNH ocorreu em muitas outras cidades brasileiras no mesmo momento, mas Americana foi um dos poucos municípios que levaram o projeto - embrião de sua experiência de sucesso - à frente. Confrontada com o desafio de transformar famílias com lotes em famílias com lares, a Prefeitura escolheu um caminho: envolver as comunidades beneficiárias. Foi então que a verdadeira experiência americanense começou. A experiência americanense “Foi nessa época, 1980, 1981, que tivemos o primeiro projeto que resultou em experiências que contemplaram a participação da comunidade”, relembra Marco Antonio Alves Jorge, mais conhecido como Kim, na época, estagiário de arquitetura e, hoje, presidente da Câmara de Vereadores de Americana, após anos à frente da Secretaria Municipal de Habitação. O projeto de habitação popular nos lotes do Profilurb baseou-se em dois pontos. Primeiro, mutirão de autoDivulgação Lote urbanizado no bairro Jardim das Flores f ajuda para autoconstrução com apoio técnico da Prefeitura. Nesse sistema, o proprietário do imóvel reúne amigos e familiares para a construção, cortando os custos de mão-de-obra. O outro ponto foi o uso de tecnologia alternativa. Na ocasião, chegou a implantar-se uma fábrica comunitária de tijolos solo-cimento que produzia 3 mil unidades por dia, uma saída para a falta de recursos da comunidade para a compra do material. “Apesar de falarmos em mutirão desde aquela época, um mutirão alternativo mesmo a gente só conseguiu equacionar dez anos depois, em 1989. De lá para cá, viemos aprimorando essa prática, que foi bem absorvida”, explica Alves Jorge. Foi em 1989 que a construção de 110 casas se deu através do mutirão de ajuda mútua. Nesse sistema, cada um dos futuros proprietários constrói todas as casas, sem saber de antemão qual será a sua. Cada um usa sua melhor habilidade, o empenho e capricho são mais altos e a qualidade final das casas é uniforme, segundo Kim. Através dos mutirões de ajuda mútua, Americana já construiu 1,5 mil residências até este ano. Quando, há 12 anos, a situação financeira da Prefeitura começou a frear a velocidade de novos empreendimentos, a comunidade deu um passo à frente e se uniu em uma cooperativa, a Cooperativa Nacional da Habitação e Construção (Cooperteto). Através da organização, os interessados em ter uma casa própria se reuniam e buscavam financiamentos individuais na Caixa Econômica Federal. A construção da casa era garantida pelo mutirão da Cooperteto. O início da autogestão, em vez do uso das licitações da Prefeitura, trouxe vantagens, como agilidade e maior satisfação com o produto final, devido à possibilidade de escolha do material. Novos métodos Utilizando essa possibilidade de escolha, a Cooperteto também moderni- zou seu método de produção. Desde maio de 2008, as residências são construídas na Fábrica de Casas Ecológicas. A tecnologia inovadora foi desenvolvida por uma empresa que forneceu orientação técnica e alugou equipamento aos cooperados. No método, as paredes da casa são construídas em pistas horizontais, já com determinação de espaços para portas, janelas, passagens elétrica e hidráulica. Não há geração de entulho nem desperdício, nem uso de madeira para vigas. Tudo é calculado para ser usado já na medida certa e a economia final chega a 30% em relação ao método tradicional. “A casa tem estrutura de ferro, concreto, usa tudo aquilo que é comum, habitual. Existem outras experiências, muito usadas na Europa, com casas com partes de gesso, até de isopor, mas, aqui no Brasil, as pessoas não estão acostumadas e ficam desconfiadas. O uso de tijolo cerâmico contribui para não haver resistência cultural. A aceitação é muito boa”, explica Kim. Pelo novo método, as casas também já saem de fábrica com a caixa d’água vertical, uma criação do próprio Kim, que não requer uso da bomba hidráulica. “Fazendo na Fábrica, as paredes já terão reservatório de água de chuva que pode ser usada até para dar descarga, por exemplo. E quando não há água da chuva no reservatório, ela funciona com água normal”, explica o inventor. Além dessa medida, outras duas atendem às exigências da chamada construção “ecológica”. O contrapiso das residências utiliza entulho reciclado e para o aquecimento da água é instalado um aquecedor solar popular. “Assim permitimos a popularização das tecnologias ambientalmente corretas e também a mitigação dos problemas ambientais que essas construções causariam”, diz Kim. A fábrica de casas também facilita a questão dos terrenos. Antes, era necessário adquirir um grande lote contínuo para a construção das unidades lado a lado. Como as casas ecológicas são pré-fabricadas e transportáveis, é possível construir as residências em terrenos de localidades diferentes. Construção do social Para Kim, a experiência de mutirão e cooperativismo de Americana é mais que um exemplo de sucesso na luta contra o déficit habitacional. O ex-secretário de Habitação tem na memória diversas histórias de reintegração familiar que se deram através dos mutirões e das cooperativas. “Não tenho dúvida. É uma experiência que não vê a construção da moDivulgação Kim mostra reservatório ecológico para o aproveitamento da água das chuvas f Divulgação A inovadora fábrica de casas de Americana (SP) radia como uma obra civil, de edificação de casas. É uma obra de edificação da sociedade, em que você envolve a comunidade, a organização popular. Aqui, em Americana, já tivemos diversas experiências. Sabemos que quem pega uma casa pronta, no dia seguinte ao da entrega, vai para a fila de reclamação. É uma relação de consumidor e produto. Na Cooperteto, a comunidade é um agente ativo nesse processo”, resume Kim. Com o trabalho focado no atendimento da população de menor poder aquisitivo, Americana hoje não possui quase nenhum barraco. São pouco mais de 30 famílias – todas já em processo de aquisição de casas através da Fábrica. Atualmente, a Cooperteto conta com 2 mil associados. Outros cantos do país Em Goiás, é o estado quem está na capitania da experiência tocada pela Agência Goiana de Habitação (Agehab), também com números inquestionáveis. Em 1999, o estado era o sétimo colocado no ranking do déficit habitacional brasileiro, com carência de 195 mil moradias. Oito anos depois, é considerado o segundo estado com menor déficit, segundo a Fundação Getúlio Vargas. O projeto goiano, que já vem sendo copiado por outras localidades, começou com a instituição do Cheque Moradia, uma inovação nos critérios de concessão de benefício. O sistema é baseado em um talão de cheques com folhas pré-impressas com valores entre R$ 10 e R$ 500, em bônus de ICMS, distribuídos às famílias selecionadas para cada conjunto habitacional. De posse do talão, elas podem negociar diretamente com os vendedores o material de construção para suas casas. As famílias beneficiadas entram com a contrapartida da mão-de-obra, majoritariamente através de mutirões de autoajuda. O número de beneficiados chega a 80 mil famílias. “Nossa experiência mostra que, quando o poder público sai do processo licitatório, transferindo a compra, o comprador fica frente a frente com o vendedor e o processo é feito de uma melhor forma. O estado economiza com estocagem e transporte, entre outras coisas”, explica Álvaro César Lourenço, presidente da Agehab. Outro projeto da Agehab teve início há dois anos e serviu de inspiração para Americana. A tecnologia de construção horizontal de residências já foi utilizada com sucesso em duas cidades do interior de Goiás. Atualmente, 2,5 mil casas estão em construção na capital utilizando a tecnologia. Lourenço lista mais algumas vantagens do método, chamado, em Goiás, apenas de Fábrica de Casas. “O método exige baixa qualificação da mãode-obra e o desperdício é praticamente zero. O principal é que permite trabalhar com mão-de-obra de menor qualificação. Quase não se mexe com prumo, alinhamento, por exemplo. O serviço também é mais leve, permite usar a família a ser beneficiada. Hoje, das 300 pessoas trabalhando na Fábrica, quase 80% são mulheres.” No Rio de Janeiro, o déficit de habitações chega a um milhão. Segundo Sydnei Menezes, diretor de projetos e obras da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (Cehab), para enfrentar o problema são necessárias ações em duas frentes: urbanização e construção de unidades novas. Menezes cita como experiência de maior destaque no estado o Programa de Aceleração do Crescimento, que reúne as esperas federal, estadual e municipal. “O programa hoje mais bem-sucedido nessas duas frentes de atuação, tanto em urbanização quanto em construção de novas unidades, é o PAC. O resto são experiências pontuais e sem significado amplo sob o ponto de vista da cooperação União, estado e municípios”, diz Menezes. F (J.M.) Americana premiada O ano de 2007 foi premiado em Americana. A Cooperteto recebeu da Associação Brasileira de Cohabs e Órgãos Assemelhados o Selo de Mérito 2007. Já a caixa d’água vertical, criada por Kim e instalada nas casas fabricadas pela Cooperteto, recebeu o Prêmio Philips de Simplicidade. O prêmio é concedido a experiências que facilitem ou simplifiquem a vida das pessoas e que já estejam em prática há pelo, menos, seis meses. f Planejar a cidade é salvar o planeta Em visita ao Brasil, Carla Chifos, professora associada da Escola de Planejamento da Universidade de Cincinnati (EUA), discutiu a necessidade de uma nova agenda para o planejamento urbano f E m rápida passagem por Curitiba e Rio de Janeiro, a arquiteta Carla Chifos, professora associada da Escola de Planejamento da Universidade de Cincinnati, no estado americano de Ohio, discutiu a possibilidade das cidades, grandes fontes de emissão de poluentes que causam o aquecimento global, se tornarem positivas para o meio ambiente. No encontro promovido pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio-ambiente da PUC-Rio, a professora discutiu a nova agenda de planejamento urbano e relatou aspectos de políticas e campanhas em andamento nos EUA para tornar as cidades mais limpas. Carla defende que as cidades são o ponto de partida para iniciarmos as mudanças necessárias na conquista de um mundo mais saudável. “Cinqüenta por cento do mundo está urbanizado. As cidades são os lugares onde os efeitos podem ser sentidos. Elas são importantes porque a forma como vivemos o dia-a-dia é muito influenciada pelo nosso planejamento urbano”, explicou. No início de sua palestra, a espirituosa professora listou o que vem sendo feito nos EUA, brincando com a má fama de seu país - não-signatário do Protocolo de Kyoto - quando o assunto é meio ambiente: “Temos um bom começo para um país que não está fazendo nada”, disse. Crea-RJ em Revista – Nos EUA, você atua no meio acadêmico. Como é a relação da universidade com os conselhos e associações de engenheiros, arquitetos e planejadores? Eles se mostram interessados nessa nova agenda de planejamento urbano? Carla Chifos – Posso dizer que o American Institute of Architects (AIA) está muito comprometido com a mudança climática e as políticas de grupo e treinamento que eles oferecem, treinamentos contínuos de profissionais e certificação, são muito fortes. Então, os arquitetos estão liderando este setor nos EUA. Os planejadores, que também têm um grupo profissional ao qual pertenço, o Ame- rican Institute of Certified Planners (AICP), são muito fracos comparados aos arquitetos, pois não têm realizado ações muito progressistas em relação a essas questões. Com os engenheiros não estou muita familiarizada. Academicamente, criamos um grupo transdisciplinar chamado Engenharia Urbana Sustentável. Com ele, estamos tentando colaborar com os engenheiros - civis, mecânicos, planejadores e arquitetos, assim como com os que ensinam em escolas de negócios e geografia - para que todos se unam. Queremos discutir como trabalhar e pesquisar a sustentabilidade para, juntos, influenciarmos a prática. Crea-RJ em Revista – Na sua opinião, é importante que os profissionais que já estão no mercado passem a freqüentar a universidade para entrar em contato com a necessidade de planejar as cidades? Carla Chifos – Universidades podem realizar o treinamento de um dia, ou até uma capacitação f mais longa, mas os grupos de profissionais também são capazes de fazer isso muito bem. A AIA, por exemplo, organiza palestras e treinamentos certificados pela organização para que os profissionais possam ter tantas horas de treinamento neste tópico. Crea-RJ em Revista – A senhora defende a densidade como um fator positivo para o planejamento das cidades de forma sustentável. Como isso é possível? Carla Chifos –As pesquisas mostram que pessoas que vivem e trabalham juntas em um mesmo prédio tendem a consumir menos energia. Com mais densidade também podemos andar mais e usar mais transpor- te público, em vez dos carros. Esse é outro benefício. Nos EUA, para conseguir diminuir o uso do carro, falamos em construir “cidades caminháveis”. Esse conceito está relacionado à segurança e à qualidade das calçadas por onde você anda, por exemplo. A mudança de comportamento individual também é fundamental para a mudança nas cidades, mas a persuasão das pessoas a esse fim prescinde de uma cidade bem planejada. Não basta, por exemplo, criar ciclovias para as pessoas irem ao trabalho, sem dar a elas, por exemplo, condições de tomar banho e se trocar antes do expediente. Eu mesma gostaria de usar o transporte público para ir ao trabalho. Levo cinco minutos de carro. Se quiser usar o ônibus, leva- ria 20 minutos de caminhada e depois quase uma hora de ônibus, porque ele não vai direto à universidade. Então, tenho que dirigir. Crea-RJ em Revista – A capital carioca, ao invés de expandirse para áreas mais próximas, cresce para a região oeste, especialmente através da construção de condomínios de casas. Como tornar isso menos prejudicial à cidade? Carla Chifos – A expansão é necessária e acontece mais rápida do que o planejamento, mas é preciso encontrar ferramentas para pensar, por exemplo, como o transporte irá acontecer nestas novas áreas. Talvez se deva pensar não apenas f como mover casas para outra região, mas como mover também os postos de trabalho, para que os moradores não tenham que, diariamente, ir até o centro. Não sei se isso acontece aqui, mas em muitos lugares é assim: todo dia, esses moradores precisam vir ao centro para cuidar de seus negócios, ter acesso a serviços de governo, etc. Descentralizar algumas atividades pode ajudar. Crea-RJ em Revista – Teremos eleições municipais no mês de outubro e o transporte urbano é um dos temas mais discutidos durante a campanha. Quais soluções devem nortear nossos próximos planejadores? Carla Chifos – Não tenho uma solução mágica, mas uma das coisas mais importantes para se lembrar quando se pensa no futuro do transporte é que ele está fortemente ligado ao planejamento do uso do solo. E preciso pensar para onde as pessoas precisarão ir para que o transporte funcione e facilite a vida e o trabalho delas. É preciso usar os dois lados: a ferramenta do uso do solo e a ferramenta do transporte para fazer todo o sistema funcionar. Crea-RJ em Revista – Outra questão forte é o lixo. A prefeitura realiza a coleta e concede uma licença a uma empresa para explorar um aterro por alguns anos. O problema é que há dificuldades para a criação de novos aterros. Como é a experiência em Cincinatti? Carla Chifos – Nossos problemas parecem os mesmos. Achar locais para depositar o lixo está se tornando cada vez mais difícil. Mas há muitas coisas que podemos fazer. Tentar reduzir a quantidade de coisas que compramos e jogamos fora é uma delas. Nos EUA há um movimento para não se usar sacolas plásticas ou de papel, o que é uma coisa pequena, simples, mas que muita gente esquece de fazer. Aumentar a reciclagem também é muito importante, pois reduz o que vai para os aterros. Precisamos pensar, ainda, em outras opções que não sejam os aterros. Eu sei, por exemplo, que há 20 ou 30 anos, a incineração acarretava uma série de problemas porque gerava muita poluição. Mas, agora, já existem tecnologias que impedem esse problema. Após queimado, o lixo pode ser, inclusive, transformado em material de construção. Não devemos pensar no lixo como algo para se colocar em algum lugar, mas em como usá-lo para criar energia, material de construção, entre outras coisas. Isso é o futuro. Em Cincinnati, uma empresa privada recolhe o lixo uma vez por semana, regularmente. Uma parte é reciclada, gera lucro, e outra é destinada à compostagem e usada em parques etc. Além disso, há grandes aterros sanitários. Os EUA enfrentam também escassez de aterros, gasta-se muito com o transporte do lixo para áreas distantes. Por isso, fala-se muito de reduzir, reutilizar e reciclar. Iremos adotar um novo sistema em Cincinnati, em que quem reduz mais a quantidade de lixo produzida paga menos imposto. Hoje, paga-se uma taxa fixa para a coleta. Crea-RJ em Revista – Você vem de um país com muitos recursos. Como foi trabalhar na Tailândia e na Indonésia? Carla Chifos – Nos anos 90, vivi na Indonésia por cerca de cinco anos e, depois, na Tailândia, por dois anos, trabalhando com os minis- térios nacionais das cidades. As condições eram muito precárias: 70% das cidades não tinham rede de água potável. Eu trabalhei nas favelas com o que eu chamaria de “mecanismos”, que é ajudar a fazer o que governo não fornece. Ou seja, realizar atividades comunitárias para ajudar essas localidades a criarem sua própria infra-estrutura com tecnologia adequada. Eu fiz muita construção comunitária. Através de pesquisas que realizei, descobri que algumas comunidades estavam muito empenhadas em melhorar o ambiente porque encaravam problemas todos os dias. Apenas algumas idéias fariam uma grande diferença na vida deles. Então, eu era uma grande propositora de atividades comunitárias. Crea-RJ em Revista – Como apagar a falsa idéia de que essa nova agenda de planejamento significa uma barreira ao crescimento econômico? Carla Chifos – Posso citar as cidades de Cincinnati e Nova York. Na primeira, um grupo que incluiu a prefeitura, o conselho municipal, a secretaria de meio-ambiente, entre outros órgãos, além de 150 voluntários, criou um grande plano para se reduzir em 10% a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa nos próximos quatro anos (2008-2012). A estratégia incluiu pequenas ações em diferentes campos que, quando parcialmente cumpridas e combinadas, garantem o alcance da meta. Já Nova York tem sido citada por sua tentativa de se tornar mais verde. A cidade tem alcançado suas metas através da melhoria da rede de transporte público, programas de incentivo para viagens a pé e planejamento das áreas de risco. F (J.M.) f Rio digital Moradores, turistas e freqüentadores da orla de Copacabana terão acesso gratuito à internet em banda larga sem fio f A orla de Copacabana acaba de ganhar uma novidade que promete dar mais charme a um dos mais importantes cartões-postais do Rio de Janeiro. Um sistema de Internet em banda larga a céu aberto, totalmente gratuito, mais conhecido como wi-fi, permitirá que moradores e turistas que circulam na beira da praia naveguem gratuitamente pelo mundo virtual. Inicialmente, a rede de acesso sem fio à internet será restrita à Avenida Atlântica, do Leme ao Posto Seis, mas pode chegar à Avenida Nossa Senhora de Copacabana nos próximos meses. “Essa fase fará a cobertura da Avenida Princesa Isabel até a Rua Figueiredo Magalhães, aproximadamente. A próxima fase, que inclui a cobertura total da orla, deverá estar concluída até o final do mês de agosto”, adianta o professor Claudio Luis de Amorim, do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ e coordenador do projeto junto com o professor Luís Felipe Magalhães. Resultado de um convênio firmado entre a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, a Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) – órgão vinculado à secretaria - e a Coppe/UFRJ, que foi responsável pela idealização, elaboração e implementação do sistema, o projeto, batizado de Orla Digital, funcionará também como um piloto. “Trata-se de um projeto de pesquisa, que será utilizado como uma plataforma que permitirá alavancar diversos outros possíveis projetos de pesquisa e inovação, envolvendo aplicações de interesse da sociedade”, reforça o professor Claudio Amorim. Comunicação em malha Além da cobertura completa da orla de Copacabana por wi-fi, o Orla Digital fará a distribuição de conteúdos (vídeos) e de aplicativos de interesse utilizando tecnologias patenteadas pela Coppe/UFRJ. “Nossa previsão é que o projeto completo, incluindo o acesso à banda larga e a distribuição de conteúdos e aplicativos, esteja concluído até novembro”, acrescenta Claudio. Com tecnologia Motomesh, a cobertura do sinal na orla será formada por quatro células de comunicação em malha (“mesh”) interligadas. As tarefas envolvendo a implementação e configuração da rede e do software de gerência de rede estão sendo realizadas em conjunto com as equipes da Rede-Rio/Faperj e da empre- Conexão mais ampla na Baixada Fluminense O próximo passo da secretaria estadual de Ciência e Tecnologia será estender o serviço a todos os municípios da Baixada Fluminense, o que tornaria a região o maior espaço de cobertura pública contínua da América Latina. A previsão é que o investimento ultrapasse R$ 4 milhões. Segundo o subsecretário de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Júlio Lagun Filho, os projetos serão adaptados para respeitar as especificidades de cada local. “São dois projetos diferentes para lugares diferentes. Na orla, por exemplo, estamos priorizando, principalmente, o turismo. Na Baixada, o projeto é mais amplo”, explica. sa de engenharia Mibra, responsável também pela execução das obras e instalações. A prefeitura disponibilizou a infra-estrutura de postes e dutos da RioLuz para a instalação de equipamentos de rádio e a passagem de cabos de fibra ótica. “Há outros projetos de acesso público, aberto e gratuito à internet utilizando tecnologias sem fio no país. No entanto, até onde sabemos, esse é o primeiro projeto que envolve uma rede aberta para acesso em banda larga com a tecnologia de rede ´mesh` sem fio numa extensão como aquela da Praia de Copacabana”, explica Amorim. Segundo o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, a escolha de Copacabana foi fundamental, uma vez que a região funciona como uma vitrine. “A implantação dessa tecnologia de ponta traz benefícios para várias áreas, como turismo, segurança, ensino e comércio. Agora, será possível, por exemplo, um comerciante comprar e vender produtos pela rede, diminuindo seus custos em até 20%”, ressalta. Os gastos com a instalação da rede deverão alcançar cerca de R$ 1 milhão. O sistema tem ainda uma vantagem relativa à segurança: torna possível a instalação de câmeras de monitoramento ligadas às centrais de segurança. “Comunicações sem fio são críticas para a área de segurança pública. Uma infra-estrutura ´mesh` sem fio espalhada pela cidade pode dar suporte à comunicação segura para a polícia e o corpo de bombeiros na faixa pública de freqüência reservada para essa finalidade. Além disso, a mesma rede pode garantir a entrega de vídeos (streaming) associados à vigilância, por exemplo”, explica o professor. F (H.R.) f A. Salles Engenharia faz 70 anos como exemplo de empreendedorismo Divulgação No setor público, a empresa A.Salles executou a primeira instalação a gás natural para a Prefeitura do Rio, no prédio do Centro Coreográfico. f E m 4 de abril último, a A. Salles Engenharia completou 70 anos de atividades ininterruptas no setor de refrigeração (HVAC-R) dentro das áreas industrial, comercial e instalações especiais. Sendo uma das tradicionais empresas brasileiras, a A. Salles iniciou sua trajetória graças ao pioneirismo e visão de futuro de seu fundador e atual Diretor do Conselho da empresa, Amando Salles de Barros, hoje com 103 anos, através da importação e montagem de equipamentos eletromecânicos, em 1938. Com uma bagagem e experiência de sete décadas, a A.Salles destaca-se pelo perfil de uma organização criativa, empreendedora de novas técnicas que garantem a qualidade dos serviços de engenharia, proporcionando excelentes resultados, possuindo um acerto técnico que a inclui entre as melhores empresas nacionais do setor, inovando sempre e oferecendo tecnologia de ponta. A preocupação com a alta qualidade, presente em tudo que faz, requer um aperfeiçoamento constante, levando a empresa a se renovar a cada dia, através de uma equipe técnico-administrativa de alto nível. Inovando com gás natural Sempre atenta às inovações do mercado, os projetos e construção de engenharia termo-ambiental são especialidades da A. Salles, que busca sempre exceder as expectativas de seus clientes, assegurando o fornecimento dos melhores e mais adequados equipamentos, materiais e mão-de-obra na execução dos serviços de instalação e manutenção de sistemas eletromecânicos de refrigeração, ar condicionado, exaustão e aquecimento, prestação de consultoria para estudos de fontes alternativas de energia como a cogeração e climatização a partir do gás natural. Em um cenário cada vez mais competitivo, a imagem das empresas está relacionada ao aprimoramento da qualidade, minimização de impactos ao meio ambiente e a segurança do homem e do patrimônio, fatores decisivos para o aumento da produtividade. Consciente do crescimento da utilização de alternativas energéticas, como o gás natural, a A. Salles tem ampliado sua percepção para esse papel estratégico dentro do mercado, dedicando igual atenção ao seu desenvolvimento tecnológico e aos aspectos de proteção ambiental e assumindo um compromisso público. Tal compromisso fez com a A. Salles executasse obras com a utilização de gás natural em 1988, sendo a primeira empresa do setor a utilizá-lo no Brasil, em parceria com a CEG – Cia. Distribuidora de Gás do RJ, na construção da AUDI Automóveis (RJ), visando a qualidade do ar interno, a automação dentro dos padrões de um prédio inteligente. A partir da excelente qualidade do projeto, outras obras foram executadas com a utilização do gás natural, como as do Grupo Sendas (2000), que acabou motivando suas concorrentes (Guanabara, Mundial, Prezunic), dos Hotel Royalty e Atlântico Sul Hotel, e o sistema de retrofit no Shopping Center da Gávea. No setor público, a A.Salles executou a primeira instalação a gás natural para a Prefeitura do Município do Rio de Janeiro, no prédio do Centro Coreográfico, e também fora do Estado, no prédio da FIB – Faculdades Integradas de Bahia – Salvador, e participou da Coordenação e Fiscalização no CTGÁS – RN para a Central de Cogeração e sistemas de climatização para os laboratórios de calibração de medidores volumétricos. Os excelentes resultados em suas atividades dentro do setor de energia termo-ambiental vêm proporcionando a A. Salles Engenharia reconhecimentos como Prêmio Qualidade Brasil 2002, Homenagem do CREA 1996, Obras Destaques do Ano SMACNA (Sheet Metal and Air Conditioning Contractor’s National Association), no AMCHAM-SP desde 1999, entre outros. Chegamos ao século XXI, depois de 70 anos de trabalho e desenvolvimento, tendo a oportunidade de mostrar ao mundo, como administradores, nossas habilidades para vencer os desafios. Consciente do papel solidário na sociedade atual, a A. Salles participa de programas voluntários e atividades sociais inovadoras como: CEI (Centro Educacional Integrado), que há trinta anos forma jovens visando seu sustento próprio com a profissão técnica adquirida como artífices; Casa da Convivência, que atende crianças com necessidades especiais e suas famílias, bem como a criação e patrocínio junto com a equipe de engenheiros do Instituto Militar de Engenharia (IME) do 1° Curso Superior de Ar Condicionado em 2000. Para 2008, a A. Salles vai aprofundar sua atuação nos setores comercial e industrial, sempre se mantendo fiel ao objetivo de seu fundador, o qual entende que gerenciar requer uma postura eficaz e empreendedora de seu corpo funcional comprometido com a excelência nos negócios. Engenheiro Áureo Salles de Barros Diretor-superintendente da A. Salles Engenharia Promoção válida por tempo limitado SEM Carências Exceto para Parto Para profissionais que possuam plano de saúde similar por mais de 6 meses. VOCÊ E SUA SAÚDE SÃO TÃO IMPORTANTES QUANTO SUAS OBRAS! PLANO DE SAÚDE EXCLUSIVO PARA OS ENGENHEIROS, ARQUITETOS E AGRÔNOMOS. PLANO ESTADUAL FAIXAS ETÁRIAS PERSONAL PERSONAL (Quarto Coletivo) (Quarto Privativo) R$ 67,38 R$ 85,61 R$ 106,99 R$ 112,58 R$ 119,42 R$ 136,57 R$ 165,30 R$ 190,09 R$ 264,79 R$ 404,15 R$ 75,50 R$ 95,92 R$ 119,88 R$ 126,14 R$ 133,61 R$ 153,03 R$ 185,21 R$ 212,99 R$ 296,70 R$ 452,85 0 a 18 anos 19 a 23 anos 24 a 28 anos 29 a 33 anos 34 a 38 anos 39 a 43 anos 44 a 48 anos 49 a 53 anos 54 a 58 anos Acima de 59 anos PLANO NACIONAL FAIXAS DELTA ÔMEGA ALFA BETA ETÁRIAS (Enfermaria) (Apartamento) (Apartamento) (Apartamento) 0 a 18 anos 19 a 23 anos 24 a 28 anos 29 a 33 anos 34 a 38 anos 39 a 43 anos 44 a 48 anos 49 a 53 anos 54 a 58 anos > 59 anos R$ 78,43 R$ 103,14 R$ 122,35 R$ 135,63 R$ 143,88 R$ 164,54 R$ 199,14 R$ 229,03 R$ 319,03 R$ 486,93 R$ 101,70 R$ 129,21 R$ 159,05 R$ 169,62 R$ 180,26 R$ 206,15 R$ 249,49 R$ 283,92 R$ 399,68 R$ 610,30 R$ 117,97 R$ 149,98 R$ 187,33 R$ 197,10 R$ 209,09 R$ 239,11 R$ 289,40 R$ 332,81 R$ 463,30 R$ 707,60 R$ 180,10 R$ 231,36 R$ 283,03 R$ 304,25 R$ 322,75 R$ 369,09 R$ 446,71 R$ 513,71 R$ 715,60 R$ 1091,64 Valores por Usuário REEMBOLSO EM ATÉ 30% DA ANUIDADE DO CREA DE 2009 103 MIL MÉDICOS COOPERADOS 3.596 HOSPITAIS CREDENCIADOS AO SISTEMA UNIMED UNIMED FAMÍLIA (Benefício em favor dos dependentes em caso de morte do titular durante 5 anos no plano inscrito). Cobertura válida somente para o Plano Nacional. BENEFÍCIO INCLUSO UNIMED FARMÁCIA (Desconto até 29,27% sobre o preço máximo ao consumidor (PMC) para os remédios que constam da lista de medicamentos negociada, com receita médica. Para os demais medicamentos não constantes da lista, desconto de 12% sobre o (PMC) na Rede Drogasmil). BENEFÍCIO INCLUSO SOS UNIMED (Atendimento médico domiciliar, pré-hospitalar, nos casos de urgência e emergência, remoção hospitalar através de UTI móvel). R$ UNIMED DENTAL 6,50 (Assistência odontológica especializada em consultórios particulares credenciados em todo Brasil). R$ 17,90 TRANSPORTE AEROMÉDICO (Transporte de pacientes em aeronaves, com recursos técnicos e profissionais próprios, de um centro médico hospitalar para outro com melhores recursos de atendimento, em todo o Brasil). R$ 5,50 SOS VIAGEM (Cobertura em viagem fora do território nacional para ocorrências: como assistência médica por lesão ou doença; assistencia jurídica e financeira e antecipações de recursos). R$ 2,50 Faça a sua adesão: 2158-0580 RIO Contrato coletivo de prestação de serviços médicos hospitalares celebrado entre o Unni Clube de Benefícios e a Unimed Rio em convênio com o CREA-RJ - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. f ••• Conceito de Tecnologia (volumes 1 e 2). Autor: Álvaro Vieira Pinto Editora: Contraponto É fato raro, no mundo editorial, que livros fundamentais de autores importantes permaneçam inéditos por muitos anos. Foi auspicioso receber a notícia de que a mais extensa obra de Álvaro Vieira Pinto (1909-1987) havia sido recém-descoberta, na forma de 1.410 laudas datilografadas em máquina de escrever, minuciosamente corrigidas a mão. O tema não poderia ser mais atual – o conceito de tecnologia. Por que um filósofo resolveu estudar tão extensamente esse assunto? Vieira Pinto poderia responder que o processo de hominização apresenta dois aspectos: a aquisição, pela nossa espécie, da capacidade de projetar e a conformação de um ser social, condição necessária para que se possa produzir o que foi projetado. E a técnica é inerente a esse processo. Os profissionais registrados no Crea-RJ têm um desconto de 30% sobre o preço de capa (R$ 70,00 cada volume) na compra na editora. Contatos: (21) 2544-0206 / 2215-6148 / [email protected] MANUAL DO REGULAMENTO DE CONSTRUÇÕES E EDIFICAÇÕES DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO CANAGÉ VILHENA DA SILVA Arquiteto e Urbanista 1ª Edição EDITORA AURIVERDE ••• Manual do Regulamento de Construções e Edificações Autor: Canagé Vilhena Editora: Auriverde O Manual é um guia prático para o uso adequado da legislação urbanística do Município do Rio de Janeiro exigida para a elaboração dos projetos a serem aprovados para concessão da licença de construção. Para cada tipo de edificação, este Manual apresenta o passo a passo, seguindo artigo por artigo as diversas normas que compõem o Código de Obras do Município do Rio de Janeiro. Trata-se de uma ferramenta indispensável para resolver a difícil tarefa de consultar a colcha de retalhos que caracteriza o conjunto das normas de controle do uso e ocupação do solo, que há mais de 30 anos vem sendo produzidas pela Prefeitura do Rio sem consolidação. Esta obra vai permitir a socialização do conhecimento desta legislação, que ainda é considerada como uma verdadeira “caixa preta”, só accessível para alguns poucos especialistas. O preço de capa é R$ 50,00 (cinqüenta reais) com desconto de dez por cento (R$ 45,00) para profissionais em dia e estudantes. Contatos: 3970-6703 / 3395-3047 / [email protected] ••• Sustainable Development For Engineers – A Handbook and Resource Guide Coordenador da Edição: Karel Mulder Edição Original: Greenleaf Publishing, 2006 Livro de referência para ensino de sustentabilidade para engenheiros e técnicos em geral, este livro examina as principais ferramentas, habilidades e técnicas que podem e devem ser utilizadas em projetos industriais de qualquer natureza, de modo a assegurar que os custos e impactos socioambientais sejam considerados em todas as fases do processo de inovação tecnológica. O Prof. Karel Mulder, autor e coordenador da edição, é Catedrático da Universidade Delft, Holanda e membro do SDPromo, projeto da União Européia para educação em desenvolvimento sustentável. Este livro foi escrito como resultado de um projeto conjunto da Delft University of Technology (DUT) e da Universitat Politecnica de Catalunya (UPC). A edição em Português será lançada pela WGB Editora em agosto/2008. Os profissionais e estudantes registrados no Crea-RJ que queiram adquirir o livro com 30% de desconto deverão se cadastrar junto à editora, pelo e-mail [email protected] f VI Engep, em Macaé Mostra Internacional de Arquitetura O Encontro de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo (VI Engep) acontece em Macaé, entre os dias 18 e 22 de agosto. No evento, serão apresentadas as mais novas tendências tecnológicas e linhas de pesquisa do setor no mundo. O VI Engep vai oferecer minicursos, mesas redondas e palestras com diversos especialistas. Segundo a coordenadora do curso de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo do Lenep, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Marília Inês Mendes Barbosa, serão oferecidos 16 cursos, em áreas como geologia, geofísica e geoquímica. Mais informações: [email protected] O arquiteto Roberto Loeb será o curador da participação oficial brasileira na 11ª Mostra Internacional de Arquitetura de Veneza 2008, que acontece entre os dias 14 de setembro e 23 de novembro de 2008, em Veneza, Itália. A maior e mais importante exposição de arquitetura do mundo tem como tema, nesta edição, Out There: Architecture Beyond Building (lá fora: arquitetura além da construção). O objetivo é discutir o papel de uma arquitetura que ultrapasse a idéia de construção e que seja realmente ligada às questões centrais da nossa sociedade. A participação oficial brasileira na Mostra será organizada pela Fundação Bienal de São Paulo. A mostra no pavilhão brasileiro irá contar com depoimentos de cerca de cem pessoas, todos não arquitetos. Serão relatos que buscam refletir a intimidade do entrevistado no espaço público ou privado que descreve na conversa. A proposta é que surja dessa coleção de depoimentos a imagem que cada cidadão tem da arquitetura, dos espaços vividos, de suas aspirações, sonhos, experiências, memórias e expectativas. Crea-RJ inaugura Postos de Relacionamento Durante os meses de julho e agosto, estão sendo inaugurados novos quatro postos de relacionamento do Crea-RJ. Nas novas unidades, os profissionais terão acesso aos serviços que são oferecidos na sede e nas Inspetorias do Conselho, como emissão de certidões de registros e atribuições dos profissionais, protocolos a registros de empresas e profissionais, Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), entre outros. O Posto de Relacionamento de Madureira, por exemplo, inaugurado em 23 de julho, vai atender com mais agilidade aos profissionais que moram ou desenvolvem atividades naquele bairro e outros adjacentes. “Como Madureira é um bairro centralizado, o Posto de Relacionamento do Crea-RJ vai facilitar a vida dos profissionais. Ago- ra, só vou levar dez minutos para resolver os meus problemas. Parabéns ao Crea-RJ!”, afirmou o técnico em eletrotécnica José Porto, que esteve presente na solenidade. Nos postos, será feita a distribuição de material institucional e os profissionais e empresas também poderão obter orientações e informações. A inauguração dos novos postos de relacionamento marca o processo de descentralização do Crea-RJ e o estabelecimento de uma série de procedimentos administrativos para melhorar a prestação de serviços do Conselho aos profissionais, empresas e sociedade. OS NOVOS POSTOS • Posto de Relacionamento de Madureira Inaugurado em 23 de julho. Estrada da Portela, 99 sala 903 Shopping Polo I - Madureira • Posto de Relacionamento de Piratininga Inaugurado em 30 de julho de 2008 Estrada Francisco da Cruz Nunes nº 5.422 sala 135 - Shopping Condomínio Barravento - Piratininga • Posto de Relacionamento de São João de Meriti Inaugurado em 12 de agosto de 2008 Av. Automóvel Clube nº 2384 - sala 303 - Shopping Rio Valle - Vilar dos Teles • Inspetoria de Santo Antonio de Pádua Inaugurado em 14 de agosto Praça Pereira Lima nº 63 Loja 17 Galeria Nogueira – Centro f APEFERJ completa 30 anos Fundada em 15 de Dezembro de 1978, a Associação Profissional dos Engenheiros Florestais do Estado do Rio de Janeiro (APEFERJ) celebrará seus 30 anos em dezembro, promovendo um evento que reunirá seus fundadores e presidentes. Nestes 30 anos de atuação, a APEFERJ teve papel decisivo no aprimoramento da formação dos engenheiros florestais e na abertura de novas oportunidades de trabalho, como o Mutirão Refloresta mento, o bem sucedido programa da Prefeitura do Rio de Janeiro, iniciado em 1988, e a fundação do Instituto Estadual de Florestas. Em 2008, a APEFERJ está atuando na revisão e aprimoramento dos procedimentos para serviços florestais no estado e na promoção do Fórum Florestal Fluminense, iniciativa regional do Diálogo Florestal para a Mata Atlântica, que reúne empresas, pesquisadores, órgãos públicos e organizações ambientalistas. Mais informações: www.apeferj.org.br Novo Banco de Empregos e oportunidades do Crea-RJ Relançado em fevereiro deste ano, o Novo Banco de Empregos e Oportunidades do Crea-RJ, uma parceria entre o Conselho e a empresa On Job, firmada através de processo de seleção pública, já possui mais de 400 vagas. Disponível no portal do Crea-RJ, o serviço é o unico que congrega apenas currículos e vagas para profissionais da área tecnológica e a procura tem crescido mês a mês. O banco possui ferramentas de exibição de fotos, vídeos, áudios e documentos para facilitar a apresentação do acervo técnico do profissional. As vagas e consulta aos currículos associados podem ser feitos gratuitamente pelas empresas e o serviço é gratuito para estudantes em busca de vagas de estágio. O Novo Banco de Empregos e Oportunidades do Crea-RJ já foi pauta do caderno Boa Chance de O Globo e já é reconhecido pelo mercado de recolocação como uma ferramenta inovadora e exclusiva. Acesse e conheça essa ferramenta que é feita apenas para profissioanis do Sistema. Prêmio David de Azambuja do Mérito Florestal A APEFERJ e a Câmara Especializada de Agronomia do CREA/RJ anunciaram o lançamento do Prêmio David de Azambuja do Mérito Florestal, visando reconhecer os esforços de pessoas e instituições em prol do desenvolvimento e promoção da engenharia florestal e da conservação da biodiversidade no estado. David de Azambuja foi um dos responsáveis pela implantação da profissão de engenheiro florestal no Brasil e mentor da criação de várias unidades de conservação no país, tendo sido diretor do Serviço Florestal Federal e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A entrega da primeira edição do prêmio ocorrerá em cerimônia a ser realizada no auditório do Crea-RJ, no dia 18 de setembro de 2008, às 18 horas. f Brasil terá 50 novos institutos de pesquisa O país vai ganhar 50 institutos nacionais de pesquisa em Ciência e Tecnologia. O objetivo é estimular o desenvolvimento científico em áreas consideradas estratégicas para o país, como biocombustíveis, agricultura, saúde, Amazônia e pesquisa nuclear e espacial. O anúncio foi feito pelo ministro da Ciência e Tecnologia, engenheiro Sérgio Rezende, na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O investimento do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com as agências de fomento, deve chegar a R$ 400 milhões. A previsão do Ministério é publicar o edital para seleção de propostas de criação dos institutos em agosto e colocá-los em funcionamento a partir de dezembro desse ano. Lei de Crimes Ambientais fica mais dura Um decreto foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva reduzindo o número de instâncias de recursos de multas por crimes ambientais: de quatro para duas instâncias. A previsão é de uma queda brusca no tempo de tramitação administrativa dos processos, que deverá cair de quatro anos para quatro meses, segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Pelo decreto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) passará a ter prerrogativa semelhante à da Receita Federal, ou seja, os bens apreendidos poderão ser leiloados. Com a mudança, os infratores terão penas mais duras. Para os que reincidirem em crimes ambientais estão previstas a cassação de licenças e multas pelo não cumprimento de embargos determinados por órgãos ambientais. Prêmio de Inovação e Criatividade Tecnológica Como parte do projeto 75 Anos do Sistema Confea/Crea e Mútua, o Confea lançou o primeiro Prêmio de Inovação e Criatividade Tecnológica. O objetivo é incentivar a cultura da criatividade e da inovação e promover o desenvolvimento sustentável. O prêmio vai contemplar duas modalidades de participação: trabalhos de pesquisa e desenvolvimento em dissertações de mestrado, teses de doutorado ou pós-doutorado e pesquisas de criação, materializados em produtos patenteados ou patenteáveis, apresentados em forma de projeto. Os trabalhos selecionados foram enquadrados em uma das grandes áreas tecnológicas (engenharia, arquitetura e agronomia). A premiação será entregue durante a 65ª Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (SOEAA), que acontece em Brasília, em dezembro de 2008. O prêmio para os primeiros colocados de cada categoria será a participação em evento internacional relacionado à profissão. f PROGREDIR Programa de Capacitação e Desenvolvimento dos Profissionais do Sistema Confea/Crea AGOSTO PALESTRA ••• MARKETING AMBIENTAL PEDRO LUIZ BARBOSA DOS SANTOS Engenheiro Florestal pós-graduado em Marketing. Dia: 19 de agosto Horário: 18h30 às 20h00. Local: Auditório do prédio Sede do Crea-RJ Informações: 21 2179 2087 – Progredir Inscrição Gratuita: portal do CreaRJ (Progredir) Ementas: www.crea-rj.org.br (Progredir) CURSOS ••• ••• ABRAÃO DAHIS Arquiteto, Master em Gerenciamento de Projetos Dias: 16, 23 e 30 de Agosto. Horário: 9h00 às 17h30 - Sábados Carga Horária: 24 horas/aula Local: Sala 1007 10. Andar do prédio Sede do Crea-RJ – Rua Buenos Aires, 40. INVESTIMENTO: R$ 180, 00,00 – VAGAS LIMITADAS. Identificador 1 – CPF do Participante Identificador 2 - 20080208 Informações: 21 2179 2087 – Progredir Forma de pagamentos, descontos e ementas: www.crea-rj.org.br (PROGREDIR) FÁTIMA MARIA NOGUEIRA DE SOUZA Engenheira Mecânica, Mestre em GESTÃO DE PROJETOS PESSOAIS INTRODUÇÃO AO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS Engenharia Ambiental, Especialista em Elementos Finitos. Dias: 25 a 29 de Agosto Horário: 18h30 às 22h00 Carga Horária: 20 horas/aula Local: Sala 1007 10. Andar do prédio Sede do Crea-RJ – Rua Buenos Aires, 40. INVESTIMENTO: R$ 150,00 – VAGAS LIMITADAS Identificador 1 – CPF do Participante Identificador 2 - 20080308 Informações: 21 2179 2087 – Progredir Forma de pagamentos, descontos e ementas: www.crea-rj.org.br (PROGREDIR) Descentralização Administrativa O Crea-RJ mais perto de você. Ao solicitar os serviços de Registro de Empresas, inclusão e exclusão de responsável ou quadro técnico e novo registro profissional, procure a Inspetoria mais próxima. Seu processo será deliberado de forma mais rápida na Coordenação Regional competente, sem necessidade de utilizar a sede do Conselho. Inspetorias distribuídas por Coordenações Regionais: Sul Norte Metropolitana Serrana Leste Angra dos Reis Barra do Piraí Paraty Resende Valença Volta Redonda Campos dos Goytacazes Itaocara Itaperuna Santo Antônio de Pádua Barra da Tijuca Campo Grande Duque de Caxias Ilha do Governador Miguel Pereira Nova Iguaçu Rio de Janeiro Cantagalo Nova Friburgo Petrópolis Teresópolis Três Rios Araruama Armação dos Búzios Cabo frio Macaé Rio das Ostras Leste Metropolitana Itaboraí Magé Maricá Niterói São Gonçalo Agilidade, acessibilidade e respeito ao profissional.