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Fev / Mar de 2014
ISSN 1517-8021
Um ciclo de
TRAGÉDIAS
Novas mortes provocadas pelas
chuvas, no fim do ano passado,
desafiam poder público a estancar sucessão de calamidades
causadas pelos temporais no
Rio de Janeiro, às vésperas de grandes eventos
internacionais.
Soluções apontadas pelo CREA-RJ
poderiam evitar tantos problemas.
EDITORIAL
Autovistoria predial:
pegou, mas nem tanto
A autovistoria predial já é uma realidade no município
do Rio de Janeiro. Em vigor desde junho do ano passado,
até o final de fevereiro apenas cerca de 3% dos 270 mil
imóveis que precisam passar por vistoria entregaram seus
laudos à Prefeitura. É muito pouco para uma cidade que
acumula tragédias envolvendo incêndios, desabamentos
de edifícios e outros problemas por falta de manutenção
predial preventiva. E isso nos faz acender ainda mais o
alerta quando, através dos próprios resultados dos laudos
apresentados, vimos que 54% das edificações precisam de
obras.
Essa baixa adesão à Autovistoria se dá por diversos motivos. O primeiro – e que fez a Prefeitura adiar o prazo de
entrega dos laudos até julho desse ano - é que ainda pairam muitas dúvidas na cabeça de síndicos, responsáveis
por imóveis e até mesmo no corpo técnico. A lei precisa
ser aperfeiçoada. Há questões que nem mesmo engenheiros e arquitetos estão entendendo ou preparados perfeitamente; imagine uma pessoa que não está habituada a
lidar com esse tipo de inspeção. Além disso, pesa no bolso;
é mais um gasto no orçamento. Muitos condomínios não
têm reserva em caixa e têm que cobrar cotas extras para o
pagamento da empresa ou profissionais contratados para
a inspeção predial, gerando insatisfação entre proprietários de imóveis.
O CREA-RJ realizou três seminários sobre o assunto –
recebendo mais de 1500 mil pessoas em sua sede, além da
transmissão ao vivo via web –, com palestras de especialistas sobre diversos aspectos da lei, como contratação de
profissionais e o que deve ser vistoriado, além de outros
detalhes, inclusive com esclarecimentos técnicos sobre
como elaborar o laudo. Após a terceira edição do evento,
realizada em 18/2, ainda vemos serem levantadas questões básicas.
A Prefeitura “democratizou” sua obrigação de fiscalizar
com os cidadãos do município. Mas para aceitarmos isso
precisamos ter certeza de que essa tarefa trará resultados
reais!
Há profissionais que não estão seguros para assinar o
laudo, atestando a segurança, por exemplo, da parte elétrica dos apartamentos e áreas comuns do prédio, se esta
não for a sua especialidade ou se ele não tiver acesso a todos os apartamentos. É preciso sim, que a lei se modifique,
que estipule que um corpo técnico ou que profissionais
devidamente habilitados vistoriem, cada qual com suas
capacidades e atribuições, as partes elétricas, de estrutura
e partes mecânicas, entre outras. A lei aponta detalhes
quanto aos itens da parte estrutural que devem ser vistoriados, como marquises, colunas e rachaduras, mas
nada fala das fundações dos edifícios. Na parte elétrica
não há quase nada especificado, apesar de estar entre as
principais causas de incêndios. Profissionais sem conhecimento adequado podem olhar as caixas de disjuntores e dizerem que está tudo ok, quando pode não estar.
Afinal, queremos ou não queremos a segurança da
cidade por intermédio da manutenção preventiva?
Continuaremos batendo na tecla de que é muito importante definir a especialização dos profissionais que
farão as inspeções nos imóveis, uma vez que, diferentemente de outras profissões, na área tecnológica ou engenharia não existe a figura do “engenheiro geral”.
Agostinho Guerreiro
Presidente do CREA-RJ
(www.crea-rj.org.br/blog-presidente)
sumário
REVISTA DO CREA-RJ Nº 96
Jan / Fev 2014
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CHUVAS: UM DRAMA SEM FIM?
Temporais continuam fazendo vítimas fatais. Soluções apontadas pelo
CREA-RJ em 2011 poderiam ter salvado muitas vidas
capa
07
INSTITUCIONAL
10
INSTITUCIONAL
12
13
INSTITUCIONAL
INSTITUCIONAL
PRÊMIO NIEMEYER
AUTOATENDIMENTO
GESPÚBLICA: OUTRA VITÓRIA
PQRIO: MAIS SUCESSO
Cerca de mil pessoas participaram da
3ª edição Prêmio Oscar Niemeyer, que
distinguiu trabalhos de 140 estudantes
Novas funcionalidades online garantem
atendimento mais moderno, ágil e
seguro
Conselho recebe Prêmio
GesPública Nível 3 (Alta)
CREA-RJ ganha Troféu Prata no Prêmio
Qualidade Rio em gestão
Presidente
Engenheiro Agrônomo
Agostinho Guerreiro
Diretoria
1º Vice-Presidente
Engenheiro Civil
Manoel Lapa e Silva
14
2º Vice-Presidente
Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho
Marlise de Matosinhos Vasconcellos
1ª Diretora-Administrativa
Engenheira Civil
Regina de Jesus Ramos Andrade
AUTOVISTORIA
2º Diretor-Administrativo
A NOVA LEI
Engenheiro Mecânico
CREA-RJ realiza seminários com
mais de 1500 pessoas para
debater como aplicar Lei da
Autovistoria
Oduvaldo Siqueira Arnaud
3º Diretor-Administrativo
Engenheiro Florestal
Glauber Marcio Sumar Pinheiro
1º Diretor-Financeiro
Engenheiro Mecânico
Jair José da Silva
2º Diretor-Financeiro
Engenheiro Civil
Jorge Nisenbaum
3ª Diretor-Financeiro
Engenheiro Metalúrgico e de Segurança do Trabalho
Rockfeller Maciel Peçanha
18
Comissão Editorial - CE
Coordenador
Engenheiro Eletricista-Industrial Eletrotécnica
e de Operação-Eletricidade
Alcebiades Fonseca
PERIMETRAL
Coordenador-Adjunto
Geógrafo
CIDADE
Sergio da Costa Velho
O trânsito no Rio de Janeiro
vai piorar ou melhorar com a
derrubada do elevado construído
há mais de 50 anos?
Membros
Engenheiro Metalúrgico e de Segurança do Trabalho
Rockfeller Maciel Peçanha
Técnico em Mecânica
Clenilson Silva de Paula
Engenheiro Mecânico
Jorge Saraiva da Rocha
Suplentes
Engenheira de Operação-Construção Civil,
Segurança do Trabalho e Técnica em Edificações
Teneuza Maria Cavalcanti Ferreira
22
Engenheiro Mecânico, de Segurança do Trabalho
e Técnico em Mecânica
Jaques Sherique
Engenheiro Eletricista
ENGENHÃO
José Chacon de Assis
QUAL A SAÍDA?
Jorge Paulo da Rocha
Técnico em Mecânica
Relatório final do CREA-RJ aponta
falhas no projeto da estrutura
metálica do estádio
Engenheira Eletricista-Eletrônica e
Técnica em Eletrotécnica
Ligia Pessoa de Azevedo
Engenheiro Eletricista-Eletrônica e Civil
Eloilton Soares Pereira de Souza
Engenheiro Mecânico, de Operação-Mecânica e
de Segurança do Trabalho
Evaldo Valladão Pereira
Assessoria de
Marketing e Comunicação
O 4G NA COPA
BRASIL PRECISARIA DE QUATRO VEZES MAIS INFRAESTRUTURA PARA
NOVA TECNOLOGIA ATINGIR META PREVISTA PARA O EVENTO
34
CORRIDA DOS ENGENHEIROS
CREA-RJ E SEAERJ ORGANIZAM “SÃO SILVESTRE” DA
ÁREA TECNOLÓGICA DO RIO DE JANEIRO
36
FISCALIZAÇÃO
SCANNERS PORTÁTEIS CONTRIBUEM PARA SUSTENTABILIDADE,
MODERNIZAÇÃO E AGILIDADE NA FISCALIZAÇÃO
41
Assessor Chefe Chico Junior
Assessora Maria Dolores Bahia
Editor Coryntho Baldez (MT. 25.489)
Reportagem Viviane Maia
Colaboradores Joceli Frias, Vera Monteiro,
Uallace Lima, Gustavo Leoni e Renata Idalgo
Estagiário: William de Assis
Reportagem Ex Libris: Raphaela Gentil
Projeto gráfico Paula Barrenne
Diagramação Oca Editora
Impressão Posigraf
Tiragem 125 mil exemplares
Publicidade: (21) 3232-4600
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Institucional
7
Homenagem e
reconhecimento
em noite histórica
CREA realiza cerimônia de entrega do III Prêmio Oscar Niemeyer
que, em edição recorde, com presença de cerca de mil participantes,
premiou mais de 140 estudantes
R
econhecimento profissional é o
sonho dos novos profissionais
que ingressam no mercado de trabalho. E 146 estudantes, de diversas
instituições de ensino do estado do
Rio de Janeiro, tiveram esse reconhecimento na terceira edição do Prêmio
Oscar Niemeyer, em cerimônia realizada no último dia 29 de novembro,
no hotel Rio Othon Palace, em Copacabana.
“Um prêmio como esse nos valoriza e incentiva, dando a certeza de
que estamos fazendo um bom trabalho e indo no caminho certo.”, afirma
Michele Mothe, estudante da UFRJ
premiada com sua tese de doutorado
sobre escoamento de óleos pesados
com ênfase em dispersões poliméricas
em reologias.
A premiação, promovida pelo
CREA-RJ, homenageia o saudoso
arquiteto Oscar Niemeyer, contemplando os melhores trabalhos de conclusão de curso universitário – graduação, mestrado e doutorado –, além
de trabalhos de tecnólogos e técnicos
de Nível Médio, nas áreas de Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, com o objetivo
de dar visibilidade a novos projetos e
abrir um maior diálogo entre os estudos técnicos e sua aplicação social.
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
A premiação que homenageou o saudoso arquiteto reuniu mais de mil pessoas no Rio Othon Palace
8
Institucional
Alunos da Gama Filho exibem troféu, com Agostinho
Guerreiro ao centro e o professor Sergio Gavazza à
direita.
Homenageados da Uerj e a diretora da Faculdade de
Engenharia, Maria Eugênia Gouveia, junto ao presidente
do CREA-RJ.
Homenageados do IME,
Eduardo S. Lima e o
ao centro.
teligência através da interação com
os centros de estudos. O CREA-RJ
torna pública essas pesquisas, trazendo-as para a realidade, a fim de que
deixem um legado positivo para a cidade”.
EMOÇÃO DE FAMÍLIA
Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia; Carlos Ricardo Niemeyer, diretor da
Fundação Oscar Niemeyer; Paulo Niemeyer, bisneto do homenageado; Eduardo de Sousa,
tenente-coronel do Instituto Militar de Engenharia (IME); Agostinho Guerreiro, presidente do
CREA-RJ; Franklin Coelho, secretário especial de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro; Vaciliki
Xigis Dorneles, capitã que representou o Arsenal da Marinha; e Vera Niemeyer, viúva do arquiteto.
CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA
A cerimônia de premiação emocionou os mais de mil convidados
presentes, entre eles reitores, diretores, orientadores, autoridades civis e
militares, premiados e seus familiares.
O presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, abriu a cerimônia e
ressaltou a importância da pesquisa
feita pelos premiados. “O trabalho
desses autores se torna a cada dia mais
importante para a sociedade, pois traz
uma enorme contribuição tecnológica para o país, capaz de promover
mudanças significativas para o nosso
futuro”, afirmou.
Compondo a mesa da solenidade, além do presidente do Conselho,
Agostinho Guerreiro, estavam Francis Bogossian, presidente do Clube
de Engenharia; Eduardo de Sousa,
tenente-coronel do Instituto Militar
de Engenharia (IME); Carlos Ricardo
Niemeyer, diretor da Fundação Oscar
Niemeyer; Franklin Dias Coelho,
“É fantástico ver o crescimento do prêmio” –
Franklin Coelho, secretário especial de Ciência e
Tecnologia do município
do Rio de Janeiro.
secretário especial de Ciência e Tecnologia do município do Rio de Janeiro; Vaciliki Xigis Dorneles, Capitã
de Mar e Guerra e diretora da Escola
Técnica do Arsenal da Marinha que
representou o Arsenal da Marinha;
Paulo Niemeyer, arquiteto e bisneto
do homenageado; e Vera Niemeyer,
viúva do arquiteto.
“É a terceira vez que participo do
evento e é fantástico ver o crescimento do prêmio”, comentou o secretário
Franklin Coelho, que complementou: “A iniciativa do CREA vem ao
encontro do trabalho que a Prefeitura tem feito, que é promover a in-
Vera Niemeyer se emocionou ao
lembrar da dedicação e do amor com
que o marido executava suas obras,
além de sua constante preocupação
social. “O Oscar nunca deixou de pensar nos problemas do Rio e este prêmio sintetiza o ideal de solidariedade
que defendia. Ele dizia que engenharia e arquitetura estavam interligadas
e o carinho dele pelos engenheiros era
notório”, ressaltou.
Já Carlos Ricardo Niemeyer, bisneto de Oscar, citou a paixão que o
bisavô empregava em sua profissão.
“Ele valorizava muito o saber técnico,
mas também incentivava o conhecimento humano, legado que nos deixou. O ensinamento que fica é que
devemos ser apaixonados por aquilo
que fazemos e aliarmos a razão com a
leveza e a beleza dos traços”, conclui.
Este ano o Prêmio Oscar Niemeyer bateu o recorde de indicações,
ratificando sua importância no meio
acadêmico do Estado. Foram selecionados 102 trabalhos, de 146 autores,
de 20 instituições de ensino, sendo 10
da rede privada e 10 da pública. Em
comparação a 2011, primeiro ano do
Prêmio, houve aumento de 26% no
número de trabalhos apresentados.
EDIÇÃO RECORDE
Esta edição também elevou o número de trabalhos entregues por uma
só instituição: a UFRJ, que indicou 22
Institucional
Homenageados da ETAN, Centro Universitário Geraldo Di Biase,
Unisuam, Instituto Federal Fluminense e Escola Técnica Rezende
Rammel, tendo ao centro a diretora da ETAM, Vaciliki Dornelles, e
Agostinho Guerreiro
trabalhos. Em seguida vieram o IME
(Instituto Militar de Engenharia),
com 13; a UFRRJ, com 10; a UERJ,
com 8; a UFF, com 7; a UFG, também
com 7; a UNIFOA, com 6; e a PUC,
com 5.
“Essa condecoração ajudará muito na minha carreira, me destaca no
mercado”, comenta Adão de Melo
Neto, estudante do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Defesa do IME, que foi premiado por sua
pesquisa ‘Mapeamento de Ambiente
Interno Semi Estruturado com Múltiplos Veículos utilizando Sensor Visual
Embarcado’.
É importante destacar também
que participaram pela primeira vez do
Prêmio a Universidade da Zona Oeste (Uezo) e duas instituições de nível
técnico: a Escola Estadual Rezende e
Rammel (ETRR) e a Escola Técnica
de Arsenal de Marinha (ETAM), o
que vem confirmar o apoio e reconhecimento do CREA-RJ também para
os estudantes de nível técnico.
“O prêmio é muito importante,
pois incentiva a pesquisa em todas
essas áreas. Para nós, estudantes,
abre portas e nos dá uma motivação
a mais para continuar na vida acadêmica”, afirma Ana Paula Azevedo de
Carvalho, tecnóloga da Uezo, premiada com um trabalho que apresenta
a substituição do metal na indústria
automobilística por sistemas poliméricos à base de poliamida e sebes.
Os autores contemplados receberam certificado e troféu, cujo design é
inspirado em uma das obras mais famosas de Oscar Niemeyer: o Museu
de Arte Contemporânea (MAC) de
Niterói. Já os orientadores e avaliadores receberam certificado e menção
honrosa. (Raphaela Gentil e William
de Assis)
Alunos da UFRJ agraciados e o diretor da Escola
Politécnica da UFRJ, Eduardo Serra, à direita de
Agostinho Guerreiro.
O prêmio, além de ser um incentivo ao estudante, pode lhe abrir novas portas
HOMENAGENS ESPECIAIS
Ao final do evento, o presidente
do CREA presenteou a Fundação
Oscar Niemeyer e também Vera
Niemeyer com dois troféus. Ele
agradeceu à viúva por sua contribuição para a realização do Prêmio: “Desde os primeiros passos, a
Vera esteve conosco e se esforçou
muito para tudo dar certo. Ela é
uma pessoa importantíssima para
esta celebração em memória do
nosso grande Niemeyer. Sem ela,
talvez tudo isto fosse impossível.
Agradeço a todos e tenho a certeza de que o mestre Oscar está
orgulhoso desta premiação”, concluiu.
O diretor financeiro do CREA, João
Araújo, entregou ao presidente
Agostinho um troféu do prêmio.
“Esse é o reconhecimento de toda
a equipe do CREA e das Instituições de ensino ao seu importante
trabalho frente ao nosso Conselho”, mencionou o diretor.
Agostinho exibe o troféu
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
com o Tenente Coronel
presidente do Conselho
9
Institucional
10
O CREA-RJ
mais perto de você
Novas funcionalidades online garantem atendimento
mais moderno, ágil e seguro a profissional e empresas
E
conomia de tempo - evitando deslocamentos até o Conselho, dando mais tranqüilidade ao profissional,
agilidade e velocidade no atendimento – é o objetivo principal dos novos
Serviços Online, que já estão no ar, no
Portal do CREA-RJ. Agora, profissionais e empresas podem emitir taxas de
certidão e incorporação, multas e diferenças de ART sem precisar se deslocar até a sede do Conselho”, afirma o
presidente do CREA-RJ, Agostinho
Guerreiro.
As novas funcionalidades vão
ajudar os profissionais e empresas a
emitirem, online, os formulários das
certidões, já com o número de protocolo e com a guia de recolhimento.
“Através desse serviço, o profissional e
empresa acessam o portal do CREA-RJ e obtêm a documentação que precisa. Ele imprime o formulário, efetua
o pagamento da guia e só comparece
ao Crea para dar entrada. Não perde
mais tempo para obter o formulário,
a guia de recolhimento e o número de
protocolo”, disse a Gerente de Registro e Acervo Técnico (GRAT), Cynthia Attié.
“
MENOS BUROCRACIA
Segundo a Gerente de Acervo
Técnico, as novas funcionalidades
irão reduzir as demandas presenciais,
Institucional
net; considerando ainda as diferenças
de ART, taxas e multas, chegaremos
a um número em torno de 2 a 3 mil
guias emitidas emitidas diretamente
pelo portal (www.crea-rj.org.br) por
mês, que antes teriam que ser solicitadas diretamente nas unidades de relacionamento, disse a gerente.
Em junho de 2013 foi instituído
um Grupo de Trabalho pelo presidente
do CREA-RJ formado por integrantes
das gerências de Registro e Acervo
Técnico, de Atendimento e de Apoio
aos Colegiados, pelas coordenações
de Documentação e de Tecnologia
de Informação; e pelas assessorias de
Planejamento e Desenvolvimento e
de Marketing e Comunicação para
desenvolver um sistema totalmente
virtual no Conselho, com vistas à eliminação do processo físico. Essas novas funcionalidades disponibilizadas
fazem parte de um processo maior de
avanço tecnológico para o nosso público.
“Até março de 2014, a cada 15
dias está prevista a liberação de uma
nova funcionalidade On-Line para os
profissionais e empresas”, informa a
Gerente.
UM SALTO TECNOLÓGICO
Para o Presidente do CREA-RJ,
Agostinho Guerreiro, a implantação
do Sistema é um marco quase revolucionário do uso da Internet no
CREA-RJ e, quem sabe, futuramente no Sistema Confea/Creas. “Estamos evoluindo muito. É um grande
salto tecnológico que o Crea do Rio
de Janeiro está dando. Para o profissional, é uma mudança de qualidade
no atendimento; para as empresas,
nem se fala, porque, gradualmente,
vamos permitir que serviços que hoje
demoram dias e semanas sejam feitos em curto espaço de tempo. É um
grande salto de qualidade. E os nossos servidores do Atendimento terão
uma grande melhoria de qualidade
no seu trabalho interno, que impacta nas demais áreas do Conselho; é
bom para todos. O aprimoramento
desta ferramenta maravilhosa, que é o
nosso Portal, nos conduzirá ao mundo virtual que é o futuro inevitável
das organizações”, disse.
(Chico Júnior)
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
não só no Atendimento, mas em vários departamentos do Conselho,
como a fiscalização, o cadastro e o
acervo técnico, que ficam liberados de
atender o profissional para emitir, por
exemplo, uma diferença de ART. Este
Sistema visa desonerar estas áreas. “Só
de requerimento de certidão são cerca
de 700 por mês, ou seja, 700 pedidos
que poderão ser efetuados pela inter-
11
12
Institucional
CREA-RJ recebe Prêmio
GesPública Nível 3 (Alta)
Agostinho comemora a conquista de
mais um prêmio pelo CREA-RJ, ao
lado de Luiz Bergamini, coordenador
do núcleo do Gespública do Rio de
Janeiro
O
CREA-RJ recebeu em dezembro o certificado do Prêmio
GesPública Rio de Janeiro classificação 3 (alta). Este nível mostra o grau
de amadurecimento que a instituição alcançou rumo à excelência do
atendimento como serviço público.
O Prêmio faz o reconhecimento de
órgãos públicos que executam programas de avanço, modernização e
melhoria da gestão pública para melhorar seu atendimento.
Ao longo de três anos o CREA-RJ
vem seguindo critérios estipulados
pelo Programa de Gestão Pública,
que são alinhados com a Fundação
Nacional da Qualidade (FNQ). Durante esse período, o Conselho vem
recebendo o reconhecimento pelos
seus bons serviços através de certificados anuais emitidos pelo núcleo
de GesPública do Rio de Janeiro.
O CREA-RJ já tinha conquistado o
GesPública 2 e 3.
“É emocionante receber esse
prêmio de Nível 3 (alta). Mostra que
estamos levando o programa a sério e
enfrentando os problemas. Coragem
e ousadia nos levaram a esse patamar
cada vez mais elevado. Só tenho a
agradecer a equipe que se empenha
a cada ano para nos trazer até aqui.”,
comemora Agostinho Guerreiro,
presidente do CREA-RJ.
“Coragem e ousadia
nos levaram a esse patamar elevado”
– Agostinho Guerreiro
SERVIÇOS MELHORES
A equipe do Comitê Gestor do
GesPública explica que o encurtamento do tempo de espera no atendimento ao público, a rápida resposta
às reclamações e a melhoria na recepção do servidor e suas solicitações
são alguns dos critérios avaliados pelos auditores externos do programa
que levaram o Conselho a conquistar
mais esse prêmio.
“Estamos mostrando ao nosso
público e ao governo nossa disposição em melhorar o serviço prestado
à sociedade”, diz Márcia Tavares, coordenadora do Comitê de Gestão.
A participação no prêmio é voluntária. O CREA-RJ é um dos poucos que aderiu e o único que tem o
Prêmio GesPública Nível 3 (Alta).
Todo e qualquer órgão público
que queira obter tal certificação precisa fazer sua adesão junto ao Programa GesPública, do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão
do Governo Federal.
“O CREA-RJ tem feito o dever de
casa muito bem feito. Em nível nacional, é o Conselho que está mais bem
qualificado no prêmio. Essa brilhante
performance da atual administração
do CREA-RJ mostra o comprometimento com a gestão pública brasileira”, comenta Luiz Bergamini, coordenador do núcleo de GesPública
do Rio de Janeiro.(Renata Idalgo)
Institucional
13
CREA-RJ RATIFICA Categoria Prata
na premiação do PQRio
P
Equipe do CREA-RJ que participou da solenidade, com Agostinho, ao centro, com o Certificado e o
Prêmio nas mãos.
“O CREA-RJ é benchmark
em todo o país, não só
na Gestão da Qualidade,
mas também em diversas
outras áreas”
– Luiz Bergamini
oportunidade para elogiar o Conselho do Rio de Janeiro, lembrando
que ele é referência para os outros
Creas do Brasil. “O CREA-RJ é benchmark em todo o país, não só na
Gestão da Qualidade, mas também
em diversas outras áreas”, disse.
Além de receber a premiação
para o CREA-RJ, o presidente Agostinho Guerreiro fez a entrega de troféus a outros concorrentes.
A PREMIAÇÃO
O Prêmio Qualidade Rio é uma
iniciativa que tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento do
potencial econômico do Estado do
Rio de Janeiro, através da modernização e capacitação tecnológica das suas
organizações e promover mudanças
capazes de levar o Rio de Janeiro a
uma posição de destaque no cenário
nacional e internacional com relação
à competitividade, qualidade e produtividade.
A premiação reconhece as organizações privadas e públicas fluminenses, que demonstram esforços efetivos rumo à excelência do seu modelo
de gestão. São as seguintes categorias
de premiação, num total de 500 pontos: Diploma Prêmio Qualidade Rio
Menção Honrosa; Diploma Prêmio
Qualidade Rio Categorias Bronze,
Prata e Ouro; Medalha e Certificado
Prêmio Qualidade Rio; e Troféu Prêmio Qualidade Rio.
O sistema de avaliação adota
como base os Critérios de Excelência
do Prêmio Nacional da Qualidade,
com itens que abordam de forma integrada e harmônica os principais aspectos do desempenho competitivo,
tais como: liderança da alta administração, desempenho relativo aos clientes, gerenciamento de um sistema de
informações e de processos, desenvolvimento de recursos humanos e otimização dos custos. (Viviane Maia)
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
elo segundo ano consecutivo, o
CREA-RJ recebeu o Troféu e o
Diploma Prêmio Qualidade Rio na
Categoria Prata. A cerimônia, realizada no dia 18 dezembro, ocorreu
no Salão da Caixa Cultural, no Centro do Rio de Janeiro e contou com
a presença do secretário de Estado
de Energia, Logística e Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio
de Janeiro, Marcelo Vertis, que abriu
o evento.
Vertis parabenizou todos os ganhadores, salientando a importância
das práticas da Gestão da Qualidade para a normatização de técnicas
e produtos para o desenvolvimento
econômico do Rio de Janeiro. “O
Rio tem apresentado uma taxa de
crescimento maior que a do Brasil,
de um modo geral. E a Gestão da
Qualidade, através do PQRio, tem
se mostrado fundamental para isso,
pois mostra o compromisso do Estado em atrair empresas e fornecedores de grande porte, alavancando a
competitividade.
Serão 200 bilhões de dólares de
investimentos, nos próximos 5 anos”,
afirma o secretário.
O presidente Agostinho Guerreiro recebeu pelo CREA--RJ o Troféu
e o Diploma Prêmio na Categoria
Prata das mãos do Coordenador
Executivo PQRio, Luiz Bergamini.
Agostinho agradeceu muito a oportunidade, afirmando que a premiação é uma honra e uma forma de fazer crescer a qualidade da gestão. “O
PQRio é importante para o Crea porque demonstra que o que realizamos
é reconhecido como um trabalho de
qualidade, uma gestão séria, moderna, ágil e feito em equipe. O trabalho
que desenvolvemos é uma ferramenta para servir à sociedade”, resaltou.
Luiz Bergamini aproveitou a
14
Institucional
Autovistoria:
dúvidas ainda preocupam
CREA-RJ realizou seminários sobre Lei de Autovistoria.
Mais de 1500 pessoas participaram dos três encontros;
principais envolvidos ainda não se sentem seguros para
cumprir corretamente a nova lei.
André Cyriaco / Tempo Real
Deborah O’Dena Mendonça, presidente da Abadi; Roberto Damasceno, Diretor Geral de Serviços
Técnicos do Corpo de Bombeiros; Pedro Paulo Teixeira, Secretário-Chefe da Casa Civil da Prefeitura
do Rio de Janeiro; Agostinho Guerreiro, presidente do CREA-RJ; Mozart Filho, analista de Normalização da ABNT; Alexandre Correa, vice-presidente de condomínios do Secovi-Rio; e Geisa Guedes,
gerente geral da Ademi.
O
CREA-RJ realizou, nos últimos
dias 3 de dezembro, 28 de janeiro e 18 de fevereiro, o I, II e III
Seminários de Lei de Autovistoria
e Elaboração do Laudo Técnico de
Vistoria Predial (LTVP). Os eventos
foram realizados em auditórios da
sede do Conselho, no Centro do Rio
e contou com a presença de mais de
1500 pessoas, além de ter sido transmitido ao vivo pela WebTv da instituição para milhares de pessoas.
Gratuitos, os seminários tiveram
como objetivo esclarecer ainda mais
engenheiros, síndicos e demais interessados sobre os detalhes da Lei da
Autovistoria, que está em vigor no
município do Rio de Janeiro desde
julho de 2013 e teve o prazo de entrega dos laudos estendido para 1º de
julho deste ano.
“Ainda pairam dúvidas. A lei é
muito nova, precisa ser aperfeiçoada. Tem questões que nem mesmo
o pessoal técnico está entendendo
perfeitamente; imagine uma pessoa
Institucional
15
André Cyriaco / Tempo Real
Mais de 1500 pessoas, entre profissionais, síndicos e interessados em geral prestigiaram o evento
Técnicos do Corpo de Bombeiros do
Estado.
Durante o segundo evento, Silvio Coelho informou que, de acordo
com levantamento da Prefeitura, desde que a Lei da Autovistoria entrou
em vigor, até a véspera do seminário,
5.719 edificações haviam entregues
seus laudos, ou seja, pouco mais de
2% do total de cerca de 270 mil imóveis que devem ser vistoriados. Deste total, 1.622 emissões foram feitas
só no mês de janeiro, dobrando o
quantitativo de novembro de 2013.
Em levantamento posterior, a Revista do CREA-RJ constatou que, até às
10h50 do dia 13/2, 7.268 autovistorias tinham sido comunicadas à Prefeitura. Dessas, 46% das edificações
estão em conformidade e o restante,
54%, necessita de obras.
“Uma das razões para se prorrogar o prazo foi a falta de entendimento dessa legislação. Toda iniciativa
no sentido de levar mais explicação
e solucionar problemas de aplicação
da lei não só é valida como é muito
desejada”, afirmou Silvio Coelho,
que elogiou a iniciativa do Conselho
ao dizer que “os seminários do Crea
são super importantes e definitivos
para o sucesso dessa lei”.
De acordo com o secretário Pedro Paulo Teixeira, “os representantes dos imóveis não estão deixando
para fazer a vistoria em cima da hora
por falta de informação, pois síndicos e proprietários estão atentos à
Lei, mas ainda têm muitas dúvidas,
principalmente com relação ao preço
para o serviço”.
“Os condôminos tendem a optar pelo orçamento mais barato, mas
esses preços fora do padrão de mercado podem gerar laudos de baixa
qualidade. O barato sai caro e com
esses preços lá em baixo a segurança
que a lei pretende dar aos imóveis do
município pode não ser alcançada”,
alerta Agostinho Guerreiro.
Marcelo Borges, Diretor Jurídico da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi),
presente no II Seminário, também
levanta a bandeira da preocupação
com preços versus qualidade do lau-
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
que não está habituada a lidar com
esse tipo de assunto”, comenta o
presidente do CREA-RJ, Agostinho
Guerreiro, mencionando síndicos e
responsáveis por imóveis.
Autoridades e especialistas da
área imobiliária e de engenharia
participaram dos encontros. Agostinho Guerreiro presidiu a mesa. Em
dezembro, a mesa foi composta também pelo Secretário-chefe da Casa
Civil do Município, Pedro Paulo Teixeira; pela presidente da Associação
Brasileira das Administradoras de
Imóveis (Abadi), Deborah O’Dena
Mendonça; pelo vice-presidente de
condomínios do Secovi-Rio, Alexandre Correa; pela gerente geral da Associação de Dirigentes de Empresas
do Mercado Imobiliário (Ademi),
Geisa Guedes; pelo coronel PM Roberto Damasceno, Diretor Geral de
Serviços Técnicos do Corpo de Bombeiros; e por Mozart Filho, analista
de Normalização da ABNT.
Já em janeiro, além do presidente Agostinho Guerreiro, compuseram a mesa membros de entidades
representativas do mercado imobiliário, como o diretor jurídico da Abadi, Marcelo Borges; a gerente do departamento jurídico do Secovi-Rio,
Solange Santos; o diretor técnico
da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), Eugênio Guilherme Tolstoy, e o 2º vice-presidente da
Ademi, Claudio Hermolin.
Representando entidades governamentais, também estiveram
presentes neste segundo encontro
o chefe da Coordenadoria Geral de
Fiscalização de Manutenção Predial
da Secretária Municipal de Urbanismo, Silvio Henrique Coelho; além
do coronel Roberto Fontenelle Damasceno, diretor geral de Serviços
16
Institucional
André Cyriaco / Tempo Real
André Cyriaco / Tempo Real
Chefe da Casa Civil do município explica como será a fiscalização no Rio de Janeiro
Alexandre Correa - lei de 1964 já prevê
manutenção conservação das edificações
do elaborado. Ele acredita que a aplicação prática da lei começa a pecar a
partir da ausência de um modelo de
laudo que deveria ser seguido pelos
profissionais.
“Cada um [profissional] tem feito do jeito que quer. E, infelizmente,
isso tem sido norteado pelo preço
que o condomínio está disposto a pagar. Quem quer um laudo qualitativo
contratará um engenheiro ou arquiteto que, efetivamente, lhe dará o
preço em razão do trabalho robusto
que será feito. Agora, se esse síndico
quiser um laudo apenas para cumprir a legislação, o preço a ser pago
vai ser proporcional à baixa qualidade do trabalho realizado. E isso é um
pecado”, alerta Borges.
Tanto o secretário Pedro Paulo
quanto o presidente Agostinho concordam que quanto maior for a divulgação da lei, mais rápido os resultados da Autovistoria serão alcançados.
Além de divulgar o tema em seus
próprios jornais e revistas, o CREA-RJ tem uma importante ferramenta,
que é a “Cartilha Autovistoria: Prevenção agora é lei”. E foi baseado
nesse material que representantes
da Casa Civil e da Secretaria Municipal de Urbanismo, do CREA-RJ, do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio (CAU-RJ), do Instituto de
Engenharia Legal (IEL) e entidades
ligadas aos síndicos, condomínios e
construtoras, como o Sindicato de
Habitação do Rio (Secovi-Rio), decidiram elaborar uma cartilha única
sobre a Lei da Autovistoria.
“Juntamos todas as cartilhas criadas pelas entidades participantes desse processo em uma só. Assim o cidadão terá uma visão completa de quais
são os aspectos necessários para ser
feita uma boa autovistoria”, comenta
o secretário Pedro Paulo.
A cartilha está disponibilizada,
por enquanto, apenas por meio digital, nos sites da Secretaria Municipal
de Urbanismo e do Secovi-Rio.
A cartilha do CREA-RJ está no
Portal do Conselho (www.crea-rj.
org.br/publicacao/cartilhas-emanuais/).
Informação para todos
Durante as palestras, os convidados explicaram o papel que cabe
a seus órgãos diante da nova lei. O
coronel Roberto Fontenelle, do Corpo de Bombeiros, presente nos três
encontros, afirmou que a corporação
está engajada nessa causa, destacando que eventos como esses são de
extrema relevância. “Essas iniciativas são importantes, pois ainda há
bastante dúvida sobre o que fazer e
como fazer. As concessionárias Cedae, Light e CEG se uniram a nós e já
estamos orientando os profissionais
desses órgãos para a realização da
vistoria nas áreas de fornecimento de
água, luz e gás”, contou o representante dos Bombeiros.
No Seminário de dezembro,
Pedro Buzatto Costa, da ABNT, ressaltou a importância do processo de
normatização para que a Autovistoria seja uma ferramenta importante
na conservação do imóvel. “A ABNT
já possui normas que garantem a manutenção predial, mas criamos uma
comissão de estudo e inspeção para
complementar essas normas já existentes”, revela Buzatto.
A comissão mencionada pelo
analista da ABNT foi formada em
abril de 2013 especialmente para
analisar e adequar a NBR5674 - Manutenção de edificações: Requisitos
para sistema de gestão de manutenção, à lei de Autovistoria, se for
o caso, já que nesta norma havia lacunas quanto à avaliação técnica da
manutenção e conservação dos edifícios, bem como quanto à segurança
e aspectos de risco aos usuários e ao
Institucional
patrimônio.
A presidente da Abadi, Deborah
O’Dena, também reforçou a importância da Autovistoria. “A lei veio nos
respaldar e dar subsídios a fim de
mantermos nosso propósito de manutenção preventiva”. Segundo ela,
o papel das administradoras é levar
aos condomínios essa cultura de prevenção, com foco na otimização de
recursos para a manutenção predial,
permitindo assim a valorização do
patrimônio.
O Diretor Jurídico da Abadi,
Marcelo Borges, complementou a
opinião da presidente da Abadi, afirmando que é importante o síndico
ser parceiro do profissional contratado, na hora de realizar a vistoria. “É
importante que o engenheiro ou arquiteto entre nos apartamentos para
realizar um laudo de qualidade e o
síndico, se quiser ter uma chancela
de que seu condomínio está seguro,
deve facilitar esse acesso junto aos
condôminos”.
Já Alexandre Correa, vice-presidente de condomínios do Secovi-Rio, lembrou que a manutenção e
conservação das edificações constam
como uma das principais obrigações
dos síndicos e responsáveis pelos
imóveis na lei federal 4591/64. “Embora a obrigatoriedade existisse há
muito tempo, efetivamente ela não
era implementada, fosse pela questão
orçamentária, ou por outro fator que
identificamos, que é o proprietário
achar que pode fazer qualquer tipo
de obra em seu apartamento sem dar
explicações ao condomínio, o que é
errado”, enfatiza Alexandre.
O representante do Secovi lembra que o desabamento de dois prédios da Rua 13 de Maio, na Cinelândia, no ano passado, se deu por causa
de uma obra irregular em um deles
e que essa tragédia levou a sociedade a cobrar que algo fosse feito com
relação à fiscalização e manutenção
predial.
“Muitos profissionais
ainda estão preocupados com a responsabilidade de assinatura de
um laudo como esse.
Temos vários pontos
que ainda não foram
suficientemente esclarecidos” - Agostinho
Guerreiro
Durante os três seminários foi
realizado também um painel técnico
sobre Legislação versus Responsabilidades. Elinei Winston Silva, engenheiro industrial, mecânico e de
segurança do trabalho; Marcus Possi,
engenheiro eletricista e de eletrotécnica; e Manoel Lapa e José Schipper,
engenheiros civis; e Jaques Sherique,
17
engenheiro mecânico e de segurança
do trabalho, falaram sobre como suas
especialidades se encaixam na Autovistoria e são primordiais nas inspeções prediais em edificações, para o
bom cumprimento da Lei.
Ao final dos eventos houve debates, quando os membros da mesa
responderam as dúvidas da plateia.
“Muitos profissionais ainda estão
preocupados com a responsabilidade
de assinatura de um laudo como esse.
Temos vários pontos que ainda não
foram suficientemente esclarecidos”,
conta Agostinho Guerreiro. Ele ressalta a importância de se definir, na
Lei, a necessidade de especialização
dos profissionais que farão as inspeções em cada parte dos imóveis, uma
vez que, diferentemente da área médica, na engenharia não existe engenheiro geral. “Na medicina existe o
clínico geral, mas na engenharia há
sempre um engenheiro especializado
em algum setor. O correto é a parceria de profissionais de diferentes áreas realizando as vistorias, ou então, o
profissional contratado tem que ser
um grande conhecedor, praticamente um especialista, em pelo menos
três áreas: civil, elétrica e mecânica,
que são as principais fontes de acidentes; destacadamente na questão
da parte elétrica, que tem sido a origem de tantos incêndios”, finaliza o
presidente do CREA-RJ. (Raphaela
Gentil)
Durante o ano de 2013, o CREA-RJ, por
meio de seu Programa de Capacitação
e Desenvolvimento Profissional – PROGREDIR, desenvolveu em sua sede e em
inspetorias do interior do estado, diversos cursos e palestras gratuitas ligados
à engenharia elétrica. Foram 22 cursos,
com média de 25 participantes por turma, de acordo com o limite determinado pelo instrutor, pois a demanda era
maior. Nas palestras, o número de participantes ultrapassou as 150 vagas.
Em parceria com a Ecthos Consultoria e Desenvolvimento, essas ações foram realizadas
na sede, no centro do Rio, e nas cidades de
Campos dos Goytaquases, Itaocara, Niterói e
Volta Redonda, tendo como instrutor o engenheiro eletricista Marcus Possi, com apoio
de tutoria online dos engenheiros eletricistas Rogério Maurer, Gabriel Cardozo e Igor
Cavalheiro Nobre.
Segundo Marcus Possi, o treinamento
abordou vários aspectos, entre eles legislação, técnicas de inspeção, relatórios de não conformidades, análise de
documentação, e também oportunidades e estruturas de composição de
preços para maior valia e cobrança dos
laudos, a serem produzidos e emitidos
em conformidade à Lei de Autovistoria.
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
TREINAMENTO TAMBÉM PARA O INTERIOR
18
Cidades
A Perimetral está
sendo derrubada.
E agora?
Demolição do viaduto construído há mais de 50 anos
provoca polêmica. O sistema viário da cidade ficará
mais comprometido do que já está?
Implosão Perimetral | Fernando Frazão / Agência Brasil
P
arte da Perimetral já foi implodida, contrariando a opinião de
especialistas que defendiam a sua
permanência. No último dia 24 de
novembro, em cinco segundos, um
trecho de pouco mais de um quilômetro entre a Avenida Professor
Pereira Reis e a Rua Silvino Montenegro, na Zona Portuária, foi ao
chão. Ao todo, 1.200 kg de dinamite
implodiram as pilastras que sustentavam a via.
Construída há mais de cinquenta anos, a Perimetral seguia do Caju
até o Aeroporto Santos Dumont e
cumpria um papel importante no
sistema viário da cidade, ligando as
zonas Norte e Sul sem que os motoristas precisassem passar pelo centro. A demolição faz parte do proje-
to Porto Maravilha, de revitalização
da Zona Portuária. Até 2015, um
túnel vai substituir a Perimetral. A
Avenida Rodrigues Alves será uma
via expressa, sem sinais ou pontos
de ônibus.
DEMOLIÇÃO DESNECESSÁRIA?
“Imaginar que o Porto Maravilha tem a ver com a Perimetral é
Cidades
ESTUDO ANTIGO
De acordo com a Cedurp, a explicação para a retirada do Elevado ultrapassa razões estéticas, pois
segue uma moderna concepção de
mobilidade. Estudos técnicos comprovam que a remoção da Perimetral é fundamental para melhorar o
trânsito na região.
“Juntamente com a Secretaria
de Obras e a Rio Urbe, estamos
estudando a retirada da Perimetral
há mais de dois anos. Essa solução
viária sobre viadutos é uma solução
fadada ao fracasso. O Rio de Janeiro,
lá atrás, foi uma cidade pensada mais
para os carros do que para pessoas”,
argumenta Alberto Gomes Silva,
presidente da Cedurp, que complementa: “O Porto Maravilha vai trazer um adensamento da região. Nos
“Não existe qualquer estudo técnico realmente
consistente sobre a mobilidade urbana na região” – Sebastião Soares
próximos 10, 15 anos vamos ter 100
mil pessoas morando naquela área.
Boa parte dessas pessoas poderão
trabalhar no centro sem ter a necessidade de perder horas e horas de
engarrafamento no trajeto trabalho-casa.”
Para a Cedurp, a decisão de
substituir viadutos deste porte não
é ideia exótica ou sem fundamentação. A Pesquisa Vida e Morte das
Autovias Urbanas, do Institute for
Transportation & Development Policy (ITDP), apurou que dezessete
cidades dos Estados Unidos, Europa
e países asiáticos já substituíram seus
divulgação
Alberto Silva, presidente da Companhia de
Desenvolvimento Urbano da Região do Porto
do Rio de Janeiro.
grandes viadutos. “A proposta de remover a Perimetral trará um novo
conceito de locomoção, centrado
nas pessoas e na sustentabilidade
ambiental, privilegiando o transporte público, a integração entre os
meios de transporte, as ciclovias e as
áreas de circulação, garantindo mais
fluidez ao trânsito e o desenvolvimento da região”, informa o site.
Mais uma vez o engenheiro Marcio Fortes discorda. Ele acredita que,
pelo contrário, o caos no trânsito da
região pode aumentar. “A fluidez do
tráfego não pode ser medida apenas
pela largura e disponibilidade de
vias. Se elas são expressas ou não é
a grande diferença. Criaram-se ruas
com a mesma capacidade de tráfego
sem levar em conta a fluidez desse
trânsito. Certamente não conseguirão substituir a fluidez da Perimetral”, analisa o conselheiro do Clube
de Engenharia.
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
forçar um pouco a barra. O Porto
Maravilha é a otimização do espaço
à beira d’água, do cais, do píer, do
bairro do antigo Porto. Uma coisa
bem diferente é mexer com o sistema de mobilidade dessa importância e dimensão”, diz Marcio Fortes,
engenheiro civil especialista em planejamento urbano e conselheiro do
Clube de Engenharia, que foi contra
a derrubada do elevado.
A prefeitura, por meio do site
da Companhia de Desenvolvimento
Urbano da Região do Porto do Rio
de Janeiro (Cdurp), afirma que “a
perspectiva de remover o Elevado
da Perimetral, chave do novo sistema viário do Porto Maravilha, acaba
com a imagem de passagem da Região Portuária. O viaduto contribuiu
para a degradação da área, dos patrimônios público e privado, e para
o esvaziamento da região, que tem
a menor densidade populacional do
município. A retomada do interesse
pelo entorno, com a substituição do
elevado, abre caminho para o resgate do patrimônio histórico e arqueológico da área e da qualidade de vida
dos moradores.”
Marcio Fortes, no entanto, acredita que essas questões vão muito
além. “A Perimetral era feia, essa é
a primeira grande questão. E isso é
subjetivo. O projeto urbanístico, de
engenharia, foi decidido com uma
visão apenas parcial, da melhoria da
estética. Houve também uma avaliação distorcida dos terrenos a serem
utilizados. Não é porque se tirou o
elevado que a área vai ficar mais ou
menos valorizada. Os armazéns do
cais do porto já estavam sendo utilizados há alguns anos para eventos,
mesmo com a Perimetral por lá. A
meu ver, essa decisão foi desnecessária para a valorização da área”, comenta o engenheiro.
19
20
Cidades
TRÂNSITO PIORA
Paulo Cezar Ribeiro, Professor
de Engenharia de Transportes da
Coppe/UFRJ, também questiona
outro ponto importante: “Se a via
em substituição à Perimetral só vai
estar pronta para uso em 2016, por
que derrubar o elevado agora? Isso
só provoca mais congestionamento
em outras vias, como no Túnel Rebouças, no Túnel Santa Bárbara, na
Ponte Rio-Niterói e na Linha Amarela. O trânsito na cidade aumentou
em mais de 20%”, afirma.
Há uma corrente de engenheiros que acredita que a zona portuária poderia ter sido revitalizada com
a manutenção da Perimetral. O conselheiro do Clube de Engenharia Sebastião Soares reforça esse time. Ele
acha que, para tal, bastaria melhorar
as faixas de rolamento da Avenida
Rodrigues Alves, recuperar e manter – por meio de limpeza, pintura e
segurança – os pilares, vigas e calçadas na parte de baixo do elevado. “A
revitalização do cais propriamente
dita poderia ser feita ampliando o
terminal de passageiros mediante,
por exemplo, o aproveitamento dos
armazéns mais próximos à Praça
Mauá. Os demais, inclusive os mais
próximos à Rodoviária, poderiam
ser recuperados e aproveitados para
outras atividades, como lazer e atrações turísticas, salas para manifestações culturais, restaurantes, pontos
Se a via em substituição
à Perimetral só vai estar
pronta em 2016, por que
derrubar o elevado agora?” – Paulo Cezar Ribeiro, professor da Coppe/
UFRJ
de encontro etc. Tudo como já foi
feito em outros lugares, como em Belém, aqui mesmo no Brasil, bem como
em Lisboa e Barcelona e em Nova Iorque”, destaca o engenheiro.
PROJETO MISTERIOSO
Especialistas em mobilidade urbana, como o professor de Engenharia
de Transportes da Coppe/UFRJ e o
conselheiro do Clube de Engenharia, relatam que os estudos e projetos que envolvem a retirada da Perimetral e a revitalização da área do
entorno não foram divulgados para
a comunidade técnica.
“É tudo meio nebuloso, meio
secreto. Por quê?”, questiona Paulo
Cezar. O professor da Coppe complementa: “Queremos opinar, ajudar, mas nada foi discutido com a
gente. Chamei a Cedurp para discutir o projeto na universidade [UFRJ],
onde não temos interesses políticos
ou financeiros, mas eles nos ignoraram. Disseram apenas que estava
tudo resolvido. No site tem um trabalho esquemático, mas queremos
conhecer os detalhes.”
Sebastião Soares também reclama da falta de transparência dos
estudos que a prefeitura diz ter realizado. “Não existe qualquer estudo
técnico realmente consistente sobre
a mobilidade urbana na região. O
que conhecemos, e vêm sendo divulgadas, são abordagens superficiais,
numericamente conflitantes e tecni-
PREFEITURA APOSTA NO VLT
O projeto da prefeitura prevê uma cara
nova para a região do Porto. Ruas no entorno da rodoviária, como a Via Binário,
foram abertas para fazer a ligação entre
os bairros da Saúde, Gamboa e Santo
Cristo, além de se interligarem com a
Avenida Francisco Bicalho. O projeto
prevê ainda que 17 quilômetros de ciclovias e novas ruas sejam abertos para passagem exclusiva de pedestres. A ideia é
incentivar a construção de residências
próximas ao local de trabalho, abrindo nova perspectiva de deslocamento,
como uso de bicicletas e travessias a pé.
O grande elemento inovador fica por conta da
criação de um novo sistema viário, o Veículo
Leve sobre Trilhos (VLT). Com 30 quilômetros
de vias, o VLT irá circular pelo centro da cidade,
passando pelo Aeroporto Santos Dumont, Praça XV, Carioca, Central, ruas do Saara, Rodoviária, Santo Cristo, Praça Mauá, entre outros pontos. Está prevista a construção de 46 estações.
O VLT será integrado com os principais modais
de transporte (ônibus, teleférico do Morro da
Providência, trens, metrô, barcas e aeroporto),
com previsão de diminuição do número de
carros e ônibus no Centro.
“O VLT permite a racionalização do transporte
público que chega ao centro da cidade, melhora a qualidade e aumenta a capacidade
do transporte público. Sem dizer que diminui
a quantidade de ônibus circulando por ali. É
uma outra lógica de mobilidade urbana”, afirma o presidente da Cedurp.
Para substituir a Perimetral, a via Binário do
Porto já começa a cumprir esse papel. Além
dela, haverá a Via Expressa, que ligará o Mergulhão da Praça XV à Avenida Brasil e à Ponte
Rio-Niterói. Uma parte dela contará com um
túnel que vai da Rodrigues Alves, na altura
do Armazém 6, até a Praça Mauá. De acordo
com a Cedurp, a via terá um número maior de
Segundo o presidente da Cedurp, dos dois anos em que se estudou a retirada da Perimetral, pelo
menos um ano foi dedicado a viabilizar a retirada desse gigante de concreto e suas vigas de aço nobre. E,
de acordo com Alberto Gomes Silva, todas as possibilidades de reutilização foram consideradas. Porém,
quando se pensa em alternativas de
reuso desse material, diz que é importante levar em conta a logística
e a armazenagem, de um lado, e o
transporte, de outro.
“Recebemos diversos pedidos
de outros municípios querendo as
vigas como doação. Nós concedemos, mas o custo para a retirada
desse material da Rodrigues Alves
seria deles. No entanto, quando eles
perceberam o tamanho do custo de
logística e transporte, desistiram.
Não é algo simples, nem barato”, diz
o presidente.
Ele afirma ainda que uma das
soluções apontada pelo CREA-RJ,
que seria utilizá-las no elevado do
Joá, em São Conrado, também foi
analisada, porém descartada. “O
custo para retirar e transportar esse
material seria muito maior em relação à solução que já estava apontada
para o Joá.”
Sendo assim, o primeiro lote
das vigas que foram ao chão com a
implosão de novembro foi leiloado.
A Metral Empresas de Transportes
Ltda arrematou o lote de 384 vigas
– 9180 toneladas - por R$ 520 a tonelada, rendendo um total de R$
4,7 milhões aos cofres da prefeitura.
Segundo a Cdurp, o valor final superou em 62,5% o mínimo previsto no
edital, de R$ 320 por tonelada.
Esses valores, no entanto, foram
bastante polêmicos, uma vez que
cada viga de 40 metros de comprimento e suas 20 toneladas poderia
custar R$ 250 mil, já prontas para
uso. Se essas primeiras 384 vigas que
foram retiradas fossem vendidas a
esse valor, renderiam aos cofres públicos R$ 96 milhões.
A Cedurp assegura que três peritos judiciais distintos fizeram uma
avaliação das vigas para que se chegasse ao valor estipulado no edital.
Já o caso das seis vigas que desapareceram continua sem solução.
Segundo as testemunhas, guindastes
foram usados para içar as vigas do
terreno e colocá-las em caminhões
que seguiram em direção à Avenida
Brasil. A polícia civil está à frente
das investigações.
A previsão é de que o novo Porto do Rio esteja pronto em 2016,
mas na medida em que as obras vão
sendo concluídas, a intenção é que
as vias e o novo sistema sejam entregues à população. O primeiro trecho
do VLT está previsto para entrar
em circulação no final de 2015 e a
segunda etapa em 2016. (Raphaela
Gentil).
faixas de rolamento do que hoje tem a Perimetral: subirá das oito atuais para 12 faixas.
Hoje, passam pela Perimetral 4 mil veículos
por hora. A nova Via Expressa terá capacidade
para 6 mil.
Já a Via Binário terá a função de fazer a conexão em todo o entorno do Porto, ligando os
bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo com
o Centro. A via ligará a Rua Primeiro de Março
à Rodoviária (no sentido Avenida Brasil/Ponte), com saídas para a distribuição interna do
trânsito. No sentido Centro, a via conecta o
Gasômetro à Praça Mauá.
Marcio Fortes, especialista em planejamento
urbano, prevê que os carros, ônibus e caminhões que utilizavam a Perimetral serão prejudicados com as mudanças.
“Agora é o tráfego que vai atrapalhar a utilização do espaço reurbanizado. Os veículos
existem e vão continuar existindo, até por
causa da política de governo em facilitar a
compra de veículos com a redução de IPI. O
VLT não substituirá o carro, pois ele não vai
ser utilizado pelo tráfego de passagem, mas
sim apenas para a necessidade da mobilidade pelo Centro. Vai ser muito útil, mas não vai
solucionar o problema que temos. Ele não
chega à Niterói ou à Baixada, por exemplo”,
questiona Marcio Fortes.
Paulo Cezar Ribeiro, professor da Coppe/UFRJ, acredita que, sem a Perimetral, a poluição sonora e visual vai
aumentar na região. “A poluição atmosférica talvez seja a mesma, mas a sonora
vai ser maior, pois não haverá barreiras
para impedir o som, como acontecia
com a Perimetral. O túnel é uma solução
interessante, mas na parte plana vai ficar complicado. Com certeza o nível de
poluição sonora vai aumentar consideravelmente”, prevê o engenheiro.
camente insustentáveis. Há um déficit de participação das populações
afetadas pelo empreendimento, de
suas organizações comunitárias e,
especialmente, de entidades técnicas independentes”, declara.
REAPROVEITAMENTO DO MATERIAL
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Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
Cidades
22
Institucional
“Caso” Engenhão:
exercício ilegal e falta de planejamento
Relatório final do CREA-RJ confirma indícios de erros no projeto da
cobertura metálica e recomenda processo ético contra responsáveis
técnicos. Depois de reparos, previsão é a liberação do estádio em 2015.
Estádio Olímpico João Havelange | foto: Wilson Dias / Agência Brasil
U
m dos principais palcos dos Jogos Olímpicos de 2016, o Estádio
Olímpico João Havelange (Engenhão)
foi interditado em março de 2013 pela
Prefeitura do Rio de Janeiro devido a
problemas em sua estrutura metálica.
Após quase um ano, a Comissão do
CREA-RJ instituída pelo presidente
Agostinho Guerreiro para apurar as
responsabilidades de profissionais do
Sistema no episódio concluiu o seu
relatório, feito com base em depoimentos de engenheiros envolvidos
no projeto, e integrantes da Comissão
Especial de Avaliação do Engenhão da
Prefeitura e do Consórcio Construtor.
A Comissão do Conselho recomendou a abertura de processo ético
contra os responsáveis técnicos dos
consórcios construtores e da empresa
responsável pela cobertura metálica,
além da análise da Assessoria Jurídica
sobre a situação do engenheiro português que atuou na verificação do
projeto, por falta de habilitação para
trabalhar no Brasil. O documento,
aprovado pelo Plenário do Conselho
e pela Câmara Especializada de Engenharia Civil, foi encaminhado à Comissão de Ética do CREA-RJ.
Institucional
23
não poderia ocorrer. O anel teria que ser fechado sem essa flexibilidade toda”, salientou.
De acordo com o relatório do Conselho, a construção da
cobertura metálica, iniciada em 2004, começou a ser feita pelo
consórcio formado pelas empresas Racional, Delta e Recoma.
Dois anos depois, por conta de divergências com a Prefeitura do
Rio de Janeiro da época, as partes envolvidas deixaram a obra,
sendo substituídas pelo Consórcio Engenhão, formado pelas
construtoras OAS e Odebrecht. A proximidade com os Jogos
Pan-Americanos apressou os trabalhos, motivo pelo qual a verificação de qualidade dos projetos não foi executada pelo novo
consórcio. Com o tempo, ficou constatada a falta de condições
de segurança devido a indícios de erros de projeto, a deformações excessivas dos arcos de suporte da cobertura no Arco Leste
e a barras com falta de resistência ou instáveis.
Ainda segundo o relatório, a empresa alemã SBP realizou,
a pedido do Consórcio Engenhão, um novo ensaio em túnel de
vento e estudos em modelos de análise estrutural, concluindo
que a cobertura estava suportando um peso excessivo em relação à sua capacidade, afetando a estabilidade entre os arcos.
Ciente da gravidade do problema, o prefeito Eduardo Paes decidiu interditar o estádio em março de 2013 e criar uma Comissão
Especial para avaliar os laudos existentes. A mesma comissão
deu o seguinte parecer à época: “As estruturas dos arcos e tirantes e as treliças da cobertura do Estádio Engenhão apresentam
não-conformidades de projeto com reflexos já visíveis sobre o
estado da estrutura, pelo que os níveis de confiabilidade estrutural prescritos pela norma NBR-8800/08 não são atendidos”.
INTERDIÇÃO PELA PREFEITURA
A cobertura teve um erro conceitual, de acordo com o engenheiro civil Nelson Szilard, integrante
da Comissão Especial de Avaliação
do Engenhão da Prefeitura, que foi
ouvido pela Comissão do CREA-RJ:
“O projeto não é bom. Faltam 40 cm
de espessura em um arco e ambos os
arcos se fecharam para dentro, o que
No relatório do CREA-RJ, além de todos os dados levantados pela Comissão de conselheiros instituída pela atual gestão,
um fato chama a atenção: o perigo, desde 2007, a que foram
submetidos os usuários do estádio por conta da deformação do
Arco Leste. Membro da Comissão Especial de Avaliação do Engenhão formada pela Prefeitura, o engenheiro civil Sebastião
Andrade alertou para o fato: “Ao avaliar as medições quando da
inauguração, a cobertura já estava 70 cm fora do local esperado.
Apesar da estabilização mais adiante, este deslocamento aconteceu no Pan. As pessoas que foram ao estádio corriam risco com
a estrutura”.
O laudo dos alemães, base para a decisão de interditar o
Engenhão, tem mais de 600 páginas.
Em entrevista à Revista do CREA-RJ, Andrade acrescentou
que todos os riscos possíveis na estrutura foram calculados pelo
estudo e que a velocidade dos ventos não predominou na interdição: “Eles fizeram diversas simulações computacionais do
comportamento da cobertura e com diferentes modelos de aná-
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
RISCO NO PAN
24
Institucional
Flávia Mendes / Tempo Real
“O consórcio deve,
agora, preparar um
laudo técnico com as
alterações que pretende realizar e as medidas de segurança
para a parte metálica”
– José Schipper
O engenheiro José Schipper foi indicado para coordenar a Comissão.
lise estrutural e estudos de sensibilidade a fenômenos de instabilidade
dos arcos, pendurais, tirantes, tesouras e joists [peça da estrutura]. Uma
análise mais abrangente concluiu
que a ação do vento não foi a principal causa que atuou na cobertura.
Os carregamentos de peso-próprio
foram as maiores interferências”.
As instabilidades dos elementos
comprimidos da estrutura passaram
a ser potenciais problemas causadores de danos, que poderiam levar à
queda da cobertura. “Entre os arcos
Leste e Oeste estão 223 metros de
vão e cargas de compressão da ordem de 1.400 toneladas, que passam
a funcionar com deslocamentos laterais da ordem de 1.200 milímetros
(medidos). Eles sofrem tensões adicionais que reduzem drasticamente
as margens de confiabilidade estrutural e passam a apresentar probabilidades de ruína inaceitáveis. As
diversas barras com flambagem e/ou
deformações excessivas e também os
travamentos ineficientes contribuem
para o risco de queda da cobertura”,
disse Sebastião.
LAUDO E EXERCÍCIO ILEGAL
Apesar do pouco tempo de uso –
o Engenhão tem menos de sete anos
—, a estrutura metálica do estádio já
está danificada, de acordo com o coordenador da Comissão do CREA-RJ,
engenheiro civil José Schipper. “Os
arcos estão inclinados e não tinham
condições de suportarem o peso da
cobertura. Chamamos as construtoras para um posicionamento e uma
das soluções estudadas para contornar o problema seria a construção de
dois pilares de cada lado, estaiando
a estrutura. O consórcio deve agora
preparar um laudo técnico, com as
alterações que pretende realizar e
novas medidas de segurança para a
parte metálica. Infelizmente tudo foi
feito às pressas”, argumentou.
O relatório final da Comissão de
Conselheiros do CREA-RJ verificou
que uma série de irregularidades foi
cometida por alguns engenheiros ao
longo do processo de construção da
estrutura metálica do Engenhão. Coordenador adjunto da Comissão do
CREA-RJ, o engenheiro civil Manoel
Lapa e Silva falou sobre a eventual
responsabilização dos profissionais
do Sistema: “Notamos vários erros
nas fases de projeto e de execução
do estádio, o que contribuiu para a
sua interdição. A comissão ouviu os
projetistas, o consórcio e a Prefeitura.
Colhemos os depoimentos e encaminhamos para a comissão feita pelo
plenário e o presidente do Conselho,
além de enviarmos o relatório para a
Câmara de Engenharia Civil – já que
grande parte dos profissionais eram
engenheiros civis – e para a Comissão de Ética. A partir da análise desses dados, sairá o resultado das responsabilidades”.
PUNIÇÃO
A situação mais delicada é a do
engenheiro civil português, verificador do projeto da estrutura metálica.
O profissional teria atuado de forma
irregular, de acordo com o coordenador da Comissão: “Tentamos entrar
em contato com ele, mas não conseguimos agendar. O profissional
estava ciente do risco em assumir a
obra. Constatamos que não há nenhuma Anotação de Responsabilida-
Institucional
25
Flávia Mendes / Tempo Real
“Por conta da deformação do Arco
Leste, os usuários
do Engenhão foram submetidos a
riscos desde 2007”
– Sebastião Andrade;
O engenheiro Sebastião Andrade integrou a Comissão Especial de Avaliação do Engenhão
constituída pela Prefeitura.
de Técnica (ART) dele. O Plenário do
CREA-RJ decidiu que se encaminhasse o caso à Câmara de Engenharia Civil e que lá se analisassem as medidas
legais contra o engenheiro por exercício ilegal da profissão”, disse Schipper.
Além da punição ao engenheiro
português, a recomendação do relatório é a de abertura de processo
ético contra os responsáveis técnicos
da empresa que projetou a cobertura
metálica e os responsáveis técnicos
dos dois consórcios construtores. O
estudo do Conselho considerou que
a solução para a estrutura metálica
adotada pelo projetista era inadequada, que faltou avaliação de projeto do
segundo consórcio e que este assumiu
eventuais erros na obra. O relatório
também apontou indícios de falha de
execução na montagem.
MUDANÇA DRÁSTICA
Quanto aos Jogos Olímpicos
de 2016, Schipper informou que o
consórcio garantiu que modificará
a estrutura e entregará o estádio em
condições de atender à população:
“É certo que a cobertura sofrerá mudanças drásticas. Segundo o consórcio, o estádio será entregue em 2015
com as alterações realizadas e apto
para as Olimpíadas. A comissão do
CREA-RJ vai continuar acompanhando os esforços da Prefeitura do Rio e
do consórcio para solucionar este problema”.
O presidente Agostinho Guerreiro acrescentou que o papel do Conselho tem que ser exercido criteriosamente, e foi por isso que a Comissão
precisou de todo esse tempo e trabalho.
(William de Assis)
O pouco tempo para a entrega do Engenhão para os Jogos Pan-Americanos de
2007 – seis meses antes a cobertura metálica ainda não estava pronta e o período restante era considerado insuficiente
para o fim da obra – infelizmente não é
o único caso em que o ditado “a pressa
é inimiga da perfeição” ganha contornos
literais em obras deste porte no Brasil.
Mais recentemente, em novembro de
2013, um mês antes do prazo final da
FIFA para a entrega visando a Copa do Mundo
de 2014, o Estádio Itaquerão, em São Paulo, foi
palco de um trágico acidente, que matou dois
operários. A causa foi a queda do maior guindaste em operação no país, com 114 metros.
Coincidência ou não, o guindaste, que tombou
sobre uma área do prédio leste e sobre a fachada em LED, era responsável por içar o último
módulo da estrutura da cobertura metálica do
estádio.
As duas situações chamam a atenção pelo fato
de as obras chegarem à etapa final poucos meses antes do início dos eventos
esportivos. Como apurado pelo CREA-RJ,
no Engenhão não houve um estudo de
projeto da cobertura por parte do segundo consórcio após o primeiro romper o
contrato com a Prefeitura. Já em Itaquera, o caso segue em apuração.
O novo prazo de entrega do Itaquerão –
caso não ocorram mais contratempos –
está marcado para abril.
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
ENGENHÃO E ITAQUERÃO: O MESMO ROTEIRO DE PLANEJAMENTO FALHO E PRESSA
26
Capa
Chuvas:
um drama sem fim?
Temporais continuam fazendo vítimas fatais e deixando
milhares de desabrigados no Rio de Janeiro. Soluções
propostas pelo CREA-RJ em 2011 poderiam ter salvado
pessoas e evitado o caos.
V
ocê provavelmente já deve ter
tido algum problema causado
pelas chuvas de verão e o grande
volume d’água que castiga o Estado
do Rio, geralmente entre dezembro
e abril. Todo ano a cena se repete e
a pergunta também: o que foi feito
de um ano para o outro para evitar
alagamentos, deslizamentos de terra
e novas tragédias? Com a realização
dos megaeventos esportivos – a Copa
do Mundo deste ano e as Olimpíadas de 2016 – e o agravamento das
intempéries climáticas, como chuvas
fora da estação, cresce o temor de novas calamidades.
Em janeiro de 2011, na região
serrana do Rio de Janeiro, ocorreu
uma das piores tragédias climáticas
da história do país. Quase mil pessoas morreram e o número de famílias
desabrigadas passou dos 5 mil. O
governo do Estado prometeu, logo
após o dilúvio, entregar 6 mil casas
populares, mas até agora elas ainda
estão em processo de construção. É
o mesmo número de pessoas que ti-
Capa
desapropriamos ou que encontramos
desocupadas tiveram que receber
obras de infraestrutura para que se
tornassem seguras. Mas estamos garantindo, de forma definitiva, que as
pessoas vítimas da tragédia saiam das
áreas de risco e para ir morar em áreas em que, se por acaso houver chuva
de grande intensidade, elas estarão
protegidas.”
De acordo com o subsecretário,
está em andamento a construção de
“Se houver chuva forte,
novas tragédias podem
ocorrer porque as obras
vão demorar, são caras.
As mais baratas e emergenciais não foram feitas”
– Agostinho Guerreiro.
4.414 unidades habitacionais espalhadas em sete municípios da região
serrana: Areal, Bom Jardim, Friburgo,
Petrópolis, São Jose do Vale do Rio
Preto, Sumidouro e Teresópolis. Dessas, Fortuna garantiu que quase mil
unidades seriam entregues até o final
de dezembro e as outras em 2014.
TRABALHO EM CONJUNTO
Outros órgãos do governo estão
atuando para agilizar e facilitar o tra-
balho de reconstrução das cidades
atingidas. O Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de
Janeiro (DRM-RJ), por exemplo, mapeou as áreas de risco iminente, com
a intenção de formular mapas e relatórios que informem aos municípios
a localização e a situação das áreas de
risco em seus territórios.
“Mais de 400 áreas sujeitas a
deslizamentos foram catalogadas na
região serrana. Mas não conseguiremos fazer todas as obras de uma só
vez. São ações enormes, que demandam grandes projetos que, só para
elaboração, demoraram de 6 a 7 meses para ficar prontos. É preciso pensar em soluções com muito critério”,
comenta Fortuna.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), por sua vez, informa que
está trabalhando na região serrana
fazendo a limpeza, o desassoreamento e a contenção de margens dos rios
e córregos, a fim de reduzir os efeitos
das enchentes no entorno dos rios
afetados, proteger a infraestrutura
urbana e evitar a proliferação de doenças de veiculação hídrica.
De acordo com dados do site
do Inea, em Nova Friburgo o projeto de recuperação abrange parte da
bacia hidrográfica do Rio Bengalas
– formado pela confluência dos Rios
Santo Antônio e Cônego – que corta praticamente toda a cidade – e o
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
veram as suas moradias afetadas pelas chuvas de dezembro de 2013, de
acordo com cálculos dos municípios
atingidos. O temporal do fim do ano
passado também deixou um saldo de
cinco mortes.
O subsecretário extraordinário
da região serrana, José Beraldo Fortuna, diz que, desde 2011, o trabalho na região não parou um dia
sequer. “O governo agiu imediatamente. Acabada a fase dos primeiros
socorros, já entramos com obras de
contenção e não paramos até hoje”,
afirma. Segundo ele, o governo do
Estado tem atuado na região serrana
em três frentes distintas: recuperação
das encostas, onde já foram investidos mais de R$ 200 milhões em obras
já prontas e mais R$ 200 milhões em
outras em andamento; recuperação
de pontes – as Secretarias de Obras
e de Agricultura, em parceria, já reconstruíram mais de 60 pontes e outras 23 estão em fase de construção;
e a construção de moradias que, de
acordo com Fortuna, é a ação mais
importante do Governo. Ele credita
a demora em iniciar as obras a dois
fatores: burocracia e dificuldades
para encontrar terrenos seguros.
“O maior problema para iniciar
as obras para a construção de casas
foi a busca por terrenos. Não existem
boas áreas para se fazer construções
nessa região”, comenta Fortuna, que
complementa: “Todas as áreas que
27
28
Capa
Córrego d’Antas. Será necessário
dragar uma grande extensão desses
rios para rebaixamento do fundo do
leito e adequação da calha de escoamento. Será feito também um trabalho de proteção das margens e o Córrego d’Antas receberá, além disso,
a limpeza das margens e dragagem
para aprofundar a calha fluvial.
Em Petrópolis, os rios Cuiabá e
Carvão, que deságuam no Rio Santo
Antônio, foram os mais afetados pelas fortes chuvas de 2011 e, portanto,
são o alvo principal das obras de recuperação ambiental no município.
A intervenção começou pela contenção de suas margens. Também será
feita dragagem e adequação das calhas destes rios.
Já no município de Teresópolis, segundo o Inea, será contínuo o
trabalho que está sendo executado
nos rios Príncipe e Imbuí. Também
serão construídas barragens para o
amortecimento de cheias na região
do Campo Grande, cortada pelo Rio
Príncipe.
TAPANDO A “CHUVA” COM A PENEIRA
Pelo que se vê, o Governo do Estado está cheio de projetos, mas, de
acordo com o consultor de Meio Ambiente do CREA-RJ, Adacto Ottoni,
essas soluções não serão suficientes
para proteger as cidades da região
serrana das chuvas.
“Vejo com muita preocupação o
que o Inea está fazendo, que é alargar e canalizar rio, mas sem atacar a
origem do problema, a degradação
da bacia hidrográfica”, critica Ottoni.
Segundo ele, reflorestar a bacia seria
a melhor opção, pois as plantas são
capazes de segurar mais de 60% das
águas pluviais. “Não temos como controlar a chuva, mas a degradação da
bacia sim. Temos que priorizar o que
a natureza faz através de sua vegetação, que é reter e amortecer a água”,
O “piscinão” da Praça da Bandeira é um dos cinco reservatórios que a prefeitura do Rio está
afirma o consultor do CREA-RJ,
prevendo que as “intervenções que
estão sendo feitas não vão resolver
o problema, mas sim transferi-lo
adiante”.
Reflorestar totalmente as áreas devastadas, no entanto, não seria
possível, pois muitas delas já estão
habitadas. De acordo com o novo
Código Florestal, uma área de 30 metros (Áreas de Proteção Permanen-
tes - APP) – em beira de rios, topo
de morros e encostas – não pode
ser desmatada para evitar erosão,
deslizamentos e destruição de rios e
nascentes. No caso da Região Serrana, que ainda tenta se recuperar dos
estragos, de quem seria a responsabilidade?
“A responsabilidade constitucional pelo uso do solo é dos municípios, que não fiscalizaram e deixaram
Capa
29
Flávia Mendes / Tempo Real
construindo para tentar reduzir os alagamentos em alguns bairros da Zona Norte.
desmatar. Não adianta por a culpa na
pessoa que foi lá e construiu em uma
área dessas. Foi o único lugar que ele
achou para morar e ninguém foi tirá-lo de lá. Depois da catástrofe, o poder público quer tirar o corpo fora e
tapar o sol com a peneira”, argumenta o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro.
Ele também afirma que “é preciso, em primeiro lugar, cumprir
a lei que trata do assunto e, para
correções, promover o reflorestamento e garantir que elas permaneçam florestadas”. Para ele, a falta de
planejamento de muitos anos preparou a tragédia anunciada. “A causa
dessas tragédias é uma responsabilidade combinada do Estado e dos
Municípios. Há mais de 40 anos, vimos alertando sobre a necessidade
de fiscalização, de replantio de áreas,
mas ninguém nos deu ouvidos”.
O CREA-RJ apresentou aos governos municipais das cidades castigadas com as chuvas e ao governo
do Estado um relatório com algumas
medidas a curto, médio e longo prazo que poderiam solucionar o problema.
“Não fizeram quase nada do que
apresentamos, que eram soluções
para refazer a cobertura vegetal, que
não é uma coisa tão cara nessas regiões de alto de morro e margens de
rio, barragens. Mais uma vez, deram
preferência às grandes obras. Não
somos contra, mas sabemos que demoram a ser feitas, então se perdeu
muito tempo’, conta o presidente
do CREA-RJ. Segundo Agostinho
Guerreiro, houve um conjunto de situações, indicadores fortes de que a
região não está preparada para grandes chuvas. “Se houver uma chuva
forte, mesmo que não atinja aquela
pluviosidade ocorrida há dois anos,
nova tragédia pode ocorrer porque
as obras vão demorar, são caras. As
mais baratas e emergenciais não foram feitas”, conclui.
Adacto Ottoni, engenheiro civil
sanitarista e assessor de meio ambiente do CREA-RJ, que participa ativamente de reuniões sobre as ações a
serem feitas na Região Serrana, faz
coro com o presidente do Conselho.
Segundo ele, o governo do Estado
está indo na contramão da solução.
“Optaram por obras grandes que não
têm sustentabilidade ambiental e não
vão resolver o problema. Pelo contrário, só vão agravar as enchentes na
parte de baixo”.
Ottoni sugere algumas medidas:
“São intervenções de engenharia
para imitar a natureza, como construir pequenas barragens no topo do
rio, para evitar que a água desça rápido e não o faça transbordar; é tratar
da erosão do solo, ter uma rede de
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
SOLUÇÕES DESPREZADAS
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Capa
Flávia Mendes / Tempo Real
saneamento de lixo e esgoto, é um
controle sustentável fundamental
que não está sendo feito.”
PROBLEMAS CHEGAM AO MP
O Ministério Público também
está envolvido com os problemas
das cidades serranas do Estado. Foi
criado o Grupo de Trabalho (GT)
Desastres Naturais e Moradia com
o objetivo de, por meio de inquérito
civil público, verificar como vem funcionando a estrutura do sistema de
defesa civil de cada cidade. Procuradores da República têm conversado
com prefeitos buscando verificar se
os municípios detêm os instrumentos que a lei 12.608/12 de Política
Nacional de Proteção à Defesa Civil
prevê para prevenção de desastres
naturais, como, por exemplo, se há
um mapeamento de áreas de risco,
um plano de contingência, se o município realmente cumpriu com as
atribuições previstas em cada obra,
se vem tomando providências para
minimizar alguns fatores em áreas
de risco, se tem uma equipe de Defesa Civil estruturada, entre outras
questões.
“Verificamos que vários municípios precisam de adequações, seja no
plano de contingência ou até mesmo
junto às equipes de Defesa Civil. Alguns não possuem estrutura eficiente
de trabalho”, afirma a procuradora
da República Luciana Portal Gadelha, coordenadora do GT Desastres
Naturais e Moradia do Rio de Janeiro.
De acordo com a procuradora, a
questão da construção de novas casas
também está sendo tratada pelo Ministério Público. “Fizemos algumas
reuniões com a Secretaria de Obras
e a Subsecretaria Extraordinária da
Região Serrana para verificar a situação das moradias, pois de fato poucas foram entregues de 2011 para cá.
Eles argumentam com a dificuldade
Procuradora da República Luciana Portal Gadelha, coordenadora do GT de Desastres Naturais e
Moradia do Rio de Janeiro.
“Vários municípios precisam de adequações, seja
no plano de contingência ou até mesmo junto
às equipes de Defesa Civil” – Luciana Portal, Procuradora da República.
em localizar terrenos, a burocracia
por parte do Estado, problemas na
elaboração do projeto básico”, comenta Luciana Gadelha, informando
que reuniões com a Caixa Econômica Federal e o Tribunal de Contas
também foram realizadas para verificar a fonte do problema e a burocracia argumentada pelo Estado.
“Estamos verificando quais são
os problemas, se o Tribunal de Contas está burocratizando demais ou se
é falta de vontade política”, pondera
a procuradora.
Caso nada seja feito e soluções
não sejam apresentadas, o Ministério
Público pode punir o Governo do Estado. “Vamos ajuizar as medidas ju-
diciais cabíveis, seja ação civil pública
ou de improbidade administrativa,
mas vamos verificar que medidas
judiciais vamos adotar em relação a
essa questão”, conclui a procuradora.
PISCINÃO É SOLUÇÃO NO RIO?
A cidade do Rio de Janeiro também sofre com as chuvas de verão.
Tanto que a prefeitura está construindo cinco reservatórios subterrâneos,
os chamados “piscinões”, que irão
atender parte da Zona Norte da cidade. Localizados no Alto Grajaú, em
Vila Isabel (piscinão duplo com dois
reservatórios), Tijuca e Praça da Bandeira, eles funcionam do seguinte
modo: quando o nível dos rios sobe,
a água segue para o reservatório, evitando alagamentos. Os reservatórios
guardam temporariamente essa água
da chuva, que é bombeada de volta
aos rios, conforme o nível do leito vai
baixando.
As obras incluem a canalização
de um trecho de 361 metros do Rio
Trapicheiros, o desvio de parte do
Rio Maracanã e a construção de um
túnel extravasor no Rio Joana, que
passará a ter um deságue indepen-
Capa
31
Flávia Mendes / Tempo Real
Engenheiro civil e professor do IME, Francisco D’Almeida Diogo é especialista em drenagem urbana
dente na Baía de Guanabara. Hoje o
Joana desemboca no Canal do Mangue.
O reservatório da Praça da Bandeira, em construção, é o menor de
todos. Vai funcionar como um grande ralo, recebendo a drenagem do
entorno. O buraco tem 35 metros
de diâmetro e 23 de profundidade.
Já os dois reservatórios que ficarão
no terreno de um supermercado, na
Avenida Engenheiro Otacílio Negrão
de Lima, em Vila Isabel, terão capacidade para absorver 143 milhões de
“O maior problema para
iniciar as obras para a
construção de casas foi
a busca por terrenos” –
José Fortuna
litros de água ou 55 piscinas olímpicas. O objetivo é evitar o transbordamento do Rio Joana, em caso de
chuva forte.
Na Tijuca, o piscinão de 70 milhões de litros, localizado na Avenida
Heitor Beltrão, receberá o excesso
de água do Rio Trapicheiros. E outro reservatório ficará no Grajaú, na
divisa das ruas Marianópolis e Borda
do Mato, com capacidade para 50
milhões de litros. Ele receberá a água
que desce do Maciço da Tijuca através do Rio Jacó.
O engenheiro civil e professor
do Instituto Militar de Engenharia
(IME), Francisco D’Almeida Diogo,
acredita que os reservatórios irão
resolver no curto prazo a situação
de alagamentos dessa parte da Zona
Norte, enfatizando que a Praça da
Bandeira é o ponto crucial da cidade.
Ele, porém, aponta alguns problemas. “Acredito que vá solucionar o
problema, mas lembro que o custo
de manutenção é muito alto, seja da
limpeza ou da bomba. É uma obra
que, em relação ao uso pela sociedade, é restrita ao tempo. E o mais
importante é lembrar que, se não for
realizada a manutenção correta, os
reservatórios não funcionarão depois
em épocas de cheias e ainda trarão
problemas de ratos e mau cheiro no
entorno”, alerta o especialista em drenagem urbana. (Raphaela Gentil)
Em 1971 surgiu um projeto desenvolvido por técnicos, entre eles engenheiros
do Clube de Engenharia, para a construção do túnel extravasor. Esse túnel subterrâneo contemplaria as Zonas Norte e
Sul, abrangendo áreas do Horto, Jardim
Botânico, Lagoa e Gávea.
“A ideia do túnel extravasor é baseada
na retirada de água em uma velocidade compatível com o volume e a velocidade com que ela chega na região. O
traçado iria da região baixa da cidade
– Praça da Bandeira – em direção ao
costão da Niemeyer, desaguando no mar. Ele
funcionaria como um grande transportador
dessa água, em grande velocidade, sem fazer
com que ela se acumule, como é o caso dos
piscinões”, explica Agostinho Guerreiro.
Segundo o presidente do CREA-RJ, partes
dessa obra do túnel extravasor já foram realizadas, mas abandonadas. Para o engenheiro
civil Francisco D’Almeida Diogo, o motivo do
abandono do projeto pode ter sido a iminência de uma poluição do mar.
“Não sabemos de forma clara porque o projeto não foi à frente. A justificativa mais forte
é que ele jogaria toda a água suja das
chuvas diretamente no mar. Só que, do
ponto de vista sistêmico, teríamos que
pensar de outra forma, em fazer uma
gestão integrada com tratamento de
lixo e esgoto, e limpeza dos bueiros das
ruas”, acredita o especialista em drenagem, que conclui: “Com os reservatórios, o problema não será resolvido, uma
vez que essa água da chuva vai parar de
qualquer modo na Baia de Guanabara e
a poluição vai continuar”.
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
TÚNEL EXTRAVASOR: UM PROJETO ABANDONADO
32
Capa
CREA-RJ apresenta relatório técnico sobre a
situação de rios do Estado
considerados pontos críticos de enchentes
D
epois de realizar uma inspeção
– feita pelo presidente Agostinho Guerreiro, que já foi secretário
Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos e ex-presidente da Superintendência Estadual de Rios e
Lagoas (Serla), e o assessor de meio
ambiente do Conselho, engenheiro
sanitarista, Adacto Ottoni - em pontos críticos que sofreram enchentes
decorrentes das fortes chuvas ocorridas em dezembro de 2013, o CREA-RJ produziu um relatório em que faz
um diagnóstico preliminar sobre as
principais causas dessas enchentes,
além de uma avaliação do que vem
sendo feito pelas autoridades do Estado e dos municípios afetados.
“O CREA quer colaborar para
o aprimoramento das políticas públicas no controle de enchentes e
saneamento ambiental, beneficiando
a população e o meio ambiente em
toda a bacia hidrográfica drenante a
esses rios que transbordaram. Assim,
o objetivo do relatório é criar um
mecanismo para que as autoridades
possam tomar medidas rápidas, relativamente baratas, que são soluções
de curto prazo para evitar novas tragédias”, disse Agostinho Guerreiro,
durante a entrevista à imprensa
quando foi apresentado o relatório.
OBRAS SUSTENTÁVEIS
Um dos pontos destacados foi
que devem ser feitas obras que ataquem a causa do problema, como
intervenções para reter a água na bacia, fazendo saneamento de esgoto,
reflorestando as margens, construindo barragens de cheias e bacias de
detenção, aumentando a permeabilidade do solo. Quando houver canalização, que seja feita com sustentabilidade ambiental, com pelo menos
o reflorestamento das encostas, sempre que possível.
Deve-se também investir no saneamento de esgoto e na coleta permanente de lixo nos bairros e locais
ribeirinhos. Todas essas intervenções
– que atacam as causas das enchentes – são mais baratas do que as grandes canalizações e dragagens de rios
que costumam ser feitas pelo Poder
Público. Além disso, as propostas do
CREA-RJ corrigem com eficiência a
degradação das bacias hidrográficas
drenantes.
“Temos que implementar obras
de engenharia com sustentabilidade
ambiental. A canalização de um rio
não resolve enchentes. Pelo contrário, está agravando os problemas,
pois concentra a vazão d’ água nas
partes baixas e aumenta a magnitude
da inundação. Temos que fazer obras
que ataquem a causa do problema,
retendo água nos morros e encostas,
com reflorestamento, fazendo saneamento de esgoto, reflorestando as
margens, construindo barragens de
cheias e bacias de detenção, aumentando a permeabilidade do solo”, explica o engenheiro sanitarista Adacto
Ottoni.
Agostinho, ex-Secretário Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos e ex-presidente da Serla:
“Assoreamento dos rios é uma das causas das enchentes”
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Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
Capa
34
Capa
Na inspeção, foi possível observar problemas como o lixo acumulado nas margens dos rios.
O relatório foi encaminhado à
Prefeitura do Rio, ao Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (GAEMA) do Ministério Público
do Estado, ao Secretário de Meio
Ambiente do Estado e ao Presidente
do Instituto Estadual de Ambiente
(INEA/RJ), bem como aos prefeitos
de Queimados, Nova Iguaçu e Japeri,
na Baixada Fluminense.
“O planejamento das cidades,
de um modo geral, tem sido relegado
a um segundo plano. A urbanização
precisa levar em conta a questão ambiental, porque as enchentes acontecem mesmo e, em grande parte,
devido ao desrespeito das autoridades às leis ambientais, ao código
ambiental”, comenta Guerreiro, que
complementa: “O poder do Crea é
fiscalizar o exercício profissional, e
a lei não nos permite embargar ou
intervir em obras, mas nem por isso
vamos deixar passar despercebido as
tragédias que têm acontecido no Estado, se podemos ajudar”.
“O planejamento das
cidades, de um modo
geral, tem sido relegado
a um segundo plano.
A urbanização precisa
levar em conta a questão
ambiental” - Agostinho
Guerreiro”
A INSPEÇÃO
A exemplo do que foi feito depois
da catástrofe da região serrana, em
2011, o CREA-RJ realizou, no dia 19
de dezembro de 2013, uma inspeção
em pontos críticos de enchentes no
Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. Agostinho Guerreiro e Adacto
Ottoni, entre outros, verificaram
“in loco” a situação de rios que transbordaram, deixando 13 localidades
da cidade debaixo d’água: Parque Columbia, Irajá, Acari, Jardim América,
Guadalupe, Anchieta, Vigário Geral,
Parada de Lucas, Pavuna, Manguinhos, Fazenda Botafogo, Cordovil e
Complexo do Alemão.
No Rio Irajá, na Penha, Zona
Norte da cidade, foi possível observar
que a altura da ponte que passa sobre
o rio é muito baixa, criando um túnel/barreira que dificulta a passagem
da água. Somado a isso, há a enorme
quantidade de lixo que vem pela corrente de água e se aloja no local, dificultando ainda mais o escoamento
da água, provocando inundações.
Já no Rio Meriti, que corta a rodovia Washington Luiz, na altura da
Pavuna, outro subúrbio do Rio, foi
possível verificar que a canalização
do rio foi feita de forma errada e que
os pilares de sustentação da ponte
são mal dimensionados, dificultando
a passagem da água. Neste local, havia uma ecobarreira, construída pelo
Governo do Estado, que estava totalmente destruída. As margens do rio
viraram um enorme depósito de lixo.
No Rio Acari, na Fazenda Botafogo, foram constatadas enormes ilhas
formadas por lixo, plantas e terra
que o assoream em diversos trechos,
diminuindo radicalmente a área de
vazão e prejudicando o escoamento.
Ele está canalizado, porém a obra
não resolveu o problema das enchentes na região.
A contenção do Rio Queimados,
recém-construída, foi realizada em
apenas uma área. A obra de canalização, que alargou um pequeno trecho
do rio para aumentar a capacidade
de escoamento, teve um resultado
desastroso. Isso porque, na periferia
da cidade, onde o rio volta à sua estreita largura natural, a água da chuva desceu em alta velocidade pelo
espaço canalizado, arrastando lixo
e esgoto, formando uma barragem,
que provocou o transbordamento
e a inundação na região. O município, localizado na Baixada Fluminense, ficou em estado de emergência.
(Raphaela Gentil)
Infraestrutura
35
A Tecnologia 4G
no campo e fora dele
Previsão do governo é de cobertura de alta qualidade na Copa
do Mundo, mas ex-presidente da Telebrás diz que Brasil precisa
de quatro vezes mais infraestrutura de antenas e torres
veis, será um divisor de águas no serviço de telefonia: baseado no protocolo
IP (Internet Protocol), ele fornecerá
velocidades de acesso de até centenas
de Megabits (Mbps) ao usuário final,
apropriado tanto para voz como para
imagens, vídeos e dados, segundo o
engenheiro de telecomunicações e diretor técnico do Clube de Engenharia
do Rio de Janeiro, Márcio Patusco.
Apesar de mais avançado do que o 3G,
o serviço de quarta geração já chega ao
Brasil envolvido em polêmicas e com
um custo caro de uso para os brasileiros.
LICITAÇÃO DE RADIOFREQÜÊNCIAS
Uma das medidas para garantir o
funcionamento e distribuição do 4G
no Brasil ainda não saiu do papel, embora esteja perto disto: trata-se da resolução que destina a faixa de 700 MHz
para o 4G, entre os canais 52 a 69 da
TV aberta, com licitação prevista para
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
P
erto de sediar a maior competição de futebol do planeta, o Brasil
ainda tem metas a cumprir na área de
infra-estrutura. A Copa do Mundo de
2014, que será realizada entre junho
e julho, surgiu como chance para promover o desenvolvimento de setores
como o de telecomunicações. A tecnologia 4G, a mais avançada para acesso
à internet móvel, foi prometida pelo
governo brasileiro e pelas operadoras
para atender ao público estrangeiro no
torneio e também à maioria da população dos grandes centros urbanos. Em
meio a aspectos sociais, políticos e legislativos, a promessa, contudo, pode
não ser cumprida totalmente: o quadro
a poucos meses da Copa levanta sérias
preocupações quanto ao número de
pessoas beneficiadas, qualidade e real
legado social para o país após o evento.
O 4G, responsável pela mais ampla
cobertura de rede em dispositivos mó-
36
Infraestrutura
Flávia Mendes - Tempo Real
Márcio Patusco
abril. Além da licitação, outro passo
importante a ser dado é a troca do
sinal analógico pelo digital.
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o 4G funciona atualmente na
radiofreqüência de 2,5 Gigahertz
(GHz), faixa utilizada em 27 países
da Europa, Ásia e Oriente Médio.
Na resolução 625/2013 da agência,
feita em novembro passado, consta
todo o regulamento sobre Condições de Uso de Radiofreqüências
na faixa de 698 MHz a 806 MHz.
Mesmo com a atual freqüência
de 2,5 GHz, a utilização da faixa de
700 MHz é vista como a mais eficiente para a promover as políticas
públicas e a cobertura no Brasil,
segundo a Anatel. Dadas as dimensões geográficas do país, ela torna-se viável para cobrir grandes distâncias com menos antenas, além
de ter maior eficiência no transporte de dados de voz.
A implantação do 4G – faixa
de 2,5 GHz – no Brasil começou
a ser feita pelas teles na Copa das
Confederações de 2013. Desde então a instalação passou a atender a
critérios de habitantes por cidade,
sendo assegurada pelo menos 50%
da cobertura, de acordo com o seguinte cronograma da agência: até
12/2013 – todas as sedes e subsedes
da Copa do Mundo; 05/2014 – todas as capitais e municípios com
mais de 500 mil habitantes; 12/2015
– todos os municípios com mais de
200 mil habitantes; 12/2016 – todos
os municípios com mais de 100 mil
habitantes e 12/2017 – todos os municípios entre 30 e 100 mil habitantes.
A Anatel ressalta que o desenvolvimento do 4G não extinguirá o
3G, pois são serviços complementares. Ainda de acordo com a agência,
a partir de dezembro de 2015, todos os municípios com mais de 200
mil habitantes deve ter o serviço.
No caso do 3G, existe atualmente
um edital com obrigações de instalação até dezembro de 2016. O Brasil também oferece os serviços de
segunda geração (2G).
“O setor poderia estar
em melhores condições caso a Telebrás
não tivesse sido vendida por completo” –
Marcos Dantas;
INDICADORES DE QUALIDADE
Criada para testar os aspectos
operacionais e logísticos das cidades da Copa do Mundo, a Copa
das Confederações serve de comparação para o que precisa ser melhorado até o Mundial. Em 2013
os problemas com o 4G em alguns
jogos desta competição ficaram evidentes: houve falhas na Arena Pernambuco, na Arena Castelão e no
Estádio Mane Garrincha. Segundo
Patusco, a falta de antenas pode ser
uma das causas do problema. “Com
o grande afluxo de pessoas para um
ponto e a disposição de falar e en-
viar fotos para redes sociais, cria-se
uma exigência de um número de
antenas elevado para uma tecnologia com restrições a esse tipo intenso de tráfego. Normalmente a falta
de acesso em um ponto é devido a
falhas de cobertura (zonas de sombra) ou insuficiência do número de
antenas para dar vazão ao tráfego”,
afirmou.
Patusco explica como é feita a
comprovação de qualidade do serviço: “Os dois mais importantes
indicadores de qualidade da banda larga e móvel no país são a velocidade média de acesso (medida
dentro de um mês) e a velocidade
instantânea. Ambas podem ser medidas no site da Entidade Aferidora
da Qualidade (EAQ - http://www.
brasilbandalarga.com.br/), que gerencia, fiscaliza a qualidade e é a
responsável pelo cumprimento dos
indicadores da Anatel. Devem dar
resultados melhores do que 70% e
30%, respectivamente, em relação
ao valor de velocidade contratada
ao provedor de acesso”.
GOVERNO E SETOR PRIVADO
Um dos pontos de discussão da
tecnologia 4G no Brasil é a política de telecomunicações existente.
O setor, que sofreu privatizações
ao longo dos últimos 15 anos, poderia estar em melhores condições
caso a Telebrás não tivesse sido
vendida por completo, fato que se
refletiria diretamente na qualidade
do 4G, como afirma Marcos Dantas, mestre em Ciência da Informação e professor titular da Escola
de Comunicação (ECO) da UFRJ.
“Não podemos ser maniqueístas.
Não temos um dos piores serviços
do mundo, mas não temos aquilo
que os defensores da privatização
prometeram. Uma análise racional indica que o que existe hoje é
Infraestrutura
um serviço de qualidade razoável,
com privilégios de preços para as
camadas sociais mais favorecidas e
um serviço sofrível, monopolista e
caro para os mais pobres”, comentou Dantas, que também é Doutor
em Engenharia de Produção pela
Coppe/UFRJ.
Para o professor, o problema
todo é do modelo adotado para a
privatização da Telebrás. “Sempre
defendi que o modelo foi errado.
Fatiaram a Telebrás e privatizaram
seus braços, a Telesp e a Embratel.
Poderia ter sido vendido um bloco só com o mercado competitivo
e sem perda do controle nacional.
Os problemas hoje seriam menores
e não existiriam entraves políticos
como os que afetam a Petrobras e a
Eletrobrás, por exemplo. Poderiam
tirar as amarras que não permitiam
os investimentos da Telebrás e realinhar os preços. O que as teles fizeram? Compraram os pedaços da
estatal, com dinheiro do próprio
Sistema e de empréstimos volumosos do BNDES”, criticou.
A consequência mais sentida
pelo mercado brasileiro foi justamente na área de engenharia. Segundo Dantas, “a privatização da
Telebrás destruiu o parque industrial-tecnológico – logo, os empregos de engenharia – que havia se
desenvolvido à sua volta, por força
de seu poder monopsônico de mer-
cado e da sua política de Pesquisa e
Desenvolvimento efetivada através
do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento. Hoje estaria mais barato
implantar o 4G, inclusive com pressão menor na balança comercial,
se não tivesse sido completamente
destroçado o parque industrial-tecnológico que o Brasil possuía nas
telecomunicações há 15 anos”.
VISÃO CRÍTICA DA TELECOMUNICAÇÃO
O otimismo do governo e das
operadoras de celulares no Brasil
não é compartilhado pelo engenheiro Rogério Santanna, ex-presidente
da Telebrás. Um dos idealizadores
do Plano Nacional de Banda Larga
(PNBL), ele é crítico ao falar sobre
as tecnologias 3G e 4G. Para ele, o
funcionamento e a qualidade dos
serviços não está de acordo com o
previsto.
Ao comentar sobre a entrega do
sinal na Copa do Mundo, Santanna
prevê problemas de várias ordens:
“Precisamos de quatro vezes mais
infraestrutura de antenas e torres
para atingir o previsto até a Copa.
O investimento deveria ser feito na
rede de fibra óptica, o que poderia
ser ajudado pelo governo com o
backbone já existente (estrutura de
fibras ópticas que funciona como
uma ‘estrada de muitas vias’, levando o sinal para todo o território),
além de freqüências mais altas. As
37
leis municipais também são um problema. Hoje temos a chamada Lei
Geral das Antenas, que tenta minimizar este prejuízo de tempo, mas
não creio que teremos a demanda
atendida até junho”.
As cidades do Sudeste surgem
como preocupação para o especialista. Segundo ele, a burocracia
atrapalhou os planos de instalação nesses locais: “É preocupante
a situação no Rio de Janeiro e São
Paulo, por exemplo. O fluxo de turistas será enorme e a cobertura da
Copa também, especialmente na
final, no Maracanã. Se não tivemos
qualidade até agora, dificilmente
isto acontecerá na competição. Não
investiram em Engenharia e o que
foi feito está travado burocraticamente. A logística e a operação não
foram boas; tudo faz parte de um
grande problema de vontade política”, pontuou.
Contrariando a Anatel, Rogério Santanna é duro ao falar sobre
as redes móveis existentes hoje no
país. Para ele, os serviços prejudicarão a si mesmos: “Viveremos o
pior de dois mundos: o que existe
em 3G vai sair quando o 4G entrar e enquanto este for implantado aquele será prejudicado. Não
há a mínima infra-estrutura para
ambos caminharem juntos. Soma-se a isto o PNBL, que ainda não
foi executado. Ou seja: teremos
caos na comunicação”, salientou.
(William de Assis)
Ao analisar o contexto que envolve o
4G no país e sua demanda, Rogério traça um cenário de monopólio e pouco
legado social. “Os estrangeiros serão os
poucos a usufruírem desta tecnologia.
Aqui os aparelhos são caros e o mercado está autoconcentrado. O monopólio
da Oi abrange quase o Brasil inteiro. In-
dependente do modelo de concessão, o problema está no funcionamento: a qualidade é
ruim e a Anatel está presa aos interesses das
operadoras. O brasileiro vai sofrer e demorar
muito para utilizar o 4G com qualidade”.
Santanna também faz um alerta: “Os EUA,
por meio da sua Agência Nacional de Segu-
rança (NSA), espionaram os brasileiros
com dados das operadoras, como dito
pelo Edward Snowden. Precisamos de
uma política de rádio, softwares, antivírus, aplicações e gerenciamento de satélites própria. Não temos uma política
efetiva na área de telecomunicações”,
finalizou.
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
QUALIDADE QUESTIONÁVEL E ALERTA
38
Institucional
Corrida dos Engenheiros
CREA-RJ e Seaerj organizam a “São Silvestre
da área tecnológica” do Rio de Janeiro
Fotos: Claudio Torós
25ª Corrida dos Engenheiros mobilizou profissionais e suas famílias, em evento realizado na Quinta da Boa Vista.
S
ol ameno, clima agradável e um
dos cenários mais belos da cidade
maravilhosa: estes foram os ingredientes da 25ª Corrida dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de
Janeiro, realizada no dia 8 de dezembro, na Quinta da Boa Vista, e promovida pela Sociedade dos Engenheiros
e Arquitetos do Rio de Janeiro (Seaerj) e pelo CREA-RJ, com apoio do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-RJ), Federação de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge-RJ)
e o Clube de Engenharia.
Conhecido como a “São Silvestre
da área tecnológica”, o evento contou
com 200 inscritos na edição de 2013,
em um percurso de cinco quilômetros. Além do exercício de saúde, a
oportunidade reuniu os profissionais
do Conselho e seus familiares, bem
como os integrantes das demais representações ligadas ao sistema.
Para o presidente do CREA-RJ,
Agostinho Guerreiro, a trajetória
da competição reafirma a carinhosa
comparação feita com a corrida mais
famosa do país, realizada em São
“Esta corrida é uma
grande alegria. Estamos resgatando uma
tradição” – Joelson,
Zuchen, presidente da
Seaerj
Paulo. “Novamente temos a alegria
de participar de uma corrida tão tradicional como esta e podemos, sim,
compará-la com a São Silvestre. Esta
39
Arciley Pinheiro entrega prêmio a vencedoras
ocasião une os profissionais, as entidades, traz alegria e preparo físico e
nos ajuda a cuidar melhor de nossa
saúde. Vamos organizar cada vez
mais este evento e manter a tradição”.
Joelson Zuchen, presidente da
Seaerj, salientou a participação dos
envolvidos na organização do en-
O presidente da Seaerj, Joelson Zuchen, ao lado do presidente Agostinho
contro. “Esta corrida é uma grande
alegria. Estamos resgatando uma tradição graças ao CREA-RJ, ao CAU, à
Fisenge-RJ e ao Clube de Engenharia, que proporcionaram a realização
deste evento”.
DESCONTRAÇÃO
O conselheiro federal pelo Rio de
Janeiro, Arciley Pinheiro, destacou a
importância da corrida no Estado. “É
um evento muito importante, o único que conheço aqui no Rio de Janeiro na categoria dos engenheiros. É
um momento de descontração e que
os profissionais e seus familiares podem participar.”(William de Assis)
NOVATA E EXPERIENTE SOBEM AO PÓDIO
Agostinho com o primeiro colocado entre os homens, Bruno Costa
Cláudia Silva, primeira colocada entre as mulheres
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
A 25ª Corrida dos Engenheiros e Arquitetos teve uma grata surpresa na modalidade feminina e o esforço premiado pela regularidade do vencedor masculino. Cláudia Silva, primeira colocada entre as mulheres, correu sua primeira edição e elogiou
o local da disputa. “Foi a primeira vez que participei e achei o percurso muito bacana, com duas voltas e meia. O cenário
contribuiu, é muito bonito”.
Bruno Costa, vencedor entre os homens, contou como fez para chegar em primeiro. “Corro todos os dias com a minha equipe, faço um treinamento específico para provas de curta e longa distância e, graças a Deus, fui premiado com esta vitória”.
40
Institucional
41
Projeto Conselheiro 2014:
Sustentabilidade e Ética Profissional
Renata Idalgo
Conselheiros terão acesso a tablet para facilitar votação nas plenárias
são informados como será seu papel
e trabalho aqui no CREA-RJ, além de
conhecer a estrutura do Conselho”.
PALESTRAS
Durante todo o dia foram realizadas palestras com os seguintes
temas: “Lei de Autovistoria e elaboração de Laudo Técnico de Vistoria Predial (LTVP)”, com o atual
1º vice-presidente do CREA-RJ, Manoel Lapa; “A atuação do conselheiro no CREA-RJ”, com o gerente da
GACO, Roberto Silva de Carvalho;
“Mútua e seus benefícios”, com o
diretor geral da Mútua, Paulo Granja, “Legislação do Sistema Confea/
Crea”, com a assessora jurídica do
CREA-RJ,advogada Ana Sanches;
“Procedimentos para condução de
processos éticos disciplinares”, com a
assessora de Comissão de Ética Profissional, advogada Gláucia Yunes;
“Fiscalização/Relatório de Fiscalização online/Georrefecimento”, com o
gerente de Fiscalização, Ricardo Rovo
e o supervisor da GFIS, Evandro Figueiredo; “Área Web do Conselheiro:
Acesso e Funcionalidades”, com Edno
Cardoso, coordenador da CTCI, e o
analista de sistemas Jones Torres.
POSSE
Tomaram posse os seguintes conselheiros: Gilberto Adib Couri, engenheiro civil-UFF; Glauber Marcio
Sumar Pinheiro, engenheiro florestal
- APEFERJ; Itamar Marques da Silva,
engenheiro industrial-telecomunicações e técnico em eletrotécnica-CE;
José Schipper, engenheiro civil-IEL;
Leonardo Heitor Richa Nogueira,
engenheiro de segurança do trabalho
e engenheiro civil-Sobes-Rio; Marcos
Aurélio Barcelos, engenheiro eletricista e de segurança do trabalho e
técnico em eletrotécnica-Senge-RJ;
Osvaldo Henrique de Souza Neves,
engenheiro de Segurança do Trabalho
e engenheiro agrônomo-Sobes-Rio;
Pedro Pascoal Sava, engenheiro civil-Unisuam; Regina de Jesus Ramos
Andrade-engenheira civil-Seaerj.
Regina de Jesus Ramos, vice-presidente da Seaerj, que foi empossada
para segundo mandato como conselheira, reforçou a participação feminina no plenário do CREA-RJ. “Estamos intensificando o trabalho com
as mulheres na plenária. As mulheres
são mais organizadas e se dedicam
mais. Num universo predominantemente masculino, é importante a presença de mais conselheiras no CREA-RJ, único que já ganhou dois prêmios
nacionais do Programa de Igualdade
de Gênero e Raça”. (Renata Idalgo)
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
“Sustentabilidade e Ética Profissional” foi o tema do XIII Seminário
do Projeto Conselheiro 2014, que
reuniu no dia 16 de janeiro, no Hotel Guanabara, novos e atuais conselheiros, que participaram de várias
palestras sobre assuntos referentes à
atuação e o papel do conselheiro do
CREA-RJ. No encontro, nove dos 21
novos conselheiros foram empossados para o mandato 2014/2016.
O presidente Agostinho Guerreiro, presente ao encontro, anunciou
uma novidade: a aquisição de tablets
para os conselheiros que vão substituir as máquinas de votação e também
facilitar o trabalho por intermédio do
portal web do Conselho.
“Os conselheiros são representantes de entidades e instituições de
ensino e têm uma vivência cotidiana
que permite que nós façamos das nossas reuniões plenárias um elemento
vivo dentro do nosso Conselho; nos
últimos anos têm desenvolvido, junto
com a diretoria, câmaras especializadas e comissões, além de servidores,
profissionais e empresas que compõem o nosso Sistema, um papel extremamente importante, trazendo
ideias e muita criatividade. Não é a
toa que o Crea do Rio de Janeiro é
uma referência nacional, pois temos
tratado de corrigir o que precisa ser
corrigido, de erros recentes, de erros
do passado, trazendo novas propostas e reaproveitando com uma nova
visão as propostas já existentes”, disse
Guerreiro.
O conselheiro federal Arciley
Alves Pinheiro, também presente ao
encontro, destacou a importância
do Projeto Conselheiro. “A reunião
marca o início de um entrosamento e troca de ideias entre os novos e
antigos conselheiros. Por intermédio
das palestras, os novos conselheiros
42
notas
Eleição da nova diretoria referenda conquistas da atual gestão:
democracia, seriedade e transparência
A Plenária de 22 de janeiro elegeu a
nova diretoria do CREA-RJ para 2014. Foram apresentadas duas chapas, sendo que
a apoiada pela atual gestão elegeu todos
os seus membros, com uma exceção. A escolha se deu por votação nominal, com os
conselheiros optando pelos nomes correspondentes a cada cargo.
A nova diretoria ficou assim composta, 1° vice-presidente: engenheiro civil
Manoel Lapa e Silva; 2ª vice-presidente:
engenheira civil e de segurança do trabalho Marlise de Matosinhos Vasconcellos;
1ª diretora-administrativa: engenheira civil
Regina de Jesus Ramos Andrade; 2º diretor-administrativo: engenheiro Mecânico
Oduvaldo Siqueira Arnaud; 3º diretor-administrativo: engenheiro Florestal Glauber
Marcio Sumar Pinheiro; 1º diretor-financeiro: engenheiro Mecânico Jair José da Silva;
2º diretor-financeiro: engenheiro civil Jorge Nisenbaum; 3º diretor-financeiro: engenheiro metalúrgico e de segurança do
trabalho Rockfeller Maciel Peçanha.
“A eleição da esmagadora maioria dos
representantes da Chapa 1 foi um claro
referendo positivo à nossa gestão, um
reconhecimento do nosso trabalho, aos
numerosos prêmios que o Crea tem recebido nos últimos quatro anos, como o
GesPública, o PQRio e o de Equidade de
Gênero e Raça”, comemorou Agostinho
Guerreiro.
Da esq. p/ dir: 3º Diretor-Financeiro: Rockfeller Maciel Peçanha; 2º Diretor-Financeiro: Jorge
Nisenbaum; 2º Diretor-Administrativo: Oduvaldo Siqueira Arnaud; 1ª Diretora-Administrativa:
Regina de Jesus Ramos; Presidente Agostinho Guerreiro; 2ª Vice-Presidente: Marlise de Matosinhos;
1º Vice-Presidente: Manoel Lapa e Silva; 3º Diretor-Administrativo: Glauber Pinheiro; 1º DiretorFinanceiro: Jair José da Silva.
DECISÃO
Um momento importante da votação
foi a escolha do cargo de 2º Vice-Presidente, com empate entre os candidatos das
duas chapas. De acordo com o regimento
do Conselho, cabe ao presidente proferir
voto de qualidade, escolhendo um dos
candidatos. Agostinho decidiu pela engenheira Marlise Matosinhos. “Dessa forma,
conseguimos manter, como no ano passado, duas mulheres na Diretoria. Para nós,
é fundamental a questão da equidade de
gênero, com mulheres na Diretoria e tam-
bém com mais conselheiras, aumentando
a representatividade feminina no plenário”,
disse.
“Tudo indica que teremos um trabalho
muito bom em 2014 e que continuaremos
avançando, dialogando democraticamente e com transparência, como sempre,
com o nosso CREA-RJ sendo cada vez
mais premiado. No caso da formação das
Comissões, a composição refletiu a pluralidade que permeia o Plenário do CREA-RJ, o que é democrático e perfeitamente
natural”, concluiu o presidente do CREA-RJ.
Scanners portáteis dão agilidade à Fiscalização. CREA-RJ se
moderniza, mesmo com passivo trabalhista de gestões anteriores
Um novo equipamento tecnológico
promete agilizar o trabalho da Fiscalização do CREA-RJ. Trata-se de um scanner
portátil que possibilita o escaneamento
de documentos de forma rápida, evitando o acúmulo de papéis e agilizando o trabalho do fiscal, que não precisa
mais ficar esperando a cópia de um documento de alguma empresa e nem o
envio por e-mail. No mesmo instante, o
aparelho cria uma imagem digital que
é enviada à sede do Conselho. No total,
são 65 scanners à disposição dos fiscais
do CREA-RJ em todo o Estado.
AGILIDADE
“A fiscalização, em qualquer Crea, é
o coração da instituição, o que faz pulsar o Sistema Confea/Creas. Precisamos
modernizar cada vez mais os métodos e
equipamentos. Com os novos scanners,
vamos substituir montanhas de papel
por imagens digitais; isso contribui para
a sustentabilidade e permite mais rapidez no processo de fiscalização”, disse
Agostinho. “É um avanço; o CREA-RJ
está prestando um gigantesco serviço
à sociedade do Estado Rio de Janeiro
com uma ação mais ágil, segura e capaz
de cumprir seu papel de fiscalização do
exercício profissional”.
Revista do CREA-RJ • Fev / Mar 2014
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Arquivo: CREA-RJ | Foto: Zeca Linhares
Parabéns a todos que, ao nosso lado,
construíram essa trajetória.
1934
2014
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