88 Copa 2014 e Olimpíadas 2016: Desafios e Perspectivas CREA-RJ reúne autoridades públicas e especialistas para discutir fiscalização e planejamento dos megaeventos esportivos, além do legado das obras para o Rio de Janeiro e o Brasil Junho/Julho de 2011 ISSN 1517-8021 Com criatividade, responsabilidade técnica e respeito ao meio ambiente, esses profissionais vêm ajudando o Brasil a se tornar uma nação cada vez mais desenvolvida e justa. 4 Dia do Engenheiro Agrimensor JuLho 10 Dia do Engenheiro de Minas 12 Dia do Engenheiro Florestal 13 Dia do Engenheiro Sanitarista 20 Dia Pan-Americano do Engenheiro Junho editorial Megaeventos: que legado queremos? Tornar as cidades mais habitáveis deveria, em síntese, ser o maior legado dos megaeventos esportivos. No Brasil, os enormes investimentos previstos para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 terão valido a pena se resultarem em um espaço urbano com mais qualidade socioambiental. No entanto, a chance histórica que o país tem de melhorar a sua infraestrutura urbana pode cair por terra se o planejamento continuar recebendo atenção secundária. O reconhecido know-how tecnológico nacional em obras de envergadura poderia estar sendo aproveitado com mais inteligência. O aconselhável seria gastar mais tempo no planejamento das obras e executá-las de modo rápido, como acontece na maioria dos países europeus. Mas, ao que parece, estamos adotando o caminho inverso. Agora, em nome da urgência, muitas das obras para a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 – excluídas das exigências da Lei das Licitações (8.666) – podem ter a sua qualidade comprometida pela falta de projeto executivo. Como se sabe, apenas o projeto básico não basta para prever todos os eventos de uma obra, o que resulta em aditivos contratuais que elevam drasticamente o seu custo total. Com a aprovação em junho da Medida Provisória 527, que prevê o Regime Diferenciado de Contratação de obras para os megaeventos esportivos que ocorrerão no país, abre-se a possibilidade de empresas serem contratadas sem cumprirem as etapas essenciais que asseguram a qualidade de qualquer serviço ou empreendimento. A polêmica MP, que também prevê o sigilo sobre os valores das obras até que a contratação seja efetivada, revela que o improviso de última hora está se sobrepondo ao indispensável planejamento estratégico. A matéria de capa desta edição retrata os debates ocorridos no Seminário “Copa do Mundo 2014: Projetos, Rumos e Perspectivas”, realizado numa parceria CONFEA/CREA-RJ, em 7 de junho. Com a presença de centenas de profissionais, autoridades públicas e especialistas, o evento ofereceu um amplo painel de informações sobre o andamento e a fiscalização dos projetos de infraestrutura em áreas como instalações esportivas, rede hoteleira, transportes e aeroportos, especialmente no Rio de Janeiro. O CREA-RJ vem demonstrando que não ficará alheio a esse processo. Estamos buscando garantir acesso amplo a informações sobre projetos, cronogramas e contratos estabelecidos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. E, acima de tudo, acreditamos que as ações e os empreendimentos relativos aos megaeventos esportivos não podem ser definidos e executados sem amplo debate e consulta a fóruns vinculados à expertise tecnológica brasileira e à sociedade em geral, sob pena de continuarmos descobrindo, pelos jornais, rádios e TVs, o alto preço que nenhum de nós concorda em pagar. Agostinho Guerreiro Presidente do CREA-RJ (www.agostinhoguerreiro.blogspot.com) sumário Revista do Crea-RJ . Nº 88 Junho/Julho de 2011 28 COPA 2014: PROJETOS E PERSPECTIVAS Saiba como anda a fiscalização das obras e o que ficará de herança para o Rio e o país após o fim da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas 2016 capa 7 INSTITUCIONAL 10 institucional 12 INSTITUCIONAL 34 PONTO DE VISTA PRÊMIO OSCAR NIEMEYER NOVO PROGREDIR SEMINÁRIO DE INSPETORES TRANSPORTE FERROVIÁRIO Alerj foi o palco da homenagem do CREA-RJ a jovens talentos da área Interiorização amplia a rede de capacitação e aperfeiçoamento do Conselho Evento estreita laços entre os profissionais de todas as regiões do estado Uma proposta para melhorar serviço por meio do lean thinking Presidente Engenheiro Agrônomo Agostinho Guerreiro Diretoria 1º Vice-Presidente Engenheiro Eletricista e Técnico em Eletrotécnica Clayton Guimarães do Vabo 38 2º Vice-Presidente Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho Sergio Niskier CULTURA E MEMÓRIA PATRIMÔNIO HISTÓRICO A polêmica decisão de demolir o prédio da Brahma, na Praça Onze, divide opiniões 1º Diretor-Administrativo Eng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho Rockfeller Maciel Peçanha 2ª Diretora-Administrativa Meteorologista Francisca Maria Alves Pinheiro 3º Diretor-Administrativo Técnico em Eletrotécnica Sirney Braga 1º Diretor-Financeiro Engenheiro Eletricista Antonio Claudio Santa Rosa Miranda 2º Diretor-Financeiro 40 Técnico em Eletrônica, Eng. Eletricista – Ênfase em Computação e de Segurança do Trabalho Ricardo do Nascimento Alves 3º Diretor-Financeiro ENTREVISTA VALORIZANDO AS ENTIDADES Entrevista com o novo coordenador do Colégio de Entidades Nacionais (CDEN), Ricardo Nascimento Eng. Eletricista, de Segurança do Trabalho e Técnico em Eletrotécnica José Amaro Barcelos Lima Comissão Editorial - CE Coordenador Eng. Eletricista-Industrial Eletrotécnica e de Operação Eletricidade Alcebíades Fonseca Coordenador-Adjunto Eng. Agrônomo Luiz Rodrigues Freire 42 Membros Eng. Mecânico Oduvaldo Siqueira Arnaud Eng. Eletricista e Técnico em Eletrotécnica INSTITUCIONAL Clayton Guimarães do Vabo Meteorologista PROJETO CREA-Jr Aproximação com estudantes da área tecnológica é o maior objetivo do projeto nacional Francisca Alves Pinheiro Suplentes Eng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho Rockfeller Maciel Peçanha; Engª Elétrica Lusia Maria De Oliveira; Técnico em Eletrônica e Engenheiro Eletricista INOVAÇÃO PATENTES VERDES: REGISTRO DE TECNOLOGIAS DE BAIXA EMISSÃO DE CARBONO SERÁ ACELERADO ECONOMIA E MERCADO PESQUISA INÉDITA DO SENGE-RJ E DO DIEESE, COM APOIO DO CREA-RJ, REVELA FORÇA DO SETOR EXTRATIVISTA E DO EMPREGO FEMININO CAMPO Agrotóxicos: SAIBA SE EXISTE CONTROLE NO SEU USO E COMO OS CONSUMIDORES PODEM SE PROTEgER MUNDO TÉCNICO CURSOS TÉCNICOS SÃO DIFERENCIAIS NO DINÂMICO MERCADO DE TRABALHO DO RIO DE JANEIRO Ricardo do Nascimento Alves; 14 Arquiteto e UrbanistaPaulo Oscar Saad; Técnico em Agropecuária Adriano Martins Carneiro Lopes Assessoria de Marketing e Comunicação 18 Assessor Chefe Alex Campos Assessora Maria Dolores Bahia Editor Coryntho Baldez (MT. 25.489) Reportagem Viviane Maia Colaboradores Joceli Frias, Vera Monteiro 24 Estagiária: Christiane Sales Reportagem Monte Castelo: Dânae Mazzini, e Uallace Lima 26 Joana Algebaile, Maíra Amorim e Natália Soares Projeto gráfico Paula Barrenne Diagramação Trama Criações de Arte Ilustração Claudio Duarte Impressão Gráfica Esdeva Tiragem 140 mil exemplares Publicidade: (21) 3232-4600 Rua Buenos Aires, 40 – Centro – RJ www.crea-rj.org.br O Progredir é um programa de capacitação e aperfeiçoamento de profissionais e estudantes integrantes do Sistema Confea/Crea. Participe das nossas palestras, seminários, conferências, cursos e workshops. Agora, também nos municípios do Interior e da Região Metropolitana. Descontos para profissionais em dia com o CREA-RJ, entidades de classe e estudantes. Saiba mais: http://app.crea-rj.org.br/creaEventos [email protected] (21) 2179-2087 institucional 7 André Cyriaco O Presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, recebeu do Presidente da Alerj a incumbência de dirigir a sessão solene, realizada no Salão Nobre Emoção e criatividade marcam entrega do Prêmio Oscar Niemeyer 0 André Cyriaco instituições de ensino participantes. O grande homenageado da noite, o arquiteto Oscar Niemeyer, com 103 anos de idade, foi representado por seu bisneto, Ricardo Niemeyer. Ao receber das mãos do presidente do CREA-RJ, engenheiro agrônomo Agostinho Guerreiro, o primeiro troféu, Ricardo falou do desejo do bisavô de ser um estímulo para os novos profissionais. “A sua vontade é que esse Prêmio sirva de incentivo e colabore na criação de obras inovadoras. O talento e a criatividade têm que auxiliar a técnica”, disse. Agostinho Guerreiro exibe troféu Oscar Niemeyer oferecido pelo CREA-RJ a jovens talentos Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 A solenidade de entrega dos troféus e certificados do Prêmio Oscar Niemeyer de Trabalhos Científicos e Tecnológicos, concedido pelo CREA-RJ e realizado no dia 17 de junho, 100 lotou com mais de 700 pessoas o Salão Nobre e as galerias do Palácio 95 Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro 75 (Alerj). Ao todo, 101 autores de 81 trabalhos de conclusão de curso foram premiados. Também receberam 25 menção honrosa os professores que compuseram as bancas avaliadoras 5 e os orientadores dos projetos das 20 8 institucional André Cyriaco A cerimônia de entrega do Prêmio Oscar Niemeyer recebeu apoio de vários setores da soceidade e lotou a Assembleia Legislativa com mais de 700 pessoas, entre estudantes, professores, parentes e convidados INOVAÇÃO E PARCERIA Niemeyer foi lembrado no evento como grande inovador. Ao longo de sua carreira buscou criar projetos criativos e soluções novas que surpreendiam os demais profissionais da área. Agostinho Guerreiro, que presidiu a solenidade, lembrou que as inovações do arquiteto criavam novos desafios que foram superados com a ajuda de profissionais de outras carreiras. Ele ressaltou a importância de seguir o exemplo de Niemeyer tam- bém no intercâmbio de informações com outros profissionais. As parcerias nos seus projetos sempre foram lembradas e reconhecidas pelo arquiteto. “Ele sempre nos falou sobre o valor das parcerias, porque a sua criatividade também criou desafios que foram superados com o auxilio de engenheiros e técnicos”, acrescentou. O presidente da Alerj, deputado Paulo Melo, além de parabenizar o CREA-RJ, também fez questão de homenagear o arquiteto em seu discurso no inicio da cerimônia. O Prêmio, segundo ele, é uma homenagem à inteligência humana. “O patrono dessa premiação é uma figura de profunda capacidade intelectual, amante da vida e sócio da criatividade”, declarou Ao homenagear Oscar Niemeyer, o Prêmio, instituído pelo CREA-RJ em dezembro de 2010, foi uma forma de estimular a criação de projetos novos e criativos. A escolha Fotos André Cyriaco Na sequência de fotos, grupos de jovens talentos premiados ao final de seus cursos técnicos, universitários, mestrados ou doutorados. Ao todo, 101 autores institucional Presidente da Alerj elogiou iniciativa do CREA-RJ dos trabalhos foi feita pelas próprias instituições de ensino. INCENTIVO À QUALIDADE CURRÍCULO EM ALTA Outro objetivo almejado pelos novos profissionais é a valorização do currículo. Muitos deles, que estão entrando agora no mercado de trabalho, afirmaram que esperam que o Prêmio seja um diferencial na carreira deles. O arquiteto Maurício Victor Beniacar, formado pelo Instituto Metodista Bennett, disse que antes mesmo da solenidade já havia agregado o reconhecimento no currículo. A importância do Prêmio para a carreira foi reforçada com a declaração de incentivo aos jovens premiados feita pelo secretário municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Franklin Coelho, que integrou a mesa de abertura do evento. Ele se colocou à disposição dos premiados para estudar a possibilidade de colocar os projetos em prática. Essa, disse ele, seria uma forma de contribuir com melhorias para o município. Também compuseram a mesa de abertura da solenidade o presidente da Alerj, deputado Paulo Melo; a representante do Presidente Marcos Tulio, do Confea, conselheira Maria Luiza Poci; e o general de brigada e Comandante do IME, Rodrigo Ratton. Em nota lida pelo presidente da Assembléia, o governador Sergio Cabral elogiou a iniciativa do CREA-RJ e parabenizou todos os premiados. A íntegra dos trabalhos pode ser encontrada no site (www.crea-rj.org.br) do Conselho. (Christiane Sales) • Troféu em curvas André Cyriaco Uma das instituições que participou da premiação foi o Instituto Militar de Engenharia (IME). De acordo com o major Antônio Eduardo Carrilho, integrante da banca avaliadora de engenharia eletrônica, o IME já faz uma premiação dos melhores trabalhos de conclusão de curso. O Prêmio serviu para confirmar e incentivar o trabalho desenvolvido pelo Instituto. Segundo ele, a tendência é que a qualidade dos trabalhos melhore nos próximos anos. “Certamente, vamos colocar trabalhos cada vez melhores para valorizar ainda mais o Instituto”, anuncia. Outra instituição participante foi a Universidade Gama Filho (UGF). O professor Sergio Luiz Fernandez contou que o Prêmio teve boa receptividade e que os espaços da universidade foram utilizados para divulgar o evento e o recebimento do troféu. “O Prêmio é um enorme incentivo às tecnologias e as pesquisas. Precisamos incentivar os jovens a investir na capacidade intelectual deles”, avalia. Um desses jovens que teve o trabalho reconhecido e premiado no evento foi o engenheiro mecânico formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Allan de Albuquerque. Segundo ele, a premiação é um incentivo para continuar investindo na pesquisa. Hoje, ele está fazendo mestrado, continuando os estudos feitos no projeto de conclusão de graduação. O design do troféu, criado por Aline Martins, da Assessoria de Comunicação e Marketing do CREA-RJ, também foi uma homenagem ao gênio da arquitetura, Oscar Niemeyer. A estrutura lembra o formato de uma de suas famosas obras, o Museu de Arte Contemporânea (MAC), e foi aprovada pelo “Mestre”. receberam a homenagem na 1ª edição do Prêmio Oscar Niemeyer. A escolha foi feita pelas próprias instituições de ensino do estado do Rio de Janeiro Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 André Cyriaco 9 10 institucional Progredir qualificação profissional Interiorização do programa pretende ampliar ainda mais rede de capacitação e aperfeiçoamento do CREA-RJ O aumento ou a diminuição da demanda por profissionais no mercado de trabalho é ditado pelo estágio em que a economia se encontra. O rápido avanço das transformações tecnológicas e científicas, bem como as atuais formas organizacionais do trabalho, exigem empresas e profissionais cada vez mais atualizados e preparados para enfrentar essa nova realidade. No caso brasileiro, no entanto, o crescimento econômico esbarra muitas vezes em mão de obra desatualiza- da e sem os pré-requisitos necessários para atender ao que exige a atual retomada do mercado de trabalho. Em sintonia com esse novo panorama, o CREA-RJ desenvolve o Progredir, um programa permanente de aperfeiçoamento e atualização para os profissionais registrados no Conselho e estudantes da área tecnológica. CURSOS EM TODO O ESTADO Realizado em conjunto com empresas, entidades de classe e instituições de ensino, o Progredir oferece cursos, palestras técnicas, seminários, workshops e eventos diversos, beneficiando o público não só da Região Metropolitana Fluminense, mas também os interessados nas atividades que moram em outras regiões do estado. De acordo com Marisa Neves, gestora do Progredir, atualmente, o CREA-RJ tem buscado atender a uma antiga reivindicação dos profissionais do interior do Rio de Janeiro. “O Conselho vem ampliando e intensificando o processo de interio- institucional 11 O Progredir na 6ª Brasil Offshore rização do Programa Progredir por meio de cursos presenciais e à distância, que estão sendo oferecidos para diversos Municípios do Estado. Com os cursos à distância, o número de profissionais qualificados será muito maior”, afirma. Uma grande vantagem da programação do Progredir é que parte dela, seminários e palestras, é gratuita e a outra parte, cursos e mini-cursos, apresenta descontos aos profissionais registrados no CREA-RJ e descontos ainda maiores àqueles profissionais também associados a entidades de classe e para estudantes cadastrados no Crea Júnior. Um exemplo de sucesso é o ciclo de palestras gratuitas “Aperfeiçoamento do Cadastramento da Anotação de Responsabilidade Técnica – ART”, realizado em diversas localidades da região metropolitana e do interior. Os cerca de 20 cursos já promovidos entre maio e julho qualificaram mais de 500 profissionais sobre o tema. Confira programação em www.crea-rj.org.br. (Viviane Maia) • Uma importante ação que o Progredir vem realizando com regularidade é a promoção de palestras e workshops em eventos, feiras e exposições dos quais o CREA-RJ participa com estandes. Uma experiência recente foi durante a 6ª Brasil Offshore, realizada de 14 a 17 de junho, no Centro de Convenções de Macaé. Durante a feira, que é o terceiro maior evento mundial da área da indústria de petróleo e gás, o Progredir promoveu doze palestras técnicas para mais de 350 pessoas, durante os quatro dias do evento. “As temáticas eram de tamanho interesse para os participantes, que nos vimos obrigados a montar uma turma extra”, comemora Marisa Neves, gestora do Progredir. Para o 1º diretor-administrativo do CREA-RJ, engenheiro metalúrgico Rockfeller Peçanha, a grande quantidade de estudantes e profissionais participando das palestras superou as expectativas. Ele considera que a presença maciça de interessados se deu devido aos temas relevantes abordados, à percepção dos profissionais sobre a importância da atualização curricular e, principalmente, à confiança na qualidade dos eventos organizados pelo Progredir. “Considero muito importante a existência do Progredir. Os conteúdos apresentados realmente qualificam o participante. Tanto que, além de ter participado como palestrante, também assisti a palestras, como a do professor Newton Richa, sobre a importância da inserção da Saúde na Gestão do Negócio, e a do engenheiro mecânico Vincenzo Marozzi, sobre aços e ligas especiais”, ressalta Rockfeller. Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 Luciana Soares 12 Renata Idalgo institucional O Presidente Agostinho Guerreiro junto aos Inspetores da Coordenação Leste Metropolitana, no encontro realizado no dia 30 de junho Valorizando o interior Seminário de Inspetores estreita laços entre profissionais de todas as regiões do estado, que terão acesso a novos cursos e a uma melhor estrutura de fiscalização O Seminário de Inspetores 2011, organizado pelo CREA-RJ e realizado no Hotel Guanabara, estreitou ainda mais os canais de comunicação do Conselho com as inspetorias. Participaram do evento cerca de 70 Inspetores de cada uma das seis Regionais, em reuniões sucessivas durante cinco dias.Uma das principais deliberações aprovadas no evento foi a valorização das Regionais por meio das Inspetorias e dos Inspetores. Além dos contatos já existentes com a Gerência das Regionais, ficou definido um calendário anual de encontros entre Inspetores, a Direção e o Presidente do CREA-RJ. Outro mecanismo de valorização é através da nova estrutura da fiscalização, do programa Crea-Jr e dos cursos do Progredir. Também foi apresentado aos inspetores o balanço da gestão de 2009 a 2011, com enorme quantidade de realizações e considerado muito positivo. No interior, por exemplo, pra- institucional ticamente todos os equipamentos de informática foram trocados por outros mais modernos. E numerosas sedes foram substituídas por novas instalações incomparavelmente melhores. No Seminário, que aconteceu em cinco dias – 29 e 30 de junho e 1, 5 e 6 de julho – foi decidida uma agenda de reuniões periódicas de inspetores com o CREA-RJ visando a discussão de questões específicas e de interesse comum dos profissionais de todo o estado. 13 UMA REFERÊNCIA PARA O PROFISSIONAL Fernando Mostardeiro, inspetor da Barra da Tijuca, ressaltou a importância do evento como meio de construir uma unidade em meio a condições peculiares e adversas. “Claro que sabemos que não vamos resolver todos os problemas instantaneamente, mas em um prazo de cerca de dois anos é possível valorizar a atuação do Conselho e das entidades de classe, tornando-os referências na defesa dos interesses dos profissionais e da sociedade”, sublinhou. O coordenador da região leste-metropolitana, Luis Carlos Jordão, elogiou a iniciativa do CREA-RJ. Segundo ele, eventos desse tipo facilitam o acesso dos inspetores à direção do Conselho. “Acho que é uma oportunidade dos inspetores se aproximarem da direção, se posicionarem e trocarem informações com outras regiões. Como o Sistema é amplo, é necessário ouvir distintas opiniões. Isso é democracia”, concluiu. NOVOS INCENTIVOS Tendo em vista a valorização das regionais, o CREA-RJ resolveu ampliar o Progredir. Praticamente todos os cursos oferecidos na sede do Conselho serão realizados também nas demais inspetorias. Outra medida de incentivo aos profissionais é que os associados às entidades do Sistema receberão desconto adicional na taxa de inscrição dos cursos oferecidos. Já com relação à fiscalização, a nova estrutura formada passou a contar com supervisores em cada uma das regionais, além da gerência, da coordenação interna e da externa. Essa nova estrutura vai permitir agilizar o trabalho do Conselho, pois agora existirá um supervisor para atender, em média, a dez fiscais. petorias porque é através de suas ações que podemos sentir a evolução do nosso trabalho”, explicou. Depois de conseguirem maior acesso aos dirigentes do Conselho, os inspetores vêm buscando também um diálogo com as autoridades públicas. Segundo o inspetor de Paracambi, Luigy Tiellet da Sil- va, a atual gestão facilitou o acesso ao poder público local. “Podemos constatar que, na gestão atual, tivemos possibilidade de dialogar com o prefeito e secretarias para o encaminhamento de assuntos de interesse dos profissionais e do Conselho”, contou. (Christiane Sales) • Renata Idalgo O presidente do CREA-RJ, engenheiro agrônomo Agostinho Guerreiro, esteve presente em todos os dias do evento. Ele chamou a atenção para a contribuição da nova estrutura da fiscalização na ampliação do diálogo com as inspetorias. “A fiscalização tem um vinculo muito forte com as ins- Inspetores na 1a fila, da esq./dir: Osvaldo Norberto (Araruama), Anderson Dominguez (Araruama) e Raimundo Neves – Dokinha (Cabo Frio). Na 2a fila: Danilo Maltez (Macaé) e Flávio Rangel (Rio das Ostras) Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 DIÁLOGO COM AUTORIDADES 14 inovação Patentes verdes Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) estuda implantação de projeto para acelerar o registro de patentes de tecnologias de baixa emissão de carbono inovação André Cyriaco M Rockefeller Peçanha: “Essas patentes devem ser consideradas de interesse público” meio ambiente”, diz Patrícia Reis, engenheira química e gerente do projeto Patentes Verdes. “Brasil apresentou dez novas classificações de tecnologias verdes que foram aceitas por todos” – Rockfeller Peçanha UM CAMINHO MUNDIAL O projeto brasileiro de patentes verdes é inspirado em outras nações onde esse tratamento privilegiado já acontece, como nos Estados Unidos, que têm um programa-piloto em vigência desde 2009. Nos Estados Unidos, em menos de um ano de projeto, mais de 1.600 patentes solicitaram a classificação “verde” e mais de cem tiveram a patente concedida em tempo menor do que o regular – o país tem mais de um milhão de pedidos aguardando para serem examinados. Na Austrália, China, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido também há projetos semelhantes sendo aplicados. “Verificamos como os Programas de Patentes Verdes ocorreram em outros escritórios no mundo e observamos dois tipos de aplicação: como instrumento de identificação das tecnologias verdes e como um exame acelerado para essas tecnologias. Seguindo o exemplo do escritório americano USPTO (United States Patent and Trademark Office), o INPI está se preparando para realizar um Programa Piloto com início em junho de 2012”, explica Patrícia Reis. O INPI quer unir as duas aplicações, acelerando o processo de exame e identificando também as tecnologias verdes estratégicas para o país. Porém, a possibilidade de executar as duas tarefas ainda está sendo estudada pelo Instituto. “O projeto Patentes Verdes faz parte do Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 udanças climáticas, aquecimento global e preservação ambiental são temas muito discutidos no mudo todo. No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) decidiu colaborar com a causa acelerando o processamento das patentes relativas a tecnologias de baixa emissão de carbono – as chamadas “patentes verdes”. O projeto, em fase de elaboração, está previsto para ter o piloto lançado em junho do ano que vem. “O INPI acha que tem como contribuir para melhorar o clima. Priorizando as patentes verdes, o desenvolvimento de tecnologia nessa área será incentivado. Além disso, as mudanças climáticas e as energias renováveis estão no Plano Plurianual do governo, então estaremos também contribuindo com a política governamental de se dar tratamento privilegiado a essas questões”, afirma Júlio César Castelo Branco Moreira, diretor de patentes do INPI. Em 29 de dezembro de 2009, o Brasil passou a ter uma Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), fato que estimulou o INPI a seguir linhas de ação voltadas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Além do projeto das patentes verdes, o órgão formou um Comitê de Sustentabilidade e aderiu ao A3P, cujo objetivo principal é minimizar os impactos gerados sobre o meio ambiente durante a jornada de trabalho. “O INPI está encampando uma estratégia para consolidar uma nova cultura institucional com critérios socioambientais e de sustentabilidade, e engajando-se em uma premissa básica de minimizar os impactos das práticas administrativas e operacionais do instituto sobre o 15 16 inovação André Cyriaco mento de royalties na transferência de tecnologia. “No caso do Brasil, seria interessante que as patentes verdes fossem consideradas como patentes de interesse público. Assim, o governo brasileiro poderá requerer a licença compulsória, evitando que paguemos de 20 e 40% de royalties, mas sim de 1,5 a 3%, por exemplo”, diz o pesquisador. AS TECNOLOGIAS LIMPAS Júlio César: “Estamos privilegiando a questão ambiental” portfólio de projetos prioritários e encontra-se em fase de mapeamento e monitoração das tecnologias passíveis de enquadramento, bem como verificação de adequação à legislação vigente e estabelecimento de fluxos processuais, entre outras providências”, diz Patrícia. BRASIL EM DESTAQUE Em setembro de 2010, representantes do INPI participaram da Assembleia dos Estados-Membros da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), em Genebra, na Suíça, durante a qual o Instituto assinou um acordo de cooperação com o Escritório Coreano de Propriedade Intelectual (KIPO). O texto prevê a troca de experiência entre Brasil e Coreia do Sul, a discussão de temas relativos à classificação das patentes verdes e o controle de qualidade nas concessões de direitos. Antes disso, entre maio de 2009 e agosto de 2010, o Brasil já tinha participado de reuniões na sede da OMPI, em Genebra, para definir a questão das patentes verdes, seguindo uma orientação da Organização das Nações Unidas (ONU), que queria nortear as discussões sobre as tecnologias que afetam positivamente o clima. “Durante esse período foram discutidas quais as classificações internacionais de patentes, ou seja, quais as áreas tecnológicas que realmente afetavam a geração de CO2 ou a mitigação do CO2. Dentre as diversas sugestões, destacamos que o Brasil apresentou dez classificações que nenhum outro país sugeriu e que foram aceitas por todos”, afirma o pesquisador do INPI e diretor do CREA-RJ, engenheiro metalúrgico Rockfeller Peçanha, exemplificando com a recirculação dos gases de combustão na regulagem e controle da combustão para o aquecimento de fornos de coque com gases combustíveis. Na opinião de Rockfeller, o projeto Patentes Verdes enfrenta também uma questão política: a do paga- O país está avançando cada vez mais na criação de tecnologias limpas e verdes. Um exemplo é o polietileno verde, produzido a partir do etanol da cana de açúcar pela petroquímica Braskem. A tecnologia, relacionada à fabricação de plásticos, é a primeira deste tipo 100% renovável certificada no mundo. A linha de produção do novo insumo está instalada em Triunfo (RS) e tem capacidade para produzir anualmente 200 mil toneladas de eteno, que serão transformados em volume equivalente de polietileno de alta densidade (PEAD) e polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). Outros exemplos com a mesma preocupação ambiental são uma técnica de aproveitamento de resíduo de rochas ornamentais usada na construção civil, que acaba com o problema ambiental causado pelo pó fino, desenvolvida por um pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia; um papel sintético feito à base de resíduos plásticos, desenvolvido pela indústria paulista Vitonel; e um fogão a lenha que também gera energia elétrica, fabricado pela Energer. Segundo estudo do INPI, foram depositados no mundo 2.351 pedidos de patentes sobre energia solar, feitos por 41 países, inclusive o Brasil, no primeiro semestre de 2010. Em rela- inovação ção à energia eólica, havia 2.557 solicitações de 51 nações no mesmo período. “O quadro é bastante promissor para o Brasil no que diz respeito ao desenvolvimento dessas tecnologias, por isso o INPI quer ajudar a montar toda a cadeia produtiva da área, amadurecê-la e utilizá-la para o bem-estar social”, defende o diretor de patentes do Instituto. Ele acredita também que a iniciativa do INPI de priorizar as patentes verdes pode fomentar os investimentos na área. “Acredito que vamos incentivar as pessoas a inovar e a gerar mais tecnologia que possa poluir menos e evitar mudanças climáticas”, diz. Já a gerente do projeto concorda que o desenvolvimento das tecnologias ditas verdes no país está tendo resultado positivo: “Um levantamento feito nos bancos de patentes nos informa a evolução histórica. Percebemos nitidamente onde necessitamos de crescimento imediato, como no armazenamento de H2 e uso do lixo para produção energética, e onde já adquirimos expertise suficiente para nos tornarmos autônomos tecnologicamente, como nas áreas hidroelétrica, de bioenergia, entre outras”, sinaliza Patrícia Reis. O INPI já oferece tratamento prioritário aos requerentes maiores de 60 anos de idade, às vítimas de contrafação de produtos e aos projetos que buscam financiamento do governo. Mesmo com as patentes verdes acrescentadas à lista, Julio César garante que não haverá risco de as demais solicitações atrasarem. “Acelerar um processo não significa atrasar o outro. Nosso objetivo é 17 conceder patentes com tempo hábil e qualidade”, afirma, acrescentando que o Instituto prevê o aumento do quadro de pessoal. A previsão é aumentar de 270 para 700 o número de funcionários trabalhando na avaliação de patentes nos próximos três anos, oferecendo vagas para diferentes formações, incluindo arquitetos e engenheiros.“Vamos disponibilizar vagas para diferentes áreas do conhecimento humano”, afirma Júlio, ressaltando que o CREA-RJ tem importância fundamental na disseminação da cultura da propriedade intelectual. (Maíra Amorim) • de efeito estufa e a minimizar os impactos das mudanças climáticas no Brasil. Segundo reportagem do jornal O Globo (10/06/2011), o governador Sérgio Cabral deve estender as exigências a todas as secretarias nos próximos meses. No caso de obras e serviços de engenharia, o texto estipula que deverão constar do edital técnicas de construção e implantação de sistemas que promovam a racionalização do uso da água, como aproveitamento de água da chuva e torneiras inteligentes (que se desligam automaticamente caso funcionem por mais de um minuto). As iniciativas verdes que deverão ser obedecidas nas concorrências estão listadas no “Guia de compras e construções sustentáveis”. Entre elas, está a exigência do selo do Programa Nacional de Conservação de Ener- gia Elétrica (Procel) na compra de uma geladeira, por exemplo. O uso de papel reciclado nas dependências da Secretaria também é listado como prioritário, assim como a utilização de asfalto-borracha, que é feito de pneus usados, em serviços de recapeamento de vias. “É claro que a resolução desagradará alguns fornecedores. Nem todos oferecem esses serviços sustentáveis. Mas, com o tempo, haverá barateamento de custos, com mais empresas atuando nesse nicho. Não vamos comprar briga com todo mundo, mas queremos começar a mudar os costumes”, disse Minc, destacando a importância da discussão em torno do tema economia verde, assunto central da Rio+20, evento que a ONU realizará no Rio em 2012 para celebrar os 20 anos da Rio 92. Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 Licitações no Rio terão critérios ambientais Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, a construção civil é responsável por cerca de 40% do consumo de energia no mundo, 30% dos resíduos gerados e até 30% das emissões de gases do efeito estufa. Tendo em vista esses dados preocupantes, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, assinou, no dia 10 de junho, uma resolução estabelecendo critérios ambientais que deverão nortear todos os editais de compras, obras e serviços de sua pasta e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). A resolução estabelece que a origem dos insumos, forma de produção, embalagem, distribuição, destino e utilização de produtos recicláveis sejam levados em consideração, com o objetivo de ajudar a reduzir as emissões de gases 18 economia e mercado O mercado da engenharia no Rio Pesquisa inédita do Senge-RJ e do Dieese, com o apoio do CREA-RJ, revela concentração de vagas no setor extrativista e crescimento do emprego feminino economia e mercado PETRÓLEO EM DESTAQUE O presidente do Senge-RJ, Olímpio Alves dos Santos, afirmou que o sindicato tem a constante preocupação de avaliar as questões relativas ao mercado de trabalho e as faixas sala- riais, mas, “além disso, o objetivo da pesquisa foi analisar se há realmente uma escassez de engenheiros no mercado de trabalho”. Segundo ele, há uma concentração de vagas na região Sudeste, mas essa escassez acaba sendo mais espacial do que uma falta real de profissionais. No estado do Rio de Janeiro, a pesquisa indicou que há oito engenheiros para cada mil trabalhadores, enquanto no Brasil a proporção é de cinco para cada mil trabalhadores. “Esse crescimento é baseado na in- “Estudo mostrou que 90,2% dos profissionais do estado estão em organizações empresariais, sendo 35% em empresas públicas” dústria extrativista, ou seja, petróleo, e por causa das grandes obras motivadas pelo ciclo de desenvolvimento que o estado atravessa”, observa Olímpio. Se em 2004 o setor extrativista empregava 6% dos engenheiros do estado, em 2009 esse índice subiu para 25%. As especialidades da engenharia de maior participação no mercado são civil, mecânica e eletricista. A engenharia de produção merece destaque por vir ampliando sua participação. Para o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, o problema da escassez é real, não pela falta de distribuição e, sim, pelo crescimento socioeconômico e desenvolvimento do PIB, que demandam profissionais que não estão disponíveis. “O número de engenheiros que estamos formando não é suficiente. A China forma mais de 300 mil engenheiros por ano, a Índia cerca de 100 mil/ano e o Brasil forma em torno de 30 mil/ ano”, ressalta Agostinho. GRANDES EMPRESAS O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, considera que uma semelhança entre os mercados nacional e o estadual é a importância da engenharia para uma perspectiva de desenvolvimento consistente que vem sendo fomentada no país, mas “uma especificidade do mercado fluminense é a forte influência das empresas estatais, que têm muitos postos de trabalho e oferecem remuneração mais alta”. No entanto, Clemente destaca que “o ponto em comum é a carência de profissionais, já que muitos engenheiros abandonaram a profissão nos tempos de recessão”, avalia. A pesquisa mostra que 35,3% dos profissionais do Rio de Janeiro recebem mais de 20 salários mínimos mensais. Já no Brasil, esse índice é de 18,5%. Um fator que explica esse fato é a presença de grandes empresas de caráter privado e estatal no estado. A maioria dos vínculos (47%) se encontra em estabelecimentos com mil ou mais vínculos ativos. Além disso, 90,2% dos profissionais estão em organizações empresariais, sendo 35% em empresas estatais. Para Olímpio, o fato de pelo menos 8% dos profissionais do estado receberem salários abaixo do piso definido por lei se explica, principalmente, pelo não cumprimento da legislação pelo setor público. “De uma maneira geral, as prefeituras e órgãos estaduais não cumprem a lei Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 U m mercado de trabalho em expansão, mais jovem, com maior participação feminina, remuneração elevada e com base no setor extrativista. Essas são algumas das principais características reveladas pela pesquisa “O MercadoFormal de Trabalho de Engenharia no Estado do Rio de Janeiro”, realizada pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com o apoio do CREA-RJ. O estudo teve como objetivo caracterizar o profissional do estado do Rio de Janeiro, a partir de dados obtidos na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entre os anos de 2004 e 2009. A técnica do Dieese, Jéssica Naime, explica que os dados utilizados são disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com base nas informações dos registros administrativos de declaração obrigatória por parte dos empregadores. “Os dados foram cruzados segundo as categorias disponibilizadas pela base, que podem ser classificados segundo grandes grupos de informações: atributos pessoais do profissional empregado; características dos estabelecimentos empregadores; e características do vínculo empregatício estabelecido com o empregador. Posteriormente foi feita uma análise desses dados para apontar mudanças e tendências no emprego na engenharia”, explica a pesquisadora. 19 20 economia e mercado André Cyriaco Isso é lamentável. Seria muito importante que esses órgãos tivessem um corpo técnico, como já existiu no passado, que desenvolvesse uma inteligência capaz de planejar, ter visão de futuro e criar melhores condições para a sociedade, além de produtos e serviços com mais qualidade e menos caros”, avalia Agostinho. JOVEM E FEMININA Jéssica Naime: “Cruzamos dados do Ministério do Trabalho para fazer a nossa análise” do salário mínimo profissional. Isso ocorre também em algumas empresas pouco qualificadas. Nesses casos, o sindicato tenta a negociação com empregadores que pode até acarretar em uma ação judicial, se não houver acordo entre as partes”. O diretor do Senge-RJ Agamenon de Oliveira afirma que o sindicato tem se engajado constantemente na luta por salários mais justos. “Atualmente, temos muitas terceirizações, que não são benéficas para os trabalhadores. É uma relação injusta. O engenheiro e os outros profissionais da cadeia produtiva do petróleo, por exemplo, precisam ter vínculos mais perenes”, diz. FALTA PLANEJAMENTO As empresas estatais, como a Petrobras, Furnas e Eletrobras, são os grandes empregadores no Estado. Mas a grande participação dos engenheiros fluminenses nas estatais não se repete na administração direta. Os profissionais atuantes nas esferas municipais, estadual e federal não somam 10% dos que estão inseridos no mercado de trabalho formal. Para o presidente do Senge-RJ, esta pequena participação revela o quanto o Estado é desorganizado. “Isso resulta na falta de políticas públicas sérias em áreas importantes como habitação, saneamento e contenção de encostas, por exemplo”, opina Olímpio. A ideia é corroborada pelo presidente do CREA-RJ: “Hoje as maiores deficiências que percebemos nos poderes públicos estão relacionadas à falta de planejamento, sobretudo de médio e longo prazo. Reconhecidamente uma profissão masculina, a engenharia tem tido uma maior participação feminina. No Rio de Janeiro, em 2004, as vagas no mercado formal de trabalho ocupadas por mulheres representavam 14,6%. Em 2009, essa participação evoluiu para 17,8%. No Brasil, o crescimento foi um pouco menor: 1,8%. “O aumento da participação feminina no mercado da engenharia é uma resposta natural às mudanças da sociedade. As profissionais vão continuar ocupando mais espaço e, rapidamente, haverá uma equiparação entre os gêneros no que diz respeito à composição do mercado de trabalho do setor”, afirma Olímpio. Segundo Jéssica, o estudo reforça a ideia de que há um processo de feminilização do mercado de trabalho da engenharia. “A participação do emprego feminino tem aumentado paulatinamente, e ele se dá com maior preponderância nas faixas etárias mais jovens. Isso significa que há um aumento da formação de mulheres em engenharia”, frisa. No Rio de Janeiro, 68,6% das engenheiras estão na faixa etária até 39 anos. O resultado da pesquisa revela também um processo de rejuvenescimento do mercado. Se em 2004 a maior parte dos vínculos concentrava-se na faixa de 40 a 49 anos (34,3%), em 2009 a maior concentração é na economia e mercado O PERFIL DESEJADO Quando analisado o futuro do mercado de engenharia, todos são unânimes em definir que ele depende especialmente do crescimento do país, embora o perfil do profissional esteja relacionado às características da economia.“O Brasil tem a perspectiva de crescer entre 3,5% e 5,5% ao ano. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas [Ipea] tem realizado estudos para indicar o quantitativo de engenheiros necessários para garantir o crescimento nos próximos 20 anos. Hoje, temos uma economia voltada para obras de infraestrutura e extrativismo. Isso demanda um perfil de profissional. Outras prioridades demandarão outro perfil”, analisa o presidente do Senge-RJ. Jéssica complementa afirmando que, como diversos investimentos previstos para o Brasil têm fase de maturação mais longa – caso do pré-sal – há uma sensação de que essa expansão do emprego da categoria possa perdurar. Olímpio considera que é importante também incentivar a reinserção do profissional no mercado. “Para isso, o Senge-RJ vai oferecer cursos de requalificação para que os engenheiros que abandonaram a profissão na época da recessão fiquem aptos a voltar a trabalhar em igualdade de condições com os profissionais que se mantiveram e os que ingressaram depois”, informa. Agamenon concorda: “O esforço de reinserção dos profissionais antigos é necessário e benéfico. Esses profissionais devem voltar à profissão para preencher lacunas importantes”. O presidente do CREA-RJ sugere um esforço conjunto de escolas e empresas para oferecimento de cursos de atualização para os engenheiros. O Sistema Confea/Crea está sugerindo ao Ministério da Educação (MEC), a exemplo de outros países, um mestrado de um ano direciona- do aos profissionais que se afastaram da profissão. “Deve-se observar a demanda do mercado e estimular a velocidade de formação, aumentando o número de vagas e evitando a evasão. Acredito que se o país continuar a crescer a essa taxa de 5% vamos precisar de esforço muito grande para não ter déficit de engenheiro nos próximos cinco, dez anos”, avalia. Para conhecer melhor os profissionais do estado, o Senge-RJ e o Dieese estão realizando uma nova pesquisa, que aplicará um questionário a uma amostra de 2 mil engenheiros para traçar uma visão mais completa do cenário. “Enquanto esse primeiro estudo levou em conta os profissionais que trabalham com carteira assinada, nesse momento, queremos abranger todo o universo do mercado de trabalho estadual. O cadastro do CREA-RJ tem em torno de 89 mil engenheiros. E, no mercado formal, há cerca de 33 mil profissionais. Essa diferença também precisa ser analisada”, conclui Olímpio. (Joana Algebaile) • André Cyriaco Olímpio Alves: “Haverá em pouco tempo equiparação entre os gêneros no mercado de trabalho” Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 faixa de 30 a 39 anos: 32%. Essa faixa tem maior representatividade entre os profissionais que permanecem em um mesmo vínculo de trabalho por até cinco anos (65,8%). “O rejuvenescimento reflete uma situação anterior, quando muitos profissionais abandonaram a engenharia pela falta de emprego gerada pelo momento de recessão que o país vivia. Houve um hiato entre 1985 e 2002, que vem sendo dissipado”, afirma o presidente do Senge-RJ. Ao analisar o tempo de emprego dos profissionais informados na RAIS 2009, nota-se que, no estado, na faixa superior a 10 anos de vínculo estão 24,5% dos engenheiros. Um dos fatores que justifica esses números é que os empregos nas estatais tendem a ser mais estáveis. Apesar do aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, nota-se que esse é um processo novo, uma vez que o percentual de mulheres que ocupa um mesmo posto de trabalho há dez anos ou mais é baixo – 16,9%. 21 22 economia e mercado CREA-RJ combate exercício profissional irregular de estrangeiros Ação tem apoio do Ministério Público, da Superintendência Regional do Trabalho e da Polícia Federal E ntre os dias 25 e 29 de julho aconteceu a Semana Nacional de Fiscalização de Profissionais Estrangeiros, uma iniciativa do Sistema Confea/Crea que abrangeu todos os estados do país. Essa decisão foi tomada no Colégio de Presidentes que reúne 27 Creas e é coordenado pelo presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro. O objetivo é fiscalizar empresas que empregam engenheiros estrangeiros a fim de orientá-las sobre a regularização dos profissionais e, se for o caso, notificar aqueles que estejam atuando de maneira irregular. A equipe de fiscalização do CREA-RJ já visitou diversas empresas para fazer um levantamento de dados e passar informações sobre a necessidade do reconhecimento do diploma e do registro do profissional vindo de outro país junto ao Conselho. “A ideia de realizar a semana surgiu durante uma reunião do colegiado de presidentes dos conselhos estaduais e houve a orientação para que todos fizessem um trabalho específico. Já realizávamos aqui no Rio de Janeiro ações para coibir a atuação irregular de profissionais estrangeiros. Agora, participamos de um esforço conjunto que conta com o apoio do Ministério Público, da Polícia Federal e da Superintendência Regional economia e mercado nais. A crise econômica em diversos países é uma delas. Mas, na maioria das vezes, a atração do profissional é feita por meio de projetos que vêm de outros países. São poucos os profissionais que vêm de forma isolada. Temos que incentivar o uso de mão de obra nacional para não haver prejuízo para os profissionais brasileiros”, afirma o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro. Agostinho ressalta que há a necessidade de transferência de tecnologia, mas que isso não pode servir de desculpa para uma invasão. “A engenharia brasileira é uma das maiores e melhores do mundo. Pode haver segmentos que necessitem de transferência de tecnologia. Nesses casos, a quantidade de profissionais que vem para o Brasil é pequena e não gera competição. Esse intercâmbio pode ser necessário”, analisa. A coordenadora de Fiscalização Externa do Crea-RJ, Solange Teixeira, informa que todos os estados sofrem com a atuação irregular de estrangeiros, mas o Rio de Janeiro é um dos mais afetados, principalmente pela fase positiva de investimentos e grandes empreendimentos. “Temos que resguardar os profissionais brasileiros, fazendo com que a legislação seja respeitada e ele tenha mais oportunidades no mercado de trabalho. Esse trabalho de conscientização dos empregadores é contínuo. Já observamos resultados e temos expectativa positiva de cada vez mais minimizar o problema”, completa Solange. (Joana Algebaile) • Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 do Trabalho”, explica o coordenador de Fiscalização Interna do CREA-RJ, Celso Sant’Anna. Com essa atitude, o Sistema Confea/Crea quer fazer valer a primazia dos profissionais brasileiros frente aos estrangeiros no mercado de trabalho nacional. Outra finalidade é garantir que a Lei 5.194/1966 e a Portaria 132/2002, do Ministério do Trabalho e Emprego, que regularizam o exercício e o registro profissional, sejam respeitadas. As áreas que mais abrigam profissionais estrangeiros são as de petróleo, estrutura naval, telecomunicações, elétrica e siderurgia. Entre as nacionalidades atuantes no Brasil, a maioria é chinesa e coreana. “Há diversos motivos para a vinda desses profissio- 23 24 campo Agrotóxicos: há controle no seu uso? T ema recorrente e cuja abrangência remete a debates nem sempre permeados pela racionalidade e isenção na sua abordagem. Enquanto seus defensores mostram dados de produtividade agrosilvopastoril elevadas que só estariam sendo sustentadas com seu emprego, contingente expressivo da sociedade contesta tais afirmativas e questiona a verdadeira sustentabilidade que se pretende para o planeta. Uma atividade que movimentou mundialmente, em 2008, perto de 50 bilhões de dólares, em oligopólio que se concentra cada vez mais, demonstra força econômica não desprezível. As seis maiores empresas – Bayer, Syngenta, Basf, Monsanto, Dow e DuPont – faturaram 68% desse mercado. Se forem incluídas, nesse conjunto, outras sete – MAI, Nufarm, Sumitomo, Arysta, Cheminova, FMC e United Phosphorus – chega-se à concentração de 90% do valor total naquele ano. São empresas estruturadas para convencer, com argumentos aceitos pelas consciências adormecidas, que sua atividade é essencial para a humanidade vencer o desafio de erradicação da fome no mundo. Caso isto fosse verdade, não existiriam os vergonhosos bolsões de miséria, em inúmeras partes do mundo, que impactam a opinião pública com imagens desabonadoras da natureza humana. Mas, alegam, no Brasil, a situação está controlada: existe a mais detalhada e cuidadosa legislação sobre agrotóxicos, com seu uso efetuado através da receita agronômica, emitida por profissionais legalmente habilitados. Além disso, há o controle sobre as embalagens dos produtos e o programa nacional de recolhimento das mesmas causa inveja a qualquer outra nação. Existem programas de educação ambiental e de treinamento de agricultores para o uso seguro de agrotóxicos. Será que tais argumentos se sustentam, quando confrontados com a realidade? Em artigo publicado no Jornal Diário do Aço da Região Metropolitana do Vale do Aço, MG, em 10 de julho de 2011. (www.diariodoaco. com.br), destaca-se que “o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola informou que os cultivos brasileiros receberam mais de um bilhão de litros de pesti- cidas em 2010. Este crime ambiental e sanitário, não obstante, é tido como apenas um número que contribui para o “êxito” da economia nacional e do setor produtivo primário. Os patrocinadores deste infortúnio raras vezes comentam sobre os riscos de exposição direta dos trabalhadores rurais aos venenos lançados sobre as plantações ou a incidência de câncer e outras doenças nos consumidores destes produtos, cujos sintomas não brotam de imediato e dificultam o reconhecimento da empresa causadora dos danos humanos”. A receita agronômica é um instrumento importante, mas, infelizmente, insuficiente: ela deve ser resultante de uma avaliação criteriosa do problema fitossanitário, surgindo como alternativa após ser constatada 24 21 18 15 12 9 6 3 0 água detergente bicarbonato vinagre 25 água sanitária Soluções Sanitizantes Ingestão Diária Aceitável de Parationa-Metílica para um adulto de 70kg, 21ppm x 10-2 / dia. Ingestão Diária Aceitável de Parationa-Metílica para uma criança de 10kg, 3ppm x 10-2 / dia. sil ou que nunca tiveram registro no país. Dentre os agrotóxicos banidos encontrados estão os seguintes ingredientes ativos: heptacloro, clortiofós, dieldrina, mirex, parationa-etílica, monocrotofós e azinfós-metílico. A presença desses agrotóxicos nos alimentos sugere a ocorrência de contrabando ou persistência ambiental. Mas, se há resíduos, não bastaria a higienização do alimento para superar o problema? Em princípio, somente os resíduos nas superfícies poderiam ser removidos já que existem produtos sistêmicos, que circulam dentro do vegetal e, nos casos em que o produtor rural não obedecer a carência em sua aplicação, não há como superar o problema. Entretanto, para maior desalento do consumidor, pesquisa realizada por Tatiana Martins Rocha (Ufrrj), Édira Castello Branco de Andrade Gonçalves (Unirio) e Mauro Velho de Castro Faria (Uerj) [Alim. Nutr., Araraquara, v. 21, n. 4, p. 659-665, out./dez. 2010] indicou a insuficiência da higienização para remoção de parationa metílica acrescida em amostras de maçã. Ainda que esse fosforado não seja recomendado para maçã, o gráfico a seguir mostra a extensão do problema, muito mais grave com crianças do que com adultos. Como, então, os consumidores poderão se proteger? A melhor opção é o consumo dos alimentos certificados como orgânicos, pois não há o emprego de agrotóxicos na sua produção. Por ser, ainda, de oferta restrita, o preço dos mesmos pode desestimular seu consumo ou, perversamente, restringir o acesso às pessoas mais pobres. No Estado do Rio de Janeiro permanece desativada a Comissão Estadual de Controle de Agrotóxicos e Afins – Cecab, órgão criado nos anos 80 para, pelo menos, amenizar os efeitos danosos do emprego de venenos na agricultura. Cabe ao Governo do Estado, através de suas Secretarias de Saúde, Meio Ambiente e Agricultura, responder aos anseios da sociedade. É assunto que será tratado em próximo artigo sobre o tema, incluindo medidas possíveis de serem adotadas, no âmbito de restrição e controle no uso de agrotóxicos, não só no meio rural como, também, no ambiente urbano e doméstico. • Engenheiro Agrônomo Luiz Freire Conselheiro do CREA-RJ e professor do Instituto de Agronomia da UFRRJ Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 a inviabilidade técnica no controle da praga. Contudo, nem sempre é feito o acompanhamento da aplicação do agrotóxico, o que fragiliza totalmente a recomendação do profissional. E como controlar o comércio irregular e clandestino? Em 2001, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa criou o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), em parceria com as Vigilâncias Sanitárias de todo o País. É feita coleta dos alimentos nos supermercados e se verifica se os alimentos comercializados possuem qualidade de acordo com as autorizações de uso dos agrotóxicos e os limites de resíduos de agrotóxicos estabelecidos pela Anvisa. A consulta ao site www.anvisa.gov.br traz as informações sobre os resultados obtidos. A divulgação dos mesmos pelos meios de comunicação tem provocado reações desalentadoras nos consumidores. Somente para citar alguns dados, no Estado do Rio de Janeiro, das 133 amostras analisadas em 2009, 40 delas mostraram resultados insatisfatórios (ingrediente ativo acima do limite máximo de resíduo permitido e/ou uso de agrotóxico não autorizado para a cultura). Os principais produtos nessa condição foram alface, couve, pepino, pimentão, mamão e morango (acima de 50% das amostras). No outro extremo, sem qualquer irregularidade, estiveram banana, batata, cebola, feijão, manga e tomate. É interessante notar que, dos produtos sem irregularidade, somente tomate e banana são produtos cultivados expressivamente no Rio de Janeiro. Outra constatação, no âmbito nacional, é que 32 amostras (3,9%) do total de amostras contendo ingredientes ativos não autorizados apresentaram substâncias banidas do Bra- Resíduo de Parationa-Metílica (ppm) em 60g de amostras de maçã (x 10-2) campo 26 mundo técnico Futuro promissor Cursos Técnicos são diferenciais no mercado de trabalho mundo técnico s cursos técnicos oferecem formação mais completa do que o Ensino Médio convencional, mesclando aulas práticas e teóricas visando preparar melhor o jovem para ingressar na vida profissional. As oportunidades de negócios no Estado do Rio de Janeiro estão por toda parte. Cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) estimam que os investimentos previstos para os próximos cinco anos são da ordem de R$155 bilhões. “Cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) estimam que os investimentos previstos para os próximos cinco anos são da ordem de R$155 bilhões” No setor de petróleo, o norte fluminense vai receber R$ 83 bilhões em investimentos e R$17 bilhões serão investidos pela Petrobras até 2012. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) vai receber R$ 12 bilhões. Soma-se a isso a duplicação da Reduc, Wisco, Termium, CSA, CSN I e II, Votorantim, Gerdau, Cosigua e outras, que farão do Rio de Janeiro o maior produtor de aço do país. A Gerdau anunciou um investimento de R$ 2,4 bilhões na expansão da produção de aço e laminados em sua usina. Com isso, a capacidade de produção crescerá 50%, com previsão de geração de 550 empregos diretos e 3 mil indiretos. movimentação de contêineres próxima de R$ 3 milhões. A Usiminas vai investir R$ 92 milhões num terreno de 850 mil m2 em Itaguaí-RJ, que abrigará um porto para exportar o minério de ferro e uma pelotizadora. Na mesma região, estão sendo feitos o porto da Petrobras, para escoar o petróleo do pré-sal (em parceria com a CSN e a Gerdau); o Superporto do Sudeste, da LLX; o porto da Marinha, para a construção de submarinos e outros. Na indústria de transformação, cita-se a construção da quinta fábrica da Michelin, em Itatiaia, da Nestlé, em Três Rios, a fábrica de motos da Kasinski, no Sul do estado, a ampliação da Peugeot e da GE-CELMA. Somem-se a esses investimentos os Jogos Militares, o Rock in Rio, o Rio+20, a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016, as obras do Porto Maravilha e a revitalização da área portuária. NOVOS PORTOS SEMANA DA INDÚSTRIA Não se pode esquecer a construção de um novo porto, em São Gonçalo, e do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. A CSN, o Grupo Libra e a Multiterminais estão ampliando a capacidade da Sepetiba Tecon, Tecon 1 e Tecon II e Tecar, que darão ao Rio de Janeiro uma Todos os investimentos apontam para um futuro promissor para aqueles que estão investindo na área técnica, pois o mercado de trabalho está com inúmeras possibilidades de crescimento. É evidente e clara a contribuição da ETERJ–Escola Técnica do COMPERJ Rio de Janeiro para as empresas quando preparamos e formamos profissionais qualificados e aptos para ingressarem no mercado de trabalho. A ETERJ acredita na educação como plataforma para a melhoria do Brasil, pois entende que é a única maneira de transformar o nosso País. A ETERJ realiza há nove anos a Semana da Indústria com empresas e organizações como: Abraman, Ambev, Atel, Ciee, CREA-RJ, Dancor, Eletromar, Fcc, Mudes, Furnas, Gerdau, Light, Gestão de Talentos, Itquality, Metrô, Michelin, Sintec, Thyssenkrupp-CSA, Uezo, Vale, Sew e Weg. Partimos da premissa que a Educação Profissional Técnica de Nível Médio de qualidade prepara profissionais capazes de se adaptarem rapidamente à evolução tecnológica das empresas, criando condições de conquistarem melhores empregos e, consequentemente, ascensão socioeconômica para os jovens e adultos da Região – Zona Oeste e Costa Verde. Com isso, a ETERJ reforça seu compromisso com o sucesso de seus alunos e com o desenvolvimento sustentável das Organizações. • Fonte: Boletim da ETERJ (nº11). Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 O 27 28 capa Múltiplos olhares para o futuro do Rio Seminário do CREA-RJ sobre os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 debateu a importância do planejamento e o andamento e a fiscalização das obras. O maior desafio continua sendo preparar a infraestrutura capa O que ficará de herança para o Rio e o país após o fim da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos, em 2016? A preocupação com o legado foi a tônica do seminário “Copa do Mundo 2014: Projetos, Rumos e Perspectivas”, realizado pelo CREA-RJ, em parceria com o CONFEA, em 7 de junho, no Clube de Engenharia, centro do Rio. Reunidos na ocasião, representantes dos três níveis de governo, membros do Ministério Público e dos tribunais de contas e profissionais do Sistema Confea/Crea discutiram o andamento das obras necessárias à realização dos megaeventos. A transparência no processo de execução dos empreendimentos e a polêmica sobre o aumento do orçamento para a reforma do Maracanã também foram destaques do debate. Na abertura, o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, fez um alerta em relação à aprovação da Medida Provisória 527, que estabeleceu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) para licitações destinadas a obras e serviços relacionados à Copa das Confederações, em 2013, à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos. “No afã de acelerarmos os processos de preparação, precisamos refletir o quanto estamos pagando pelo mau tratamento da nossa inteligência e expertise na área tecnológica. A maioria dos países europeus gasta muito tempo planejando e depois faz rápido as obras. Nós regredimos, pois estamos planejando rápido e pouco e, depois, executando. Não é raro, por exemplo, vermos obras sem projeto executivo, ou com ele sendo elaborado durante a obra. É preciso que o nosso planejamento volte a ser inteligente, de médio e longo prazo”, lembra. O presidente do CREA-RJ reforçou ainda a necessidade de investimentos na melhoria do transporte de massa na Região Metropolitana, 29 pois este seria, segundo ele, o principal legado para o Rio de Janeiro. O presidente do Confea, Marcos Túlio, considera que um dos maiores desafios nos preparativos dos dois megaeventos esportivos será dar celeridade ao processo sem comprometer o resultado. “Temos grandes passos a dar. Precisamos ter o melhor projeto e o melhor processo licitatório, pois um bom empreendimento depende de um bom projeto. O modo como as coisas estão sendo feitas nos causa preocupação. Do ponto de vista técnico, precisamos que toda a comunidade se debruce sobre o processo”, alerta. Marcos Túlio aproveitou a ocasião para também criticar a MP 527, aprovada no dia 15 de junho. “Somos contrários à medida provisória, que prevê a contratação de projetos e obras por pregão eletrônico, pois ela pode servir para a contratação de serviços comuns, mas a execução de um projeto depende de uma análi- Mesa de abertura: César Ferraz Mastrângelo, representante do Governo do Estado; Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia; Marcos Túlio, presidente do Confea; Agostinho Guerreiro, presidente do CREA-RJ; Ruy Cezar, secretário Especial da Copa 2014 e Rio 2016; e Ricardo Gomyde, representante do ministro dos Esportes Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 André Cyriaco 30 capa André Cyriaco Mesa de debate: Ícaro Moreno, presidente da Emop; Olimpio dos Santos, presidente do Senge; Álvaro Cabrini, presidente do Crea-PR; Helena Rego, coordenadora de Arquitetura e Urbanismo da SMU; e Carlos Zaeyen, gerente de Contrato do Consórcio Maracanã Rio 2014 se. Queremos o melhor resultado, e a pressa nem sempre nos trará a melhor solução”, critica. AS CIFRAS DOS EVENTOS O secretário Especial da Copa 2014 e Rio 2016, Ruy Cezar Miranda Reis, explicou que o planejamento do governo para sediar as duas André Cyriaco Ruy Cezar explicou planejamento para eventos competições começou em 2002, quando foi feito um diagnóstico das razões de a cidade ter perdido o protagonismo em grandes eventos. “Com a vitória para receber o Pan-Americano de 2007, colocou-se então um plano de desenvolvimento, que serviu como base para a candidatura dos Jogos de 2016”, afirmou. “Quando se apresenta uma candidatura, definem-se conceitos básicos para verificar quanto custará, mas tudo isso muda ao longo do tempo. Acabaram de incluir mais dois esportes olímpicos, o rugby e o golfe”, diz. Ruy Cezar lembrou ainda que estão em andamento os projetos dos Bus Rapid Transit (BRTs) e o Morar Carioca, que vai requalificar 624 favelas cariocas, além do Quinta-Maracanã, que vai ligar o estádio ao parque de São Cristovão e criar uma enorme área de lazer no entorno. Os grandes eventos esportivos irrigarão a economia com R$ 183 bilhões, sendo R$ 47 bilhões de impacto direto, além de atrair cerca de 600 mil turistas, entre estrangeiros e brasileiros. Esses números foram anunciados por Ricardo Gomyde, assessor especial do Ministério do Esporte. “Estamos fazendo um enorme investimento, que vai mudar a infraestrutura do país. Temos três ciclos de planejamento: projetos de infraestrutura, projetos de suporte e serviços e ações específicas. O primeiro ciclo tem R$ 24 bilhões em investimentos, sendo R$ 11,9 bi em 50 projetos de mobilidade urbana. Só no Rio, os investimentos são da ordem de R$ 3,5 bilhões. Além do legado econômico e da mobilidade urbana, existe o impacto cultural, como foi visto na África do Sul e na Alemanha, capa que transformaram sua imagem para o mundo”, afirma. MARACANÃ EM DESTAQUE A reforma do Maracanã foi um tema extensamente debatido durante a mesa redonda. O presidente da Empresa de Obras Públicas (Emop), Ícaro Moreno Júnior, apresentou as mudanças radicais que estão em andamento no estádio, incluindo a construção de uma cobertura, feita de uma estrutura tensionada, que deverá cobrir a maior parte do estádio, protegendo os espectadores da chuva. Toda a obra, por exigência da Fifa, terá que receber o certificado sustentável Leed, que prevê reaproveitamento dos materiais de construção, uso de madeira certificada e economia no consumo de energia e água. Inicialmente, o projeto do Maracanã tinha um orçamento de R$ 600 milhões. Desde o anúncio do Brasil como país-sede do Mundial, esse custo já saltou para R$ 1 bilhão e, agora, foi revisado para R$ 932 milhões. “O aumento do custo da obra aconteceu porque ela foi licitada ainda com o projeto básico, mas que previa um acréscimo de até 50% no orçamento para o projeto executivo. A Fifa está nos trazendo inovação e tecnologia, e estamos trabalhando em uma velocidade anormal. Mesmo assim, só de análises a respeito da mudança da cobertura do Maracanã foram gastos cinco meses, e contamos com a colaboração de especialistas do mundo inteiro. Foi visto, então, que o custo-benefício era válido, pensando no quanto custaria manter a estrutura de concreto antiga, que estava apresentando problemas”, esclarece. 31 Para acompanhar os trabalhos que serão realizados até 2014, a Câmara dos Deputados criou uma comissão que vai analisar os investimentos feitos no Rio e o legado para o estado. O deputado federal Alessandro Molon (PT) afirmou que a principal preocupação da comissão, formada por parlamentares de diferentes partidos, é saber como os eventos vão servir para melhorar a qualidade de vida da população. “Não basta que os eventos sejam bem-sucedidos, o que importa é o que vai ficar. O Pan 2007 é um exemplo. Não houve problemas, mas os investimentos feitos não deixaram nenhuma mudança efetiva”, lembra. INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA Aeroportos, rede hoteleira e transportes – os principais garga- Mesa de debate: Felipe Saboya, do Instituto Ethos; Marco Scovino, diretor da Secretaria de controle externo do Tribunal de Contas do Município; Carlos Pereira, secretário geral de controle externo do TCM; Carmen Lúcia, presidente da Seaerj na ocasião; Celso Evaristo, conselheiro do Sarj; Cláudio Martinelli Murta, subsecretário de auditoria e controle de obras e serviços de engenharia do TCE; Pedro Rubin, promotor de Justiça do consumidor do Ministério Público e Licínio Machado, da Rede Mega Eventos Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 André Cyriaco 32 capa los na infraestrutura – estão recebendo melhorias para conseguir atender às demandas que srão geradas em 2014 e 2016. O Aeroporto Internacional Tom Jobim – o Galeão – já está com parte de suas obras concluídas e em processo de licitação para a conclusão das intervenções no terminal 1, que prevê a construção de um edifício-garagem a partir do segundo semestre deste ano. De acordo com o superintendente regional do Rio da Infraero, Lucínio Baptista da Silva, a capacidade atual do Galeão é de 21 milhões de passageiros/ano. Com a reforma do terminal 1 e a ampliação do terminal 2, a capacidade irá aumen- tar para 44 milhões – capacidade esta que será alcançada em 2015. “As obras já estarão concluídas em 2013. Vale lembrar que este ano receberemos os Jogos Mundiais Militares, que contam com seis mil atletas, ou seja, é um evento do tamanho do Pan-Americano e não vamos ter problemas. Hoje, estamos com uma demanda de 11 milhões de passageiros, e ela será de 18,7 milhões em 2014. Teremos toda a capacidade para atendê-la”, garante. Já o Santos Dumont, segundo Lucínio Silva, tem sua capacidade limitada em 12 milhões de passageiros e, por conta de sua localização, não poderá ser am- pliado, embora estejam previstas reformas das torres de controle e do pátio avaliadas em R$ 53 milhões. Apesar da limitação, Silva lembrou que a demanda atual é de 7,8 milhões de passageiros (dados de 2010). REDE HOTELEIRA Na área de serviços, o atual bom momento da hotelaria carioca atrai investimentos. Somados aos incentivos fiscais que a prefeitura oferece para quem apostar no setor, não haverá problemas para atender à demanda das competições, de acordo com Michel Chertouth, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Fiscalização conjunta: novidade em relação ao Pan Representantes dos tribunais de contas municipal, estadual e da União falaram a respeito dos controles que estão sendo realizados nas contas para todas as intervenções necessárias até a Copa do Mundo. Carlos Eduardo Queiroz, da 9ª Secretaria de Controle Externo do TCU, contou que, em janeiro do ano passado, foram elaboradas resoluções para definir como será feita esta fiscalização. Compete ao TCU verificar o custeio e a execução de obras nos aeroportos e portos. Já as obras dos estados e municípios estão sob controle dos tribunais de contas de suas respectivas esferas. “A União também poderia participar do financiamento, e assim foi feito, via Caixa Econômica Federal (CEF) e BNDES, para reformas e construção de estádios, além da Transcarioca, no Rio. Até o momento, não há nada financiado pela Caixa, mas o BNDES tem uma previsão de financiamento de R$ 400 milhões para estádios que nós temos que fiscalizar e acompanhar, não as obras, mas a regularidade da concessão dos financiamentos”, explica Queiroz. Cláudio Martinelli Murta, subsecretário de auditoria e controle de obras e serviços de engenharia do Tribunal de Contas do Estado, ressaltou “No Pan, se as metas tivessem sido cumpridas, hoje estaríamos com a Baía de Guanabara despoluída”. Marco Scovino que o legado do Pan foi muito fraco, daí a importância da atuação conjunta. “O TCE está atuando no controle, principalmente, da reforma do Maracanã. Analisamos também os editais, o que é uma oportunidade de atuarmos pre- ventivamente”, diz. Murta lembrou ainda que um investimento da ordem de R$ 1 bilhão deve levar em conta o que ficará para a cidade. “Dadas as nossas carências, a questão do legado é fundamental”, observa. No nível municipal, o Tribunal de Contas está responsável por fiscalizar as intervenções no entorno do Maracanã e a construção da Transcarioca, que ligará a Penha à Barra da Tijuca. O secretário de controle externo do Tribunal de Contas do Município (TCM), Marco Antônio Scovino, ressaltou que a colaboração entre os três níveis de poder não acontecia do mesmo modo na época do Pan-Americano. “Estou otimista em relação à Copa do Mundo. Antes, não existia o convívio entre as três esferas, e sim uma procura em querer mostrar qual era a culpa do outro. No fim, aconteceu o que todos viram. Se as metas tivessem sido cumpridas, hoje estaríamos com a Baía de Guanabara despoluída, além das novas linhas do metrô funcionando”, recorda. Scovino também destacou a importância da preocupação com a efetividade das obras. capa 33 André Cyriaco Subsecretário Municipal de Transporte, Carlos Maiolino: “Os BRTs são a melhor opção” O DESAFIO DO TRANSPORTE O grande desafio, no entanto, é a melhoria da mobilidade urbana no Rio de Janeiro. E a aposta dos governos estadual e municipal, apoiados pelo federal, é a construção do sistema de ônibus articulado conhecido como Bus Rapid Transit (BRT). O subsecre- tário municipal de Transportes, Carlos Eduardo Gonçalves Maiolino, afirmou que a intenção do projeto é trazer para o transporte de massa parte da demanda que hoje é atendida pelo transporte particular. Os BRTs, segundo ele, foram a melhor opção encontrada para desafogar o trânsito, com implantação mais rápida e de menor custo. “Em 36 anos, nunca houve investimentos nesta área como está acontecendo agora. A Transcarioca, a Transoeste e a Transbrasil vão interligar a cidade e fazer a conexão com as estações de trem e metrô”, diz. Já o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, foi um dos • Em nome da transparência A sociedade civil também deve ficar atenta ao processo. Felipe Saboya, do Instituto Ethos, falou a respeito do projeto “Jogos limpos dentro e fora do estádio”, que tem como objetivo combater a corrupção, promovendo a transparência e a integridade dos gastos públicos. Já o promotor Pedro Rubin, do Ministério Público Estadual do Rio, afirmou que o órgão está preocupado em verificar como será o “dia seguinte” à realização da Copa do Mundo, principalmente em relação ao uso do Maracanã e à segurança do torcedor quando o estádio voltar a ser utilizado em competições nacionais e estaduais. Finalizando o debate, Licínio Machado, da Rede Mega Eventos, ponderou que é preciso ampliar o envolvimento da população em discussões desse tipo. “Estamos sendo ouvidos depois de o projeto começar, mas o ideal seria termos sido consultados antes”, critica. Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RH). “O Comitê Olímpico Internacional precisa de 40 mil quartos. O Rio tem 29 mil atualmente, com 85% de seus hotéis concentrados na Zona Sul e no Centro. O número estimado de acomodações para os Jogos Olímpicos é de 50 mil quartos: uma parte delas será atendida pela vila dos atletas e pelos navios que ficarão ancorados na época das Olimpíadas. Estamos vivendo um momento muito importante, pois a atual taxa de ocupação tem crescido e atrai fortes investimentos. Com a escassez de terrenos na Zona Sul, a rede hoteleira vai se desenvolver na direção da Barra e do Recreio, além das oportunidades dadas pelo projeto de revitalização da Zona Portuária. Outros bairros que receberão novos empreendimentos são Ilha, Deodoro e Alto da Boa Vista”, enumera. que lembrou que nenhuma grande metrópole no mundo resolveu o problema de transporte de massa sem investir na opção sobre trilhos. Foram lembrados também o abandono da Supervia e a precarização do Metrô. O BRT foi considerado uma alternativa ultrapassada para uma metrópole como o Rio de Janeiro. Para Delmo Pinho, subsecretário estadual de Transportes, os eventos trazem a oportunidade de financiar a transformação da mobilidade urbana do estado. Segundo dados apresentados por ele, a frota de automóveis cresceu 10% ao ano nos últimos quatro anos, e o Brasil contava com cerca de 65 milhões de automóveis em 2010. “Existe a perspectiva de se chegar a 120 milhões de carros em 2020, daí a urgência de se mudar a atual estrutura, pois esta situação é insustentável”, afirma. A meta do governo é chegar a um milhão de passageiros por dia no sistema de transporte por ônibus, chegando a um milhão por dia de usuários do metrô, com o incremento das linhas 3 (Niterói-São Gonçalo) e 4 (até a Barra). “A situação em 2016 será muito melhor do que a que encontramos hoje”, prevê. (Natália Soares) 34 ponto de vista Em busca da qualidade N o Brasil, a pesquisa anual de serviços do IBGE (2009) revelou que, em 2008, o setor de serviços respondeu por 65,3% do PIB nacional. Ainda de acordo com o referido Instituto, o segmento de ‘transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio’ obteve a maior parcela da receita operacional líquida foi de R$165,6bilhões, equivalente a 28,5% do faturamento do setor. No Estado do Rio de Janeiro, entre os setores de serviço de transporte, destaca-se o modal ferroviário de passageiros, administrado por duas empresas concessionárias. Cada uma transporta diariamente mais de 500 mil passageiros por dia útil – valor expressivo se comparado ao sistema rodoviário, composto por quarenta e oito empresas que transportam 2,7 milhões de passageiros por dia (FETRANSPOR, 2009). A Engenharia de Produção é uma área das ciências da engenharia dedicada ao desenvolvimento projeto, operações e melhorias dos sistemas que criam e entregam os produtos (bens ou serviços) primários da empresa. Reconhecendo a crescente participação do setor terciário (serviços) no dinamismo econômico do Rio de Janeiro, observa-se que o diagnóstico de fatores-críticos associados à qualidade em serviços, representa uma das mais promissoras possibilidades de atuação e intervenção desses profissionais. O presente artigo apresenta um estudo de caráter técnico-científico, desenvolvido no âmbito do curso de graduação em Engenharia de Produção do CEFET/RJ Unidade Nova Iguaçu, referente à análise e propostas de melhoria das operações de serviços de uma empresa de transporte ferroviário urbano, com atuação na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e municípios conexos. Especificamente, estão sumarizados os principais resultados de uma pesquisa relacionada ao mapeamento da percepção dos clientes quanto à satisfação com o processo de ‘programação operacional para manutenção de infra-estrutura e obras’, desenvolvido pela área de Planejamento Operacional da referida empresa. Adicionalmente, são propostas possíveis melhorias na qualidade em serviços para clientes internos, através da aplicação das ferramentas do lean thinking (pensamento enxuto) nas lacunas identificadas através do estudo. Aspectos teóricos a. Operações de serviços Segundo Martins & Laugeni (2005), é muito difícil propor uma caracterização definitiva, clara e indiscutível, sobre o termo serviço. Kotler & Armstrong (2007) apontam quatro características principais dos serviços: inseparabilidade, variabilidade, intangibilidade e perecibi- lidade. A Figura 1 sumariza dessas características identificadas pelos referidos autores. Intangibilidade Os serviços não podem ser vistos, tocados, provados, ouvidos ou cheirados antes da compra Inseparabilidade Os serviços não podem ser separados de seus provedores Serviços Variabilidade A qualidade dos serviços depende de quem os executa e de quando, onde e como são executados Perecibilidade Os serviços não podem ser armazenados para venda ou uso posterior Figura 1 – Síntese das Principais Características dos Serviços (Fonte: Kotler & Armstrong, 2007) Em termos de tipologia, analisando as definições de Slack et alli (2002), o transporte ferroviário de passageiros pode ser classificado como serviço de massa, devido às características de contato limitado com o cliente (no caso de vale transporte eletrônico, o contato da equipe de front-office com o cliente pode até ser inexistente), baixa personalização (por exemplo, quanto aos trens a personalização se limita ao tamanho de composição por viagem, sendo que todos os clientes daquela viagem têm o mesmo serviço), autonomia reduzida (linha de frente tem padrões de atendimento e grande dependência de supervisão), foco na infra-estrutura (manutenção dos trens, da via permanente e dos sistemas elétricos), orientação para a retaguarda (devido ao contato limitado da linha de frente com o cliente e a com- ponto de vista b. Lean thinking O termo lean thinking, caracterizou o STP – Sistema Toyota de Produção (WOMACK et alli, 1992). Segundo o Lean Institute Brasil (2009), o Lean é uma estratégia de negócios para aumentar a satisfação dos clientes através da melhor utilização dos recursos. A gestão lean procura, consistentemente, fornecer valor aos clientes com os custos mais baixos (propósito) através da identificação de melhoria dos fluxos de valor primários e de suporte (processos) por meio do envolvimento das pessoas qualificadas, motivadas e com iniciativa (pessoas). Para Arruda & De Luna (2006), o lean thinking consiste em um conjunto de ferramentas que busca tornar a empresa mais competitiva, por meio da eliminação de atividades que não agregam valor aos seus processos produtivos, de negócios e de apoio. Com isso, obtém-se maior eficácia, a empresa otimiza custos e melhora a qualidade dos serviços prestados aos seus clientes. À luz do STP, perda ou desperdício é tudo aquilo que não agrega valor ao processo produtivo e deve ser eliminado. Shingo (1996) classifica em sete os desperdícios existentes que não agregam valor ao produto e que devem ser identificados e eliminados: superprodução; espera; transporte; processamento; movimentação; produtos defeituosos, e; estoques. Assim, um dos grandes objetivos que o lean thinking visa a alcançar é a redução de perdas (Womack et alli, 1992) e para que isso seja possível devem ser utilizadas ferramentas específicas. Giannini (2007) propõe uma relação entre as sete perdas e as ferramentas do lean thinking, conforme Quadro 1. Metodologia Eleutério & Souza (2002), afirmam que um dos aspectos mais relevantes a serem considerados para a qualidade em serviços, mas muitas vezes relegado, refere-se à qualidade que deve estar presente nos serviços prestados internamente aos próprios funcionários das empresas, ou seja, na relação cliente-fornecedor interno. É importante explicitar que, uma vez que o presente estudo analisa somente uma área da empresa de trens urbanos, o universo está restrito aos funcionários que são clientes dessa área. Nesse sentido, o universo de pesquisa foi constituído por 48 funcionários, provenientes de 13 áreas distintas da empresa estudada, e que estão envolvidos, diretamente, no processo de programação de acesso a malha QUADRO 1 – Relação entre as sete perdas e as ferramentas do lean thinking (Fonte: adaptado de Giannini, 2007) Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 plexidade da infra-estrutura) e orientação para o resultado. Importante destacar ainda que, em uma organização, estão presentes os clientes externos e os clientes internos. Juran (1992) define cliente interno, como aquele que na relação cliente-fornecedor interno recebe serviços de outros departamentos internos. Para Nogueira (2008), clientes internos são pessoas na organização a quem são repassados os trabalhos concluídos (output) para desempenharem a próxima função na direção de servir os clientes intermediários e finais. Dentre as técnicas para avaliação da qualidade em serviços, adota-se na presente pesquisa o Modelo para análise de lacunas de percepção quanto à prestação do serviço de Costa & Costa (2003). Esse modelo, com base na adaptação do Modelo de Lacunas (Modelo de Gaps) apresentado em Parasunaman et alli (1985), permite obter informações referentes à percepção de importância e desempenho para os envolvidos no processo, necessárias para subsidiar a proposta do estudo. 35 Sanificação Planejamento Operacional Fornecedor do Serviço Subestações ferroviária, com obtenção de 73% de respostas. Os questionários, baseados em perguntas fechadas e escala Likert, foram adequados ao modelo Oliveira (2008) – que correlaciona as dimensões importância (Ic) vs. desempenho (Dc), segundo a percepção dos respondentes – e após validação com pesquisadores sênior e ajustes feitos pós pré-testagem em amostra aleatória do universo investigado, foram impressos e entregues individualmente para os funcionários envolvidos no processo estudado. O questionário também foi distribuído para os fornecedores do serviço (área de Planejamento Operacional), visando à comparação de sua percepção com a dos clientes internos para fins de identificação de possíveis Gaps de percepção. subtração importância menos desempenho ( Ic – Dc ) para cada questão do instrumento de coleta de dados e ordenar pelas maiores diferenças (gaps). A análise das lacunas da percepção nos níveis médios de importância e de desempenho na visão dos clientes e fornecedores permite que se faça uma reflexão sobre as causas associadas à ocorrência dos gaps. O caso analisado A área de Planejamento Operacional é responsável pela circulação dos trens, visando a compatibilizar a demanda de clientes finais com a disponibilidade operacional de recursos (frota de trens, maquinistas e sistemas de sinalização). Para que o transporte de passageiros aconteça com conforto e segurança, é fundamental que seja realizada a manutenção adequada da infra-estrutura e, para que esse procedimento ocorra sem interferir na circulação de trens comerciais, a área realiza a programação operacional para manutenção de infra-estrutura e obras. Para o referido processo existe um fluxo de informação envolvendo outras áreas, conforme ilustra a Figura 2. Levando-se em consideração às especificidades operacionais da área estudada, desenvolveu-se um Modelo Técnico que associa ferramentas lean thinking com a análise de lacunas de percepção (de importância e de desempenho) quanto à prestação do serviço. Considerando-se o nível médio de importância, como Ic e o nível médio de desempenho como Dc (ambos na percepção do cliente), é necessário verificar o saldo da Resultados Para realizar a análise, primeiramente, é necessário calcular a diferença (gap) entre as médias das percepções das áreas clientes e dos fornecedores em relação ao desempenho e a importância de cada uma das questões elaboradas associadas aos critérios escolhidos. Após calculado o gap, é necessário definir um procedimento que evidencie uma ordem para priorizar a atuação. No Modelo Técnico é utilizado o estudo elaborado por Freitas et alli (2008), definido como Análise dos Quartis, em que se utiliza a medida de tendência central denominada Quartil para classificar a prioridade de cada item em regiões de atuação. A Tabela 1 ilustra os valores desses gaps, bem como a classificação de prioridades, segundo o critério dos quartis. Da análise da Tabela 1, destaca-se que a questão referente ao cancelamento das programações é a mais crítica, tanto para clientes quanto para fornecedores. Por outro lado o tempo de processamento da programação semanal apresenta-se como uma das questões menos críticas para os grupos. Assim, como exemplos de propostas de soluções baseadas em ferramentas do Telecomunicações Sinalização Rede aérea Comercial Projetos Via Permanente Áreas Internas Clientes ponto de vista Áreas Clientes Solicitantes 36 Via Permanente Tração Circulação Subestações Sanificação Rede aérea Segurança Empresarial Comercial Manutenção Mecânica Telecomunicações Sinalização Projetos Fig. 2 – Fluxo do processo de Programação Operacional para manutenção de infra-estrutura e obras lean thinking para os gaps evidenciados como críticos na Tabela 1, apresenta-se: 2.3/2.4 – Cancelamentos de programações: utilizar o controle visual do processo para reduzir a perda por defeitos referentes a cancelamentos que poderiam ser evitados. Assim, sugere-se plotar o mapa de linhas em uma superfície metálica e atribuir cores a imãs representando as áreas de modo que os trechos fossem sinalizados e o conflito de programações pudesse ser evidenciado. Dessa forma, visa-se a reduzir a perda por defeitos, como cancelamentos que poderiam ser evitados e sobreposições de programações. 4.1/4.2 – Caráter técnico das negociações: determinar padrões claros para os cancelamentos, de modo que seja evidenciado o critério utilizado para a escolha de uma programação em detrimento de outra, no caso de conflitos. 3.1/3.2 – Tempo de processamento: programação extra: utilização de operadores polivalentes na equipe do Planejamento Operacional e autocontrole, visando a reduzir a perda por espera. Conclusões A pesquisa evidenciou que é possível a aplicação das ferramentas do lean thinking para a redução das perdas identificadas no processo de uma empresa de serviços. No entanto, existem limitações para a adoção de algumas ferramentas pelo fato de estarem previstas para o sistema de manufatura, sendo necessárias adaptações. ponto de vista A análise da percepção do cliente deve ser complementar ao estudo do processo que deve ser realizado, pois podem ser identificadas perdas no processo que não são visíveis aos clientes. Por exemplo, as perdas por falhas na programação (defeitos), que são corrigidas por meio de revisão antes da entrega da programação impressa. No Modelo Técnico proposto essa priorização é aplicada na lacuna entre a percepção do nível médio de importância e de desempenho para o cliente, onde esses dados podem ser obtidos através dos resultados de um questionário estruturado. Assim, é possível uma avaliação quantitativa da qualidade do serviço prestado ao cliente. Por fim, observa-se que a avaliação quantitativa da percepção de de- sempenho e importância do serviço para o cliente pode ser contributiva no auxílio à tomada de decisão do gestor no que tange a qualidade em serviços. A análise deve considerar a relação entre importância e desempenho e se recomenda ter como premissa só melhorar o desempenho dos itens que tiverem alguma importância na percepção dos clientes. Júlia Dias – Engenheira de Produção (CEFET/RJ Unidade Nova Iguaçu). Engenheira de Planejamento e Controle Operacional da Supervia. Fernando Araújo – Chefe do Departamento de Engenharia de Produção do CEFET/RJ Unidade Nova Iguaçu e Vice-Presidente da Sociedade Fluminense de Engenharia de Produção (SFEP). 37 Referências ARRUDA, I. M. & DE LUNA, V. M. S. Lean Service: a abordagem do Lean System aplicada no setor de serviços. Anais do XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Fortaleza: ABEPRO, 2006. COSTA, R. C. F.; COSTA, H. G. Identificação de lacunas nos graus de importância associados a critérios de percepção da qualidade em instituição de ensino superior. Anais do XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Ouro Preto – MG: ABEPRO, 2003. ELEUTÉRIO S. A. V. & SOUZA M. C. A. F. Qualidade na prestação de serviços: uma avaliação com clientes internos. Cadernos de Pesquisa em Administração, São Paulo, v. 09, n° 3, julho/setembro 2002. FETRANSPOR. Dados técnicos do setor. Disponível em http://www.fetranspor.com.br. Acessado em 05 de Novembro de 2009. GIANNINI, R. Aplicação de ferramentas do pensamento enxuto na redução de perdas em operações de serviços. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). São Paulo: Poli/ USP, 2007. IBGE. Pesquisa Anual de Serviços – 2008. Disponí- 3,74 Cancelamentos de prgramações 3,15 Caráter técnico das negociações 3,15 Tempo de processamento – programação extra vel em: www.ibge.gov.br. Acessado em 05/11/2009. JURAN, J. M. A qualidade desde o projeto: os novos passos para o planejamento da qualidade em produ- CRÍTICA tos e serviços. São Paulo: Pioneira, 1992. KOTLER, P & ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. MARTINS, P. G. & LAUGENI F. P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 2005. NOGUEIRA, J. F. (org.). Gestão estratégica de serviços: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2008. OLIVEIRA, L. D. Percepções sobre o mestrado profissional e seu impacto no desempenho dos egressos. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Niterói: UFF, 2008. PARASUNAMAN, A., ZEITHAML, V. A.; BERRY, L. A conceptual model of service quality and its implications for future research. Journal of Marketing, v.49, SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção - Do Ponto de Vista da Engenharia de Produção. Porto Alegre, Bookman, 1996. SLACK, N.; CHAMBERS, S. & JOHNSTON, R. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2002. WOMACK, J.; JONES D. & ROSS, D. A Máquina Que Mudou o Mundo. Rio de Janeiro: Campus, 1992. Tabela 1 – Lacunas entre importância e desempenho na percepção das áreas clientes Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 n. 4, pp 41-50, fall, 1985. 38 cultura e memória Beth Santos Demolição polêmica Patrimônio histórico da cidade, antiga fábrica da Brahma foi implodida para abrir caminho para as Olimpíadas e a ampliação do Sambódromo cultura e memória P alco de muitas histórias que misturam ex-escravos, produção de cerveja e samba, o antigo prédio da fábrica da Brahma na Praça Onze foi demolido no último dia 5 de junho, como parte do projeto de ampliação do sambódromo, e levantou uma polêmica importante sobre danos ao patrimônio histórico em nome dos avanços para a Olimpíada de 2016. Financiada pela Ambev, a intervenção vai resgatar o projeto original do arquiteto Oscar Niemeyer, que previa um equilíbrio entre os dois lados da Marquês de Sapucaí. Além disso, a reforma atende ao compromisso da cidade com os Jogos Olímpicos de 2016 e prevê adaptações para a realização das provas de tiro com arco e chegada da Maratona. Mas para que o projeto fosse viabilizado, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro revogou, em março deste ano, através de um projeto de lei do deputado André Corrêa, o tombamento do prédio da fábrica da cervejaria, que estava em vigor desde outubro de 2002. processos foram muito pouco discutidos”, defende. Para o deputado André Corrêa, a revogação do tombamento foi fundamental em vários aspectos. “Entre eles, viabilizar o compromisso que a Prefeitura do Rio assumiu dentro dos cadernos de obrigações para sediar os Jogos Olímpicos, já que no Sambódromo será realizada a modalidade de tiro com arco. Além disso, o espaço vai ganhar mais vinte mil lugares sem gasto adicional do poder público, uma vez que a ampliação vai ser custeada pela Ambev”, justificou Corrêa. Contudo, para Cláudio Lima, é preciso ter muito cuidado para não se privilegiar eventos importantes em prejuízo do patrimônio histórico. “Existe na cidade um caminho muito perigoso de se fazer tudo para viabilizar a Copa e as Olimpíadas. Mas é preciso ter certo equilíbrio e muito cuidado nessas decisões para que o patrimônio da cidade seja preservado”, completou. (Dânae Mazzini) • 39 A origem da Praça Onze Em entrevista ao Jornal O Globo, o historiador Milton Teixeira disse que “a demolição da fábrica lança luz sobre um curioso capítulo da memória da Praça Onze e do Estácio, onde foram morar centenas de escravos libertados pela Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Muitos acabaram empregados na cervejaria aberta pelo judeu alemão Joseph Villiger, em setembro daquele mesmo ano, com nome de Manufactura de Cerveja Brahma Villiger & Companhia. A fábrica era de tijolos vermelhos. É curioso ver como ela juntou dois povos – o alemão e o africano – e a cerveja com os futuros criadores do samba. Foi a partir dali que a Praça Onze começou a surgir do modo como todos a conhecem”, explicou. A fábrica demolida não é mais a construção original. Ampliado em 1894, o antigo galpão foi demolido nos anos 40 para a construção dos prédios que foram implodidos. FALTOU DEBATE CREA-RJ fez visita técnica ao local Se, de um lado, a implosão de quatro prédios e da chaminé da antiga cervejaria provocou controvérsias devido às raízes históricas do prédio, de outro, ela será a responsável pelo resgate da simetria entre os dois lados da Marquês de Sapucaí, prevista no projeto original do arquiteto Oscar Niemeyer. O presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, fez uma visita técnica, no dia primeiro de junho, ao terreno onde será construída a expansão do Sambódromo. O local, que pertencia à fábrica da cervejaria Brahma, dará lugar a mais um bloco com três módulos de arquibancadas na passarela do samba e a ao prédio comercial Rec-Sapucaí, de 19 andares. Ao comentar a concretização do projeto original de Niemeyer, Agostinho Guerreiro frisou que a inauguração do Sambódromo, já naquela época, foi uma demonstração de inteligência, combinada com a cultura e o carnaval, que agora se completa. Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 O professor do curso de Arquitetura da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Cláudio Lima, considerou absurda a demolição do prédio sem uma prévia discussão sobre os reais benefícios do projeto que será executado, especialmente por ter tido como consequência o destombamento de um prédio histórico da Praça Onze. “Eu sou partidário do amplo e democrático debate para que não sejam tomadas decisões afobadas. O destombamento é previsto quando ocasiona um benefício coletivo, mas eu acho que esses 40 entrevista “Queremos valorizar a ação e a história das entidades de classe” Ricardo Nascimento A descentralização da gestão e o resgate da memória histórica das entidades estão entre as prioridades do plano de trabalho do novo coordenador do Colégio de Entidades Nacionais (CDEN), Ricardo Nascimento, eleito para o cargo no Encontro de Lideranças do Sistema Confea/Crea, realizado entre 21 a 25 de fevereiro, em Brasília. Engenheiro Eletricista e Técnico em Eletrônica, Ricardo Nascimento revela, nesta entrevista à Revista do CREA-RJ, que já promoveu uma inédita reunião para integrar as ações dos quatro Comitês que formam o CDEN. Ele também explica como funciona e qual o papel do Colégio das Entidades e fala sobre a atual presença de lideranças do Rio de Janeiro em importantes instâncias nacionais do Sistema Confea/Crea. REVISTA – Como funciona e qual a estrutura do Colégio de Entidades Nacionais (CDEN)? RICARDO NASCIMENTO – O Colégio de Entidades Nacionais possui quatro comitês. O Comitê de Desenvolvimento Nacional articula o programa de desenvolvimento para o Brasil e atua em pontos afins das metas do CDEN. Já o Comitê de Legislação Profissional propõe o permanente aperfeiçoamento da revisão da legislação profissional, do Salário Mínimo Profissional, das atribuições profissionais e dos assuntos afins e sua aplicação e implantação. Outro importante Comitê é o de Organização e Comunicação, que trata do funcionamento e do Regimento do CDEN, dos serviços para as entidades, da circulação da informação, participa do Conselho de Comunicação e Marketing do Confea, da SOEAA, entre outras instâncias e eventos. Por fim, o Comitê de Educação e Ética trata da campanha permanente para a efetiva divulgação e aplicação do Código de Ética, estimulando as entidades a assumir a divulgação e a aplicação do Código de Ética Profissional, do Salário Mínimo Profissional, entre outras normas e leis. entrevista RICARDO NASCIMENTO – Se temos um colegiado importante, que reúne entidades de grande representatividade, por que não conseguíamos nos reunir? Era um desespero ver as coisas acontecendo e não poder fazer nada. O meu plano de trabalho inclui a valorização dos Comitês do CDEN. Mas, como fazer isso? Valorizar significa, no nosso caso, descentralizar, dar autonomia aos coordenadores de comitês para que cada um possa atuar nas suas respectivas áreas, coordenando os seus grupos. A primeira reunião dos coordenadores dos comitês foi uma conquista que considero da maior relevância para o CDEN, pois os Comitês foram formados em 1995 e, desde então, nunca houve um encontro para uma atuação em conjunto. REVISTA – Também já aconteceu uma reunião dos Comitês no Rio de Janeiro? RICARDO NASCIMENTO – Recentemente, e este é um exemplo interessante, também fizemos uma reunião dos comitês no Rio de Janeiro pela primeira vez. A discussão aconteceu em torno de uma pauta específica, o Salário Mínimo Profissional. O papel das entidades do estado Rio de Janeiro foi fundamental para fornecer subsídios que serão levados ao plenário do Confea para deliberação do nosso pleito. O caminho é difícil, mas, no momento, tenho um grande apoio de todos para desenvolver o planejamento e as propostas apresentadas para a valorização das Entidades Nacionais. REVISTA – O Confea já aprovou uma linha de crédito para o projeto Memória das Entidades. Qual a importância desse projeto para o registro histórico das entidades? RICARDO NASCIMENTO – O nosso objetivo é valorizar não apenas as ações, mas também a memória das entidades de classe O Projeto Memórias das Entidades foi apresentado por esta coordenação, “ad referendum” das Entidades, em reunião com o presidente do Confea, Marcos Túlio. E consegui pleno apoio para dar continuidade a ele. O projeto já recebeu uma verba específica do Confea de R$ 1,7 milhão para o CDEN. A importância dele é que cada entidade vai poder usar R$ 50.000,00 para elaborar o seu livro de memória. Como se sabe, algumas entidades tem existência bem anterior à criação do Sistema Confea/Crea, tendo sido protagonistas na elaboração e aprovação do Decreto nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933. O apoio do Confea à edição da historia de cada Entidade de Classe é muito importante. O produto final dessa nossa coleção vai ter um imenso valor histórico para o Sistema, pois guardará para sempre o registro das atuação da cada Entidade. REVISTA – O Rio de Janeiro elegeu dirigentes estaduais para importantes colegiados nacionais do Sistema Confea/Crea. Como você avalia isso? RICARDO NASCIMENTO – O Rio de Janeiro é o segundo maior colégio eleitoral do Sistema Confea/ Crea. A atuação das entidades e as conquistas que o CREA-RJ obteve, como Gespública, o Programa Equidade de Gênero, demonstram a organização política do nosso Estado. Com a eleição do presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, para coordenar o Colégio de Presidentes do Sistema Confea/ Crea, criaram-se condições favoráveis à minha candidatura e eleição para o CDEN. Isso porque as coordenações do Colégio de Presidentes e do Colégio de Entidades são órgãos consultivos do Confea que devem agir em harmonia e interagir entre si para a aprovação de propostas. Um exemplo é a criação do Colégio de Entidades Regionais (CDER) em todos os Estados, uma proposta encaminhada pelo CDEN e aprovada pelo Colégio de Presidentes. REVISTA – Como se dará a institucionalização desse novo colegiado regional? RICARDO NASCIMENTO – Essa proposta deverá ser aprovada pela Plenária de cada Conselho Regional. Especificamente no Rio de janeiro, a Plenária de junho aprovou a criação do CDER–RJ – Colégio de Entidades Regionais do Rio de Janeiro. Essa é uma iniciativa que teve o apoio do presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, e será fundamental para congregar as entidades de classe regionais em torno de projetos de desenvolvimento para o Rio de Janeiro. O nosso colegiado tem muito a contribuir, uma vez que é composto por mais de 20 entidades representativas de categorias profissionais em todo o Estado. O atual momento que vive o Rio é bastante propício para a construção de propostas para os desafios econômicos e tecnológicos que teremos nos próximos anos. • Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 REVISTA – No exercício do seu mandato como coordenador do CDEN, quais serão as suas prioridades? 41 42 institucional Uma nova equipe para o Sistema Projeto que busca a aproximação com estudantes da área tecnológica começa a ganhar a adesão de Conselhos de todo o país institucional SEMENTE DO PROJETO O Crea-Jr surgiu como uma iniciativa individual e inovadora do Crea de Minas Gerais, em 2001. A ideia era desenvolver um modelo de gestão participativo e democrático, visando à preparação de novas lideranças para assumir postos de comando não só dentro do próprio Sistema Profissional, mas também na sociedade. De acordo com Osíris Barboza, coordenador do Projeto Crea-Jr do Confea, o Sistema Confea/Crea é o único Conselho de Profissionais que permite a participação das Instituições de Ensino, embora a participação dos estudantes nunca tenha se dado de fato. Após a experiência mineira, o Conselho Federal instalou o Grupo de Trabalho Crea-Jr, que tem como meta a implantação do Projeto nos 27 Regionais. Osíris lembra que o resultado do GT foi uma minuta de Normativo, que se encontra em processo de adequação para ser votado pelo Plenário do Confea, e que valerá para todos os Regionais. Contudo, para ele, essa padronização ou uniformização não é o foco principal. “Temos que respeitar a diversidade e a pluralidade cultural do país, compreendendo o tamanho e a dinâmica da economia de cada estado, o que impacta diretamente nas ações planejadas. Nosso objetivo principal é a implantação do Crea-Jr nos 27 Regionais. Porém, mais importante do que isso é a efetividade. Precisamos de estudantes da área tecnológica que incidam na sociedade de forma positiva e que divulguem o nome do Sistema Confea/Crea”, explica. PROJETO EM ANDAMENTO O processo de organização do Crea-Jr em estados que ainda não possuam o projeto consiste de palestras nas instituições de ensino e reuniões com entidades estudantis, associativas e sindicais, para a sensibilização e mobilização dos estudantes. Além disso, a implantação depende de uma Decisão Plenária de cada Regional. “Tenho ido às reuniões do Colégio de Presidentes a fim de tornar esse projeto uma rotina administrativa e de interesse do planejamento estratégico de cada Crea”, explica Osíris. Segundo ele, mais que a promoção de atividades, como visitas técnicas, cursos, encaminhamentos para estágios, palestras sobre assuntos diversos e ações de solidariedade e voluntariado, o objetivo do Crea-Jr é poder oferecer à sociedade bons profissionais, comprometidos com a ética, com a cidadania e com a dignidade humana. (Viviane Maia) • Conselho incentiva empreendedorismo e qualificação No CREA-RJ, o projeto existe desde 2007, com o nome de Crea Estudante, e vem desenvolvendo atividades de integração dos alunos com o Sistema Confea/Crea, estimulando suas potencialidades e o empreendedorismo, bem como incentivando a parceria universidade/empresa, como instrumento de ativação do mercado de trabalho. Os estudantes têm também direito a uma carteira que comprava sua participação no projeto e o direito a obter descontos nos eventos de capacitação e qualificação profissional do Progredir. Com a sistematização do projeto pelo Confea, o CREA-RJ aprovou em plenária o Crea-Jr, no início de julho, em sua nova formatação. Uma série de procedimentos internos de apoio para sua organização e estruturação, que já estava em curso, passou por um fortalecimento. Mais informações no site www.crea-rj.org.br. Revista Revista do do Crea-RJ Crea-RJ •• Janeiro/Março Junho/Julho dede2011 2011 T odo estudante da área tecnológica sabe que, para se tornar um profissional legalmente habilitado a exercer sua função no mercado de trabalho, precisa estar registrado no Sistema Confea/Creas. Entretanto, a maioria desconhece que os Conselhos Profissionais são autarquias federais criadas para regulamentar e fiscalizar o exercício profissional e que têm a missão de proteger a sociedade contra a execução de atividades técnicas por leigos e, ao mesmo tempo, garantir mercado de trabalho para os profissionais legalmente habilitados. Com o propósito de promover a integração entre os Conselhos e os estudantes dos cursos tecnológicos de nível médio e superior, foi criado o programa Crea Júnior no Sistema Confea/Crea. Para a coordenadora do Crea-JR no CREA-RJ, Marisa Neves, o objetivo do programa é maior do que apenas aproximar os estudantes. “Além da aproximação dos estudantes, a ideia é incentivar os futuros profissionais à prática do exercício profissional responsável. E também a participarem de discussões pertinentes à formação profissional e à conscientização de seu papel ético e responsável junto à sociedade”, afirma. 43 44 fiscalização Risco subterrâneo CREA-RJ assina termo de referência com Prefeitura do Rio para monitorar bueiros da cidade A atual administração do CREA-RJ já vinha denunciando a gravidade das explosões de bueiros desde que tomou posse, em 2009, através de rádios, jornais e tevês. Até artigos assinados pelo presidente do Conselho, Agostinho Guerreiro, foram publicados em jornais de grande circulação. A Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (Capa) também buscou atuar preventivamente. O CREA-RJ fez, mais uma vez, uma estreita parceria com o Ministério Público Estadual. Mas, para defender as profissões da área tecnológica e a sociedade, é preciso discutir e participar de soluções. Agora, em mais uma iniciativa para solucionar o grave problema de explosões seqüenciais de bueiros na cidade do Rio de Janeiro, o CREA-RJ e a Prefeitura do Rio assinaram, no dia 19 de julho, um termo de referência com especificações técnicas para a contratação de empresa para serviço de monitoramento independente da rede subterrânea da cidade. Os serviços serão pagos pela Prefeitura. A contratação, em caráter emergencial, terá duração de seis meses. Esta iniciativa faz parte do acordo de cooperação técnica firmado entre Prefeitura do Rio, Governo do Estado do Rio, Ministério Público e CREA-RJ. A reunião que fechou o acordo teve a participação do secretário mu- fiscalização 10 MIL MONITORAMENTOS De acordo com as especificações técnicas, a empresa será responsável pela realização de 500 monitoramentos diários de Caixas de Inspeção (CI) e 50 monitoramentos diários de Câmaras Transformadoras (CT). Por mês, deverão ser realizados 10.000 monitoramentos de CI e 1.000 monitoramentos de CT. O monitoramento de risco deverá ser feito com detectores de gás (explosímetros), com leitura direta, para verificar a presença de gases inflamáveis e explosivos. Nos casos onde for comprovada a presença de gás na fai- xa de explosividade, a empresa deverá informar imediatamente o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, as empresas concessionárias e respectivas agências reguladoras, o CREA-RJ e o Ministério Público. VISTORIAS NO CENTRO O CREA-RJ fez, no dia 8 de julho, uma vistoria para detectar a presença de gás na rede subterrânea no centro da cidade. Com o apoio da Light, o Conselho constatou que cinco bueiros têm 100% de explosividade. “Isso significa que qualquer centelha seria suficiente para explodir esses bueiros, explicou Luiz Cosenza, que também coordena a Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Conselho. No total, os técnicos do CREA-RJ e da Light vistoriaram 17 bueiros. Além dos cinco em situação de maior risco, constatou-se que em sete deles a chance de explosão oscila entre 60% e 80%. Em apenas cinco bueiros não foi Vistoria do Conselho junto com técnicos da Light constatou presença de gás em bueiros do centro do Rio de Janeiro detectada a presença de gás – medida por um aparelho chamado explosímetro. As inspeções se concentraram na Rua da Assembléia, nas proximidades do local em que, no dia quatro de julho, quatro bueiros explodiram ao mesmo tempo. Os resultados servirão de base para um relatório que será enviado ao Ministério Público Estadual. Conselho recebe presidente da CEG No dia 14 de julho, o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, recebeu o presidente da CEG, arquiteto Bruno Armbrust e membros da diretoria da empresa para discutir soluções para as explosões que vêm ocorrendo nas redes subterrâneas do Rio de Janeiro. Para Agostinho Guerreiro, a visita de representantes da Companhia mostrou a credibilidade que o CREA-RJ vem ganhando nos últimos anos. Segundo ele, a CEG é uma empresa muito importante para a vida do cidadão, mas, de alguma forma, estava sendo necessária a explicação complementar sobre a origem de tantos problemas que estavam acontecendo na rede subterrânea. Bruno Armbrust destacou a importância do Conselho no encaminhamento de soluções para melhorar o funcionamento da rede subterrânea. “Até porque o subsolo do Rio é dinâmico, distintas concessionárias em áreas como comunicação, água, saneamento, gás, energia, compartilham esse subsolo”, afirmou. Ele ressaltou que a CEG é a única concessionária que tem todo o seu subsolo digitalizado e mapeado. “Estamos buscando fazer um sistema em que todas as concessionárias vão trabalhar dentro de um mapeamento único”, afirmou. Agostinho Guerreiro e Bruno Armbrust • Christiane Sales Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 nicipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osorio, do procurador do município, Ricardo Limongi, do presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, e do coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do Conselho, Luiz Antônio Cosenza. 45 46 institucional CAU: saiba como funcionará o Conselho de Arquitetura e Urbanismo O CAU, Conselho de Arquitetura e Urbanismo, criado em 30 de dezembro de 2010, data em que foi sancionada a Lei 12378 que o regulamenta, dará, no dia 26 de outubro deste ano, o primeiro passo para sua efetiva estruturação: a eleição dos conselheiros que irão compor os Plenários do CAU Nacional e dos Regionais. Diferentemente do processo eleitoral do Sistema Confea/Crea, a eleição do CAU não elegerá o presidente de forma direta – ele será escolhido por seus pares, que por sua vez serão eleitos pelo voto direto dos profissionais. É um sistema semelhante ao da Câmara de Deputados, onde os parlamentares eleitos escolhem, em Plenário, a Mesa que vai administrar aquela Casa de Leis por um determi- nado período. Assim, os arquitetos e urbanistas elegerão duas chapas de conselheiros para representá-los, uma no Conselho Nacional e outra em seu Conselho Regional. Posteriormente, estes conselheiros, eleitos de forma direta, escolherão as Mesas de Coordenação do CAU Nacional e dos Regionais. com o seu representante do que quando o fazia através da entidade de classe”, acredita. Realizado pela internet, o pleito ocorrerá entre 0h e 20 h do dia 26 de outubro, através do site do CAU. Todos os arquitetos e urbanistas, ativos ou inativos, registrados no CREA-RJ receberão pelo correio, no endereço cadastrado, uma senha para votação. Para garantir a legitimidade e a segurança do processo, o profissional deverá alterá-la, no site, por uma nova senha de sua escolha e só depois proceder a votação. Lembrando: o voto é obrigatório! Até o fechamento desta edição, estava prevista para o dia 19 de julho a publicação do Edital Eleitoral no Diário Oficial da União. (Viviane Maia) IDENTIFICAÇÃO DIRETA Para o coordenador-adjunto da Câmara Especializada de Arquitetura do CREA-RJ, Celso Evaristo, a eleição fortalece a representatividade do Conselheiro eleito para a composição do Plenário – instância máxima do Conselho. “Elegendo seu Conselheiro diretamente, o arquiteto e urbanista terá uma identificação muito maior • O que muda com o CAU? Cada Estado brasileiro vai ter seu CAU. Os CAUs, como os Creas, são autarquias federais, dotadas de personalidade jurídica no campo do direito público, criadas para defender a sociedade do exercício ilegal e incorreto dos profissionais de arquitetura e urbanismo. Todo arquiteto e urbanista que quiser exercer a profissão deverá se registrar no CAU de seu Estado. Não é possível fazer opção de se registrar no CREA e exercer a profissão de arquiteto pois as suas atribui- ções estão definidas pela Lei do CAU. Com a implantação do CAU, as atribuições e os campos de atuação profissional dos arquitetos e urbanistas não mudam. O que está escrito nos artigos 2º e 3º da Lei 12378 é uma transcrição do Anexo da Resolução 1.010/2001, do CONFEA, que resultou em um longo trabalho para definir as ações de cada profissional no Sistema Confea/Crea. Entretanto, os arquitetos e urbanistas, agora, têm suas atribuições gerais definidas em lei, o que assegura suas atividades profissionais. Outra questão relevante diz respeito às associações profissionais de arquitetos e engenheiros. Elas continuam existindo, mas a representação nos Conselhos será diferente. Atualmente, se um arquiteto e urbanista exerce a função de conselheiro do CREA, representando uma associação profissional, ele perde o mandato e terá que ser votado pelo conjunto dos arquitetos de sua cidade e de seu Estado para conseguir a vaga de conselheiro no CAU. institucional 47 Qualidade e excelência CREA-RJ recebe certificado do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) do Ministério do Planejamento André Cyriaco O Da esq. p/ dir: Luiz Fernando Bergamini, coordenador executivo do GesPública no Rio; César Viana, gerente da Rede Nacional de Gestão Pública, com o Certificado de Gestão Nível 2, o primeiro do Sistema Confea/Crea, entregue ao CREA-RJ; e o presidente Agostinho Guerreiro O presidente do Conselho, Agostinho Guerreiro, agradeceu a presença de Bergamini, que classificou como “um dos nossos maiores incentivadores. Foi um grande parceiro na conquista desse certificado”, disse. Segundo Agostinho Guerreiro, a Carta de Serviços reafirma a função do Conselho na sociedade. “O CREA é uma autarquia federal que está a serviço do público. É por isso que estamos estabelecendo um documento que será uma referência para informar aos cidadãos os serviços prestados pelo Conselho e quais os padrões e os prazos de atendimento”, disse. O certificado é válido até 2012 e a Carta de Serviços está disponível no site do CREA-RJ: www.crea-rj.org.br. A equipe do Comitê Gestor do GesPública do CREA-RJ é formada por Márcia Tavares (coordenadora), Ricardo Rios, José Luiz Garcia (consultor), Glaucia Yunes e Ricardo Rovo. Na solenidade realizada no Museu de Belas Artes, também houve o lançamento do Colégio de Entidades Regionais (CDER-RJ) e o pré-lançamento do Catálogo Empresarial e Profissional do CREA-RJ – detalhes na próxima edição. (Christiane Sales) • Transparência e Participação A Carta de Serviços irá permitir ao CREA-RJ um processo de transformação sustentado em princípios fundamentais: participação e comprometimento, informação e transparência, aprendizagem e participação do cidadão. Esses princípios têm como premissas o foco no cidadão e a indução do controle social. O Gespública é um programa criado em 2005 pelo Ministério do Planejamento para orientar os órgãos públicos a buscar uma gestão de excelência. O CREA-RJ aderiu formalmente ao Programa GesPública em outubro de 2010. Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011 CREA-RJ avança mais um nível na busca da excelência da gestão. O Certificado de Gestão Nível 2 do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o primeiro do Sistema Confea/Crea, foi entregue ao presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, pelo representante da ministra Miriam Belchior, engenheiro César Viana – gerente da Rede Nacional de Gestão Pública – em uma solenidade no Museu Nacional de Belas Artes, no dia 25 de julho. Na ocasião, foi lançada a “Carta de Serviços CREA-RJ – Compromisso com a Sociedade”, que faz parte do processo de certificação junto ao GesPública. O chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Julio Sérgio Mirilli de Souza, representou o secretário Júlio Bueno na solenidade. Também participou do evento o coordenador executivo do Núcleo GesPública no Rio de Janeiro, engenheiro Luiz Fernando Bergamini. Ele definiu a Carta de Serviços do CREA-RJ como “eficaz e bonita”. E ainda lembrou a contribuição do Conselho no avanço da posição do estado no ranking nacional. “O CREA-RJ está entre os melhores do Brasil, para não dizer que é o melhor. Esse é o caminho da excelência”, elogiou. A Carta de Serviços é uma das exigências do Programa na busca pela desburocratização dos órgãos públicos. Ela oferece aos cidadãos a relação dos serviços prestados pelo CREA-RJ, as formas de acessá-los e os compromissos do Conselho no atendimento. 48 notas Apagões no Engenhão: CREA-RJ faz vistoria e constata que no-break do estádio estava desativado por falta de manutenção Devido aos recentes apagões no estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, a Comissão de Análise e Previsão de Acidentes (Capa) fez uma reunião com a empresa responsável pela manutenção elétrica do estádio, Engeprime, e com a Light. A reunião, no dia 31 de maio, teve como objetivo esclarecer as causas e buscar formas de prevenção de outros eventos dessa natureza. O vice-presidente do CREA-RJ, Clayton Vabo, participou da reunião. Segundo ele, tudo indica que não houve falha da Engeprime. Vabo afirmou que, de acordo com a vistoria que o CREA-RJ fez, o estádio não tem no-break, equipamento que mantém o sistema de iluminação em casos de falta de energia externa. “O equipamento existente lá está desativado devido à falta de investimento na manutenção dele”, disse Vabo. Segundo ele, a Capa vai fiscalizar o Botafogo, clube responsável pela admi- nistração do estádio. “O Botafogo participa da operação elétrica do sistema e até o momento não temos nenhuma informação que haja um responsável técnico para isso. Vamos fazer uma fiscalização para verificar essas informa- ções e exigir as devidas adequações à legislação”, concluiu. Os dois apagões aconteceram durante jogos da Taça Rio e da Taça Libertadores. No mês passado o CREA-RJ fez vistoria na parte elétrica do estádio. Sistema Confea/Crea presta solidariedade ao Haiti O Sistema Confea/Crea assinou Carta Compromisso de auxílio ao fortalecimento do Colégio de Engenheiros e Arquitetos do Haiti. A Carta foi assinada durante o I Seminário Internacional de Refundação Solidária do Haiti, realizado nos dias 29 a 31 de março, em Foz do Iguaçu. O seminário também debateu a necessidade de consolidar o Plano Nacional de Prevenção a Catástrofes. Além do presidente do Confea, Marcos Túlio de Melo, os presidentes do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, e do Crea-PR, Álvaro Cabrini, prestigiaram o evento. Na ocasião Agostinho lembrou que o CREA-RJ teve um funcionário acompanhando a missão no Haiti. Jean Charles Catalan foi escolhido pelo domínio da língua francesa e por dispor de passagens e estadias sem ônus para o Conselho. A ministra de Planejamento e Habitação da Costa Rica e presidente da União Panamericana de Associações de Engenheiros (UPADI), Irene Campos, falou que o auxilio ao Haiti deve conside- Seminário Internacional reuniu a presidente da União Panamericana de Associações de Engenheiros (UPADI), Irene Campos, o presidente do Confea, Marcos Túlio, o anfitrião Álvaro Cabrini, além de numerosos presidentes e lideranças rar as reais necessidades e preferências dos haitianos. “A intenção não é impor um modelo e sim discutir a melhor solução”, analisou. Para o vice-presidente do Colégio de Engenheiros e Arquitetos do Haiti, Gerard Emile Brun, o apoio será fundamental para que os profissionais se unam no País. “O Colégio está formalmente embasado, mas desativado há mais de 20 anos. Precisamos do apoio para nos organizar e relançarmos a instituição, que terá função primordial na reconstrução do país”, afirmou. Em janeiro de 2010 o Haiti sofreu um terremoto de magnitude sete, que deixou, pelo menos, 200 mil pessoas mortas e 300 mil feridas. Desde então o país tem recebido auxilio do Brasil para a reconstrução. notas CREA-RJ faz vistoria no Maracanã O CREA-RJ, em conjunto com entidades de classe, fez uma vistoria técnica no Maracanã no dia três de junho. Apesar da reforma do estádio estar com o cronograma atrasado, os profissionais que participaram da vistoria saíram de lá otimistas com o cumprimento do prazo estipulado pela Fifa. As obras no estádio começaram em 2010 e o prazo para concluí-las é dezembro de 2012. Mais de 900 profissionais trabalham na obra se revezando em dois turnos. A reforma, que chega a ter um custo de R$ 1 bilhão, prevê a construção de novas arquibancadas (superior e inferior), 110 camarotes, 10.500 vagas de estacionamento e 231 banheiros. Para o diretor do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas, Celso Evaristo, o ritmo da obra é surpreendente. “É inacreditável que, com esse volume de obras, a gente consiga realmente entregar o estádio pronto em 2012. Mas certamente o cronograma deve ser atendido”, disse. O presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, mostrou o otimismo do grupo após a vistoria. “Apesar das deficiências com relação ao planejamento da obra, nós acreditamos na capacidade da engenharia brasileira. Estamos apostando em ver o Maracanã como um dos maiores e mais bonitos estádios do mundo. Mas vamos acompanhar e exigir total transparência dos custos e do processo”, afirmou. CREA-RJ promove Feira da Roça O CREA-RJ, em parceria com a prefeitura de Queimados, promoveu uma pequena Feira da Roça para comemorar o dia do Meio Ambiente, em 5 de Junho. Produtos agrícolas como ovos, mandiocas e frutas estavam nas duas barracas montadas na esquina do prédio do Conselho. A Feira busca estimular o consumo de alimentos naturais sem agrotóxicos e é realizada todas as quintas-feiras, em Queimados. Agostinho Guerreiro, engenheiro agrônomo e presidente do Conselho, disse que a opção adotada por alguns agricultores de não produzir alimentos transgênicos valoriza a produção. “Não há uma definição absolutamente clara e completa sobre os efeitos dos produtos transgênicos. Apesar da maior produtividade, a não utilização de sementes transgênicas valoriza o produto”, explicou. O secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura de Queimados, Carlos Roberto de Moraes, mostrou bastante contentamento com a parceria com o CREA-RJ. Ele afirmou, ainda, estar aberto à realização de outros eventos com o Conselho. 49 50 notas Conselho prestigia a 40° edição do Calphad O CREA-RJ esteve presente na 40° edição do Calphad, seminário da área de termodinâmica computacional. O evento, apoiado pela Associação Brasileira de Metalurgia (ABM), foi realizado no Hotel Intercontinental do Rio de Janeiro. Esta é a primeira vez que o evento acontece na América Latina. Nos seis dias de seminário foram abordados temas como modelamento termodinâmico e transformação de fases. A próxima edição será na Califórnia. O Calphad existe há 40 anos. Segundo o organizador do evento, André Luis Vasconcelos, o seminário busca desenvolver técnica para fazer previsões sobre o comportamento de materiais. “Essas previsões são bastante próximas da realidade. O Calphad tem sido uma ponte entre a ciência aplicada aos materiais e o empirismo usado na metalurgia”, explicou. O diretor do CREA-RJ, Rockefeller Maciel Peçanha, representou o Conselho no evento. Ele ressaltou a importância de investimento na qualificação do profissional de metalurgia. “Essa parceria do CREA-RJ com a ABM é de extrema importância, porque está qualificando e atualizando os nossos engenheiros e técnicos. A partir do ano que vem, o Rio vai ser o maior produtor de aço do Brasil e, por isso, precisamos investir no profissional”, disse. Projeto quer transparência nas obras dos megaeventos esportivos O comitê nacional do projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios se reuniu na sede do CREA-RJ para montar um plano de trabalho visando à transparência nos investimentos das obras dos próximos campeonatos esportivos que serão realizados no Rio de Janeiro. O projeto é uma iniciativa do Instituto Ethos, que conta com a participação do CREA-RJ, do Confea e de organizações da sociedade civil. Além de buscar meios para garantir transparência, integridade e controle social nas obras, a reunião também buscou ampliar o comitê. Segundo o coordenador nacional de mobilização do Instituto Ethos, Felipe Saboya, essa ampliação será feita a partir do conhecimento de profissionais das instituições integrantes do comitê e de novas adesões. O presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, que participou da reunião, ressaltou a importância do comitê e colocou o Conselho à disposição para dar as contribuições necessárias. “O comitê tem uma pretensão extremamente válida, que é a transparência e o acompanhamento das questões que estão em torno da Copa do Mundo. É um trabalho sério com o qual o Conselho está bastante comprometido”, disse. Conselhos em defesa da qualidade da saúde pública O CREA-RJ, em conjunto com conselhos da área de saúde, assinou um Protocolo de Intenções para melhorar a fiscalização de instalações de equipamentos hospitalares no estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas oito reuniões para discutir o tema antes da assinatura do documento. Agostinho ressaltou que o documento será de extrema importância para o estado. “Nós temos muitos problemas de manutenção na área hospitalar e não temos uma fiscalização sistemática. Com a oitava reunião, vamos dar um grande passo para a melhoria. É uma contribuição significativa que o Conselho está dando ao setor”, enfatizou. A arquiteta do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Marguerita Abdalla, afirmou que o documento é uma conquista. “Vamos conseguir o que queremos por meio da fiscalização das condições das instalações e das edificações na área da saúde”, disse. Além do presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, a oitava reunião contou com a participação de representantes dos Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren), Educação Física (Cref ), Biologia (Crbio), Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), Medicina (Cremerj), Serviço Social (Cress), Farmácia (CRF), Medicina Veterinária (CRMV), Nutrição (CRN), Odontologia (CRO), Psicologia (CRP), Química (CRQ), Técnicos em Radiologia (CTRT), Fonoaudiologia (Crefone) e Subsecretaria de Vigilância e Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses (Subvisa). O Confea aprovou novos procedimentos para a ART. Não existe mais ART em papel. É obrigatória a ART Online. No caso do CREA-RJ, o profissional conta agora com um dos Sistemas Corporativos mais modernos de todo o Sistema Confea/Crea. Atenção: utilize o navegador Mozilla Firefox e atualize o Adobe Reader para a versão 9.0 ou superior. Acesse o Portal www.crea-rj.org.br e escolha, no menu, a opção ART e Acervo. Imprima o boleto e efetue o pagamento Clique em ART Online e entre com seu registro e senha. Caso não possua uma senha, siga as instruções na tela. A ART estará disponível para impressão, sem a palavra “RASCUNHO”, apenas após confirmação do pagamento pela rede bancária. O número da nova ART está no boleto de pagamento. No menu superior, clique em ART e Cadastrar ART. Preencha corretamente todos os campos do documento. Durante o cadastramento das informações na ART, cada campo Buscar deverá ser clicado obrigatoriamente para carregar as informações. Ao acabar, clique em Enviar. Após a confirmação de pagamento imprima as 3 vias. A 1ª via deverá retornar à impressora para que no VERSO sejam listadas as informações de porte-pago. Ela deverá ser assinada e enviada para a sede do CREA-RJ, através dos Correios, para que faça parte do seu Acervo Técnico. Se algum campo não tiver sido preenchido, você será informado imediatamente e poderá RETORNAR para preenchê-lo. É importante lembrar que após a confirmação, não poderá ser feita nenhuma alteração nos dados preenchidos no formulário. Outros serviços do Portal CREA-RJ Emissão de Certidões de Registro e de Acervo Técnico Acompanhamento de Processos Formulários Consulta à Legislação Notícias, WebRadio e WebTV Emissão de guias de anuidade e outros débitos Catálogo Profissional e Empresarial Consulta pública ao cadastro de profissionais e empresas Publicações (downloads) Se mesmo assim houver problemas, envie e-mail para: [email protected] Engenheiros e arquitetos, realizem um grande projeto para a sua saúde: Planos de saúde* até 40% mais baratos e benefícios exclusivos. ,11 89 ,77 93 120 140 214 ,25 ,93 ,28 Planos Personal QC Personal QP Alfa Beta Delta Até 18 anos De 19 a 23 anos De 24 a 28 anos De 29 a 33 anos De 34 a 38 anos De 39 a 43 anos De 44 a 48 anos De 49 a 53 anos De 54 a 58 anos A partir de 59 anos 80,11 101,79 127,22 133,86 142,00 162,40 196,56 226,03 314,85 480,56 89,77 114,06 142,55 149,99 159,11 181,96 220,23 253,26 352,80 538,47 93,25 122,64 145,48 161,27 171,08 195,65 236,79 272,33 379,35 578,99 120,93 153,64 189,12 201,69 214,34 245,13 296,66 337,60 475,24 725,69 140,28 178,34 222,75 234,36 248,62 284,31 344,12 395,73 550,89 841,38 ,15 Ômega 214,15 275,10 336,51 361,78 383,77 438,87 531,17 610,83 850,89 1.298,03 Valores mensais em reais (R$), per capita. Base maio 2010. Pedido de adesão sujeito à análise técnica, de acordo com as normas da Agência Nacional de Saúde - ANS. Algumas unidades que fazem parte da rede de atendimento: PLANO PERSONAL (QC E QP) PLANO ALFA • CardioBarra • Casa de Saúde N.Sra do Carmo • Clínica Primeira Idade • Hosp. Ordem Terceira da Penitência. Toda a rede do Plano Personal e mais: • Casa de Saúde Sta. Therezinha • Centro Pediátrico da Lagoa • Clínica São Bernardo • Hosp. São Lucas PLANO BETA Toda a rede do Plano Alfa e mais: • Casa de Saúde Sta. Lúcia • Hosp. Israelita Albert Sabin PLANO DELTA Toda a rede do Plano Beta e mais: • Casa de Saúde São José • Hosp. Barra D’OR • Hosp. Pasteur • Hosp. Quinta D’OR • Hosp. Rio Mar PLANO ÔMEGA Toda a rede de Plano Delta e mais: • Clínica Perinatal Laranjeiras • Clínica São Vicente • Hosp. Pró-Cardíaco Ligue agora e aproveite essa oportunidade: (21) 2158-0580 Contrato coletivo de assistência à saúde por adesão, celebrado entre Qualicorp Administradora de Benefícios Ltda e a Cooperativa de Trabalho Médico do Rio de Janeiro Ltda (Unimed Rio), em convênio com o CREA-RJ. Este anúncio contém informações resumidas. Ressalta-se que o benefício referido origina-se de um contrato coletivo. A adesão está condicionada ao cumprimento integral das condições especícas do contrato e de sua política de comercialização. Os preços e a rede médica credenciada estão sujeitos a alterações, por parte da operadora, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei 9656/98). Condições contratuais disponíveis para análise, podendo ser solicitadas pelo telefone 21 2158-0580. ANS-nº393321 ANS AN S-nº39 º3933 3321 21 80 *Comparado com planos pla individuais. ividuais Planos a partir de