ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. O ENSINO DA MATEMÁTICA PARA CRIANÇA SURDA NA EDUCAÇÃO REGULAR DO ENSINO FUNDAMENTAL Ilvanir da Hora Santos (UFS) 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem por tema o ensino da matemática para criança surda nos anos iniciais na educação regular do ensino fundamental, tendo como base produções teóricas, bem como a legislação que trata da problemática abordada. Partindo do pressuposto, que crianças surdas diferem de crianças ouvintes no seu processo de aprendizagem e que seu processo de inclusão no ensino regular ainda não acontece de forma efetiva decidiu investigar de que forma acontece esse processo através de estudos de produções acadêmicas. Dessa forma, os objetivos a serem alcançados são: entender a relação da criança surda e a matemática; analisar o processo de inclusão dessa criança no ensino regular. METODOLOGIA O trabalho caracteriza-se como estado do tipo "Estado da arte''. Conforme Ferreira (2002, p. 258) as pesquisas que se dedicam ao desafio de mapear e de discutir certas produções acadêmicas em diferentes campos do conhecimento são denominadas “estado da arte” ou “estado do conhecimento”. Apresentamos nesse artigo investigações de produções cientificas baseadas em teses, artigos de Mestrados e Doutorados, entretanto, alguns documentos são considerados mais apropriados para as pesquisas de ‘estado da arte’, por se tratarem de documentos primários e relatórios completos dos estudos realizados, os quais, via-de-regra, são apresentados posteriormente de maneira sucinta em artigos ou eventos (congressos, simpósios etc.). A maior parte das produções acadêmicas encontradas esta ligada a área de Educação, e outras em Psicologia. Uma parcela desses trabalhos tem um enfoque na produção no que se refere à Educação Inclusiva, Inclusão e Ensino de matemática. Para tanto, a pesquisa foi realizada nos temas em questão a partir de consulta nos sites do GOOGLE ACADÊMICO, SCIELO (Scientific Electronic Library Online), em bancos de dados da CAPES 1 Mestranda em Ensino de Ciências e Matemática (NPGECIMA) Universidade Federal de Sergipe, Pedagoga, Pós- graduada em Pedagogia Empresarial. E-mail: [email protected] . 1 ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), ABED (Associação Brasileira de Educação a Distancia), LUME (Repositório digital - Universidade Federal do Rio Grande do Sul), UCR (site da Universidade da Costa Rica), dentre outros sites acadêmicos que tem por objetivo integrar os sistemas de informação de artigos, teses, dissertações existentes no país, assim como disponibilizar em todo o mundo, via internet, o catálogo nacional desses trabalhos em texto integral. A identificação dos documentos coletados foi organizada em ano de publicação, tipo de produção, autores, referência, título, instituição, área de conhecimento, programa, estado, região, objeto e palavras-chave. A partir dessa investigação o mapeamento focou no tema sobre Educação Inclusiva, Ensino de matemática, Inclusão, Surdez, embora, alguns trabalhos não tivessem relação entre si. Utilizando as palavras-chave obtivemos os seguintes resultados apresentados nos quadros abaixo. No primeiro quadro apresentamos as produções distribuídas por período e número de trabalhos e no segundo quadro os títulos e os autores que nos possibilitou identificar o assunto pesquisado para a elaboração desse artigo. Quadro I. Distribuição de períodos e números de trabalhos. PERÍODO 1998 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 Nº DE TRABALHOS 01 01 01 01 01 01 01 02 03 02 Quadro II. Distribuição dos títulos e autores TÍTULO Os Surdos e a Inclusão: uma análise pela via do ensino de Matemática nos anos iniciais do ensino fundamental O direito de ser, sendo diferente, na escola O que as situações de deficiência e a educação inclusiva "dizem" as ciências da educação A tecnologia promovendo a inclusão de pessoas cegas no ensino superior a distância Educação inclusiva: fracasso escolar da educação na modernidade Registros reflexivos sobre a aprendizagem matemática nos anos iniciais do ensino fundamental Deficiência mental e produção científica na base de dados do capes: o lugar de aprendizagem Qual é o lugar do aluno com deficiência? o imaginário coletivo de professores sobre a inclusão escolar Formação profissional para promover a aprendizagem de matemática de AUTORES Maria Gesueli Zilda Maria Teresa Eglèr Mantoan Charles Gardou; Michel Develay Graziela Naspoloni Delpizzo; Marcilene Aparecida Alberton Ghisi; Solange Cristina Silva Maria Luiza Andreozzi Adelmo Carvalho Silva Alexandra Ayach Anache; Albertina Martinez Mitjáns Camila Ferreira; Miriam Tachibana; Tânia Maria José Aiello Vaisberg Tamiris Duarte Carpin 2 ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 estudantes surdos Promovendo o sucesso das crianças surdas em matemática: uma intervenção precoce A inclusão de surdos no ensino regular à luz das identidades culturais Inclusão, democracia e novo-desenvolvimento - um balanço histórico Fracasso escolar, educação e educação inclusiva Práticas de inclusão de crianças com deficiência na educação infantil Educação bilíngue para surdos e inclusão segundo a política nacional de educação especial e o decreto nº 5.626/05 Os surdos e a inclusão: uma análise pela via do ensino de matemática 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. Teresinha Nunes; Debora Evans; Rossana Barros; Diana Burman Josiane Rodrigues Vera Alves Cepéda Tatiane Medianeira Baccin Midian Henrique Silva Lima Ana Claudia Balieiro Lodi Clélia Maria Ignatius Nogueira; BORGES, Fabio Alexandre Borges; Sílva Teresinha Frizzarini A CRIANÇA SURDA E A INCLUSÃO A educação de crianças surdas é uma grande aliada nas escolas regulares apesar de um fator positivo que é a Lei de Libras e a adaptação nos currículos dos cursos de licenciatura prevista pelo Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 que regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, no Art. 3º que afirma: As instituições de ensino médio, que oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal, e as de ensino superior que oferecem cursos de fonoaudiologia ou de formação de professores deverão incluir LIBRAS, como componente curricular. (BRASIL,2005) Compreendemos que a escola tem papel fundamental na inserção da criança surda, promovendo a sociabilidade entre os pares. O papel da inclusão em escolas regulares se faz necessário para que a aprendizagem das crianças seja completa no sentido das diferenças, tanto para quem tem presença e ausência de algum tipo de deficiência; possibilitando a interação e acresencentando na vida de cada indivíduo o respeito e o olhar atento às particularidades de cada ser, independente de sua capacidade mental. Para Mantoan (1997): Motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão (MANTOAN, 1997, p.21). O ensino inclusivo deve incluir todos, independente da sua origem cultural e/ou socioeconômica, deficiência, potencialidade em escolas e sala de aulas que promovam necessidades para satisfazer todos os indivíduos incluídos nesse âmbito escolar. Compreendemos que a integração da criança surda no ensino regular favorece em suas vidas o desenvolvimento no processo social, contribuindo para melhor convivência com outras pessoas e comportamentos. 3 ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. O sistema educativo da escola inclusiva permite que as crianças com baixo desenvolvimento e/ou com alguma deficiência física, intelectual, visual, auditiva cursar aulas regulares, junto com seus colegas, e em escolas de bairro, adaptando as aprendizagens a suas capacidades com o apoio necessário. O capítulo V (Título V) da LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) 9394/96 situa, explicitamente, a Educação Especial como modalidade da Educação Escolar, com ênfase na inserção e integração das crianças com necessidades especiais no ensino regular. Para Wittler (2003): A inclusão não diz respeito a colocar as crianças nas escolas regulares, mas mudar as escolas para torná-las mais responsivas às necessidades de todas as crianças; diz respeito a ajudar todos os professores a acutarem a responsabilidade quanto à aprendizagem de todas as crianças nas suas escolas e prepará-las para ensinarem aquelas crianças que estão atual e correntimente excluídas das escolas por qualquer razão. Isto se refere a todas as crianças que não estão beneficiando-se com a escolarização, e não apenas àquelas que são rotuladas com o termo ‘’necessidades educacionais especiais’’ (WITTLER, 2003, p. 16). De acordo com Strieder el tal (2010), a escola inclusiva não se deve fazer distinção entre os seres humanos, ela deve oferecer condições e oportunidades livre de preconceitos sem julgamento de valores como se é "perfeito ou não perfeito" se é "normal ou anormal". Strieder el tal (2010) ainda cita, Ferreira (2005) que afirma que a educação inclusiva [...] não diz respeito somente às crianças com deficiência. Para ele educação inclusiva é incluir todas as crianças no meio escolar oportunizando uma convivência nesse meio com outras crianças respeitando suas diferenças. Mantoan (2004) ressalta que as escolas inclusivas propõem um modo de organização do sistema educacional que considera as necessidades de todos/todas os/as alunos/as e é estruturado em função dessas necessidades. Por isso, a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita as crianças com deficiência e aos que apresentam dificuldades de aprender, mas envolve todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. Entendemos que se faz necessária a integração de todas as crianças na escola no ensino regular, pois se torna muito importante para os pais que buscam o apoio da sociedade, e entendem que o ensino inclusivo aumenta oportunidades para participação e crescimento como individuo participativo da sociedade o ajustamento na vida dela. Quando ela tiver terminado a escola, será capaz de participar de algum tipo de situação integrada. Terá habilidades sociais que não teria tido e capacidade para atuar em situações mais complexas do que seria capaz se tivesse permanecido segregada. (Hanline e Halvorsen, 1989, p. 490). 4 ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. Ao refletirmos sobre a inclusão da criança surda no ensino regular pensamos que essa possa atender a sua singularidade linguística. Nogueira e Borges (2013) afirmam que a criança surda no processo de inclusão tem uma maior dificuldade no seu aprendizado entre os alunos com necessidades educativas especiais, porque o processo de ensinar e aprender ainda se sustenta quase que exclusivamente na comunicação oral, que é sensivelmente prejudicada no caso dessas crianças. A CRIANÇA SURDA E A MATEMÁTICA Percebemos que o ensino da matemática para criança surda apesar dos avanços na educação o seu rendimento ainda não tem um progresso considerado. Para Piaget (1969): O ensino das matemáticas sempre levantaram um problema bastante paradoxal. Existe, de fato, uma certa categoria de alunos, inteligentes e que, em outros campos, dão mesmo prova de capacidade superior, mas fracassaram mais ou menos sistematicamente quando se trata das matemáticas (1969, p. 51). Barros et al (2011) afirma que as crianças surdas ao iniciarem o ensino fundamental mostram uma defasagem no conhecimento de alguns conceitos matemáticos que são importantes para seu sucesso em matemática como: composição aditiva de números, correspondência um-amuitos e compreensão da relação inversa entre adição e subtração, e que se promover uma intervenção precoce pode ter eficácia no melhoramento do rendimento dessas crianças em matemática. Em relação à matemática a criança surda assim como a criança ouvinte necessita de uma atenção especial, devido à impossibilidade de ouvir. O educador precisa considerar que há necessidades educacionais próprias para a aprendizagem da criança surda que exigem ações pedagógicas específicas, portanto, ela possui um processo de desenvolvimento peculiar que é resultante de suas limitações na comunicação oral. Mantoan (2004) afirma que os professores devem aperfeiçoar suas práticas educacionais a fim de responder as necessidades de cada criança, em suas especificidades evitando a exclusão da mesma. Dessa forma, acreditamos que o processo de ensino poderá ter grandes resultados e dar sentido a sua posição de inclusão, onde cada indivíduo é respeitado dentro de sua necessidade. Considerando os fragmentos da pesquisa apresentada, é possível concluir que a escola não deva limitar atender a um único grupo de crianças, mas que ela faça a inclusão de todas elas promovendo um espaço significativo, encontrando maneiras formas de educá-las com sucesso. Pois, “devemos remover as barreiras que têm causado o fracasso escolar e, principalmente, porque o binômio ensinar e aprender pode e devem ser prazeroso para quem ensina e para quem aprende” 5 ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 (CARVALHO, 2008, p.8). 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. Sendo assim, o educador deve aprimorar suas práticas pedagógicas desenvolvendo a construção de conhecimento matemático da criança surda com qualidade. RESULTADOS E DISCUSSÕES Dos trabalhos analisados no período em que a pesquisa foi realizada, foram encontrados: 03 teses, 12 artigos e 01 monografia num total de 16 produções científicas que trataram de temas como a inclusão de crianças surdas, deficiência, educação inclusiva, educação, ensino de matemática e inclusão nos últimos 15 anos. Ao fazer o levantamento desses trabalhos focamos mais nas questões de inclusão de crianças surdas, educação inclusiva e ensino de matemática. Elencamos alguns teóricos utilizados nessas produções: Mazzotti, Darsie, Lincoln, Gardou, Rousseau, Vygotsky, Ferreira, Miranda, Morin, Silva, Mantoan entre outros teóricos. Dentre algumas produções destacamos algumas que foram relevantes para a construção desse estudo como a monografia com o título Formação profissional para promover a aprendizagem de matemática de estudantes surdos. Seu tipo de pesquisa foi um estudo de caso feito com estudantes de uma escola de surdos, analisando a formação oferecida pela Universidade, dentro do curso de licenciatura em matemática. Foram identificadas evidencias relativas às diferenças e dificuldades no ensino de matemática para surdos durante a realização da prática pela disciplina de estágio em Educação Matemática II. Essa produção destacou que a universidade proporciona espaço para reflexão nas disciplinas que tratam de Educação Especial, despertando o interesse e possibilitando a pesquisa do licenciando inserido em ambientes de estudantes surdos. Tamires (2009) aponta que o Brasil ainda esta engatinhando no processo de inclusão escolar dessas crianças surdas e que se percebe na prática em classes de ensino regular e, por vezes essas são segregadas pelos educadores por dois motivos: a descrença na possibilidade da aprendizagem dessa criança ou por não saberem lidar com a situação não lhe dando tarefas condizentes as suas necessidades específicas para melhor aprendizagem sustentando a ideia de que essa criança está participando das aulas. Para ela o educador deve estar bem preparado, ter domínio dos conceitos matemáticos que pretende ensinar, mas que na prática isso não acontece. O artigo com o título Fracasso escolar, educação e educação inclusiva, teve como objetivo de analisar o fracasso escolar do ponto de vista do excluído dentro do contexto educacional que estamos inseridos na contemporaneidade, que é a educação inclusiva. Tatiane (2012) aponta que apesar do volume de pesquisas sobre o fracasso escolar nesse contexto ainda poucos abordam o problema a partir da ótica da criança-aluno. 6 ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. O artigo com o título Promovendo o sucesso das crianças surdas em matemática: uma intervenção precoce, seu objetivo foi analisar os efeitos sobre a aprendizagem de matemática de se promover o desenvolvimento desses conceitos no início da escolaridade das crianças surdas. Nunes, Evans, Barros e Burman ( 2011) apontam que apesar dos avanços educacionais as crianças surdas ainda apresentam uma defasagem no seu processo de aprendizagem para a matemática nos anos iniciais, que se for feita uma intervenção com práticas pedagógicas específicas para elas nesse período a criança surda pode ter avanços significativos na aquisição dos conceitos matemáticos. O trabalho com o título Registros reflexivos sobre a aprendizagem matemática é um recorte do projeto de pesquisa de doutorado. Esse projeto traz reflexões da prática do docente em matemática, que é importante e necessária à compreensão dele como educador, qual o papel dentro dessa área de conhecimento. Para Adelmo (2008) o educador deve estar disposto a novas ideias para propor alternativas metodológicas livres de preconceito possibilitando uma melhor aprendizagem para a criança. Identificamos que apesar de muitas pesquisas feitas com os temas supracitados ainda há poucas produções em nível de tese e dissertações que abordam a criança surda no processo de ensino da matemática no ensino regular. Algumas tendem abordar somente a matemática, outras falam das deficiências no geral, da inclusão das pessoas com deficiências no ensino regular e a importância da mudança do currículo do ensino de matemática. A maioria desses trabalhos foi produzida a partir do ano 2004 como mostra no quadro I, contudo, os temas abordam a questão da inclusão escolar do deficiente acerca da formação do docente. Entretanto, a partir das pesquisas novos conhecimentos são produzidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O levantamento das produções científica nos objetivou mapear pesquisas referentes acerca do tema e nos possibilitou compreender qual o papel da escola para a inclusão da criança surda. Vimos que apesar da mudança nos currículos das licenciaturas ainda o processo de inclusão no ensino regular é uma grande aliada para as escolas, pois estas, às vezes, limitam-se a recebê-las alegando que ainda não estão preparadas para tal situação. Mantoan (2004) aponta a importância que toda escola deve incluir todas as crianças em respeito ao direito à educação, atendendo aos princípios constitucionais regidos na LDB 9394/96 de 24 de abril de 2002. 7 ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. Diante das reflexões apresentadas constatamos que esse tema apesar de estar sendo muito debatido ainda é inquietante tanto para os pesquisadores quanto para os profissionais que lidam com esse tipo de criança. Percebemos que é importante a inclusão da criança surda no ensino regular, seja de forma positiva não somente com elas, mas com outras crianças que apresentam outros tipos de deficiência. Apesar da criança surda apresentar dificuldades na sua comunicação oral, ela é capaz de construir conceitos matemáticos. O educador deve trabalhar de forma diferenciada respeitando e entendendo suas dificuldades. Como aponta Silva (2008) que é fundamental o educador refletir sobre sua própria prática, sobre o conteúdo a ensinar da matemática, porém não somente o educador como todos os envolvidos no processo educativo para assim ganhar força e ter um bom resultado no processo de ensino-aprendizagem da matemática. De acordo com Carvalho (2003): Em síntese, há que examinar todas as variáveis do processo educativo escolar, envolvendo as pessoas da escola (educadores, gestores, alunos, apoio administrativo); o ambiente físico (em termos de acessibilidade), os recursos financeiros e materiais (origens, quantidades, periodicidade de recebimento, manutenção de equipamentos e instalações), os graus de participação da família e da comunidade (parcerias), a filosofia de educação adotada (se tradicional ou não), o projeto político pedagógico construído pela comunidade escolar (natureza do documento, autores, destinação), a prática pedagógica (se mais centrada no ensino ou na aprendizagem), os procedimentos de avaliação (formativa, somativa, formal, informal), dentre outros aspectos.colocar (pg. 61). Se as políticas públicas para a inclusão escolar acontecerem respeitando as necessidades das crianças, proporcionando a elas uma aprendizagem capaz de fazê-las integrantes e ativass na sociedade, e acreditando realmente que é possivel, dentro das limitações apresentadas por cada indivíduo. Dessa forma, poderá ter grandes resultados e dar sentido a sua posição de inclusão social, onde cada indivíduo é respeitado dentro de suas limitações. Para Moraes Educar (2003): É viver junto a potencialidade, a beleza, o encantamento e a magia que o universo nso oferece com toda a sua complexidade, majestade e grandeza; é saber escutar a mensagem do outro. Conviver implica a aceitação do outro em seu legitimo outro. E isto requer o respeito às diferenças, à diversidade, à multiplicidade e pressupõe a existência de amorosidade, compaixão e solidariedade nas relações com os outros seres. (2003, pg 49-50). É preciso que o educador tenha em seu planejamento individual para cada criança respeitando cada especificidade e adaptando seu ensino para que este supere barreiras e crie 8 ANAIS DO VI FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES E II CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE ISSN 2176-7033 28 a 30 de novembro de 2013 UFS–Itabaiana/SE, Brasil. estratégias para sua aprendizagem. A prática pedagógica do educador quando respeita a diversidade e aproxima seus pares favorece para o aumento do repertório da criança. É fundamental salientar que para o sucesso do aprendizado da criança surda, é preciso conhecer suas peculiaridades, organizar o trabalho pedagógico, dar formação continuada e aproximar as realidades do ensino com a aprendizagem destas crianças. REFERÊNCIAS AMBROS, Tatiane Medianeira Baccin. Fracasso Escolar, Educação e Educação Inclusiva. 5º Interfaces no Fazer Psicológico. Santa Maria. 2012. Disponível em: <http://www.salesiano.br>. Acesso em 15 de novembro de 2013. 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