Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
Uma estratégia de ensino para a elaboração do conceito de íon a partir
da estruturação do modelo atômico.
1*
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3
Angella C. Guerra (PQ), Maria Eunice R. Marcondes (PQ), Miriam P. Carmo (PQ). 1,2 e 3 Instituto de
Química. Universidade de São Paulo-USP. Av. Prof. Lineu Prestes, 748 – B. 7 superior, CEP: 05508-000 - São Paulo,
Brasil. 1*[email protected]
Palavras Chave: íon,modelo atômico,representações,aprendizagem.
* Nível I – os alunos não definem adequadamente o íon, não
Introdução
A aprendizagem da ciência requer, de algum modo,
transcender ou superar as restrições impostas pelo
próprio funcionamento cognitivo humano, que
muitas vezes, acaba por se prevenir das
representações advindas do ensino de ciência
incompatíveis com este, o que dificulta o processo
da aprendizagem1. Desta forma, na aquisição de
novos
conhecimentos
é
preciso
integrar
hierarquicamente estes conhecimentos com as
representações implícitas, o que exigirá uma
mudança na função cognitiva para a promoção de
novos significados. Considerando este contexto,
neste trabalho, que é parte da pesquisa de mestrado
de uma das autoras, na qual foi proposta uma
estratégia de ensino, a fim de que a construção do
conceito de íon, como um átomo que tenha ganho
ou perdido elétrons, seja reestruturada pelos alunos
com base no entendimento da estrutura atômica2. A
intervenção foi aplicada a 28 alunos do 3º ano do
ensino médio da rede pública de ensino, no total de
4 encontros, compondo 12 aulas. Uma sequencia de
atividades, práticas e teóricas, foram elaboradas
para conhecer as concepções iniciais dos alunos e
verificar como estas se reorganizaram ao longo da
intervenção. As aulas foram áudio vídeo gravadas, e
para a análise dos resultados se considerou, além
das interações dialógicas, as produções escritas dos
alunos.
Resultados e Discussão
Etapas da Intervenção:
I- verificação das concepções dos alunos sobre íons
e sua representação simbólica. II- Estruturação do
modelo atômico: revisão e desenvolvimento histórico
da evolução dos modelos atômicos e suas
representações. III- Construção do conceito e
representação do íon e sua relação com a
compreensão do modelo atômico.
Foi possível verificar que antes da intervenção os
alunos forneciam uma definição adequada para íon,
porém não compreendiam seu significado, e poucos
relacionavam o modelo atômico com a formação do
íon, como mostra a tabela 1.
Tabela 1. Níveis de entendimento para o conceito de
íon, antes da intervenção.
34a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
Nível
I
II
III
Número de
alunos
12
8
8
Porcentagem
43%
29%
29%
aceitam a transferência de elétrons entre os átomos e não
justificam suas respostas.
Nível II – os alunos definem
adequadamente o íon, porém utilizam justificativas incompletas e
confusas, e não aceitam a transferência de elétrons entre os
átomos. Nível III – os alunos definem adequadamente o íon,
porém utilizam justificam incompletas e confusas, mas aceitam a
transferência de elétrons entre os átomos.
Durante a intervenção, à medida que os alunos
avançaram na representação de um modelo
atômico, a reelaboração de suas idéias sobre íon
também se tornou mais significativa, como mostra a
tabela 2. Os alunos que não manifestavam um
modelo definido para a estrutura do átomo tiveram
mais sucesso na construção do conceito de íon do
que aqueles que apresentavam idéias mais
recorrentes (nem por isso adequadas), talvez por
essas se mostrarem mais firmes.
Tabela 2. Níveis de entendimento para o conceito de
representação do íon, durante a intervenção.
Nível
I
II
III
IV
Número de
alunos
5
2
8
13
Porcentagem
18%
7%
29%
46%
*Os níveis são os mesmos da tabela anterior, porém surge o
nível IV, no qual os alunos definem adequadamente o íon,
aceitam a transferência de elétrons entre os átomos, justificando
e identificando sua representação.
Conclusões
Conhecer e saber interpretar o modelo átomo,
auxiliou os alunos na construção do conceito de íon,
no entanto foi possível perceber que, para
superação de restrições impostas pelo sistema
cognitivo do aluno, é preciso a promoção de
momentos de discussões e reflexões mais amplos
durante o processo de ensino
________________
Pozo, J.I. Investigações em Ensino de Ciências, 7 (3), 2002.
2
Caamaño, A. Alambique, Didáctica de las Ciencias Experimentales, nº
42, p.29-40, outubro 2004.
“La construcción del concepto de ión, em la intersección entre el
modelo atómico-molecular y el modelo de carga eléctrica”
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